Macho Não Ganha Flor! escrita por Amendo Boba


Capítulo 8
Capítulo 8 - Jantar


Notas iniciais do capítulo

Olá e boa leitura^^



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   Rafael ainda estava abraçado a ele, mesmo que não mais tão forte como antes, e foi só ai que Fernando percebeu que ele havia dormido com a cabeça encostada em seu ombro. Incerto sobre o que fazer,  se sacudia ou não o ombro de Rafael, ele continuou parado.

  Minutos atrás, quando o abraçou, ele parecia que estava segurando o choro, o que percebeu que ele fazia melhor que ele, já que sua camiseta na região do ombro continuava seca. Então veio o silêncio, e algum tempo depois, quando Fernando já se sentia mais do que incomodado com aquele abraço, ele ouviu o ronco dele. Não foi exatamente alto, mas deu pra entender perfeitamente que ele dormia.

   Sentindo seu ombro doer por causa do peso, decidiu por acordá-lo. Levou a mão ao ombro dele e sacudiu um pouco. Rafael soltou um resmungo.

    - Acorda, eu tenho que ir. – falou quando o outro resmungou algo parecido com "hm?". – Eu já vou indo. – disse quando Rafael sentou-se direito no sofá.  – Até mais tarde. – disse já se levantando. – Fica bem, cara. – disse parado na frente dele, - Qualquer coisa liga. – e começou a ir em direção da porta.

     - Tá. – foi à resposta de Rafael antes de ele deitar no sofá, depois de um rápido aceno.

    Uma vez fora do apartamento, Fernando sentiu-se estranho, não sabia exatamente o porque, mas aquela sensação durou até chegar ao seu apartamento. Ele não conseguia parar de pensar na situação constrangedora que Rafael se encontrava. Apesar dele não ter dito nada sobre seus sentimentos terem mudado em relação ao amigo, aquele abraço e quase choro fora mais do que o suficiente pra ele entender que ainda havia sentimentos ali além da amizade. 

     "Mas isso não é problema meu". Dizia-se mentalmente enquanto sacudia a cabeça " Não tenho nada a ver com isso" repetia quando o assunto lhe voltava aos pensamentos. 

-  Não tem nada que eu possa fazer sobre isso, droga! – exclamou irritado com si mesmo. 

- Sobre o quê?  - perguntou Tônia que estava sentado ao seu lado e levara um susto quando ele dissera aquilo de repente. 

   - Nada. – disse Fernando levantando-se do sofá e indo pro seu quarto deixando Tônia e Rick confusos.

    Jogou-se na cama, pensando que talvez poderia fazer alguma coisa por ele, mas nada vinha-lhe a mente.  E também o que realmente poderia fazer? Nada, foi a resposta que deu a sim mesmo, mas mesmo assim, ele sentiu-se impotente. Sentia-se compadecido com ele, e assim não conseguia evitar aqueles sentimentos. Ainda questionava-se sobre fazer algo quando caiu no sono.

   Só foi acordar por volta das sete da noite, assustado consigo mesmo por ter dormido tanto. Sonolento foi até a cozinha, onde foi atrás de um copo d’água.  Bebeu lentamente sentindo-se cansado mentalmente. Depois de deixar o copo na pia passou a mão pelos cabelos indo pra sala.  Jogou-se no sofá ligando a TV. Passava novela, e embora seus olhos estivessem mirando a tela ele não prestava atenção na trama.  

   Procurou pelo seu celular pela sala, mas ele não estava ali. Voltou ao quarto e deu uma olhada por lá, mas acabou se lembrando de que não o via desde a noite anterior. Suspirou e foi para o banheiro tomar um banho, estava sentindo-se um pouco suado. Quando saiu do chuveiro e trocou de roupa, trancou a porta do apartamento e encaminhou-se para o prédio de Taio e Rafael. 

  Ele ainda hesitou em frente a porta antes de pressionar a companhia. Quem abriu a porta não era nenhum dos irmãos, mas mesmo assim, não era totalmente estranho para ele. Fernando se lembrava de ele tê-lo atendido na noite anterior quando viera pra festa.Alto de cabelos negros meios desgrenhados, um olhar que passava jovialidade e preguiça ao mesmo tempo.Havia um sinal de barba em seu queixo, era assim que ele era.

