Opostos escrita por Marina Andrade


Capítulo 4
Capítulo 4 - Conhecendo o inimigo


Notas iniciais do capítulo

Sorry pela demora! Prometo não atrasar mais!



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James estava caminhando até a entrada dos fundos do castelo, mesmo lugar por onde Anya tinha passado, até que ouviu, num rompante, o som de centenas de pessoas comemorando um gol. Seu coração acelerou imediatamente e só então ele entendeu. Correu até o campo de quadribol, e assim que se aproximou o suficiente para distinguir as pessoas, parou atônito. Pode ver os jogadores voando como flechas no céu. O jogo da Grifinória com a Sonserina deveria acontecer na semana seguinte, mas, ao que tudo indicava, havia sido adiantado.

-James! – Peter estava vindo em sua direção, carregando um livro pesado eu um dos braços.

-Oi. – James o cumprimentou seco. Não estava muito contente.

-Dumbledore anunciou pouco depois que vocês saíram. Parece que Trelawney previu que na sexta que vem iria nevar. Pedimos que eles esperassem até que você voltasse... Mas acabaram colocando o Jones pra jogar. – Peter explicou. James grunhiu emburrado. Tom Jones era um dos reservas dos artilheiros.

-Eu sabia que o Snape não seria tão generoso com a detenção... – Comentou enquanto caminhavam até o campo.

...

O jogo estava quase no fim, e a Grifinória vencia da Sonserina por apenas dez pontos de vantagem. Faltavam cinco minutos para o fim do jogo, e James podia sentir as mãos frias, em parte por causa do vento que batia, e em parte por causa da tensão do jogo. Ele estava observando o apanhador da Sonserina, que voava com alguma vantagem para perto do pomo, quando viu, um pouco atrás do seu foco de visão, nas arquibancadas da Sonserina, Anya rindo e conversando com uma amiga. Ele esqueceu do jogo por um instante e passou a observá-la. Ela estava conversando com... Pansy Parkinson?! – Ele constatou com certa surpresa. Correu os olhos por toda a torcida da Sonserina, e percebeu como Anya se encaixava naquela Casa. Todos – exceto Creb, Goyle e uma ou outra menina – tinham a mesma expressão séria, pele pálida e olhar penetrante. Ele não conseguia compreender como Anya podia ser tão... amigável, mesmo pertencendo aquele grupo de pessoas.

Do outro lado da arquibancada, Anya percebeu que James a observava. Olhou de volta, sorrindo. Tentou ler seus pensamentos, mas sabia que não conseguiria desta distância. Ela não precisava observar os grifinórios para perceber o quanto James se encaixava naquele grupo. O alvoroço da torcida da Grifinória já era suficiente. Eram todos muito... espontâneos. – Ela selecionou a palavra cuidadosamente. Não conhecia muitos grifinórios a ponto de poder opinar sobre eles, mas sabia que James um perfeito grifinório.

Perfeito? – A palavra lhe soou estranha. Não a usava com muita frequência.

O barulho dos gritos da torcida chamou a atenção dos dois para o campo. O apanhador da Sonserina tinha pegado o pomo, dando fim à partida. A arquibancada da Sonserina pulava e gritava, enquanto os grifinórios se contorciam de raiva. James teria ficado mais decepcionado, se não estivesse prestando atenção nos sonserinos, ou melhor, em uma sonserina. Anya sorria e conversava com Pansy, observando os jogadores sobrevoando a arquibancada em comemoração.

...

James passava pelos corredores próximos às masmorras tentando andar o mais rápido possível sem correr. Não queria ser pego por Snape outra vez. Já eram onze horas da noite, e ele pretendia se encontrar com Mary numa das salas de Transfiguração, mas desta vez sem interrupções. Quando virou num corredor olhando para trás para garantir que não estava sendo seguido sentiu seu corpo se chocar com alguma coisa cerca de vinte centímetros menor que ele.

-James? – Anya perguntou, percebendo que tinha se chocado com o – agora já familiar – grifinório.

-O-oi. Ahn... tudo bem? – Ele perguntou meio encabulado.

-Tudo. – Ela comentou com um sorriso de lado. Tinha lido sua mente. – Não se preocupe, não estou em ronda.

-Ah.. Ufa! – Ele sorriu e depois observou que a garota estava carregando uma garrafa de cerveja amanteigada na mão e estava sem a jaqueta que ele tinha visto antes. Olhou para a garrafa de maneira curiosa.

-Estamos comemorando a vitória no Salão Comunal. – Ela explicou. – Quer vir?

