Destino escrita por Eve


Capítulo 5
Capítulo Cinco




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V

 

 

Já estava perto do pôr-do-sol quando Poseidon escutou uma batida na porta de seu quarto. Adiantou-se para atender, e lá encontrou um rapaz muito novo, que pelas maneiras polidas e roupas bem cuidadas obviamente era um dos servos do castelo.

— O senhor Zeus e sua família o aguardam nos jardins. – Ele falou.

— Tudo bem, irei descer agora. – Poseidon respondeu. – E quanto a meus irmãos?

— Eles já se encontram no local, senhor.

Poseidon anuiu, e dispensou o rapaz. Com uma certeza um tanto quanto arrogante, supôs que conseguiria encontrar o caminho para os jardins sozinho. Fechou a porta do quarto atrás de si e seguiu pelo corredor até a larga e comprida escadaria de mármore branco. Ele desceu-a rapidamente, registrando o ambiente ao seu redor. Desde que colocara os pés no palácio do feudo Olimpo, havia gostado. Havia algo na pedra clara com a qual o castelo fora construído, ou talvez no mármore branco e polido que se estendia a seus pés, que deixava o ambiente quase gracioso, ainda que imponente. Além disso, os detalhes em ferro dourado cuidadosamente posicionados conferiam um aspecto digno de realeza àquele lar.

Ele abriu a pesada porta que dava para a área externa – a mesma que havia atravessado algumas horas atrás – e desceu os degraus até os jardins, surpreendendo-se ao não encontrar ninguém ali. Então, dobrou à sua direita e seguiu pela lateral do castelo. Passou por algumas plantas, fontes, e mesmo algumas esculturas, até chegar a um local aberto de dimensões amplas e proporcionais. A primeira coisa que ele notou foi a mesa. Ela se estendia no centro do grande espaço, e era maior do que qualquer uma que ele já tivesse visto antes. Além do fato de que estava repleta de mais tipos de iguarias do que Poseidon seria capaz de listar.

A próxima coisa que Poseidon notou, foram as pessoas. Lorde Zeus dava ordens a um criado, perto de uma porta lateral que provavelmente conduzia ao interior do castelo. Pelo aroma que saía dali, Poseidon deduziu que fossem as cozinhas. Lady Hera e Deméter conversavam em um dos vários bancos de jardim espalhados pelo local, e a pequena Héstia parecia ter feito amizade com a filha mais nova de Zeus, Hebe, pois as duas brincavam de algum tipo de pique-esconde nos canteiros que se estendiam além de vista. Ares e Apolo conversavam animadamente enquanto se serviam de algo na mesa, e Hades estava sentado em um dos bancos mais afastados, conversando e rindo com... Atena e Perséfone!

Naquele momento, Poseidon duvidou da sua visão. Seu introvertido irmão Hades não era o tipo de pessoa que fazia amizades facilmente. Ele fez menção de ir a seu encontro, mas tão logo pensou em se mover, Zeus aproximou-se e perguntou:

— Gostou dos seus aposentos?

— Com toda certeza. – Poseidon respondeu. – É um castelo bem bonito esse que você tem.

— Eu agradeço o elogio. Mas com certeza ele não deve ser nada comparado ao seu.

Poseidon tentou não fazer uma expressão de desgosto, mas falhou miseravelmente. Ele realmente odiava aquele assunto. O castelo de Ótris era sombrio e letárgico, e a perspectiva de um dia herdá-lo e atuar como seu senhor em nada o animava. Mas obviamente, isso não era algo que ele podia compartilhar com seu futuro sogro, que com certeza considerava suas posses um elemento essencial no acordo que entregaria sua filha em casamento. Sendo assim, apenas disfarçou seu descontentamento e murmurou algumas mesuras antes de se retirar disfarçadamente.

Talvez Hades estivesse observando-o, pois assim que Poseidon aproximou-se, seu irmão se levantou e caminhou até ele. Passou um braço ao redor dos ombros do irmão mais velho, e conduzindo-o até o local onde estavam Atena e Perséfone, falou:

— Então, senhoritas... O nobre Poseidon resolveu nos agraciar com sua presença. Suponho que isso signifique que podemos pular a conversa fiada e irmos até aquela magnífica mesa nos servir de alguns quitutes?

Poseidon pensou que aquilo não soava nada como seu irmão, mas ao analisar essa súbita mudança de comportamento e o olhar insistente que ele direcionava à sobrinha de Lorde Zeus, ele entendeu o que acometia Hades.

— Bem, talvez você e a senhorita Perséfone possam ir se servir enquanto eu converso um pouco com a minha futura noiva, que tal?

— É uma ótima ideia. – Perséfone se manifestou. – Vamos, Hades.

Ela enlaçou seu braço no Hades e praticamente arrastou-o enquanto ele apenas a encarava, admirado. Garota de atitude, Poseidon pensou. Então se virou para Atena e quase engoliu em seco ao perceber que ela o observava. Espere, observava? Ela praticamente o dissecava com aqueles olhos extremamente cinzentos e ameaçadores. Ele clareou a garganta, e perguntou apontando para o lugar vago ao lado dela:

— Posso?

Ela anuiu, e então ele se sentou. Passaram alguns segundos de silêncio até que Atena virou-se para ele e disse:

— Seu irmão é uma companhia muito agradável.

— Espero que pense o mesmo de mim. – Ele falou.

Ela sorriu minimamente, e então disse:

— Bem, isso nós iremos descobrir, não é mesmo?

— Oh, sim. Iremos. - Mais uma pausa, e então ele arriscou iniciar uma conversa. - Soube que você passou dos anos estudando fora.

— Sim. – Ela respondeu vagamente.

— E como foi lá?

— Foi... Interessante. – Ela começou hesitantemente, mas depois se soltou. - A arquitetura da cidade é extremamente...

O resto da tarde foi um borrão de risos e conversas. Poseidon nunca havia pensado que poderia conhecer alguém tão... Avançada para a época que viviam, como ela. Tudo bem, ele também não era nenhum antiquado, mas Atena era totalmente... Revolucionária. E Poseidon se viu admirando isso nela. A coragem de questionar a sociedade, as ideias que ela tinha para o futuro. Quando Zeus chamou a todos para voltarem ao interior do castelo, Poseidon já havia mudado completamente a ideia que tinha de Atena. Por fora, ela ainda parecia uma jovem inocente e indefesa, mas por dentro ela era uma mulher forte e destemida. Quando eles chegaram ao pé da escadaria, e ela fez menção de seguir para o lado contrário, ele segurou seu antebraço, virando-a para si, e disse:

— Eu quero que saiba que foi um prazer passar essa tarde com você.

Ela sorriu, e respondeu:

— Foi um prazer para mim também. Boa-noite, Poseidon.

— Boa-noite, Atena.

E então seguiu para seu quarto, permitindo-se esquecer do quão odiosa a ideia de se casar era para ele até alguns dias atrás.


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