Shifts escrita por jéssica r


Capítulo 16
Capítulo XVI


Notas iniciais do capítulo

dps de um hiatus n planejado e por motivos de preguiça, i'm back bitches *-*



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Glimmer

Começa a ficar frio por aqui. Eu não sou a maior fã de árvores sem cor, de folhas secas ao chão ou das volumosas roupas, mas não posso negar, tudo parece ficar mais aconchegante com a mudança de estação.

Tudo parece mais tranquilo. Tranquilidade é uma boa palavra para minha vida agora. As brigas com minha mãe parecem que aconteceram em alguma vida passada, minhas notas estão ótimas e agora eu tenho alguém que parece me amar.

Era tarde da noite e estava muito frio. Minha mãe tinha acabado de ir para cama e eu estava acabando de limpar a louça do jantar. A campainha tocou e quando abri a porta me deparei com Marvel.

Eu o deixei entrar porque ele batia os dentes e parecia estar nervoso. Alguma coisa havia acontecido, mas para que mesmo ele precisava de minha ajuda?

Talvez fosse algo com Cato ou uma briga com os pais. Mas não era nada daquilo, era algo muito melhor do que aquilo.

Ele jogou a mochila que estava em suas costas e eu preocupada a abri. Me deparei com comida e várias capas de DVD. Olhei para Marvel que dava um sorriso sádico para mim.

- Eu ainda não jantei e você? – Ele me perguntou.

- Posso jantar de novo. Eu adoro comida.

Arranjei alguns cobertores e travesseiros e joguei todos no meio de minha sala. Marvel e eu passamos a madrugada ali e quando não prestávamos mais a atenção em nada que passava na televisão eu a desliguei.

Se minha mãe me pegasse ali eu teria um problema. Nós não podíamos ir além do que fazíamos: alguns beijos e só. Porque, se minha mãe acordasse, seria castigo na hora.

- Esta na hora de você ir Marvel – Eu murmurei enquanto ele me beijava.

Marvel balançou a cabeça e colocou uma das mãos sobre da minha coxa. Seguiu com um beijo mais forte e eu queria muito tudo aquilo, porém não podia.

Tirei a mão dele de minha coxa, mas havia algo estranho na mesma. Olhei com mais atenção e me deparei com algo pequeno e que brilhava. Um anel.

- Nós podemos ser namorados, se você quiser.

Eu aceitei na hora e pulei nos seus braços.

Mas ser namorada de alguém te trás uma coisa horrível: um sorriso constante que não sai de seus lábios. É tão estranho quando estou parada, lendo, ou até em um treino e um sorriso bobo aparece automaticamente.

São os melhores sorrisos e sensações que uma pessoa pode sentir em toda a vida. Não se compara com nada e...

- Belo anel – Eu saio de meu transe e levo um susto. Escuto uma voz parecida com a de Clove e a reconheço voltando á verdadeira realidade.

- Você acha mesmo que Marvel iria pensar em tudo?

- Tudo o quê? – Faço essa pergunta boba.

- Toda aquela noite. Quer dizer, acabou sendo algo simples, mas Marvel queria muito mais pompa. Flores, velas e toda aquela palhaçada.

- Muito obrigada Clove, por tudo – Sorrio para ela que me retribui com um pequeno sorriso. Clove é muito discreta, mas aquele não me pareceu um sorriso certo para a felicidade.

- Você pode ser sincera comigo. Minha boca é um túmulo.

Cruzo os braços em torno dos dela. Clove está quente e começa a ficar muito vermelha, porém respira fundo e parece amolecer o seu duro coração.

- Eu ando fazendo coisas por eles, coisas que eu nunca pensei que faria. Dar uma festa e ficar maluca. Usar roupas curtas e fingir gostar de coisas que eu odeio. Ser a sombra dele, apoia-lo e passando horas madrugada a dentro apenas por ele. Para receber o quê? Nada. Ah, sim, um sumiço repentino.

