A Nova Grande Profecia escrita por Lu Carvalho, Manô Ribeiro


Capítulo 1
Maggie


Notas iniciais do capítulo

Hello demigods!! Bom, essa é nossa primeira fic sobre Percy Jackson, e... espero que gostem!!



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MAGGIE

Ali estava ela, deitada na cama esperando seus pais adotivos a chamarem.

Já fazia meia hora que Maggie havia acordado, mas ela não queria descer e encarar os rostos enfurecidos de sua “querida família”. Ela havia sido expulsa da Academia Woodle na última semana de escola por ter “arranjado encrenca” com um colega. Não foi bem uma encrenca, mas... Isso não importa agora. Essa não era a primeira vez em que Maggie fora expulsa, mas seus pais não sabiam, e era melhor mesmo eles nem terem essa idéia. Porém, ela estragou tudo outra vez, assim como fez com os Campbells, ou com os Garcia, ou até com os estúpidos dos Robison.

Maggie odiava esses sobrenomes. Sempre que era adotada por uma família tinha de adicioná-los em seu nome, e isso a incomodava. Seu sobrenome era Hudson, Hudson. Não poderiam tirar dela a única coisa que ela tinha em relação à verdadeira família, o sobrenome.

-Maggie! – chamou seu irmão adotivo, Bren. – Mamãe disse para você se aprontar para a escola!

Maggie se agarrou ao travesseiro e prendeu as lágrimas. Era muito difícil se adaptar a uma nova família todo ano. Essa já era a oitava. Havia tido uns 14 irmãos, umas 7 mães e 8 pais. Isso também a chateava. Sempre diziam que em poucas semanas ela já se sentiria dentro da família, mas nunca era assim. A maioria de seus irmãos não aceitava a idéia de ter uma nova irmã, e faziam o possível para ela aparentar ser terrível, assim seus pais a devolveriam a aquele orfanato horrível e aterrorizante. Bren foi um dos únicos que deixaram-na em paz. Na verdade, Bren foi o único que realmente gostou dela. Era triste saber que iria deixar a primeira família em que seu irmão era legal, mas ela já havia sido expulsa, tarde demais.

-Eu desço em 10 minutos! – gritou de volta.

Finalmente, Maggie levantou de sua cama. Foi para o banheiro, se trocou, penteou seus cabelos lisos escuros, que iam até os ombros, e lavou seu rosto. Apoiou-se na pia e olhou seu reflexo no espelho. Desta vez seus olhos estavam verdes, engraçado. Ontem, na hora da briga com seu colega, estavam cinzas...

-Não, não, não! – disse para si mesma. – Pare de pensar loucuras. Desde que você conheceu Alex está viajando.

-Marggareth Lewis! – berrou sua mãe “compreensiva e calma”. –Desça já desse banheiro! Ou se não irá perder seu último dia na Woodle!

Esfregou a mão na cara. Lewis?! Ahhh! Não é Lewis, é Hudson! H-u-d-s-o-n. Será assim tão difícil entender?!

Olhou pela janela do banheiro, e pela sétima vez no mês, viu um homem bem alto, magro, pálido e vestido de preto com um cachorro estranho. Ele sempre aparecia, e ela tinha uma leve impressão de perceber “asas negras” vindas dele.

-Argh! Estou parecendo o Alex. – murmurou consigo mesma.

Saiu do banheiro e pegou sua mochila, já pronta para fugir. Nela tinha as coisas mais essenciais para percorrer Nova York inteirinha a procura de um lugar para ficar, sem ser sustentada por ninguém. Ela não voltaria para o orfanato desta vez, agiria por conta própria. Na mochila havia um par de All Star, um casaco velho, três camisas, um jeans, seu celular, seu IPod e fones de ouvido ( que comprou com seu dinheiro! ) e o assustador anel que Alex havia lhe dado.

Lembrou-se de quando ela o recebeu, havia sido péssimo...

-Ei! – Alex gritava baixo, atrás da porta do vestiário feminino. – Aqui!

Ela corria, é claro, pois estavam na aula de Educação Física, mas isso não dizia que Alex queria fazer a aula. Ele normalmente cabulava todas as aulas, e chamava Maggie para fazer o mesmo, mas ela tinha de manter um número estável de presença nas aulas, por causa de seus pais, mas Alex não se importava muito.

Maggie o ignorou, então ele chamou de novo:

-Marggareth, atrás da porta! Venha cá! Tenho uma surpresa!

Ela continuou correndo. Alex revirou os olhos.

