Pov. Cato

Desci as escadas e como sempre escutei meus pais discutindo, e mesmo eles querendo me esconder eu sei que estávamos ficando sem dinheiro, e realmente me irritava me esconderem isso.

– Bom dia. – Fala minha mãe, batendo a mão forte na mesa suponho eu pra fazer meu pai parar de falar.

– Bom dia crianças. – Fala meu pai dando de ombros e pegando algumas torradas. Eu, Scarlet e Alice nós sentamos se entreolhamos, elas obviamente também perceberam o obvio.

– E então crianças animadas pro primeiro dia de aula de vocês? – Me viro e vejo minha mãe dar um sorriso pra nos três.

– Não. – Responde Scarlet seca, não sei exatamente porque, mas ela detesta nossa mãe.

– Scarlet! – Alice a repreende. – Ah mamãe mais o menos. – Alice tenta falar mais docemente, e eu prefiro continuar em silêncio, só ficamos umas duas semanas de férias de meio de ano.

– Pai preciso de dinheiro. – Anuncia Scarlet depois de um breve momento de silêncio.

– Pra que?

– Quero sair hoje.

– Não.

- Eu não aguento mais! – Exclama Scarlet alto. – Vocês acham que somos o que? Idiotas? Estamos ficando pobres, já notamos. Mas como alguém pode ficar pobre de uma hora pra outra? – Falou ela de uma vez e sinceramente gostei dessa atitude dela, também não aguento mais eles mentindo pra gente.

– Já está na hora de vocês irem. –  Disse nossa mãe, sem nos olhar.

– A gente pode pelo menos ir de carro? – Continua Scarlet

– Podem, até porque o ônibus já foi. – Responde nosso pai, me jogando a chave do carro.

 – Vamos vocês duas! – Falo me levantando, ambas me olham feio e se levantam.

– Você acha que estamos ficando realmente pobres? – Pergunta Scarlet ao meu lado, enquanto se olha em um espelhinho.

– Não sei. – Respondi sincero.

– Talvez seja só uma fase ruim. – Falou Alice que se sentava atrás.

– Tomara mesmo. – Falo e Scarlet se limita a acenar com a cabeça.

Chegamos logo na escola e estaciono, na vaga de sempre. Ainda estava bem vazio o colégio, ajudo minhas irmãs com as bolsas dela.

– Valei Cato. – Fala Scarlet dando de ombros, ela da uma olhada de cima em baixo em Alice e torce o nariz eu uma careta. – Já falei que você não é freira! – Brigou ela puxando a saia de Alice com brutalidade pra cima e fazendo a aparecer metade de suas coxas. Ela se vira sobe mais ainda a dela e sai rebolando indo ao encontro de uma das suas amigas. Sim, minha irmã era uma vadia fútil, mas acho que isso já deu pra perceber.

   Me viro pra Alice que olhava as pernas descobertas com claro desconforto, me aproximei dela e puxei novamente a saia pra baixo.

 – Você não precisa parecer uma vadia. – Digo e ela sorri.

– Obrigada Cato. – Fala ela e eu lhe dou um beijo na testa e saio indo até o carro de Finnick.

– E ai Cara! – Cumprimenta Finnick.

   Annie me lança apenas um aceno tímido, da um selinho rápido no namorado e vai até Alice e ambas começam a conversa qualquer coisa.

– E ai Finnick. Cadê sua irmã? – Só foi eu perguntar isso, escutamos um barulho de vidro quebrando de dentro do carro.

– O que vocês estão fazendo com meu carro Katniss e Clove?- Grita Finnick, se levantando irritado. Vamos até onde aconteceu o barulho e o vidro da janela direito estava totalmente quebrado. Clove sorriu debochadamente pra Finnick e depois (como sempre) me lançou um olhar de ódio. Ela estava usando uma folha toda dobrada pra tirar os poucos cacos que sobraram ali e então ela se virou e colocou as duas pernas pra fora e saiu de lá.

– Caralho! – Exclama Clove,  abaixando a cabeça e tirando um caco grande de sua perna, que escorreu sangue, ela também não notara, mas quando pulara da janela do carro alto, sua saia subira muito.

– Bonitas pernas Clove. – Falo lhe lançando um sorriso debochado, ela olha pra baixo e puxa ela totalmente pra baixo.

– Idiota! – Diz ela enquanto abre a porta e Katniss desce de lá sorrindo também de maneira debochada pra Finnick que ainda estava parado em choque.

– Podem me explicar,  o que houve? – Pergunto dando uma pequena empurrada que continuaram em estado de choque.

–  Não. – Responde Clove seca e amarga como sempre. Detesto essa garota, será que ela podia ser simpática uma vez na vida dela?

– Katniss, já que a simpática não quer me responder, pode responder você? – Falei olhando pra garota que ainda sorria para o irmão.

– Ele nos prendeu no carro e falou que duvidava que saíssemos. – Fala ela e agora Finnick apertava a mão junto ao corpo e ficava cadê fez mais vermelho.

– Katniss, acho melhor a gente ir fazer aquele negocio. – Diz Clove olhando Finnick e puxando Katniss.

– Que negocio?

– Aquele negocio. – A garota balançava a cabeça em direção a Finnick. Katniss assentiu e ambas saíram rápido dali.

– Cara, tudo bem? – Pergunto ficando em frente a ele.

– Eu mato aquelas duas. – Fala Finnick trincando os dentes e olhando para a janela quebrada.

