Loves Never Die escrita por Morghan


Capítulo 1
Alguns laços não são rompidos... - OneShot


Notas iniciais do capítulo

Fanfic narrada em terceira pessoa, com as frases "tortas" indicando os pensamentos de Thalia Grace.



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Assim que a noite chegou, Thalia quis ficar sozinha.

Não se juntou a pequena roda de caçadoras, que haviam acendido uma fogueira e estavam fazendo uma farta refeição, contando suas missões que a própria deusa da caça havia lhes confiado,enquanto as novatas - nos últimos meses, várias garotas foram recrutadas. - ficavam escutando tudo, admiradas. Ela simplesmente estava sentada em uma pedra, longe das outras caçadoras.

Ela gostava do silêncio. As vozes das suas companheiras estavam no fundo, distante, onde ela não conseguia prestar atenção no que elas diziam. Apenas o barulho do vento passando pelas árvores. Era tudo que ela ouvia.

Thalia não parava de olhar o céu, nem sequer piscava. Um feito raro para uma semideusa tão agitada quanto ela, mas ela se sentia na obrigação de olhar para o céu.

O céu estava estrelado, muito embora a beleza das estrelas não trouxesse nenhuma felicidade a Thalia Grace.

Ela não precisava olhar duas vezes: A mais bela constelação era sua antiga conhecida, Zoe Doce Amarga.

Ela não sabia exatamente quando chegou a essa conclusão, seja por intuição ou por qualquer outra coisa, mas a certeza que era a ex-tenente de Ártemis não saia de sua cabeça.

Zoe... A que estava certa. Sobre absolutamente tudo.

Thalia já havia perdido muitas pessoas em sua vida, mas muito embora ela e Zoe não fossem íntimas, a morte dela a destruiu por completo, talvez fosse a mais dolorosa de sua vida.

Não. Thalia sabia muito bem, a morte mais dolorosa de sua vida era a morte dele.

Não pense nele, naquele traidor. Ele mereceu o que teve no final.

Não adiantava. A filha de Zeus poderia repetir para si mesmo a mesma frase todos os dias, mas nunca iria concordar com o final que ele teve.

– Thalia? - A filha de Zeus ouviu uma caçadora de Ártemis a chamando atrás dela, um pouco sem graça, como se não quisesse interromper a tenente, seja lá o que estivesse fazendo. - Lady Ártemis a chama!

Thalia estranhou, mas simplesmente assentiu com a cabeça e foi em direção a última tenda, a tenda de Ártemis. Thalia achava esquisito entrar lá sozinha. Sempre que entrava lá dentro, era para levar uma nova recrutada para fazer o juramento na frente da deusa. Talvez Thalia devesse entrar para tratar de assuntos particulares, mas isso ainda não ocorrera.

Afinal, eu não sou Zoe Doce Amarga, a melhor das tenentes.

Antes que percebesse, Thalia já tinha entrado dentro da tenda, e automaticamente se sentiu confortável e aquecida. Seja lá o que magia fosse aquela, Thalia agradecia estar lá dentro em uma noite fria como aquela.

–Thalia Grace. - A caçadora viu Lady Ártemis em pé, ao lado do braseiro mágico que queimava sem combustível ou fumaça. Sua aparência estava diferente da habitual. Ela parecia ter entre quinze anos, os cabelos negros, os olhos cinzentos como o de Annabeth. Sua expressão era séria e firme.

–Mandou me chamar, Lady Ártemis?

–Mandei, mandei sim. - a deusa a encarou com os olhos frios, e que pareciam longe de onde ela estava. - Gostou das estrelas de hoje, caçadora? Reparei que você ficou um bom tempo as observando.

Thalia engoliu em seco. Ela estava certa, afinal.

–Não poderiam ser melhores, senhora. Gostei muito das estrelas. - Por algum motivo bobo, Thalia engasgou, quase soluçou.

–Fico contente com isso. - Ártemis suspirou, como se hesitasse em continuar a conversa. - Creio que o nome Luke Castellan seja familiar para você.

Não...Tudo, menos isso. Ele não.

–Bastante. Ele era um amigo.

–Amigo? - Ártemis levanta as sobrancelhas, em total descrença. - Não percebe o quanto suas palavras soam falsas?

–Não entendo o quer dizer com isso. - Thalia dá uma resposta malcriada.

–Bem, depois de trair a todo o Olimpo...

–Ele foi um herói! A culpa não foi dele. - Thalia a interrompe. A tenente nem sequer se importa com o olhar irritado de deusa. - Desculpa. Pode continuar.

–Ele resistiu, caçadora. Ele não quis ceder seu corpo a Cronos.

–Porque ele é um herói, não o traidor que todos pensam que ele é. - disse Thalia, calmamente.

–Claro que ele foi. - disse Ártemis, em descrença. Logo em seguida, Ártemis pega um papel amarelado e quase destruído. - Tome.

–O que é isso?

–Um papel...- a deusa da caça disse, com uma certa ironia. - Com as palavras de Luke Castellan.

Thalia perdeu o ar. Era como se o mundo parasse de girar.

–Minha senhora...

–Vamos, Thalia Grace, sacie sua curiosidade... - disse Ártemis, entregando o papel amassado, para garota, que estava completamente estática.

–Mas como...?

–Poseidon achou isso nos restos do navio explodido por Percy Jackson na guerra contra Cronos. Ele imediatamente me entregou, e pediu que te entregasse.

–Mas porque entregar a mim?

–Acho que sabe a resposta. Luke era muito mais que um amigo, afinal.

–Luke... - depois de tanto tempo, Thalia se estranhou por citar o nome dele, normalmente palavra proibida para ela mesma.

Então, começou a ler.