Quando chegou perto do vestiário, um braço a puxou, fazendo com que ela trombasse no próprio pé, mas que chegasse até Alex.

-Ah! O que você quer?! – disse impaciente.

Ele estendeu a mão, que estava fechada, e disse com um brilho em seus olhos castanho-mel:

-Dê uma olhada no que achei... – abriu a mão, revelando um incrível e maravilhoso... anel.

-Essa era a surpresa? indagou Maggie.

-Não é apenas um anel. É um anel feito para gente como nós.

Gente como nós. Alex sempre se referia a eles dessa maneira, fazendo com que Maggie se sentisse mais estranha ainda, como se fosse possível.

O anel era prata, e tinha um círculo que girava em torno dele. Nesse círculo havia algumas palavras grafadas, mas de uma língua que não era inglês...

-Grego – pensou alto.

-Sim – assentiu Alex. – Mas eu não consigo ler, poderia ler para mim?

Alex era disléxico, Maggie não. Ela era apenas diagnosticada com Déficit de Atenção e Hiperatividade, mas ela sabia ler grego, era como se estivesse em seu sangue. Estranho...

-Me passe esse anel. – sorriu, arrancando o anel dele. – Vamos ver... – fez uma longa pausa. - ασπίδα του πολέμου... Isso quer dizer... escudo de guerra.

Alex olhou para Maggie, esperando alguma reação. Ela o olhou como se ele fosse maluco, então ele pegou o anel dela.

-Estranho. – comentou ele, girando o círculo do anel – Pensei que se falasse isso, ele se transformaria em um...

BUM! Alex foi interrompido por um anel maluco, que se esvaiu em fumaça, deixando um grande escudo prata em seu lugar. Um escudo com desenhos estranhos... Maggie conseguiu distinguir apenas um animal no meio de tanta fumaça, um que parecia ser uma coruja.

-Wow! – ela gritou assustada, afastando a fumaça de si. – O que foi isso?!

-Ahá! – Alex sorria freneticamente. – Era essa a surpresa!

-O que? – perguntou Maggie confusa. – Um anel explosivo?

-Não, Maggie. – ele disse calmo. – Eu encontrei esse anel assim! A faxineira me chamou de louco quando havia dito que era um escudo, então pensei que você enxergaria, porque somos diferen...

-Não! – ela o cortou. – Não somos “diferentes”, ok? Quer dizer, eu não sei você, mas eu tento não ser anormal. Agora, você... Você é o cúmulo!

-Ei, não pode negar que somos. Apenas eu e você percebemos os chifres do treinador, as asas da Diretora Till, a bunda de bode de Anthony e...

-Não! – disse pela segunda vez. – Nós devemos ter visto coisas...

-Eu sei que não! – ele continuou, agora sério. – Você é especial, Maggie...

-Especial?! – disparou. – Eu?! Eu não consigo parar em uma família. É isso que você chama de especial? A que causa problemas e não consegue ter pais fixos?! Que é odiada por praticamente todos os irmãos e tem a vida um inferno por causa deles?!

Sem perceber, Maggie estava em cima de Alex, que a olhava assustado, e ela, apontando-o com o dedo indicador e gritando.

-S-seus olhos estão cinzas... – observou Alex, com medo.

Ah! E tinha esse detalhe também, seus olhos mutantes... Odiava de fato sua vida.

Olhou para ele, que estava com o cabelo liso preto bagunçado e os olhos castanho-mel um tanto preocupados. Ela nunca havia desabafado desse jeito com ele, e foi muito dura. Logo se arrependeu. Saiu de cima de Alex e sentou-se na frente dele. Colocou os braços sobre o rosto e suspirou.

-M-Maggie... Eu não queria... – disse Alex, sem saber como terminar a frase.

Ela pensou que deveria se desculpar, mas estava sem forças, ou sem a mínima vontade. Ela estava triste e com raiva de sua vida. Por que não poderia ter uma família feliz e não ser esquisita?!

Ele se levantou, colocou a mão sobre a cabeça e disse:

-Eu te espero no final da aula. Mas... quero que fique com ele. – mostrou o anel/escudo a ela, que do nada se transformou em anel de novo.

Maggie levantou a cabeça, olhando-o com os olhos agora verdes. Estendeu a mão e pegou o anel.

-Obrigada. – murmurou.

Ele abriu um sorrisinho e saiu.

Maggie encostou a cabeça na parede e esfregou a cara. Colocou o anel no dedo, e jurou nunca girar aquele círculo outra vez...

A lembrança foi interrompida por um Bren sacudindo-a no primeiro degrau da escada.

