Silêncio Dos Inocentes escrita por Kebi Sayid, Mereço Um Castelo, ECdesativado


Capítulo 2
Capítulo 2 - Quem é você?


Notas iniciais do capítulo

Desculpa a demora é que fiquei sem tempo para colocar aqui.
Boa leitura..



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Anne Sophie:

Eu não podia retardar isso, o desespero fazia-me engolir o meu choro, mas ao mesmo tempo eu queria liberá-lo. As pessoas começaram a ficar em volta e o pior de tudo observando a situação. Meu pai já tinha  retirado o cinto de sua cintura e estava dobrando-o na mão, eu soltei um soluço e o desespero cresceu a níveis alarmantes.

Meu pai levantou o instrumento do meu castigo, olhei para minha mãe na esperança que ela tentasse ao menos retardar isso e ela nada fez. Ou melhor, fez o pior, assistiu ao meu sofrimento com a cabeça erguida. Deus o que eu fiz? Mate-me, eu não aguento tanta humilhação, não basta o meu pai ter dito que sou desprovida de inteligência, agora eu serei castigada no meio da feira.

O barulho do cinto cortando o ar veio de encontro ao meu braço, porém eu não sentir nada. Eu tinha fechado os olhos e ouvi a voz de Walter.

- Meu pai, não faça isso. – Ele falou segurando o cinto na mão de meu pai. Eu o fitei chorando, Walter você vai morrer. Meu pai olhou-o com fúria evidente, mas foi a minha mãe a agir e ela esbofeteou o Walter.

Implorei que meu irmão saísse dali e que eu conhecesse meu destino. Joseph veio pra perto de mim e levantou o Walter. Meu pai o encarou em completa raiva.

- Saia da frente Joseph, ou vai apanhar também. – Falou gritando, todos do mercado pararam e comecei a ouvir os murmúrios. “são os Dixon... parece que a burra da Anne arrumou confusão.” Ouvir aquilo foi terrível, eu não tenho culpa alguma. Ninguém me ensinou a contar.

Papai olhava Joseph e estava um clima pesado. Mamãe falou:

- Você não ouviu seu pai Joseph, saia da frente vocês dois! Quer levar uma surra também. – Gritou completamente fora de si, minha mãe nunca nos defendia. Ela sempre ficava ao lado do meu pai. Isso doía tanto. Como ela pode ver o sofrimento dos filhos e não fazer nada. 

Joseph não se mexeu. Pelo contrário acabou piorando a situação, eu permanecia quieta, chorando atrás de meus irmãos.

- Eu não vou sair, não vai bater em Sophie, meu pai. Que culpa ela teve. Ninguém a ensinou nada. Não bata nela. – Ele falou pro nosso pai e o Walter olhou-me e abraçando logo em seguida. Walter tornou a falar:

- Senhor, desculpe-nos, ela não quis roubar, só não aprendeu a contar. Perdoe-a não foi intenção dela – Falou meu irmão saindo de junto de mim, meu pai enfureceu-se e não deixou nem o homem falar.

- Como vocês ousam fazer isso! Isso é ultraje. Calem-se. Eu vou bater nela aqui e agora e se pra fazer isso eu tiver que bater em vocês será feito. – Ele falou primeiramente pegando Joseph e bateu-lhe.

- Corra Sophie! – Walter gritou, eu não conseguia me mexer. Chorava muito e ver o Joseph levar uma surra pra defender-me e fazia com que eu me sentisse em estado de pavor. Walter foi o segundo, depois que ele apanhou tentou segurar meu pai e levou seu segundo tapa no rosto.

- Walter! Pare! Não lute contra ele.... Não precisa. – Eu falei indo até meu irmão e meu pai pegou-me pelo braço. Minha mãe olhou com indiferença. -Porque você não tem amor mãe?! Questionei-me e esperei a surra de meu pai. A primeira cintada chegou com muita força, mas a segunda foi paralisada com uma voz feminina:

- Pare já com isso! – Falou uma mulher com cabelos negros, um vestido branco rendado e com alguns detalhes vermelhos. Ela era a mulher mais bela que tinha visto em toda a minha vida. Meu pai parou e procurou de onde a voz saia. A jovem moça estava no armazém e veio com um criado segurando uma sombrinha pra proteger-lhe do sol.

- Olha aqui mulher, o que você pensa que é! – meu pai gritou. A moça o olhou analisando-o. Eu estava com medo, mas confesso que gostei de sua intervenção.

