- Temos um problema.

- Qual? - Ela perguntou, olhando através da janela.

- Eu sequestrei ela.

Jade suspirou, voltado seu olhar para Beck. Suas palavras eram verdadeiras e totalmente lógicas. Nem ela o havia perdoado totalmente, mas tinha que aceitar o fato de que se arrependera. Já havia visto muitos casos como o dele, trauma da infância ou pré-adolescência fazendo com que tenham atitudes mais violentas. Se seguisse apenas a lógica jamais o teria desculpado. Mas seu coração também mandava, e dessa vez mais forte que a mente. Como poderia não perdoá-lo depois de ter sido tão sincero, depois de olhá-la nos olhos e dizer a verdade? Podia ser durona, mas ainda sim seu coração podia se derreter. E Beck Oliver realmente sabia como agir para que aquilo acontecesse.

- E qual o seu medo?

- Você sabe muito bem.

Ela acentiu.

- Cadeia é ruim?

- Nunca estive lá pra saber. Por que garante tanto que vá para lá?

Beck não respondeu, não havia o que dizer. A culpa não deixava. Jade entendeu.

- Vai ter que enfrentar as consequências de seus atos.

- Nossa, obrigado. Me ajudou bastante!

Jade riu.

- Eu sou apenas honesta.

- Honesta demais pro meu gosto!

Ela mostrou a língua.

- Quem dá a língua pede beijo. - Beck sorriu de forma marota.

- Engraçadinho. Só te beijo depois que for pedir desculpas à Claire.

Ele se aproximou da morena, colando seu corpo ao dela. 

- Já ouviu falar de beijo roubado?

- Você é impossível! - Ela revirou os olhos.

- Eu sei. - Beck lhe deu um selinho.

- Casa Branca. Agora. - A garota disse em tom firme.

- Está bem. - Ele bufou e se separou dela, indo abrir a porta.

* * *

O dia amanhecera rapidamente, mas não estava tão claro. Nuvens cobriam o céu que deveria estar azul e o sol que deveria estar brilhando com força. Beck estava extremamente nervoso, suava e sentia um frio enorme na barriga.

- Espere aqui. - Jade sussurrou ao garoto enquanto entrava pelos fundos.

- Não! - Ele sussurrou também, segurando em seu pulso.

- Não vai acontecer nada, não se preocupe.

Beck acentiu e a soltou. Jade seguiu andando devagar pelos corredores, mas o coração estava acelerado. Adentrou no quarto de Claire sem fazer qualquer ruído e se sentou na cama da loirinha que dormia. Mas ela não parecia tranquila como antes. Tinha olheiras profundas, parecia ter chorado por grande parte do tempo antes de cair no sono. Foi quando começou a se mexer inquietamente.

- Não... Jade. Não, não, não!

Apesar da preocupação, não pôde evitar de sorrir. Claire se importava com ela, o que era grande motivo de sua felicidade.

- Anjinha... Acorde. - Falou suavemente, tentando acordá-la.

Ao ouvir a voz da protetora, Claire acordou no mesmo instante, dando um salto. Sentou-se rapidamente, fitando os olhos azul-esverdeados da melhor amiga.

- Teve pesadelos? - Jade afastou alguns fios de cabelos loiros presos na testa molhada de suor.

- Jade? - Um sorriso se alargou pela face da menininha. - É você mesma?

- É claro. Achou mesmo que ia se livrar de mim tão fácil?

- Jadey! - Claire gritou, abraçando-a.

- Sim, loirinha. Sou eu.

- Eu achei que...

- É. Por um momento eu também. Falando nisso, há alguém que quer falar contigo.

Ela engoliu em seco.

- Não quero falar com ele.

- Não fale, só ouça. Por favor, Clairezinha. Eu tive que insistir muito pra trazer ele aqui!

- Mas, mas...

- Claire, escuta. Eu sei o que ele fez e o que ele tentou fazer. E se você pensa que eu o perdoei totalmente, está enganada. Mas essa droga que eu chamo de coração me fez dar mais uma chance a ele porque eu o amo. Por favor... Eu vou te proteger. Prometo!

- Promete mesmo? - Claire estava tão assustada com a vinda do garoto que nem sequer percebeu que Jade havia acabado de dizer que amava Beck, algo que sempre quis ouvir da amiga. - Juro. Se ele lhe fizer algo, ou eu o mato, ou mato a mim mesma.

- Kay, kay...

Elas se levantaram da cama e foram em direção a porta. Quando Jade abriu a mesma quase teve um infarto. Cat pulou em seus braços, a abraçando fortemente, assim como Tori e Andre que sem ao menos esperar a ruiva soltá-la, foram pra cima também. Naquele momento ela se sentia amada. Não acreditava que havia julgado Vega por tantos anos. Era bom que agora tudo estivesse se esclarecendo.