Destino escrita por Eve


Capítulo 30
Capítulo Trinta




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XXX

 

 

As semanas seguintes transcorreram tão tranquilas quanto poderia ser quando se administrava um feudo da magnitude de Atlântida. Para profundo desapontamento de Poseidon, Atena havia retornado para o quarto dela assim que seus servos obtiveram sucesso em consertar a lareira danificada pela chuva. Apesar disso, ele conseguia notar que estavam cada vez mais próximos; ela sempre passava a manhã ou a tarde o auxiliando nos assuntos administrativos quando não estava ocupada com as crianças ou outros de seus deveres e todo contato entre eles, desde um mero bom-dia até um beijo que ele por vezes conseguia roubar-lhe parecia mais natural.

Ela estivera tão satisfeita e entretida com os preparativos para o aguardado baile que Poseidon não havia sido capaz de reunir coragem o suficiente para contar-lhe sobre a carta de Cronos. Naquele intervalo de tempo, seu pai ainda havia o enviado mais correspondências, exigindo o mesmo da primeira carta mas dessa vez parecendo progressivamente mais irritado. Poseidon temia ter que lutar pelo controle de Atlântida e por isso, mais do que nunca, precisava de aliados. Felizmente, estava a meio caminho de conseguir o que necessitava. Suas negociações com os feudos vizinhos estavam evoluindo e todos ansiavam por ser vassalos da rica, gigantesca e poderosa Atlântida. Além disso, novos Lordes seriam convidados à sua hospitalidade durante as festividades que acompanhariam o baile e ele esperava concluir aqueles eventos com uma base sólida de apoiadores.

Todos os seus pensamentos sobre aquela questão deram uma folga quando Atena entrou em sua sala, resplandecente como sempre em seus trajes elegantes. 

— Pensei que não viria hoje. – Poseidon comentou.

— Bom-dia para você também. – Ela respondeu, sentando em sua cadeira que era posicionada de frente para a dele. – Tinha planos de ensinar as crianças hoje, mas elas estiveram brincando na chuva essa semana e boa parte adoeceu e está de cama. Pedi que Bia cuidasse deles para que eu pudesse vir aqui e acabar de escrever os convites. O tempo finalmente está mais ameno, então o mensageiro poderá enfim viajar.

Poseidon assentiu, voltando em seguida os olhos ao que estava fazendo. Assinou mais alguns documentos, mas tudo o que ele conseguia pensar era sobre como o baile estava próximo e portanto seus vassalos viriam e ele teria de discutir sobre Cronos, o que significava que Atena precisava estar a par do assunto. Não cabia às senhoras feudais se envolver em assuntos militares, mas ele duvidava muito que Atena ficaria satisfeita em ser excluída de decisões tão importantes. E além disso, ele estava angustiado. Precisava dividir esse fardo com alguém, e quem melhor que sua esposa para tal atribuição? Respirou fundo antes de começar.

— Eu tenho uma notícia não muito boa. - Iniciou em voz baixa.

Ela ergueu os olhos imediatamente, toda a sua atenção voltada para ele.

— Algum problema?

— Infelizmente, sim. Meu pai... Ele entrou em contato comigo logo após nosso casamento, e então novamente ao longo das últimas semanas. Cronos exige que eu submeta Atlântida a Ótris por meio de um acordo de vassalagem.

Atena o encarou em silêncio por um segundo, claramente incrédula.

— Um acordo onde Cronos seria nosso suserano? Mas por quê? Isso não nos beneficiaria em nenhum aspecto! - Ela exclamou por fim.

— Mas beneficiaria a ele, e muito. Sem rodeios, um acordo desse tipo significaria que os recursos de Atlântida seriam completamente explorados por Cronos e estaríamos para sempre à mercê de suas decisões.

Atena levantou-se, dando a volta na mesa e aproximando-se dele.

— Então não permita isso. – Ela falou, colocando uma mão em seu ombro e segurando o rosto dele com a outra. – Não aceite esse acordo.

Parecia tão fácil quando ela dizia aquilo, seus olhos grandes e inocentes reluzindo, confiança transbordando de sua voz. Atena era tão corajosa. A cada dia ele descobria uma nova qualidade nela, o que em nada o surpreendia e só o encantava ainda mais.

— Não é simples assim. Se eu recusar a proposta dele, Cronos com certeza irá declarar guerra contra nós. Eu acabei de chegar ao comando desse feudo, não posso pedir uma prova de lealdade tão gigantesca quanto uma batalha aos meus vassalos, nem ao povo da cidade.

Atena suspirou, parecendo entender seu argumento.

— Não fique tão preocupado. – Ela pediu, a mão que estivera em seu queixo escorregando suavemente para acariciar-lhe os cabelos. – Nós vamos encontrar um jeito de resolver essa situação.

Poseidon amou ouvir aquele nós, assim como amou a maneira carinhosa como ela o tranquilizava. Sem pensar duas vezes, levantou-se e a abraçou, enlaçando as mãos em suas costas e segurando-a bem firme junto de si. Atena ergueu a cabeça para olhá-lo nos olhos. Ela não mais se esquivava dele ou repelia qualquer tentativa de aproximação. 

— Tem razão. Conseguiremos pensar em uma solução para isso. - Ele concedeu, tentando acreditar naquelas palavras tranquilizadoras. 

Atena sorriu para Poseidon, as mãos dela correndo por suas costas em um gesto acalentador. Era reconfortante pensar que independentemente do que enfrentariam, estariam juntos nisso.  Enquanto pudesse contar com o apoio de sua esposa sentia-se capaz de encarar quaisquer desafios aparecessem em seu caminho.


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