Ah, ela estava falando de Cato. Era óbvio que os dois sentiam coisas um pelo o outro de ambos os lados, mas não sabia que pelo lado de Clove, era tão forte ou que ela andava fazendo essas coisas por ele e não por si.

- Isso é sério Clovely?

- Glimmer, você me pediu para ser sincera então se vai ficar rindo de minha cara é melhor eu ir andando.

Eu não havia notado que tinha um sorriso no rosto. Eu não conseguia imaginar uma garota realmente se aproximando de Cato. Desde pequena o imaginava um futuro solteirão tipo, para sempre.

- Me desculpe – Falei tampando o rosto – É que isso é tão fofo.

Clove cruzou os braços como uma criança mimada. Seu rosto começou a mudar de cor: do vermelho de vergonha para o vermelho de pura raiva.

- Eu não estou entendendo. Você vai me ajudar ou não?

- Eu não sei.

- O que isso significa?

- Significa um talvez.

Juntar um casal como Clove e Cato era quase como uma missão. Não impossível, já que eu nunca imaginaria que eu e Marvel algum dia tentaríamos algo mais sério. Somos tão diferentes, mesmo conhecendo nossas principais semelhanças desde pequenos.

- Os garotos são difíceis de lidar. Eles rotularam as mulheres como seres impossíveis mas, se transformam na mesma coisa quando alguém desliga a televisão na hora do futebol, por exemplo. E bem, o garoto que você quer é Cato, o fechado Cato.

- Eu vou entender se você não aceitar.

- Felizmente, você escolheu a pessoa perfeita para isso. Eu como a melhor amiga de Cato desde a infância  e se fizer meu melhor, posso te ajudar.

- Sério?

- Sério.

Clove pulou nos meus braços com tanta agilidade que eu levei até um susto. Um sorriso enorme de ponta de orelha até a outra brotou em seu rosto e ela parecia dar pulinhos de alegria.

- Mas, você tem que prometer que vai tentar de tudo. Arrumar o cabelo, trocar as roupas e deixar esse sorriso maravilhoso que você tem a maior parte do tempo no rosto. Aceita o desafio, Still?

- Sim, eu aceito Glimmer!

Eu estendo meu dedo mindinho á Clove que entrelaça o seu dedo no meu. Nós duas sorrimos e balançamos nossas mãos. Clove segue o caminho para a escola, mas já a alerto sobre o meu primeiro plano.

- Clove – Grito quando está mais longe – Entre na escola e onde ver uma fila apenas de garotas a siga. Onde estiver uma caneta e um papel você assina o seu nome, entendeu?

- Por que isso Glimmer?

- Apenas acredite em mim.

Clove balança a cabeça e sai correndo virando uma esquina. Eu pretendo perder o primeiro tempo de aula e ir a um lugar tão importante quanto. Porém o tempo começa a fechar e era hora de abrir uma sombrinha perfeitamente encaixada na parte da frente de minha mochila.

-

O letreiro antigo escrito “Cemitério San Louis II” paira sobre minha cabeça. As letras são velhas, mas comuns para mim.

Vou a esse lugar desde que tenho doze anos quando minha avó faleceu. Minha mãe ainda sorria de bem com a vida e meu pai ainda estava ao seu lado para fazê-la sorrir.

Porém, vovó faleceu e as risadas de minha mãe se apagaram. Eu dormi no colo de meu pai naquela noite e quando acordei não havia mais ninguém ao meu lado. Nada de meu pai ou sua presença.

A lápide de vovó estava nova e limpa com apenas algumas gostas sobressalentes por causa da chuva que já se desfazia. Havia uma foto sua sobre seu nome e a frase “Annabeth, mãe e avó amada para sempre.”

Eu prometi a minha avó que não choraria quando a visitasse porque sabia que era desse modo que ela queria me ver o tempo todo: apenas sorriso e sem o rosto todo inchado.

Eu fiz uma prece e tirei um  presente de minha mochila. Minha avó, sempre que ia a casamentos costumava roubar discretamente um “presentinho” da festa, como ela preferia chamar.