-Marggareth! Vamos!

-Me desculpe, Bren. Estou pronta.

-Ótimo, agora vamos para o carro, tudo bem?

-Sim, mas mamãe...

-Eu a convenci de deixar você vir conosco. Vamos lá, dorminhoca!

Bren era incrivelmente legal, foi uma pena Maggie ter convivido com ele por apenas três meses, sentiria falta do baixinho de olhos azuis, mas já estava decidida que iria fugir. Não deixaria o orfanato a pegar novamente, não pela nona vez.

Os dois se deram as mãos e desceram as escadas. Bren pegou, discretamente, uns quatro bacons de seu prato e deu a Maggie, que os devorou sem culpa. Chegaram ao carro e entraram no banco de trás. Maggie tentou ignorar os olhos azuis da mãe a fulminando pelo retrovisor, mas era praticamente impossível. Não se ignora uma ruiva tão fácil. Já seu pai nem prestava atenção na situação, estava ocupado demais arrumando a mala de trabalho no volante.

Depois de frustrantes 30 segundos no carro sendo fuzilada com o olhar pela mãe, Maggie perguntou ao pai, impaciente:

-Podemos ir agora?

-Ah, claro. – arrumou seus óculos e partiu com o carro.

Maggie olhou pela janela, e o homem pálido estava na frente de sua casa. Maggie queria gritar, pois agora parecia que, realmente, ele tinha asas. Desejou ter Alex ali, mas logo tirou essa idéia de sua cabeça, seria muito estranho.

Em menos de cinco minutos, Maggie e Bren já haviam chegado à Academia Woodle. Maggie olhou uma ultima vez para os pais adotivos e fez um sinal com a cabeça de tchau. A mãe a ignorou, mas o pai acenou para ela. Bren se despediu, então os dois entraram.

Maggie avistou Alex, que carregava uma mochila de fuga também. Ela se lembrou de quando disse a ele que iria fugir, já que provavelmente voltaria ao orfanato. A reação dele tinha sido mais ou menos essa:

-Fugir?! A certinha aqui vai fugir? Isso não é uma coisa que se ouve todo o dia. – zombou-a

-Argh, dane-se você. É isso que eu irei fazer, e só te contei porque se eu sumisse do nada você iria arranjar um outro coitado para ficar enchendo, falando que é diferente e recitando seus poemas sem sentido.

Ele riu.

-Então é isso que você acha que eu faço? – disse com um sorriso no rosto.

-Resumindo, sim. – respondeu indiferente.

Ele riu ainda mais.

-Mas poemas, eu nunca faço. Isso é mais um talento nato.

Maggie achou aquilo tão ruim que deveria ganhar o troféu da pior poesia de duas linhas do mundo. Começou a rir com a idéia, mas logo foi surpreendida por Alex.

-Quer saber? Eu vou com você também.

De começo, Maggie o estranhou. Ele sim tinha uma vida perfeita, uma família perfeita. A Sra. Thompson era uma mulher ocupada, vivia pelo trabalho de advogada, por isso não passava o tempo todo com ele, mas seu padrasto era perfeito. Sempre brincando com seus meio-irmãos ao ar livre de baseball e fazendo “piadinhas de pai”. Era um homem da família. Mas Alex não gostava dele, por mais que Maggie insistisse que ele era um cara legal e por mais que seu padrasto tentasse, ele não suportava a idéia dele substituir seu pai.

Sempre que ele pedia para a mãe explicações sobre seu verdadeiro pai, ela mudava de assunto, ou simplesmente não dava atenção a ele. Isso o deixava com raiva. Então, depois dessa reflexão sobre Alex, Maggie resolveu deixá-lo vir junto.

-Tudo bem, desde que você não abra a boca para ninguém, pode vir comigo.

-Ok.

-Ok.

Maggie ficou um ti tico de nada feliz por não fazer viagem sozinha, tendo a companhia de Alex. O conhecia desde que os Lewis a adotaram, ou seja, a três meses. Então se era para alguém vir com ela, ele seria a melhor opção depois de Bren.

Ah... Bren...

Voltando a realidade, Alex perguntou a ela com os lábios, sem fazer som:

-Ele já sabe? – se referindo a Bren.

Ela fez sinal de negativo com a cabeça, ainda não sabia como explicaria para Bren, ela realmente o amava.

Os dois saíram da porta e seguiram até Alex.

-Oi – Bren o cumprimentou.

-Oi, baixinho. – disse Alex bagunçando os cabelos pretos dele.