-Ah... Por várias razões acho melhor não... – Ele disse, e os dois riram. – Um grifinório no Salão Comunal da Sonserina daria o que falar. E além do mais, tenho um compromisso. – Ele completou enquanto observava o cabelo de Anya, que mesmo depois da corrida na Floresta não tinha um fio fora do lugar.

-Ok, então. – Ela acenou com a cabeça e seguiu pelo corredor. – Só evite passar perto da sala de Poções. Snape fica por lá à noite. – Disse se virando para ele.

-Anotado. – Ele sorriu em agradecimento e seguiu caminho.

Quem diria... – Pensou olhando para Anya, que se afastava dando um gole na garrafa de cerveja amanteigada. – Sonserinos fazem festas.

...

-Então vocês vão para a floresta outra vez? – Collin perguntou para James enquanto jantavam no Salão Principal. Era quinta-feira, véspera de feriado, o que justificava o fato de o salão estar praticamente vazio. Muitos alunos tinham aproveitado o feriado para visitar os pais ou sogros, no caso de Dave, e a escola estava praticamente vazia.

-Eu pedi mais uma aula antes do feriado. Tenho avaliação de Feitiços na segunda feira. – James explicou. – Ela disse que seria melhor treinarmos na Floresta Proibida porque vamos precisar de espaço.

-E o Snape concedeu autorização pra isso? Pensei que ela só estivesse autorizada a entrar na Floresta sozinha. – Collin olhou de soslaio para a mesa da Sonserina, onde viu Anya conversando com Draco Malfoy e Logan Field, o rebatedor do time de quadribol com quem ela sempre andava.

-Tendo em mente que o Snape adoraria me ver morto, até entendo que ele tenha autorizado. – Ele comentou sarcástico.

-Então, vamos ao que interessa. – Collin mudou de assunto olhando para James de maneira cúmplice. – O que nós dois faremos nesse fim de semana em Hogwarts sabendo que a Mary vai para a casa dos pais dela?

-Será que você tem noção do quanto isso soa gay? – James comentou fazendo Collin se dobrar de rir.

-Ok, você entendeu o que eu quis dizer... Eu espero.

-Eu estava pensando em ir à Hogsmeade amanhã. – James respondeu animado. – Amanhã é aniversário do Três Vassouras.

-Então está feito. – Collin “fechou o contrato” apertando a mão de James, que terminava de beber seu suco de abóbora. – Agora vá lá. Sua encomenda chegou. – Collin indicou as portas do Salão Principal com a cabeça, onde uma agitada Mary chegava com um enorme malão cor-de-rosa. James se levantou pesarosamente e caminhou até a “namorada” para se despedir.

...

Quase vinte minutos de despedidas depois, James tinha caminhado até os portões de Hogwarts com Mary, que não parecia satisfeita em deixar o namorado para trás com as “piranhas” que tinham permanecido na escola. Depois de muitos beijos e mimos, a garota foi embora, e James suspirou aliviado. Não podia estar mais satisfeito por ter um fim de semana livre. Quase livre – Ele pensou, se lembrando que ainda tinha mais uma aula com Anya. Se bem que as aulas que ele tinha com a sonserina não estavam sendo tão desagradáveis quanto ele pensava. Na verdade, estava sendo até bem divertido. Anya era uma das poucas garotas que não agia de maneira forçada nem fingia ter a voz sexy quando conversavam com ele. Caminhou até o Lago da Lula Gigante ajeitando a jaqueta quase involuntariamente, e se aproximou de Anya.

-Oi. – Ela se levantou e acenou para ele.

-Você não pretendia ir pra casa dos seus pais hoje, pretendia? – Ele perguntou ao ver que a garota carregava uma mochila.

-Não. – Ela riu ao notar a expressão embaraçada do garoto. – Não se preocupe, isto são algumas coisinhas que vamos precisar. – Ela explicou. – Trouxe a varinha?

-Claro. – Ele mostrou a varinha dentro do casaco. – Só, por favor, não me diga que vamos pra perto de outras fadas mordentes.

-Tomara que não. – Anya comentou enquanto acendia sua varinha e caminhava para dentro da floresta. – Só que fadas mordentes são nômades. Não dá pra saber quando vamos encontrá-las.

-Que informação reconfortante! – James comentou irônico, fazendo Anya rir. Continuaram caminhando por quase meia hora, conversando sobre futilidades, até que Anya parou perto de um salgueiro gigante.

