Macho Não Ganha Flor! escrita por Amendo Boba


Capítulo 5
Capítulo 5 - A confissão de Taio e uma decisão


Notas iniciais do capítulo

Eeerrr... Vou deixar pra comentar no final, então boa leitura.



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  A campainha estava tocando, incessantemente como Fernando pode notar. Meio grogue de sono ele se levantou da cama e a passos lentos caminhou até a porta. Destrancou dando um bocejo sem se  preocupar em olhar pelo olho mágico. Com certeza deveria ser Rick que esqueceu alguma coisa.

    - Oi Nando. – disse Taio com o seu melhor sorriso pra ele. 

     - Ah, Taio! – ele disse fechando a porta na cara dela e iria correr pro banheiro quando se deu conta do que havia acabado de fazer.  – Me desculpa! – disse abrindo a porta novamente  - Entra, sente-se no sofá eu já volto! – e correu para o banheiro. 

    Minutos depois, quando retornou a sala,  já havia feito sua higiene diária
e tirado o pijama. Ofereceu café a Taio, mas ela não quis então se sentou ao seu lado no sofá.

    - Eu vim conversar com você. – disse ela calmamente.

    - Ah. – fez ele deixando as costas encostarem no encosto do sofá – Sobre o quê? 

   - Sobre ontem. – ela disse  virando-se um pouco no sofá, pra olhá-lo de
frente – Meu irmão chegou meio estranho ontem. È obvio que aconteceu alguma coisa, mas ele não quis me falar e disse que tinha que conversar com você.  

   - Hm. – disse suspirando, é claro que ele deixou pra ele contar tudo. Ou então era uma oportunidade pra esclarecesse toda essa história.  – Taio, vou te contar o que houve depois que você saiu. - E ele contou, emitindo a conversa que tiveram no carro.

   - Mas então porque ele estava tão bravo?  - ela perguntou confusa – Não faz sentido.

   - Talvez ele não tenha gostado de você ter nos deixado sozinhos. – sugeriu ele. Vendo que Taio ficou pensativa quanto a isso. Viu a oportunidade perfeita para mudar de assunto. –  Sabe uma coisa que eu reparei? 

   - O quê? – perguntou ela.

   - Que de todo esse tempo eu fui o único a falar dos meus sentimentos. – e fez uma pausa esperando alguma reação, mas ela parecia impassível – Não é justo.

   - Ah, - Taio murmurou timidamente, suas bochechas pareceram corar um pouco.

   - Então, tem alguém que você esteja gostando? – ele perguntou tentando sorrir, mas os cantos da sua boca estavam trêmulos. Taio estava acanhada, remexendo as mãos parecendo tomada por
lembranças. – E então? Tem alguém?

  - Bom... – riu ela sem graça – Tem sim. – e fixou seu olhar no chão – Tem alguém que eu gosto, mas você não conhece. Quer dizer, eu acho que não.

   Fernando sentiu que perdeu o ar. Tanto que ele se viu obrigado a abrir a boca para suga-lo em grande quantidade. Com um aperto no coração, ele teve que admitir a si mesmo, que Rafael realmente estava falando verdade.

   - Ah, é? – sua voz tremeu, mas ela não percebeu, estava demais concentrada em seus próprios pensamentos e lembranças.

   - Sim, mas é uma história meio complicada. – disse com ares de tristeza.

   - Complicada? Por quê? – perguntou Fernando automaticamente com amargura na voz.

  E houve receio por parte de Taio, que parecia cada vez mais desconfortável. Mas ele não insistiu, não é como se quisesse saber também.

   - Se eu te contar, você não conta pra ninguém?  - ela perguntou com a voz um tanto baixa.

   - Claro.  Pode contar. – ele disse novamente no automático.

   - È que... Eu gosto do ex melhor amigo do meu irmão. – contou ela – Ele vinha bastante em casa, e eu não sei no que eu fui gostar nele. Ele é meio idiota e atrapalhado, quase tão desastrado quanto eu... – continuou sorrindo docemente ao se lembrar – Quando eu vi, já estava
gostando dele. Então eu fazia de tudo pra tentar ficar perto, puxava conversa e tentava gostar das mesmas coisas que ele pra poder termos assuntos em comum.

   - Hm. – fez Fernando sentindo-se infeliz. 