-Ei! Pare com isso! – pediu Bren rindo. – Você desarrumou meu cabelo perfeito!

Maggie riu dessa. O irmão era cuidadoso com a aparência, mas deixava isso para trás quando Alex mexia com ele.

O sinal tocou. O sorriso de Maggie desapareceu. Seria a ultima vez que veria o irmãozinho, não poderia esconder o sentimento de tristeza.

Olhou para Alex, que percebeu a tristeza em seus olhos. Ele abriu um pequeno sorriso e disse, outra vez, apenas com o movimento dos lábios:

-Ele vai ficar bem.

Maggie conseguiu abrir um pequeno sorriso. Pelo menos teria Alex para apoiá-la.

-Ei, - disse se agachando perto de Bren. – eu preciso te falar uma coisa, mas tem que me prometer que não irá ficar triste comigo.

Bren olhou para Alex, em dúvida, depois olhou para Maggie de novo.

-Sim, eu prometo. O que foi?

-Bem, é difícil... – Maggie suspirou fundo e continuou. - Você sabe que voltarei ao orfanato, porque fui expulsa dessa escola, não é?

-E-eu não sabia disso – comentou Bren, com um brilho perplexo nos seus olhos azuis de apenas 13 anos.

-Bom, é assim que funciona comigo. Esse é o meu “contrato”. Toda vez que sou expulsa, tenho que voltar para lá.

-Mas você nunca foi expulsa! – ele contestou inocente.

-Bren, na verdade, sim, já fui. Oito vezes.

Ele ficou um pouco boquiaberto. Era de se esperar, pois Maggie tentava se mostrar exemplar para a família. Mas ela não precisava de muito esforço. Tirando sempre notas boas, não que isso fosse muito, pois ela nem estudava para as provas do 1º colegial, sempre lendo um livro, que também não era nenhum sacrifício, pois ela amava ler, e sempre atendendo aos pedidos dos pais.

-I-isso não é verdade. É? – perguntou Bren.

-Sim. – respondeu Alex por Maggie.

-Provavelmente mamãe não lhe contou, mas voltaria pro orfanato amanhã de manhã.

Seus olhos agora tinham adquirido desespero.

-Não! Você não pode ir para lá! Tem que ficar conosco!

-Mas eu não posso, só poderia se mamãe e papai implorassem pelo o amor de Deus e assinassem um contrato para permanecerem comigo permanentemente, mas sou problemática, duvido que eles ainda me queiram.

-Mas é óbvio que vão te querer! Você já é da família!

Aquelas palavras mexeram com todas as emoções de Maggie. Nenhum irmão dela havia dito a ela que já era da família, ou melhor, nenhum havia feito ela se sentir da família.

Uma lagrima correu por seu rosto, mas logo ela a limpou. Tinha de parecer forte para Bren.

-Desculpe, mas acho que não, Bren.

Ela se levantou, com ajuda de Alex, e segurou sua mão com força por trás de seu corpo, não deixando ele a solta-la. Ela ainda precisava de apoio.

Alex corou.

-Hoje eu e Alex fugiremos, não posso voltar para aquele orfanato, não mesmo.

-M-mas, Maggie... – ele correu até ela e a abraçou. – V-vou sentir sua falta... – gaguejou.

Em seguida, o homem pálido e alto apareceu. Ele estava mais assustador que nunca, pois agora suas asas estavam à vista. Ele tinha como companheiro um cachorro. Mas... aquilo não era apenas um cachorro. Ele tinha fogo ardendo nos olhos, e era do tamanho de um mini caminhão.

Maggie não aguentou, chamou Alex.

-A-Alex... Você que é maluco, poderia me explicar aquilo lá? – apontou para fora, na direção das criaturas estranhas.

Na hora, Alex fez cara de “Oh, meu Deus. Isso não é possível” o que deixou Maggie com medo. Se ele que não tinha medo de praticamente nada, como ela ficaria? Ela poderia desmaiar!

Em vez disso, ela fez a coisa mais estranha que ela poderia fazer naquele momento, pelo menos em sua cabeça era a mais estranha. Quebrou a promessa e girou o círculo de seu anel.

Dessa vez, não teve explosão, mas Maggie deixou o escudo cair, por susto. Recuperou-se e rapidamente recolheu o escudo, abraçou Alex e Bren e os protegeu com ele. Então, o homem pálido de asas saiu voando em direção a eles, enquanto um cara com bunda de bode lutava com o cachorro-caminhão.


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Notas finais do capítulo

Reviews?? deem suas opiniões, amores :33