   - Oi Vitor. – ele disse.

   - Oi, Fernando, né? – e ele afirmou que sim -  Entra.

   - Eu só vim ver se deixei meu celular aqui. 

  - Deixou. – respondeu Rafael que estava sentado no sofá com um controle de vídeo game em mãos – Mas está sem bateria. – e apontou a estante onde Fernando foi pegar seu celular.

   -  Ei, sabe jogar Tekken? – perguntou Vitor sentando-se no sofá e apanhando o controle – Já estou cansado de ganhar do Rafa, quero ganhar agora de alguém diferente. 

   -  Há, muito engraçado. – disse Rafael com cara de poucos amigos. – Pode tentar se quiser. – e estendeu o controle para Fernando, que meio hesitante o pegou e sentou-se ao lado de Vitor.

  - Beleza, vamos ver do que você é capaz. – disse Vitor escolhendo seu personagem.

   Em silêncio, Fernando escolheu seu personagem, logo depois os dois estavam seriamente encarando a televisão, enquanto seus dedos trabalhavam freneticamente nos botões do controle. 


   - Oh. – fez Rafael sinicamente de braços cruzados – Acho que alguém vai perder. – aquilo era pra Vitor já que a barra de sangue do seu escolhido era a mais vazia.

  - È claro que alguém vai perder. – respondeu sem olhá-lo – Alguém tem de perder.  

  - È, e parece que vai ser você.

  - Eu não vou deixar! – disse tentando fazer seu personagem defender-se da sequencia de golpes que o de Fernando lhe aplicava.

  - Você só está vivo, porque esse cara ai pode encher o sangue, se não já tinha perdido.

  - Cala boca!   - disse conseguindo contra-atacar.  – Ganhei!! – gritou feliz quando " K.O" apareceu na tela e o personagem de Fernando caiu no chão derrotado.

  - Que golpe apelão, hein? – disse Rafael pegando o controle que Fernando lhe estendeu.

   - Eu já vou indo. – disse Fernando ameaçando de levantar.

   - Não, pera. – disse Rafael e Vitor juntos.

   - Não quer ficar pra jogar? – perguntou Rafael. – Eu vou trocar de jogo, porque esse cara é viciado nesse.

   - Ahn... Eu... 

   - Você tem algo pra fazer agora? – perguntou Vitor.

   - Não, mas...

  - Então, fica. – disse Rafael levantando-se e indo até o aparelho onde tirou o cd. – Vou por um jogo que peguei emprestado. Esse nenhum de nós dois jogou ainda, então quero só ver. 

  - Não importa que jogo é. - disse Vitor – Quando o cara é bom, é bom em qualquer jogo. 

- Quero só ver se vai ficar com essa  pose quando perder.  – disse voltando pro sofá após ter trocado de jogo. 

- Naruto? – disse Fernando quando a imagem apareceu na televisão.

 - Já jogou? – perguntou Vitor sério.

 - Já. – na verdade aquele era o jogo que ele e Rick mais jogavam no PS3. Aliás, faz bastante tempo que os dois não paravam pra uma disputa.

 - Ih, ferrou.  – disse ele – Vamos perder feio.

- Que nada. – disse Fernando – Sou meio ruim nesse jogo. – o que não era totalmente mentira já que Rick sempre ganhava dele 

- Bom, já que nossas chances foram cortadas pela metade, começa eu e o Rafa. – disse Vitor escolhendo seu personagem.

    Fernando não se opôs a eles, ficou somente olhando o jogo, perguntando-se porque estava se preocupando com isso. Rafael e Vitor pareciam estar se dando muito bem. Nada de clima tenso entre eles. Não sabia como eram antes, mas o jeito como estavam não parecia ruim.


    Quando Vitor perdeu para Rafael foi a vez de Fernando, e ele ganhou apenas por ter mais experiência com certos personagens e ter imitado algumas das jogadas de Rick. Passaram-se um bom tempo até Taio chegar com sacolas. Ela cumprimentou Fernando normalmente e foi para a cozinha. Eles jogaram mais algumas partidas, antes de Fernando dizer que precisava ir embora.

  - Fica pro jantar. – convidou Vitor.