- Eu sou a pessoa que tem inteligência suficiente pra não deixar esse ultraje acontecer! Solte-a agora! – Ela falou cheia de autoridade, meu pai começou a rir. 

- Minha filha, eu trato do jeito que eu quiser! – falou e a moça olhou para ele rindo. Seus olhos estavam pretos e depois ficaram levemente vermelhos.

- Oh, então você é minha presa. E trato do jeito que quiser. – Ela falou próximo de meu pai, só eu pude ouvir, depois meu pai lhe olhou assustado, largou-me e ela falou algo a mais que não consegui compreender. Deve ter sido algo muito grave, pra deixá-lo com tanto medo assim. Não conseguia entender. Quem é essa mulher, o que ela disse para fazer meu pai parar assim? Seja quem for ela, serei grata para sempre.

Ela me olhou e falou:

- Venha comigo garota. – E eu sem nem pensar nas consequências segui atrás da mulher que bravamente defendeu-me. Olhei-lhe melhor, ela sorriu e estranhamente seus olhos não estavam mais vermelhos. Deve ter sido coisa da minha imaginação, pensei, afinal ninguém em Oldham pode sonhar mais do que eu.

- Qual seu nome? – Ela me perguntou dando um sinal para o criado sair dali e deixar-nos sozinhas. Eu fiquei muito paralisada. Pra falar a verdade eu estava admirando-a. Ela começou a rir.

- Desculpe... Meu nome é Anne Sophie. – Respondi-lhe. Ela me deu um sorriso.

- Anne Sophie, não tenha medo de ninguém, você não é inferior. Seu pai que é um porco! – Ela falou eu cheguei a rir imaginando meu pai um porco. Mas logo voltei a mim. 

- Muito obrigada pelo que fez senhora. Não apanhei agora, mas tenho a certeza que não escaparei quando retornar para casa. – Falei dando um suspiro longo. Ela me olhou. 

- Ele não fará nada. Se fizer diga-me e terei um conversa interessante com o Sr. Dixon. – Ela falou sorrindo, chegava a quase tripudiar com esse sorriso. Comecei a ficar constrangida. 

- Eu devo ir, meus irmãos estão me esperando.. – Falei-lhe e ela sorriu novamente.

- Vá Anne Sophie e guarde o que lhe disse, o mundo está cheio de covardes como seu pai. Seja forte. – Falou e peguei-me pensando no porque daquela frase, será que ela também já passou por isso? Seu pai sendo violento. Eu queria perguntar, mas não tive coragem de proferir, afinal ela já tinha feito muito por mim.

- Sophie.. – Walter e Joseph vieram atrás de mim e seus olhares eram de gratidão à senhorita. Eu desci o tablado. Olhei-lhe mais uma vez, sua beleza era sutil.

- Obrigada senhora. – Falei e ela sorriu.

- Meu nome é Maria. Até breve Anne. – Falou, seu criado foi para junto dela e foram embora. Quem era essa mulher?! Obrigada por coloca-la no meu dia Senhor.


Jasper:

Dor era o que fazia encher, o que em outra vida eu podia chamar de alma, eu estava destruído, deixá-la atingiu-me profundamente. Não conseguia suportar ser o algoz de seu exército de recém-nascidos.  Era uma dor: física e psicológica. Afinal ela foi a minha criadora, ela que me proveu a existência.

É difícil deixar seu criador, nós, as criaturas, possuímos uma ligação interminável. Mas não suportava mais fazer isso. Eu sentia tudo. Matar vampiros recém-criados, inocentes. Maria transformava-os e depois se desfazia, ou melhor, me mandava fazer isso.

O que doía era deixá-la, porque gostava dela. Mas chega! Eu não sou um estúpido que será enganado duas vezes, ela me traiu. E em sua conversa ouvi em bom tom quais eram suas intenções comigo. Ela se aproveitou e isso não tem perdão.

Continuei meu caminho, já tinha percorrido quase que a totalidade dos estados do oeste americano, encontrava-me no estado de Montana, estava vivendo como nômade, pelo menos por enquanto. Até eu decidir voltar para Peter e Charlotte.

Ele tinha fugido do exército da Maria levando sua amada. E fugi junto com eles. Lembro-me como se fosse hoje, Peter desesperou-se ao ver que eu teria que matar a Charlotte. Eu simplesmente não consegui matá-los, tinha me afeiçoado a eles, permiti que fossem e horas depois os alcancei quando vi a Maria deitada com outro homem.

