Para ouvir lendo: I Caught Myself – Paramore

Quando cheguei a sala com os espelhos, vi Bella perdendo os sentidos e quase desmaiando, embaixo dela uma poça escura de sangue, seus batimentos cardíacos diminuindo o ritmo a cada milésimo de segundo.

Soltei um rosnado alto, profundo e selvagem, o ódio me dominando por completo.

Eu sentia o prazer dele e o ódio estava ainda mais forte dentro de mim.

"Ah, não, Bella, não!" – eu gritei horrorizado.

Voei pela sala e o alcancei arrancando-o de perto dela o espremendo contra outro espelho.

Todos os outros chegaram, ouvi Carlisle correr para junto de Bella, Emmet vindo me ajudar rugindo alto e agonizante ao vê-la ferida.

Para o perseguidor a festa estava armada, era o que ele esperava e ele esperava vencer.

"Bella, por favor! Bella, me ouça, por favor, por favor, Bella, por favor!" – Carlisle gritava junto ao corpo dela implorativo.

Emmet arrancou o caçador dos meus braços, socando ele contra a parede, voltei meu olhar para ela, caída como na visão de Alice, seu sangue jorrando, eu sentia o cheiro da morte, eu não queria que fosse assim, não desse jeito, eu não queria que ela se tornasse um monstro.

Queria estar ao lado dela velhinha, deitada numa cama e que ela adormecesse para a vida serena e feliz.

Não, não! Não seria assim!

"Carlisle!" – chamei agonizado - "Bella, Bella, ah, não, por favor, não, não!" – eu soluçava desesperado, sentindo todos os meus sentidos despedaçados. Um choro sem lagrimas.

Não deveria ser assim! Ela deveria estar na escola, ela deveria estar com Charlie, não aqui, não jorrando, não morrendo!

Ela mal respirava e a dor estava em todos os seus gestos, seu corpo todo tremia e se contorcia e de repente ela começou a chorar e a gritar.

"Bella!" – chamei alto, tentando quebrar-lhe a dor.

"Ela perdeu algum sangue, mas o corte na cabeça não é fundo" – Carlisle informou - "Cuidado com a perna dela, está quebrada" - rugi de raiva - "e algumas costelas também, eu acho" – o médico falando.

"Edward" – ela falou pesada e lenta, a voz falhando.

"Bella, você vai ficar bem. Você pode me ouvir, Bella? Eu te amo." – eu tentava acalmá-la.

Ouvir lendo: Eyes on Fire (Blue Foundation)

"Edward" – ela disse de novo.

"Sim, eu estou aqui"

"Está doendo" - ela soluçou.

"Eu sei, Bella, eu sei" – olhei angustiado para Carlisle - "Você não pode fazer nada?"

"Minha bolsa, por favor... Tape a respiração, Alice, vai ajudar" - Carlisle prometeu.

Então vi Alice tentando ajudar Carlisle, mas atraída demais pelo aroma do sangue de Bella. Fiz uma careta ainda mais desesperado.

"Alice?" – Bella gemeu.

"Ela está aqui, ela sabia onde te encontrar".

"Minha mão está doendo" - ela tentou me dizer.

"Eu sei, Bella. Carlisle vai te dar alguma coisa, a dor vai parar" – tentei ser suave, o ódio plantado no meu coração.

"Minha mão está queimando!" - ela gritou, abrindo os olhos, mas parecia não me ver.

"Bella?" – falei com medo.

"O fogo! Alguém apague o fogo!" - ela gritou.

"Carlisle! A mão dela!" – eu olhei horrorizado a marca dos dentes, prendi o fôlego.

"Ele mordeu ela" - a voz de Carlisle não estava mais calma, estava pasma.

"Edward, você tem que fazer isso" – Alice falava limpando as lagrimas do rosto de Bella, seu pensamento me mandando transformá-la.

"Não!" – eu berrei.

"Pode haver uma chance" - Carlisle disse.

"O que?" - implorei.

"Veja se consegue sugar o veneno pra fora. A ferida ainda está limpa"

"Isso vai funcionar?" - a voz de Alice estava tensa, ela procurava um resultado no futuro, mas tudo era escuridão.

"Eu não sei" - Carlisle disse - "Mas temos que nos apressar".

