Foi com dificuldade que ela abriu os olhos. Primeiramente, achou que ainda estivesse no chão da festa de Slughorn, mas foi com alegria que notou que permanecia na ala hospitalar.

- Ela acordou. – Ouviu uma voz conhecida dizer a sua direita. Foi quando notou que havia gente do lado. Cinco pessoas. Pedro, mais longe, no pé da cama, Remo, Sirius, Tiago, a voz conhecida, e Louize, esta com os olhos inchados e o rosto vermelho, fungando.

- Olá. – Disse, fraca.

Louize desatou a chorar, escondendo o rosto em um lencinho. Tiago explicou:

- Ela chorou a noite toda, viemos para cá assim que fomos avisados. A Lou ficou realmente arrependida. Está tudo bem, Lily?

Cansada demais para reclamar, Lilian não brigou com Tiago por tê-la chamado pelo apelido, afinal, ele viera no meio da noite para ficar com ela. Sorriu, sem saber por que. Será que tinham dado algum remédio forte pra ela? Então lembrou que eram bruxos, não usavam remédios.

- Tudo legal, só que minha cabeça gira... O que aconteceu?

- Bom, eu também não sei, queria muito saber, mas Louize não conseguiu explicar nada! Bem, eu estava fazendo os deveres quando alguém chegou correndo no salão e dizendo para um amigo que Lilian Evans tinha sido estuporada e batido a cabeça na parede, e estava sendo levada para a ala hospitalar. Viemos correndo. – Ele olhou para os amigos. – Mas quando chegamos aqui, Snape já estava. Ele saiu depressa quando nos viu e...

- Ah! Severo veio me ver? – Interpôs Lilian, animada.

- Veio. – Tiago não continuou sua narração, cruzou os braços e ficou bem menos amigável.

- Li-Lily... – Soluçou Louize, e a menina se virou para ela, sorrindo. – Me desculpe... De verdade, eu... Estava sendo egoísta e metida... Eu...

- Não ligue, Lou. Deixe de lado. Agora somos amigas certo?

Louize soluçou mais alto e escondeu o rosto novamente no lenço. Ao invés de responder, ela se debruçou sobre a cama e abraçou forte Lilian. Tiago segurou a risada e virou para o lado, fingindo não ter visto.

O resto do dia foi uma correria para Lilian. Os meninos saíram vinte minutos depois, mas Louize permaneceu do seu lado em todas as visitas: O professor Slughorn, que veio ver se ela estava bem, e descobrir o que tinha acontecido realmente (Louize se encolhendo e tapando o rosto milhares de vezes), vários outros professores e alguns fantasmas, Emily, Scarlet, Meggie e Cataline, que vieram no fim da tarde, trazendo vários doces, contando piadas e dando broncas de brincadeira em Louize, que não conseguiu rir.

Quando estava anoitecendo, elas tiveram de ir, e Louize as seguiu, dando uma longa despedida.

Lilian estava ajeitando os lençóis pensando que iria dormir naquele instante, quando o rangido da porta lhe avisou que teria outra visita. Reconheceu os cabelos negros cobrindo-lhe o rosto.

- Boa noite, Lily.

- Severo! – Falou Lilian, se sentando na cama e o abraçando, alegre. – Achei que não fosse vir me visitar lúcida!

Snape tomou um tom um pouco vermelho.

- É que nunca você estava sozinha, passou o dia todo conversando com os seus amigos, não consegui...

- Você esteve esperando eles saírem? – Lilian quase gritou, e Severo ficou mais vermelho. – Que lindo, Sev!

- É... – Disse, sem graça, se encolhendo. – Lancei em mim um feitiço da Desilusão e...

- Jura? – Assustou-se Lilian, interrompendo-o outra vez. – Já sabe projetar um feitiço da Desilusão completo?

- Sim... – Continuou o garoto, ficando cada segundo mais sem graça. – Então, como está? Se sentindo melhor? Quando vim vê-la estava com uma cara horrível, fiquei imaginando tanta coisa, Lily...

- Estou bem, não se preocupe. Louize não sabe lançar bons feitiços estuporantes. O pior mesmo foi a batida, uma dor terrível, Sev, se faz ideia.

- Faço... Mas, me diz, Lily, como aconteceu isso? Ninguém quis me iluminar com alguma notícia do ocorrido, nem nada...

E meia hora se passou, enquanto Lilian contava sua história e os dois discutiam no final.

- Você tinha ido numa dessas festinhas do professor Slughorn? – Indagou Severo, desconfiado.

- Ah, Severo, não me julgue assim. Estava chateada porque estava brigada com minha melhor amiga e outras três, andava sozinha por ai e vivia sobrecarregada de deveres! Era uma ocupação qualquer, nem nexo!

- Mas vocês tem a mim, Lily! Eu estou aqui, com você sempre que possível!

- Isso, Severo, sempre que possível! Mas nem sempre é possível! Eu sou de uma Casa diferente que a sua! – Disse Lilian, suplicante. Estava ficando quente embaixo dos lençóis.

- E daí, Lilian? Não vá começar com isso de Casas e tal...

- EU? Mas é você que sempre fala disso! “Sonserinos são melhores que tudo.” “Como você não foi para a Sonserina, Lilian? Que horror!” – Gritou, em falsa drama.

Snape ficou calado, o rosto afogueado. Quando a porta da sala de Madame Pomfrey se abriu e ela esbravejou.

- Nada de gritar aqui, mocinha! Pode ir se retirando, senhor Snape! Vai, xô. – Ela fez sinal para Severo, que, sem se despedir, caminhou penosamente até a saída da ala hospitalar, olhando para trás ao fechar a porta.