   - Mas um dia, quando eu cheguei em casa, ela estava toda bagunçada. Logo já ia brigar com meu irmão e como era por volta de meio dia, eu sabia que ele deveria estar dormindo. Então fui direto pro quarto dele. Mas antes de entrar eu ouvi que eles conversavam, então fiquei
espiando por uma fresta da porta.
  
    - Eu estou falando sério.  – disse Rafael levantando-se da sua cama com ar tenso. 
    - Eu... Eu não sei o que te dizer!  - disse Vitor hesitante, pegando a mochila que havia sido colocada em um canto do quarto. – Isso... È meio estranho...  Eu sou homem. – e pendurou uma das alças sobre o ombro.

    - E dai? – perguntou Rafael se aproximando dele – Isso não tem nada a ver.
    -... Mas eu não sei o que pensar disso. – falou Vitor inquieto, queria sair dali.

   - Não precisa pensar. – disse Rafael e diminuiu a distância entre eles – È só curtir o momento. – Ele levou as mãos ao rosto do amigo e iria beijá-lo se não fosse pela porta da frente que havia sido aberta e os pais de Rafael e Taio que tivessem chegado.

   - Eu preciso pensar. – e Vitor se afastou rapidamente e saiu do quarto de Rafael. A essa altura Taio já havia saído de trás da porta e fora cumprimentar os pais. Eles até tentaram falar com Vitor, mas ele saiu apressadamente sem lhe responder o cumprimento.


    
- Eu não sabia o que fazer. Meu irmão gostava dele também e havia se declarado. Mas depois desse dia o Vitor nunca mais apareceu em casa, e meu irmão não falou mais com ele. – o tom de voz de Taio era trêmulo, como se fosse chorar – Eu amo ele, e queria ficar com ele, mas eu também gosto do meu irmão e não aguentaria ver ele triste. – e seus
olhos ficaram mareados. – Eu nunca tinha contado isso pra ninguém, não queria comprometer meu irmão. – e agora as lágrimas já escorriam por suas bochechas. – E-Eu sou uma pessoa ruim... 

    - Não é não. – disse Fernando a envolvendo com seus braços, fazendo-a deitar sua cabeça em seus ombros. – Você é uma boa pessoa, Taio. – disse acariciando sua cabeça, esquecendo-se da sua própria dor
para amenizar a dela.

    - N-não sou n-não. – insistiu ela soluçante – Sou egoísta.

    - Porque você acha isso? – perguntou apoiando o queixo sobre sua cabeça com voz terna.

     - Porque eu estava te ajudando a ficar com meu irmão para que ele gostasse de você, e assim eu pudesse ficar com o Vitor. – admitiu baixo em meio as lágrimas.

    Fernando ficou estático. Pensando em tudo que Taio havia lhe dito, as palavras de estimulo que lhe pareciam tão naturais e amigas. Não, ele não queria conquistar o irmão dela, mas o jeito que ela agia, parecia tudo feito de boa vontade, sem nenhuma razão obscura por trás. O abraço dele afrouxou em torno dela, embora o abraço dela tenha ficado mais forte em
sua cintura.

    - Eu sei, o que fiz é errado, você deve estar me odiando. – ela tornou a murmurar. 

     Fernando não respondeu, na verdade, ele nem sabia como deveria agir. Um turbilhão de sentimentos e pensamentos o atingiu, impedindo-o de se mover ou responder qualquer coisa naquele momento.
Ele ficou em silencio por mais um tempo e ela volta e meia ficava chorando e murmurando “desculpa” pra ele, até que a porta do apartamento foi aberta e Rick entrou acompanhado de Tônia.

     Taio voltou a sentar-se direito no sofá e começou a passar a mão no rosto para enxugá-lo das lágrimas.  Depois se levantou, e com um sorriso forçado cumprimentou os dois e disse que precisava ir. Deu um rápido “Tchau” para Fernando e disse que depois eles conversariam.

     Este continuou sentado no sofá com uma cara de desilusão. Rick e Tônia se sentaram ao seu lado e depois de alguns minutos de silencio, Rick perguntou:

     - O que eu aconteceu, cara? 

    Devagar e fazendo várias pausas que servirão para organizar os acontecimentos, Fernando explicou tudo o que aconteceu desde o dia anterior, no shopping até a chegada de Taio e o que ela lhe disse. Com cara de surpresa, Rick sorriu amarelo dizendo “ Putz!” enquanto
Tônia olhava solidaria para Fernando.