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Nunca um raio cai duas vezes no mesmo lugar? Sinceramente, eu sou contra esse ditado.

Todos esses anos, eu passei sendo o cara mais azarado da Terra. Uma mãe completamente insana, um pai ausente que nunca, nunca me ajudou. É fácil dizer que ama alguém, difícil é deixar essa pessoa tão amada sozinha com uma mulher que não dizia coisa com coisa, sozinho, com fome e confuso. Oh, não, espere! Isso é muito fácil para Hermes.

Mas isso não era somente comigo. Durante cinco anos*, vi tantos semideuses no chalé de Hermes, semideuses esquecidos pelos pais. Nunca esquecerei o olhares de raiva, de ódio, de medo. Ir para o lado dos titãs não era somente uma questão pessoal. Era uma questão de vingança contra todos os olimpianos, não somente minha vingança, mas a vingança de todos os semideuses rejeitados, humilhados, usados. Eu não sou o único assim. Eu nunca fui.

Percy Jackson que o diga. Ele pode ser o herói da profecia, mas ele não percebe que é tão descartável quanto um lenço de papel. Porque os olimpianos iriam precisar dele? Porque iriam precisar de um meio sangue patético e insignificante? Ele é somente um peão num tabuleiro de xadrez. Sendo revezado pelos deuses a sempre uma nova e suicida aventura. Porque ele se acha tão especial por isso? Ele está cego.

E quanto Annabeth Chase? Me dói saber que ela não passa de um mascote dos deuses. Não, ela estava destinada a mais que isso. Desde que ela tinha apenas seis anos, eu vi potencial na garota, sua inteligência, sua coragem e sua bravura. Tudo isso, todas essas qualidades, todo o talento bruto que ela tem...Para quê? Sendo utilizado em nomes de pessoas que a julgam se ela deve viver ou morrer? Para ser colocada em missões do Acampamento, impondo tanta responsabilidade, para ela ter mais inimigos, mais dor, e mais ingratidão dos olimpianos?

Já a respeito da Thalia...Ela não me reconhece mais. Mais eu ainda a reconheço. Sei que o espírito rebelde que vivia dentro dela ainda existe. Sei que ainda existe aquela garota de doze anos no qual eu era apaixonado. Sei que no fundo ela queria estar aqui, ao meu lado. Mas, estou feliz que ela não esteja aqui. Ela está com as Caçadoras, pela informação mais recente que tive. Ela - por enquanto - está segura.

Em nome de todos os semideuses, eu devo ser um vingador contra os olimpianos.

Porque eu deveria representar toda uma quantidade tão grande de semideuses? Eu não sei o porque, mas eu só sabia que eu era o escolhido para fazer isso. Nem todo semideus teria coragem de se juntar a nossa causa, eu sabia. Todos sofrendo lavagem cerebral de Quíron e dos deuses. Não posso culpa-los. Eu ajudaria eles a uma nova Era de Ouro ser real. Não o caos que os olimpianos criam.

Mas agora eu descobri que nem os titãs valem tanta coisa assim.

Semideuses mortos? Não foi esse o objetivo que eu queria.

Está tudo errado!

Eu queria um mundo que a Annabeth, que Thalia...Que ambas queriam! Por que as duas são minha família, e eu sempre vou querer o bem delas. Por mais que elas me odeiem, me desprezem, e lutem contra mim...Isso é um laço que não pode ser rompido.

Eu sei qual vai ser meu destino. Ceder meu corpo a Cronos, isso significa morte na certa. Ultimamente, venho pensando quais seriam minhas últimas palavras, meus últimos pensamentos.

E se eu pudesse dizer uma última coisa a quem amo?

Annie. Sempre foi uma irmã para mim, uma amiga leal e que eu sempre admirei. Queria tanto que as coisas não fossem assim. Que fossemos somente mortais que pudessem aproveitar sua vida, a beira da ignorância que os olimpianos os impõe.

Percy. Hum. Foi mal quase ter te matado. Algumas vezes. Poderíamos ser amigos, sabe? Nós dois somos mais parecidos do que parece. Pena sermos inimigos no campo de batalha. Espero que não seja pelas minhas mãos que você morra, filho de Poseidon. Você poderia ser um poderoso aliado.

Quíron. Entendo sua preocupação com os deuses. De certa forma, você depende deles. Sua mente não compreenderia um mundo com a ausência dos olimpianos. E eu compreendo você não querer estar ao lado de seu pai.

Grover. Simplesmente o sátiro mais corajoso que existe. Qualquer outra coisa seria inimaginável.

Thalia, Thalia...Certas coisas são melhoras ditas pessoalmente. Eu ainda tenho esperança que te encontrar em algum lugar no outro lado, tenho esperança de sentir o gosto ácido de sua boca na minha. Tenho esperança de te dar tudo o que você merece...De dar a você e a Annie o mundo inteiro.

Eu amo vocês duas. Desculpe nunca ter tido a coragem de dizer isso.

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Uma lágrima caiu, tímida, no olho direito de Thalia. A simples palavras da carta viraram um mar de sentimentos dentro de si. Lady Ártemis olhava a garota com pena e curiosidade ao mesmo tempo, como se tivesse esquecido o que era amar.

–Eu também te amava, Luke...- Thalia sussurrou, baixinho.

Thalia segurou a página do diário de Luke Castellan com força, como se fosse perder a qualquer minuto. Agora, aquilo era seu maior tesouro.

Olhou mais uma vez para os olhos da deusa. Limpou as lágrimas do rosto, não se importa em demonstrar essa fraqueza na frente de Ártemis. Nada importava naquele momento.

Saiu da tenda, tentando passar a impressão que nada havia acontecido.






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Notas finais do capítulo

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