-Fique aqui. Vou checar. – Ela entregou a mochila para James e apagou a luz de suas varinhas. O garoto ficou imediatamente alarmado. Quase não pode ouvir os suaves passos de Anya se afastando dele, e se espantou quando a varinha dela voltou a brilhar bem próxima dele. – Liberado. – Ela comentou sorrindo e puxando James pelo braço. Eles contornaram o salgueiro e deram alguns passos para fora das árvores, entrando numa clareira na qual ele pode ver uma pequena lagoa, com menos de 50 metros de largura.

-O que tem aqui? – Ele perguntou sem entender. Anya abriu a mochila e retirou uma dúzia de plantas arredondadas, que ele reconheceu com plantas reacionárias, coisa que tinham estudado no quinto ano em Herbologia. Ela jogou as plantas dentro da lagoa, e estas imediatamente se acenderam com uma luz branco-dourada intensa, suficiente para deixar toda a lagoa iluminada.

James estranhou o fato de a água da lagoa ser completamente transparente, e o fato de não ter nenhuma criatura dentro dela.

-Que lagoa é esta e o que é que ela está fazendo dentro da floresta proibida? – Ele perguntou espantado.

-É uma lagoa-lágrima. São raras e aparecem nos lugares mais inusitados. Achei no início da semana, quando vim dar um passeio por aqui. – Ela comentou enquanto tirava o casaco e os tênis.

-Nós vamos nadar?! – James perguntou espantado.

-A água é excelente para canalizar feitiços. E conjurar feitiços dentro d’água é um dos testes para o curso de Auror. – Ela respondeu, soltando os cabelos do coque.

-Certo... – James ainda estava um pouco assustado com a novidade. Anya se aproximou dele, que olhava a lagoa curioso.

-Sabe nadar? – Ela perguntou.

-Se-

Antes que pudesse terminar de falar Anya lhe deu um empurrão suave nas costas, fazendo com que ele desequilibrasse e caísse na lagoa. Ela pulou logo em seguida, rindo da cara de espanto do rapaz.

-Então, vamos começar ou não? – Ela comentou mergulhando e conjurando o feitiço Cabeça de Bolha.

...

Quarenta minutos depois, Anya e James, exaustos, tinham encerrado a aula e estavam deitados na borda do lago, olhando para o céu noturno da floresta. James tinha tirado a camisa e os sapatos, e se sentia completamente relaxado, como se estivesse prestes a dormir.

-Então quer dizer que por trás de toda aquela pegação, Mary Fay é uma namorada romântica e ciumenta? – Anya comentou depois de ouvir sobre a despedida de Mary, que quase tinha feito James se atrasar.

-É, de certa forma sim. – Ele respondeu depois de muito pensar. – E quanto àquele cara que está sempre com você? – Retrucou, olhando para Anya com uma sobrancelha levantada.

-Logan? – Ela perguntou, e James acenou positivamente com a cabeça. – O que tem ele?

-Vocês estão juntos, não estão? – Ele perguntou como se fosse óbvio.

-Não, não. – Anya respondeu como se fosse bobagem. – Ele é só meu amigo.

-Ah. Então me enganei. – James se desculpou. – Sabe, tem uma coisa que não entra na minha cabeça. – Comentou depois de observar ao redor da clareira onde estavam.

-O quê? – Anya olhou para ele esperando que ele fosse dizer algo sério.

-Como é que podemos estar aqui há quase uma hora e nenhuma criatura ter nos atacado sendo que na última vez que eu vim isso não levou nem cinco minutos?! – Ele perguntou gesticulando com as mãos como se estivesse indignado.

-Boa pergunta. – Anya sorriu e se levantou. – Melhor irmos. – Ela comentou, e James se repreendeu por provavelmente ter dado a entender que queria ir embora, quando na verdade não queria.

Anya mexeu na mochila e entregou uma toalha e uma camiseta para James. Torceu os cabelos para remover o excesso de água, secou os pés e calçou os tênis.

-Onde arranjou essa camisa? – James comentou ao notar que a camiseta tinha ficado bem justa.

-É minha. Trouxe caso fosse preciso. É a maior que eu tenho. Normalmente uso pra dormir. – Disse como justificativa.

-Não, tudo bem. – Ele tentou deixar claro que não estava incomodado.

-Então, vamos? – Ela o chamou, acendendo a varinha e pegando a mochila.

-Vamos. – Ele a seguiu de volta pelo caminho por onde tinham vindo, sorrindo assim que a menina se virou. Talvez ele não estivesse enganado, afinal. Anya era, sem dúvida, uma de suas fãs. – Pensou.


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