 - Tá se sentindo em casa, hein? – disse Rafael pro amigo – Tanto que tá agindo como o dono.

  - Ué? E você não ia convidar ele de qualquer jeito?


  - Ia, mas...

  - Então tá tudo certo. – disse olhando agora para Fernando. – Vai ficar pra jantar?

  Antes que ele pudesse responder Taio adentrou a sala dizendo.

  - Agora não adianta dizer que não vai ficar pra jantar. Eu  já fiz miojo pra nós quatro.

  - Miojo? – perguntou Rafael – Ontem mesmo você fez lasanha e hoje você aparece com miojo?

  - Se quer algo mais elaborado vai você fazer. – disse mostrando-lhe a língua – Não aceito um não como resposta.  – falou agora para Fernando que não teve outra opção a não ser ficar pra jantar.

  - Hmmm...  – fez Rafael quando já efetivam sentados a mesa – Até que tá bom.

  - Claro que tá, foi a Taio que fez!  - disse Vitor olhando de um jeito meio abobalhado pra Taio.

  - Own. – fez Taio retribuindo o olhar.

 - Argh. – fez Rafael  - Dá um tempo, eu quero terminar de comer.

Os dois riram pra ele que rolou os olhos com um meio sorriso. Fernando somente comia seu miojo com catchup e requeijão em silêncio, sentindo-se meio deslocado. 

  - Fala alguma coisa, Nando. – disse Taio pra ele.

  - Alguma coisa. – ele disse, fazendo-a rir chamando-o de bobo. 

  - È sério.

  - Hãm... O miojo tá bom. – disse.

  - Obrigada. – agradeceu com um sorriso.

  As conversas continuaram, e vez e outra Fernando dizia alguma coisa. Quando terminaram coube a Rafael lavar a louça, coisa que ele protestou até o último minuto. Querendo ser útil, Fernando se ofereceu pra ajudar. Os dois começaram  lavar a louça e secá-las em silêncio, Fernando queria dizer algo mas não sabia bem o que.

  - Então está tudo certo agora? – disse secando o prato que estava no escorredor – Digo, entre vocês três.

  - Sim. – disse Rafael esfregando alguns talheres – Um pouco depois de você ter saído, eles chegaram. – e começou a enxagua-los – Então sentamos e conversamos, fiz algumas perguntas e depois decidimos que continuaríamos amigos e que Taio e ele iriam ficar juntos.

  -Ah. – fez Fernando. -  Que bom.

  - Sério? – ele disse desligando a torneira para recomeçar o ensaboamento – Vai me dizer que não gosta mais dela? 

  - E você? Não gosta mais dele? – devolveu a pergunta e os dois ficaram em silêncio.

  - Ok, agora você me pegou.  – disse esfregando um prato  – Mas eu estou mais ou menos bem. E você?

  -  Mais ou menos também. – disse enxugando os talheres. Sem mais o que dizer Fernando concentrou-se em enxugar os pratos e talheres e guardá-los.

 - Ah, o amor é uma droga. – disse Rafael desligando a torneira e enxugando as mãos na calça jeans. 

- Eh. – concordou Fernando.

  Quando terminaram de enxugar e guardar, os dois foram pra sala, onde Fernando agradeceu o jantar e anunciou que já estava indo.Embora tenham dito a ele pra ficar, uma vez que mora perto, ele alegou que precisava voltar.

  - Então eu vou com você até a entrada do prédio. – e antes que ele recusasse disse – Faço questão, tudo para não ficar perto desses dois enquanto namoram. ‘Bora! -  disse passando o braço pelo ombro dele e o arrastando pra fora.

  - Tchau e boa noite. – disse Fernando antes de sair.

    Do lado de fora, Rafael tirou o braço do ombro dele e diferente da outra vez, eles foram conversando. Assuntos banais do dia-a-dia, coisas que viram na televisão e que ouviram falar. Quando já estavam perto do prédio de Fernando, falavam sobre filmes de terror.

    - Não curto muito. – respondeu ele quando Rafael perguntou se ele já havia assistido Hanibal – Não gosto de filmes com canibalismo.

     - Por que não? È só um filme, não é de verdade. – retrucou - Você prefere o que? Filmes de romance? – perguntou e Fernando pode sentir um pouco de sarcasmo em seu tom. – Já assistiu "A lagoa Azul"?

