Metamorphosis escrita por Lúcia Hill


Capítulo 6
Capítulo - Nightmares




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Alguns pensamentos bastante sombrios povoavam sua mente e dando-lhe pouca paz durante a noite. Ela aconchegou-se na cama e acordou várias vezes, consciente do uivo do vento. Parecia mais frio e solitário do que poderia se lembrar. A misericórdia só veio quando os galhos secos do carvalho pararam de arranhar os velhos vidrais do casebre antes de amanhecer. Aquela madrugava revelava-se obscura, as nuvens espessas que anunciavam o alvorecer acima eram negras, com a promessa de chuva.

Cass praticamente não dormiu. A cama no solar estava envolta em pesadas cortinas para garantir sua privacidade, mas acordou várias vezes, quando ouviu a um som ensurdecedor, devia ser um trovão. Em seus repetidos pesadelos, ela revivia a mesma cena: Ouvia apenas o raspar do couro contra o piso de madeira, mas seus olhos se abriram e todos os músculos apertaram-se. A escuridão tomou conta do quarto, mas havia um brilho único de luz, como se alguém tivesse aberto as persianas que cobriam as janelas.

Santo Deus.– pensou praticamente exausta enquanto enxugava o suor da testa.

Uma batida na porta assustou-a. Quem quer que fosse não esperou por ela responder também. A porta foi aberta revelando a sombra alta e robusta, um pequeno suspiro de alívio passou seus lábios quando viu Matthew sair das sombras.

– Mas que droga, como aparece assim de surpresa? - vociferou.

Matt entrou no quarto e virou-se para certificar-se se tinha fechado a porta completamente. Por um segundo ele ignorou rispidez na voz da jovem, aproximou, parecendo crescer, mas ela não se importava. Levantou seu queixo para manter seu olhar nele.

– Ouvi alguns gritos e vim certificar se estava tudo em ordem. - justificou.

Cass endireitou-se e ignorou o impulso de alta defesa do rapaz.

– Agora que viu que esta tudo bem pode voltar pra sala. - grunhiu.

Ele podia sentir um cheiro estranho na brisa que adentrava por entre as fissuras da velha madeira do casebre e apostava que se tratava de algo ruim, era obvio que alguém estava na espreita, também. Era visível a tensão que percorria seus músculos, o arrepio da pele com um mau pressentimento quando ele avançou mais alguns centímetros na direção da janela.

– N-Não me ouviu? - perguntou.

Matt olhou-a descontente.

– Como havia dito, vim apenas para verificar se estava tudo bem com você. - disse pausadamente - Não foi minha intenção causar lhe incomodo.

Antes que Matt desaparecesse pela porta ela sentiu o temor voltar, apertou seus dedos gelados em volta do seu pescoço. Precisava dividir com alguém aquele maldito pesadelo ou acabaria louca.

–Espere. - disse.

Sem questionar Matt obedeceu a calado.

– É que nesses últimos dias tenho tido o mesmo pesadelo. Sei que é loucura, mas não consigo entender o porquê da mesma cena que se repete noite apos noite em minha mente. - disse cabisbaixa.

Os olhos castanhos de Matt percorreram por toda a dimensão do dormitório. Sentiu o vento agitar com a antecipação do que ainda veria.

– Recorda-se da cena? - quis saber.

Cass levantou se afoita da cama, deixando a nudez de suas pernas avista.

– A cena é assim ouço um tipo de raspar de botas de couro contra o piso de madeira, e depois uma sensação de pânico me domina sem conta na escuridão que envolve todo o quarto, mas havia um brilho único de luz, como se alguém tivesse aberto as persianas que cobriam as janelas. - disse pausadamente tentando recuperar o fôlego. - Não tem explicação.

Matt observava meticulosamente.

– Sente como se fosse você ou apenas observa a cena? - quis saber.

Cass encarou o com espanto.

– Não sou eu que vivencio essa cena noite apos noite. - disse.

Lágrimas ameaçando derramar. Ele a abraçou enquanto fazia sons suaves, para deixá-la saber que ele entendia. Deixando-a segurá-lo, a única pessoa que realmente entendi o que ela estava passando.

– Acalme-se deve ser apenas um pesadelo, eles vivem se repetindo em nossas mentes. – mentiu.

Matt sabia muito bem o que aquele pesadelo significava, a velha maldição dos Velkans estava novamente pronta para se repetir depois de quase três séculos depois, nem mesmo um tremor fez sua expressão ficar menos branda.

Cass afastou se para encará-lo.

– Agora pode me contar a respeito de seu envolvimento com minha avó?

Matt coçou o queixo, como diria à jovem que ambos carregavam uma maldição dentro de si, Alys ensinara tudo que ele sabia.

– Tenho um imenso respeito por tudo que ela fez para preservar as matas da colina do sul. – disse – Alys é minha heroína, uma grande mestra.

Cass desviou seus olhos para um canto, lembrava pouco de sua avó paterna.

– Fico feliz em saber. – disse.

Ele lhe deu um sorriso, seus dentes brilhando brancos em seu rosto bronzeado.

– Não sei se percebeu, mas ando ouvindo uivo de lobos tão próximo. É estranho, pois não é a época do cio e nem da migração para o sul. – ela disse.

Matt estudou Cass mais de perto, um olhar de preocupação passou por seus olhos castanhos escuros. Tinha que inventar uma desculpa rápida para ela não desconfiar de nada, não antes de estar pronta.

– Deve ter sido apenas um devaneio de sua mente por causa dos pesadelos. – justificou.

Ela encarou-o.

– Não! Saberia se fosse, ouvi uivos e eram de lobos cinzentos, acho que devem estar na caverna que fica no pé do penhasco deve ter uma matilha se abrigando.

Matt sentiu sua garganta queimar, se ela desconfiasse que ele os atraísse para aquele local com a promessa de fundar uma nova matilha através da tataraneta de Nicoleta Velkan, uma das ultimas fêmeas beta da Romênia.

– Os lobos cinzentos apenas migram no final do outono.

Cass teve que concordar com ele.

– Acho que você tem razão, minha mente anda me pregando peças. Novamente obrigada, mas agora que já esta amanhecendo você pode ir. Já estou bem, obrigada. – disse.

Ele virou-lhe a mão e beijou-lhe a palma. Cass sorriu.

– Enquanto estiver por aqui, prometo que nada de mau lhe acontecera. Juro. – disse.

Isso a fez sorrir. Ela mostrou um breve sorriso em forma de gratidão, sem pestanejar ele caminhou na direção da porta, fechou a trás de si.



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Notas finais do capítulo

Boa Leitura!