"Carlisle, eu" – hesitei - "Eu não sei se consigo fazer isso".

Fiquei desesperado, só de pensar em sentir o gosto minha boca enchia de água, o prazer misturado ao ódio e a vontade de salva-la dessa vida. Dessa MORTE!

E se eu não conseguir? E se eu não parar a tempo? Se eu suga-la tanto e secar suas veias? Se não houver retorno?

Eu não poderia conviver comigo mesmo sabendo que... não... balancei minha cabeça afastando a morte de meus pensamentos.

"A decisão é sua, Edward, de qualquer forma. Eu não posso ajudá-lo. Eu preciso fazer esse sangramento parar aqui, se nós vamos tirar sangue da mão dela". – ele limpava o ferimento na cabeça de Bella.

Ela se contorceu, a voz agonizante de dor.

"Edward!" - ela gritou abrindo os olhos novamente, me procurando.

Eu estava desesperado, indeciso, encarei seus olhos por alguns segundos era nítido que ela estava sofrendo demais.

"Alice, me dê alguma coisa para parar a perna dela!" - Carlisle estava curvado sobre ela, trabalhando na sua cabeça. "Edward, você precisa fazer isso agora, ou então será tarde demais".

Me senti cansado, afastei a dúvida dos meus pensamentos com a certeza de que a salvaria. Meu amor seria suficiente e eu, eu pararia a tempo.

Me preparei cerrando os dentes com força. “Vou parar a tempo!” – disse a mim mesmo, puxando a mão de Bella para meu rosto, me inclinando sobre ela mordendo o lugar onde ele havia mordido primeiro.

Primeiro senti nojo de mim por fazer isso, eu estava sugando seu sangue e ele fluida rápido e quente de suas veias para minha boca. O gosto era realmente incrível e o ódio foi dominado pelo prazer.

Ela se contorceu de novo, de dor, puxando a mão para se soltar, mas eu não soltei e continuei sugando.

O veneno, seu sangue, meu prazer.

Eu não conseguia pensar, só o perfume e o sangue...

Vi Alice tentando acalmar Bella, mas tudo parecia um borrão.. tudo era escarlate.

Então, lentamente, ela parou de convulsionar e se acalmou, deixando o braço leve, solto nas minhas mãos. Eu a sentia frágil, a dor estava sumindo, mas eu não conseguia parar de sugar.

Qual seria o limite?

Senti o gosto mudar, seu sangue puro e inocente.

"Edward" – ela tentou dizer.

"Ele está bem aqui, Bella". – Alice falou baixo, acalmando-a.

Ao som de sua voz eu consegui me desvencilhar de seu braço.

"Fique, Edward, fique comigo..."

"Eu vou" – respondi tenso, mas triunfante por não te-la matado, por ter cumprido minha promessa. Ela estava a salvo.

A ouvi suspirar contente.

"Está tudo fora?" - Carlisle perguntou.

"O sangue dela está limpo" – eu disse baixo - "Eu pude sentir o gosto da morfina".

"Bella?" - Carlisle a chamou.

Ela respondeu - "Mmmmmmmm?"

"O fogo foi embora?"

"Sim" - ela suspirou - "Obrigada, Edward".

"Eu te amo." - respondi.

"Eu sei" – ela respirou cansada.

Eu soltei um riso baixo, aliviado.

"Bella?" - Carlisle chamou de novo.

"O que?" – ela fez uma careta, ainda sem abrir os olhos.

"Onde está a sua mãe?"

"Na Flórida" – ela suspirou - "Ele me enganou, Edward. Ele assistiu aos nossos vídeos”. – ela informou ultrajada - "Alice" – ela ameaçou abrir os olhos - "Alice, o vídeo - ele conhecia você, Alice, ele sabia de onde você tinha vindo" – Bella tentou falar, a voz mole - "Eu cheirei gasolina".

"É hora de mover ela" - Carlisle disse.

"Não, eu quero dormir" – ela reclamou.

"Você pode dormir, meu bem, eu vou carregar você” – eu disse a aninhando nos meus braços, embalada em meu peito - "Durma agora, Bella".

Saímos para a escuridão, carregando Bella.

O caçador já tinha virado churrasco.

(comentário da autora, a Edward também é engraçadinho!! Churrasco, fogueirinha rsrs)