Minha existência estava me deixando louco, eu não era capaz de suportar o peso de tantas mortes e sofrimento. A ideia de matar-me estava crescendo cada vez mais. Mas eu não sou um tolo. Vampiros não morrem facilmente.

O que precisava era de um tempo para me recolocar no mundo. Ficar com Peter e Charlotte só serviu para deixar-me mais deprimido. Ver o amor entre eles e, principalmente, eles tentando se controlar, sabendo de meu dom. Era impossível, eles tinham pena de mim e sentir suas emoções, mesmo que fossem para o meu bem, estava me matando. Eu tenho que encontrar alguém que me reconheça e que possa me amar verdadeiramente.

É isso! Levantei da campina em que estava repousando e passei a correr sob a luz do luar. O melhor de minha existência é poder fazer coisas impossíveis como correr mais veloz que um trem, nadar sem cansar. Saí em disparada rumo ao sul, às minhas origens. Fui até o estado do Texas.

O vento era cortado por minha corrida frenética a única luz que iluminava meu caminho era a da Lua. Não que eu precisasse, afinal eu já tinha quase 12 anos dessa nova vida. À medida que a noite foi passando eu fui me aproximando cada vez mais de meu destino e encontrei a minha cidade natal na alvorada: Houston. 

Comecei a andar vagarosamente, não tinha ninguém na cidade. Era muito cedo. Fui até o centro da cidade, no marco zero e senti os primeiros raios de sol tocarem minha pele. Olhei para o céu, estava uma mistura da noite com o dia. Virei para a direção do sol e vi meu corpo brilhando. A sensação do sol em nossos corpos é digna de livros. É sutil e confortante. Lembranças me invadiram....

Sr. Wihtlock é com muita graça que lhe promovo Major do exercito confederado do estado do Texas. Honre a bandeira que você representa e o  ideal de justiça para nosso povo. ” Lembro como se fosse hoje. Eu tinha sido o Major mais novo de toda a revolta. E fiz valer o juramento que cumpri ao meu superior naquele dia.

Abri meus olhos novamente e observei o azul celeste do dia predominar sobre os pequenos resquícios da noite e foi ali que deixei mais uma vez minha cidade. Respirei o ar, era algo totalmente desnecessário, mas mesmo assim o fiz e isso me fez voltar a correr para o norte, não sei porque escolhi o norte, algo me mandava para lá.


Carlisle:

30 de Abril de 1945,
Hoje o mundo parou para ver a notícia que a segunda grande guerra havia terminado, pessoalmente estava em êxtase, guerra significa mortos. Meu trabalho estava exaustivo, não que me cansasse, afinal sou um vampiro, mas eu mal podia ficar com minha esposa e meus filhos, estava sendo chamado no hospital onde trabalhava constantemente. Eu morava com Esme e meus três filhos em Liverpool, no noroeste da Inglaterra.

Minha família era como eu, vampiros. Fazia pouco tempo que nos mudamos afinal Emmett é o novo membro da família e não podíamos permanecer em Londres por mais tempo. Bem como não podemos voltar para o USA nesse momento, principalmente, por causa de Emmett e Rosálie, não faz 10 anos que foram transformados.  E assim nosso segredo seria descoberto. 

Escrevi as primeiras linhas no meu bloco diário. Eu gostava de registrar alguns momentos, estava em meu escritório na imensa casa que tínhamos afastada do centro da cidade. Eu sempre procurava casas afastadas para que pudéssemos lidar com nossas habilidades, sem que os humanos soubessem e termos mais privacidade.

Olhei pela janela, minha esposa estava cuidando de seu jardim. Estava mais linda que todas as rosas juntas desse universo. Sim, quando se trata de Esme sou o homem mais sem juízo e incondicionalmente apaixonado. Seu cabelo estava preso num coque, mas tinha alguns fios soltos dando aos meus olhos o mais belo cenário, seu vestido era de um tom creme modelando sua cintura e realçando suas curvas e seios, Deus ela estava divina.

- Pai controle-se! – Edward gritou entrando no meu campo de visão, juntamente com Emmett. Eles estavam rindo.

- Saia de minha mente se não quer ouvir. – Foi tudo que lhe respondi. Esme parou de mexer na terra e tirou os fios que cobriam seu rosto com o antebraço. O sol batia em sua pele e fazia brilhar. Eu olhei-a e fiquei observando sua beleza, ela me olhou, sorriu.

Meu rosto foi o espelho de sua reação. Não consegui me conter saltei a janela e me sentei ao seu lado no chão tomando-a em meus braços.

