Opostos escrita por Marina Andrade


Capítulo 14
Capítulo 14 - Casal




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Quente.— Anya pensou ao sentir os lábios de James pressionarem os seus avidamente. A experiência de Anya no assunto se resumia a dois beijos trocados com um corvinal no quarto ano e um trocado com o sonserino que foi seu par no baile do Torneio Tribuxo. Nenhum desses se parecia com esse. O beijo de James era quente e cheio de emoção. Seus braços estavam enrolados na cintura de Anya como cobras, o que era irônico para um grifinório. Anya se segurou em James, uma mão em seus cabelos e outra em seu ombro esquerdo.

Nenhum dos dois saberia dizer ao certo o que sentiam um pelo outro, bem como não tinham antecipado o que aconteceria nesta viagem, neste quarto, neste momento. Mas nada parecia mais certo.

Pela cabeça de James não passava nenhum pensamento muito coeso. Ele suspeitava que fosse capaz de fazer isso pelo resto da vida, acreditava que nenhum beijo jamais seria tão certo quanto esse, e tinha a certeza de que não queria parar.

Meses treinando feitiços e poções. Três dias dividindo um quarto e uma cama. James se perguntava porque não tinha a beijado antes. A mão de Anya que estava em seu cabelo deslizou para sua nuca, o que fez com que uma onda percorresse a espinha de James, até seu quadril. Ele soltou um grunhido e sentiu uma súbita vontade de carrega-la até a cama.

Toc toc toc. Três batidas na porta, seguidas por uma voz bastante familiar.

— Gente, é hora de ir. – Dave disse do outro lado da porta, soando apressado.

Anya e James se separaram ofegantes e sorridentes.

— Quantos dias faltam até começarem as aulas mesmo? – James disse ainda meio sem fôlego.

— Três. – Anya respondeu com a voz baixa. James observou que ela estava com as bochechas rosadas e com a respiração alterada. Tinha conseguido alterar seu estado composto e sério, e sentia-se muito orgulhoso por isso.

— É tempo demais. – Ele disse, tornando a beijá-la.

...

James e Collin conversavam animadamente enquanto atravessavam a plataforma 9 ¾, empurrando seus carrinhos de malas, baús e corujas. Era o dia do retorno à Hogwarts após as férias de natal, e dessa vez, diferente das anteriores, James estava verdadeiramente animado com a volta das aulas, por motivos nem um pouco acadêmicos.

— Quando é mesmo o teste para Guardião Noturno? – Collin perguntou a James. O relacionamento de James e Anya ficou evidente depois de um discreto beijo de despedida ao final da viagem de férias com os sonserinos, e dentre os amigos de James, Collin se mostrou o maior apoiador do casal.

— No próximo sábado. – James disse, enquanto ele e Collin entravam no expresso para Hogwarts e levavam seus carrinhos até o vagão de malas . – Anya deve treinar a semana toda.

—Ah, não se preocupe. Sempre existe tempo para o amor. – Collin zombou enquanto guardava suas malas. Collin pretendia ser curandeiro, profissão que requeria apenas o resultado dos NIEMs. Assim como James, a profissão de Anya, além dos NIEMs, requeria testes prévios em feitiços e habilidade de voo. James não via motivo para Anya treinar nem mais um minuto, a não ser que quisesse humilhar o próprio avaliador em Feitiços.

James e Collin caminharam pelos vagões até uma cabine vazia e se acomodaram nela, deixando a porta aberta para que os demais os vissem. Peter e Linda os avistaram, e se sentaram com eles. Logan passou pela cabine em seguida, os cumprimentando e indo sentar em uma cabine próxima. Ao cumprimentar James, ele acenou e sorriu indicando Anya com a cabeça. Parecia ter aceitado a derrota, bem como aceitado a ideia de James e Anya como um casal. Malfoy e Pansy apareceram depois de alguns minutos, cumprimentando a todos e seguindo até a cabine em que Logan estava. Anya apareceu em seguida, sorridente. Ela cumprimentou a todos e se sentou ao lado de James.