    - Que amor mais complicado o seu, hein? – disse Tônia e logo se arrependeu quando Fernando explodiu em lágrimas. Ela o abraçou e ficou passando a mão em sua cabeça de forma maternal. – Ela é humana Fernando,  - disse depois de um tempo, quando ele pareceu se acalmar – Você a colocava em um pedestal sem saber muito sobre ela.

    - O que eu posso fazer? Eu a amo.  – ele murmurou se afastando um
pouco. – E ela me diz que gosta de outro cara!

    - Mas ela não sabia. Você também não disse nada pra que ela soubesse.

    - Como não fiz nada?! – exclamo se levantando, indignado, esperou que Tônia lhe respondesse mas ela não o fez  – Quer saber, esqueçe, eu vou dar uma volta. – e saiu batendo a porta com força.

   Fernando ficou andando pelo bairro, pensando em tudo o que eu ocorrera, e por mais que quisesse não conseguia sentir raiva de Taio. Sim, ele ficou muito bravo depois que ela lhe disse aquilo, mas agora, pensando em tudo de cabeça fria, ele não conseguia ficar bravo com ela.

    Ele continuou a andar e quando percebeu, estava nas rua da casa dos seus pais. Não era tão longe do seu condomínio, mas também não era exatamente perto. No ar, sentiu o cheirinho gostoso de comida e não resistiu ir até lá, afinal era horário de almoço. 

    - Mas, olhá só! – disse sua mãe ao aparecer no portão  - Quem é vivo sempre aparece! – e deu-lhe um abraço apertado.

   

  - Já almoçou? – ela perguntou bagunçando-lhe os cabelos, e quando ele disse que não, ela o convidou para o almoço.

    Fernando passou o resto da tarde na casa dos pais, conversando e discutindo sobre assuntos aleatórios. Provocando as irmãs mais novas, como costumava fazer quando ainda vivia ali. Ele precisava daquilo, daquele ar familiar para relaxar e esquecer dos problemas.

   - Você deveria vir mais aqui, filho. – disse a mãe, quando ele anunciou que iria embora – Agora que morar sozinho, parece que esqueceu que tem família. – e deu um abraço de despedida.

    Quando foi embora, Fernando se sentia mais leve do que quando chegou, pretendia voltar para o seu apartamento de ônibus, mas decidiu fazer a caminhada de volta. Decidiu passar um tempo em frente a uma praça a caminho do condomínio.  Sentou-se em um banco que
tinha ao lado um poste de luz. Deitou-se no banco e ficou olhando o céu. Estava estrelado. Ele se viu se perguntando a quanto tempo não parava para ver as estrelas. Quando criança, simplesmente adorava, pegava o  telescópio do pai e passava horas olhando pro alto, torcendo pra que conseguisse ver alguma estrela cadente, ou nas melhores das probabilidades, algum disco voador.

    Passou um bom tempo. Olhando para o alto, tentando reconhecer alguma constelação, mas era difícil, se antes não conseguia, agora muito menos. De repente ouviu o som de chamada de celular. Automaticamente levou as, mas ao bolso procurando pelo aparelho, mas não demorou muito pra perceber que não era ao seu a tocar. Há alguns metros de
distância, alguém  encostado no poste atendia o seu próprio aparelho. Fernando ficou olhando-o, por que ele lhe parecia extremamente familiar. 

   Apesar de estar de baixo de um poste de luz, essa era meio escassa, de um tom meio amarelado, não iluminando devidamente, forçando-o a se esforçar pra tentar reconhecê-lo. Foi quando o sujeito virou-se pra ele e ficou o encarando. Então ele pode o reconhecer, e preferiu que ele não o tivesse feito.

    Rafael desencostou-se do poste e andou em sua direção.  automaticamente Fernando sentou-se corretamente no banco. Rafael sentou-se ao seu lado e perguntou:

   - E então? Falou com ela?  - perguntou com o corpo projetado pra frente,
apoiando os braços sobre suas pernas. 

   - Ah, você já deve estar sabendo. – disse Fernando com sarcasmo – Veio dizer eu te avisei, é?