- Eu te amo – Falei sorrindo. Nossos filhos fizeram o famoso hummm. Começamos a rir. Ela me deu um beijo no rosto e cheirou a minha pele. Seu contato fez-me sorrir mais.

- Não mereço ouvir que você me ama também? – Eu falei sorrindo, ela estreitou os olhos. Vi Edward revirar os olhos. Esme sentou-se em meu colo.

- Pra sempre te amarei Carlisle. – Ela falou me fazendo rir bobo. Apertei minha pequena em meus braços. Nossos filhos tinham que atrapalhar. Eles sempre atrapalham, são 2 anos deste jeito. Eles ficaram bem mais observadores quando Emmett entrou na família. Eu rir do meu pensamento. Faz 27 anos que transformei o Edward...

- Olha papai. Para de ficar agarrando minha mãe em minha frente! – Emmett falou todo brincalhão como sempre foi. Emmett já tinha acostumado a chamar-me de papai. Eu ficava em estado de graça quando isso acontecia. Amo essas crianças, não são meus filhos mesmos. Vampiros não podem procriar, mas eu os transformei. E desde esse dia adotei primeiramente o Edward. Que estava muito doente, com gripe espanhola em 1918.

Edward foi a primeira pessoa que transformei. Depois foi minha esposa, três anos depois. Os motivos de sua quase morte me doem ate hoje, foi por culpa de Charles que aconteceu isso com ela.... Maldito queime no inferno... 

Depois foi Rosalie, ela foi estuprada e quando a encontrei estava quase morta. A vida de minha princesa não foi nada fácil. E pra ela ainda é muito difícil se relacionar. Eu tenho tanto receio por ela, Rose é uma caixinha de surpresa eu nunca sei o que esperar dela. Fico preocupado por ela não se abrir conosco. Eu sempre venho tentando me aproximar dela, às vezes ela deixa.

E por último veio o Emmett, faz 2 anos que o transformei. Ele foi encontrado por Rosálie, numa floresta lutando contra um urso, ou melhor, tentando matá-lo. Emmett faz minha vida alegre é bom tê-lo como filho.

- Ela é sua mãe, mas sempre será minha mulher. – Eu respondi rindo. – E eu vim primeiro. – Complementei. Todos rimos, Rose estava rindo bem mais com o Emmett, eu podia ver olhares entre os dois. Esme já tinha comentado isso comigo. Edward começou a rir, provavelmente do que eu estava pensando.

- Oh, não posso competir com o senhor de 288 anos. – Ele falou. – Velho moribundo. – Ele chamou rindo e Edward e Rose riram muito. Minha esposa colocou as mãos na cintura e olhou para Emmett.

- Não fale assim de seu pai. Gostaria que todo homem fosse como ele é. Seu pai é um grande homem. – Eu sorri,  ela sorriu em seguida e olhamo-nos.

- Podemos ir caçar? – Rose perguntou inquieta. Eu olhei pra Edward tentando captar alguma coisa do que ele estava vendo nos pensamentos de Rose, mas ele não contava.  Eu assenti e esperei que Esme saísse de meu colo, ela não fez menção de sair. Comecei a acariciar sua nuca e isso fez com que se arrepiasse. Ela me olhou, sorri.

- Oh não! Digam-me que não vão fazer isso na nossa frente nunca mais! – Os três falaram juntos.  Eu fiquei rindo que bobagem desses três.

- Por quê? – Esme perguntou o que eu queria.

- Minha mãe é virgem! – Edward e Emmett falaram. – Meu pai é virgem! – Rose falou. O engraçado foi que eles terminaram de dizer ao mesmo tempo e comecei a gargalhar, me deitei no chão e Esme deitou sua cabeça em meu peito. Ficamos rindo e eles emburrados.

Olhei pros meninos. – Nunca... Sua mãe é minha mulher há 23 anos. E afirmo com toda certeza não somos os que vocês fantasiam. – Falei rindo e Esme gargalhando. 

- Papai! – Eles falaram e saíram de perto, batendo o pé. Era a primeira vez que Rose me chamava de pai, eu a olhei em felicidade completa, quero tanto trazê-la para junto de mim e mostrar  todo o meu amor de pai pra ela, minha princesinha.

- Amor. – Esme falou levantando e eu sorri. Fechei meu olho e ela sabia que eu queria um beijo, então simplesmente selou nossos lábios.

- Queremos caçar! – gritaram dentro da casa. Começamos a rir e levantamos indo ao encontro de nossos filhos.



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Notas finais do capítulo

Deixem seus comentários.
Beijos
Eliza, que é a Kebi :)



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