     - Quem não assistiu? – riu Fernando fazendo Rafael sorrir também. 

     - Ou então o mais inédito – e fez uma pausa dramática – De volta pra Lagoa azul?

   O assunto seguiu por mais alguns minutos até chegarem ao prédio de Fernando onde ambos pararam e encostados na parede. Falaram sobre filmes, músicas, jogos até que o assunto parou em relacionamentos do passado.

     - Na terceira série, eu gostava de uma garota que não falava comigo, e pra piorar eu era muito tímido, então... Era bastante complicado. – riu Fernando.

     - Hm... Eu nunca fui de se apaixonar fácil. – comentou Rafael pensativo.

     - Ah... – e de repente ele sentiu vontade de perguntar – Desde sempre você gostou de... Hã... caras?

     - Na verdade não. – respondeu – Eu já fiquei com algumas garotas, mas... Eu prefiro homem.

    - Acho que eu devo ter algum problema, sempre gostei de garotas que eu não conversava ou que nem me conheciam. – disse com certa ironia – Acho que no fundo devo gostar de sofrer.

    - Mas fazer o quê? Amar é sofrer. – falou Rafael olhando pro alto – Alguns sofrem menos  e outros sofrem mais.

     - È, mas eu não tenho muita sorte com as pessoas que gosto. Você viu o que aconteceu. 

     - É. – e Rafael deu um sorriso – Você é meio azarado, não?

     - Eu não diria meio azarado. Diria azarado por completo mesmo! – e riram.

   Os dois ficaram em silêncio pensando em algo para dizer, pra dar continuidade no assunto. 

      -  Ficamos sem assunto. – disse Fernando quebrando o silêncio.

      - Pois é.

      - Bom, então acho que vou entrar agora... 

      - Espera.

   Fernando havia desencostado da parede, e até dado alguns passos, mas Rafael segurou se braço e o puxou, fazendo-o ficar perto dele. Os dois se encararam em silêncio, somente o som dos grilos como musica de fundo. Fernando esperou ele dizer alguma coisa, mas Rafael parecia tão surpreso quanto ele com aquele gesto. Aos poucos o aperto em seu braço foi fraquejando e o olhar dele desviou-se pra algum ponto atrás dele.

      - O que... ?

      - Nada. – interrompeu não dizendo mais nada.

      - Então eu vou indo. Tchau. – e virou-se pra ir embora. Mas novamente ele segurou seu braço. – Mas o quê... ?!

    Os lábios dele tocaram o seu. Assim, rápido e sem aviso. Fernando estava surpreso, por isso não reagiu. Os lábios de Rafael começaram a se mover sobre o dele, num incentivo para que abrisse  mais a boca. Quando as mãos de Rafael tocaram  sua cintura e o puxou pra mais perto, foi quando ele despertou e deu-se conta do que estava acontecendo. 

    Afastou-se confuso. Minutos atrás estavam conversando numa ao e de repente isso. Fernando não dizia nada, só olhou pra ele surpreso, sentindo seu rosto esquentar. Não estava bravo, somente confuso.

      - Eu... – disse dando passos para trás – Vou... Indo. – e correu para dentro do prédio.

     Rafael ficou olhando-o ir um tanto arrependido. Não devia ter se deixado levar pelos sentimentos, a gora não havia o que fazer. Suspirou cansado e deu meia volta deparando-se com Rick e Tônia que o olhava com uma expressão indefinida.

      - Acho que temos que ter uma conversinha. – disse Rick sério, não havia nem sinal do ar divertido que sempre o envolvia. Pela segunda vez Rafael suspirou e disse:

      - Aonde?


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Notas finais do capítulo

Então, eu sei que meio que demorei com esse capitulo, mas é porque estava meio indesisa de como fazer a cena final, e nisso acabei demorando bem mais do que esperava pra terminá-lo.
Aliás, eu gostaria de saber mais sobre a opiniao de vocês sobre esse o desenvolver da relação deles. Se esta rapido demias ou lerdo. Se esta muito drama, efim. Me de suas opinioes sobre o andar da historia ate esse ponto, ficarei feliz com isso.
Bem, obrigado por ler e mais ainda se comentarem, pois eles realmente me motivam. ^^



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