Eu prefiro chamar de lembrança como as pessoas normais mesmo.

Duas semanas passadas, uma prima minha se casou com um homem alto e estranho do interior. Minha avó também teria o achado esquisito porque nós costumávamos pensar da mesma forma em tudo.

Eu coloquei no bolso de meu vestido uma flor de um dos arranjos em cima da mesa e que agora estava sobre a lápide de minha avó Annabeth. Ela gostava de flores brancas, então pensei nela na hora.

- Eu volto semana que vem vovó. Tenho que cuidar de mamãe e de mim mesma, como você queria.

Ouve um silêncio. Apenas o som de gotas d’água pingando sobre britas no chão.

- Tenho de procurar papai também. Como prometi a senhora de nunca desistir de ninguém – Me lembrei de Clove e do jeito que ela sorrio. Um sorriso pequeno apareceu em meu rosto com a lembrança.

Eu fiz uma carinho na foto de minha avó e me despedi. Andei até a saída pelo caminho de sempre, mas alguém com um moletom preto com o capuz na cabeça me chamou atenção. A pessoa estava agachada em frente de uma lápide e me pareceu familiar.

Cato. Alicia. Todas as lembranças sobre minha infância dura formaram imagens em minha cabeça.

Eu caminhei devagar até ele, porém meus pés faziam um som sobre a brita de pedrinhas no chão. Cato não mexeu um músculo e parecia vidrado com o que enxergava em sua frente.

- Cato – Eu sussurrei perto de seu rosto agachada ao seu lado. Cato piscou os olhos algumas vezes e pareceu voltar de um longo transe. Me perguntei a quanto tempo ela estava assim. Horas talvez.

- Glimmer, oi!

- Oi Cato – Falei sorrindo enquanto enxugava as lágrimas que escorreram no rosto dele. Agora ele sorria e sei que não se lembrava do que havia pensado naqueles momentos sozinho.

- Onde eu estou?

- Onde você está... Não se faça de bobo Cato...

Mas ele não estava brincando. Parecia confuso e com os olhos ainda meio vidrados. Seu rosto suava frio e naquele momento eu desejei muito saber ler mentes e descobrir o que passava em seu subconsciente momentos antes.

- Anda, vamos tomar café da manhã.

- Pode ser naquele lugar... Sabe aquele... – Eu não fazia a mínima ideia de qual lugar ele se referia, porém só balancei a minha cabeça. Cato agia como uma criança. A criança que ele nunca foi.

- Eu não fumo Glimmer.

- O quê?

- Eu não fumo.

- Eu sei disso Cato e fico espantada até hoje.

- Olhe – Ele aponta para uma guimba em cima da lápide da irmã – Eu não fumo... Meu pai fuma.

Meu coração pareceu ter parado por alguns instantes. Eu empurrei a guimba para o chão e pisei em cima da mesma. Cato piscou algumas vezes novamente e suas sobrancelhas se juntaram.

- Meu pai esteve aqui Glimmer – A sua voz estava grossa novamente. Como a sua voz normal e não o Cato antes da puberdade . – Meu pai nunca vem aqui.

 - Seu pai é um idiota, lembra?

- Sempre será um.

- Glimmer?

- O que foi?

- Eu preciso de pílulas roxas – Eu não pretendia rir, mas acabei soltando uma pequena gargalhada. Aquele era o Cato de volta.

- Não. Você precisa de um café extra grande com extra açúcar, isso sim.

Eu peguei em seu braço e caminhamos juntos em baixo da chuva. O sol ia surgindo entre nuvens de cor cinza deixando um toque amarelado no ar. Deixando um toque de esperança.


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Notas finais do capítulo

meu eu tramática tipo super on KKKKKKKK
se alguém ainda lembra dessa bagaça e estiver afim de deixar um review, muito obrigada mesmo. ♥
beijos e até o próximo capítulo lindos.