    - Não. – disse Rafael – Na verdade eu não sabia. Taio saiu de manhã e só voltou lá pras duas da tarde, nem falou comigo, foi direto pro quarto. - contou lembrando-se da irmã entrando no apartamento, ter olhado-o com um olhar de tristeza e se fechar no quarto, ignorando as perguntas dele.

   - Ah. – murmurou Fernando olhando pro céu sem erguer a cabeça. – Ela me disse que gostava de outra pessoa. – falou depois de um tempo em silêncio – E que... – suspiro – Ela estava me usando.

   - Como assim? – perguntou Rafael surpreso.

   - Ela sabe que você gosta ou gostava dele, então, achou que se me juntasse com você poderia ficar com ele sem se preocupar com sentimentos de traição da sua parte.

    - Ah... – ele murmurou com um sorriso sem graça. – Eu não sabia que ela sabia.

    - Pois é, ela te viu tentando beijar ele. 

     Fernando suspirou pesadamente. O sentimento que tinha agora era de conformação. Se ela gostava tanto assim de outra pessoa a ponto de usá-lo qual seria suas chances por melhor que achasse que fosse pra ela? Ele não era o tipo que desistia fácil das coisas, mas é diferente quando a suas chances são tão pequenas. Ele apoiou um dos braços na perna, apoiando o rosto na mão. Isso tudo parecia um  dramalhão, não, uma comédia romântica, pensou. Talvez esteja na hora das risadas de fundo ou de uma piada descontraída.

    - E você? – perguntou Rafael olhando-o – Aproveitou pra desfazer o mal-entendido. 

    - Não. –  disse com um suspiro.

    - Sério? – riu o outro – Desse jeito fica até parecendo que você não quer que ela saiba.

   - Mas é claro que eu quero! – indignou-se – Só não sei o que fazer agora.

   - Como não? Vai me dizer que esta desistindo depois de ter gritado daquele jeito que ia mostrar pra ela que era a pessoa certa? 

   - Agora é diferente de quando eu disse aquilo.  – falou ele com desanimo – Eu achava que você estava mentindo só para me manter afastado, agora eu sei que é verdade e que ela ainda gosta dele.

    - Hm. – fez Rafael pensativo – Pensei que ao menos você queria que ela soubesse a verdade.  Não ficar com o sentimento de que nem tentou.

    - Mas eu tentei! 

    - Não totalmente. – ele disse - Quer dizer, faltou a declaração. E daí que ela gosta de outro cara? Pelo menos você se declarou.

       Fernando ficou pensativo. Por que ele estaria lhe dizendo aquilo? Mas do que importa também.  Uma parte dele achava que ele estava certo e
que ele deveria dizer a ela mesmo, foda-se o que acontecesse depois.
Provavelmente Taio lhe diria que não tinha como eles ficarem juntos, mas que ficava feliz por saber que alguém tem este tipo de sentimento por ela. Então dariam as mãos e talvez não se falassem mais como antes, o que ate seria bom por um lado.

    - Você tem razão! – disse de repente se levantando. – Foda-se o que acontecer, eu vou desfazer esse mal-entendido de uma vez por todas!



 



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Notas finais do capítulo

Antes de mais nada eu queria dizer que eu juro que tentei. Era pra ser um desenho do Rafael, mas acho que não foi.
via dúvida => http://imageshack.us/photo/my-images/580/rafaelsketch.jpg/
Eu ia postar uma que fiz dos três juntos, porém eu percebi que de todos eles, Rafael, sendo um principal, foi o que eu menos descrevi, falhaminha/ então decidi postar dele. Tem uma que ele está com o rosto cheinho, não sei se ficou claro, mas era pra cena em que ele anche a boca de batatas fritas do capitulo anterior >.<' Eu também não sei qe tipo de imagem vocês fazem dele, então espero que não tenha ficado tããoo diferente assim, se é que é possivel sem eu tê-lo descrito antes.
Bom, agora falando do capitulo,espero que não fiquem bravos com a Taio, mas se ficaram, bem, fazer o que. Ela ainda é uma boa pessoa. È, Fernadno novamente não conseguiu -.-', mas no proximo ele vai! ò_ô Ou será que não? E quanto a Taio? Ela se comoverá com os sentimentos dele e sentirá algo pela sua humilde pessoa? Novamente, não percam no proximo capitulo de Macho não ganha flor!
(xD Tá eu sei, eu meio que gostei de fazer isso.)