Capítulo 4

Amy

Amy chegou em casa um tanto confusa com a estranha história que Ian contara. Claro que podia ser tudo inventado, mas, por instinto, ela resolveu acreditar nele.

Nellie provavelmente tinha percebido o estranho comportamento de Amy no dia anterior e, possivelmente, contara para Dan, porque os dois a esperavam dentro de casa, com os braços cruzados, um ao lado do outro.

–Amy, poderia nos dizer o que está acontecendo?- Dan abriu o jogo, sem muitos rodeios. - Nellie me contou que você agiu de forma estranha ontem. E hoje uma menina parecida com a Natalie esbarrou em mim na escola.

Amy suspirou. Não havia como mentir para eles. Então ela resolveu contar toda a confusão, já que mais cedo ou mais tarde eles descobririam tudo. Ela começou a contar, mas Dan não deixava, ficava comentando sobre todos os detalhes. Quando ela falou sobre Ian, Dan a olhou com malícia e disse:

–Ah, Ian, estou tão feliz que se mudou para Massachusetts! Agora nós dois podemos ficar juntinhos! - ele provocou, imitando uma voz de garotinha e fingindo uma expressão sonhadora. Amy bateria nele, se Nellie não a tivesse segurado.

–Deixa de ser idiota, Dan! Eu não gosto dele!- Amy gritou e corou, o que não ajudou muito, pois para Dan isso era sinal de que ela ainda gostava de Ian.

–Amy, por favor, me perdoe! Você sabe que eu também a amo! - Dan continuou provocando, imitando a voz de Ian.

Nellie tentou controlá-lo, mas não conseguiu. Amy, cheia daquelas brincadeiras bestas do irmão, subiu para seu quarto, batendo os pés com força no chão. E bateu a porta com toda a força que tinha. Depois de se acalmar um pouco, ela desabou no pequeno sofá que ficava no canto do quarto e percebeu que Dan estava certo. Ela ainda gostava de Ian.

Mais tarde, alguém bate na porta do quarto de Amy, ela arrasta os pés vagarosamente, atravessando o quarto.

–Quem é?- ela pergunta, com preguiça.

–É o Dan... desculpa Amy. - a voz de Dan parecia tão infeliz. Amy teve vontade de abrir a porta e abraçá-lo, mas não o fez.

Ela abriu a porta devagar e encarou o irmão por alguns segundos, depois deixou a porta encostar na parede e se sentou em sua cama. Dan se sentou na pequena poltrona.

Inacreditavelmente, foi Amy quem quebrou o silêncio.

–Te desculpo, Dan. Aliás, foi mal por ter gritado com você.

–Não, tudo bem. A minha professora de História grita mais alto que isso quando eu não faço o dever de casa. - Dan disse, animado.

Amy riu. E percebeu que, apesar das circunstâncias, seu irmão nunca deixaria de fazer piada.

–Desçam para o jantar!- Era a voz de Nellie.

–Vamos, Dan, acho que hoje a Nellie finalmente vai pedir pizza. - Amy declarou e os olhos do irmão brilharam.

–PIZZA!! - Ele irrompeu porta afora, como se tivesse asas nos pés.

Amy ouviu Nellie resmungar algo como "eu vou te matar, Amy. Pizza denovo?" quando ela desceu pelas escadas. Logo o tio Fiske chegaria. Claro que não ficaria muito contente com a cardápio, pois ele não é muito fã de massa, mas, com Dan em casa, seria melhor ele se acostumar.

A pizza chegou e eles jantaram em silêncio, com exceção de alguns comentários de Dan como "Ah, que pizza perfeita!". Como Amy previra, Fiske não ficara muito feliz ao saber que a janta seria pizza, mas, para a surpresa de todos, ele comeu praticamente todas as fatias, fazendo Dan reclamar.

Amy foi para a cama mais cedo, sem sua habitual leitura noturna, e decidiu que no outro dia ela faria as pazes com Ian e sua irmã, se por acaso também encontrasse Natalie.

A voz de Ian a incomodou em seus sonhos, dizendo palavras que Amy não conseguia distinguir. Às vezes ela até entendia as palavras, mas não compreendia seus significados. Isso formou uma confusão na cabeça de Amy, que a fez desistir de tentar dormir. Ela foi para a cozinha e abriu a geladeira, pegou leite e se sentou na cadeira mais perto, com muita preguiça para pegar um copo ou se levantar novamente.

Foi então que ela percebeu uma luz fraca, em cima da mesa, ao lado dela. Era o seu celular. Ele vibrava e a luz parecia cada vez mais forte aos olhos de Amy. Ela hesitou, depois pegou o celular e conferiu a tela, que dizia: Duas novas mensagens de Número Desconhecido.

Na primeira mensagem estava escrito apenas Cuidado

Amy sentiu o medo tomar conta dela. Quem teria mandado a mesagem? Como tinha adquirido o número do celular de Amy? E o que exatamnete significava Cuidado? Seria um aviso para ficar longe do Ian? Ian! Talvez foi ele que mandou a mensagem! Mas isso só deixou Amy mais confusa. Por que ele pediria para ela ter cuidado?Cuidado com o quê? Com relutância e um pouco apavorada, ela leu a segunda mensagem:

Vocês estão correndo grande perigo.

Durma bem, Amy.