Alguns alunos passavam pela porta da cabine e observavam com certa estranheza o grupo com as vestes de Hogwarts, Grifinória e Sonserina. Compreensível, James pensava, enquanto passava um braço ao redor da cintura de Anya.

— Dave! – Collin chamou o amigo, que acabara de entrar no vagão. – Aqui! – Ele gesticulou para que o amigo entrasse na cabine. Havia um lugar ao lado de Peter e Linda.

Dave acenou brevemente para Collin e virou na direção contrária, indo rumo a outro vagão. Um silêncio se estabeleceu na cabine, enquanto James fechava a porta. James, Collin e Peter estavam magoados. Anya e Linda trocaram um olhar. Achavam desprezível a atitude do grifinório em relação a elas e aos demais sonserinos.

...

James e Anya estavam na antiga sala de Astronomia, treinando feitiços há cerca de uma hora. Era sexta feira a noite, e treinar feitiços de combate às sete da noite não parecia ser um programa de casal apropriado. Mas James não se importava se os dois estavam deitados nos jardins de Hogwarts, namorando escondido em um corredor após a hora de recolher ou dançando tango sobre uma mesa no meio de aulas de Poções do Snape. Qualquer coisa parecia boa quando estava com Anya. Esta primeira semana do relacionamento dos dois tinha sido sua melhor semana em Hogwarts, sem sombra de dúvida. Os dois se entendiam como James nunca se entendeu com qualquer outra garota.

Diferentemente de seus outros treinos, essa semana eles haviam treinado para o teste de feitiços que Anya teria no dia seguinte, parte do processo seletivo para o curso de Guardião Noturno.

Todos os dias desta semana eles haviam vindo até esta sala, treinado por cerca de uma hora e depois deitado exaustos no enorme carpete que recobria o chão da sala conversando futilidades e trocando beijos apaixonados.

Neste exato momento James estava olhando para o lugar onde Anya deveria estar, alguns metros em frente a si no carpete. Ele percorreu os olhos atentamente pela sala, a procurando enquanto empunhava sua varinha defensivamente. Nenhum sinal dela.

— Bu! – Anya sussurrou no ouvido de James, surgindo atrás de si. O garoto tremeu com a vibração de sua voz, que causou um arrepio nos pelos de sua nuca. – Você me viu? – Ela perguntou enquanto James girava o corpo para vê-la.

— Nem por um segundo. – Ele disse colocando os braços ao redor da cintura de Anya. Como de costume, Anya estava calma, composta, com a camisa do uniforme ainda alinhada, e James suado, com a respiração ofegante, alguns botões da camisa de uniforme abertos e sem a menor ideia de onde sua gravata tinha ido parar. – Você ficou muito fera neste feitiço ilusório. – Ele disse orgulhoso da namorada. – Fico feliz de saber que no futuro estarei mais seguro em casa do que dentro do Gringotes. – Completou, a fazendo gargalhar.

Ele sabia que esta sentença deixava claro que ele pretendia continuar com ela no futuro, dividindo uma casa. Não se importava. Era verdade.

Anya sorriu para ele e o beijou.  – Acho que treinei tanto quanto podia. – Ela disse suspirando e passando os braços ao redor de James, aproximando seu rosto do dele. James fechou os olhos em antecipação. – Ah! Lembrei de uma última coisa! –Ela disse, se afastando dele subitamente e voltando para a posição de combate.

— Anya, você sabe que não precisa matar seu avaliador, não sabe? – James disse colocando a mão sobre a testa, preocupado. – Inclusive, se você o matar, como ele vai aprovar você no teste? – Ele completou, retomando sua posição de combate, exausto. Anya riu e se posicionou para combate.

— Juro que vai ser rápido. – Ela disse, os olhos brilhando de antecipação e determinação. – É só uma coisa que estou treinando. – Completou enquanto arregaçava as mangas. Devia ser algo sério para fazer com que Anya desajeitasse seu uniforme, James pensou. – Me desarme. – Anya disse, concentrada. James a olhou curioso. Isso podia levar horas, tendo em vista que tentar desarmar um ao outro era um exercício comum que faziam. – Não vou bloquear. – Anya disse, como se tivesse lido a mente de James. E tinha.