– Calma Finnick. A idiota da Clove que deve ter dado a ideia. – E realmente provavelmente ela com aquele mente perversa que deve ter falado pra quebrar a janela.

– Tanto faz. – Diz Finnick pegando o celular e ligando pra alguém.

– Vou indo Finnick. – Falo acenando.

– Catinho! – Escuto a voz aguda e logo sinto o cheiro extremamente doce de Glimmer perto, ela me abraça pelo pescoço e começa a me beijar em todos os lugares do rosto.

– Oi Glimmer. – Digo tentando me afastar um pouco.

– Estava com saudades de você lindo. – Fala ela ainda meia agarrada em meu pescoço, e me beijando.

  Vejo pelo cantos dos olhos Clove e Katniss passarem. Clove olha pra nossa direção e me lança como sempre seu olhar de total desprezo, ela se vira pra Katniss e faz um gesto que vai vomitar falsamente. Ambas riem e saem, mas que garota insuportável!

– Vamos Glimmer. – Falo quando finalmente  consigo me soltar dela.

...

– Seu pai então vai pagar pra consertar o vidro?

– Sim e melhor com o dinheiro da mesada da vadia da Katniss! – Finnick sorria enquanto falava. Glimmer que estava ao meu lado continuou calada sem ligar muito para que Finnick falava.

 – Quem é vadia irmãozinho? – Pergunta Katniss chegando do nado com Clove ao seu lado.

– Ah! – Grita Glimmer teatralmente colocando a mão no coração. – Não devia aparecer assim do nada Clove pode matar as pessoas no coração com essa sua cara. – As amigas de Glimmer que estavam lá deram risinhos debochados e eu estupidamente também ri. Não que aquilo realmente tivesse graça, mas a maneira como olhou pra Glimmer essa sim era engraçada. Clove me olhou e saiu pisando duro pra longe.

– O que houve com ela? – Pergunto.

– Seu idiota! Você a magoou. – Fala Katniss irritada.

– Não vai atrás dela? – Finnick pergunta olhando pra onde a garota acabara de sair.

– E porque vocês ligam pra essa garota? – Pergunta Glimmer, ela me da um selinho e sai com suas amiguinhas.

– Ela não gosta que sigam ela quando ela está assim. – Explica Katniss como se fosse obvio.

– Vou ir lá. – Falo dando de ombros e indo em direção aos jardins da escola, onde provavelmente ela fora.

  Continuei andando pelo jardins e não a encontrava, já estava quase desistindo quando escuto um barulhinho vindo de trás de um dos prédios da escola, vou até lá e vejo Clove tacando pedras na parede.

– Vadia! – Exclama ela alto enquanto tacava outra com força. Ela começa a chutar outras feito louca e acho que bate com força em alguma pois ela faz uma careta de dor e se senta chorando.

– Concordo. – Falo finalmente aparecendo e me sentando ao lado dela.

– Com o que? – Pergunta ela abaixando a cabeça e limpando as lagrimas.

– A Glimmer, ela realmente é uma vadia. – Digo dando de ombros, ela levanta o rosto que ainda estava marcado pelas lagrimas.

– Então porque está com ela?

– Sabe, boa pergunta. Acho que nunca namoramos. – Ela me olhou confusa. – Só ficamos, mas acho que eu sou mais que um ficante pra ela. – Explico e ela assente.

– Entendo. – Fala ela baixinho, vendo suas mãos que só agora percebo estar machucada pelas pedras.

– Porque você não bateu nela ou a respondeu? Já vi você fazendo isso com outras garotas bem maiores.

– Não posso. – Fala ela simplesmente.

– Como assim não pode?

– Todas as meninas que eu confrontei de alguma maneira, a maioria eram amigas da Glimmer e bem todas elas reclamaram pra diretora, você sabe como esse colégio é. Agora tenho que aguentar tudo calada, ou sou expulsa. – Fala ela tristemente.

– Não se preocupe ela vai cansar de você. – Digo enquanto pego suas mãos que tinham pequenos cortes e muitos arranhões, pego minha garrafa de água na mochila e lavo as pequeninas mãos de Clove e pego meu casaco secando ambas.

– Porque está fazendo isso? – Pergunta ela franzindo as sobrancelhas.

– O que?

– Me ajudando. Você riu também. – Fala ela tirando suas mãos da minha e abaixando a cabeça. Assim ela parecia tão pequena, frágil e doce. E der repente me veio um subido desejo de lhe tocar.

– Me desculpe, eu sou um idiota. – Digo, logo achando minhas palavras. Eu sou o Cato, eu não peço desculpas!

– Você pedindo desculpas e se chamando de idiota? – Clove pergunta arqueando as sobrancelhas  e rindo.

– Não se acostume com isso. – Falo tocando de leve seu nariz, ela levanta a cabeça e sorri.

– Promete não rir de mim? Não na frente delas, por favor. – Diz Clove e volta a cair lagrimas de seu rosto, me aproximo do mesmo e seco as com o dedão. E logo beijo seus olhos impedindo de cair mais lagrimas.

– Prometo Clove. – Falo e pra minha surpresa Clove me abraça, retribuo o abraço e seu pequenino corpo parece se encaixar perfeita ao meu.

– Obrigada Cato. – Fala ela desfazendo o abraço meio sem graça se levantando. – Isso foi estranho. – Clove diz passando as mãos pelo cabelo sorrindo, ainda parecendo sem graça.

– Tem razão. – Digo me levantando. – Tchau Clove. – Digo acenando e saindo.

Totalmente estranho e bom. – Penso enquanto saio dali.