 - Expelliarmus!— James conjurou, fazendo com que a varinha de Anya saísse voando para o outro lado da sala de Astronomia.

Anya olhou para sua varinha e estendeu sua mão direita, concentrada. James olhava para ela, curioso. Alguns segundos depois, a varinha de Anya voou de sua posição do chão e flutuou de volta para sua mão. James a observou, atônito.

— Como foi que você fez isso?! – Ele perguntou espantado, observando o sorriso no rosto vitorioso no rosto de James.

— É um feitiço não verbal sem varinha. – Anya explicou como se fosse algo simples, como um feitiço para fazer chá. – Mas preciso praticar mais, ainda está levando muito tempo para a varinha começar a se mexer. – Ela refletia olhando para a própria varinha.

— Ah, é claro! – James disse irônico, zombando dela enquanto os dois se sentavam um ao lado do outro no carpete da sala de Astronomia. – Realmente um péssimo tempo de reação para um feitiço que provavelmente só você e Dumbledore devem conseguir conjurar!

Anya gargalhou enquanto empurrou James de forma que os dois estavam deitados no carpete.

— Aposto que não limpam esta sala há anos. – Ela comentou distraída, enquanto observavam o céu falso da sala de Astronomia. – Talvez não devêssemos deitar nesse carpete. – Ela disse sorrindo e olhando para James.

Foi você que me fez deitar.— James pensou divertido, sem a menor intenção de sair dali.

— Tem razão, fui eu. – Anya disse rindo distraída. James a olhou curioso. Não tinha dito nada.

— Anya, você leu minha mente? – James perguntou se apoiando sobre um de seus cotovelos e a com uma sobrancelha levantada como se a repreendesse. Anya sentiu seus olhos arregalarem involuntariamente. Em Hogwarts, apenas Pansy e Malfoy sabiam que Anya era boa legilimente.

— Talvez... – Ela disse, incerta.

— Além de tudo você é legilimente? – James perguntou rindo e deitando sobre Anya, apoiando seu peso nos cotovelos. – É, senhorita Smith. Pelo visto não tenho vantagem mágica sobre você. Terei que usar minha força física. – Ele disse a fazendo rir. Em seguida a beijou, um beijo que começou inocente, mas que aos poucos se tornou mais urgente e apaixonante.

James sentia seu corpo quente e seu sangue pulsando para seu quadril. Sua respiração estava ofegante e ele podia sentir seu pulso acelerado em seu pescoço. Anya não estava muito diferente, ele podia sentir o pulmão da garota subindo e descendo embaixo de si. Suas mãos estavam em suas costas, e arranhavam levemente suas costas sobre a camisa. James se separou de Anya com o gesto, movendo seu rosto para beijar seu pescoço.

Anya soltou um gemido baixo, mas suficiente para que James sentisse que estavam demasiadamente vestidos. Ele tinha a intenção de tirar sua camisa em seguida, mas foi interrompido por uma coruja bicando uma das janelas.

Relutante, ele saiu de cima de Anya e se sentou ao seu lado, observando a coruja.

— Dave... – James disse com um tom de mau humor, olhando a coruja pela janela. – É a coruja do Dave. – Explicou para Anya, que se levantou e arrumava suas vestes.

— Devem estar esperando a gente. – Anya disse pigarreando. Ela, James e os demais tinham combinado de se encontrarem em uma sala vazia para tomarem cerveja amanteigada, longe dos olharem julgadores dos salões comunais da Sonserina e da Grifinória. – Melhor a gente ir. – Ela disse caminhando até sua mochila.

— Sabe, fico até impressionado. – James disse enquanto pegava sua mochila e saía da sala com Anya.

— Com o quê? – A garota perguntou enquanto trancava a sala.

 - Com o timing do Dave. – James disse, e os dois riram. Pelo menos Dave tinha concordado em tomarem cerveja amanteigada todos juntos. Ele parecia estar começando a aceitar a ideia de James e Anya serem um casal. Casal. James pensou, satisfeito com a ideia.


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