O despertador tocou, avisando que a minha prolonga de ‘’soneca’’ havia terminado. 6:00 horas da manhã! Não imagino quem fez a porcaria dos horários funcionais, mas assim que descobri, irei pessoalmente me certificar que esse filho da puta não seja mais funcional pra nada.

       Quem em sã consciência acordaria em uma sexta-feira, as 6:00 da manhã de bom humor? Aparentemente ninguém, além daquele povo com a merda da animação forçada do jornal da manhã. Ah claro, e a minha querida amiga Anabelle.

       - BOM DIA FLOR DO DIA! – ela saltitou, literalmente, porta adentro do meu quarto – Bom dia, Jared, bom dia Jensen – ela cumprimentou os pôsteres na minha parede. Sim, eu tenho 23 anos, e sim eu tenho pôsteres na parede do meu quarto. Condenem-me, mas sinceramente, com uma vida tão monótona como a minha, apreciar uns caras realmente gostosos ao acordar – mesmo que só no papel – não me faria mal algum.

       - Qual o seu problema? – resmunguei emaranhando-me ainda mais a confusão de cobertas da minha amada cama – Ninguém acorda tão feliz, além das esposas do Jensen Ackles e do Jared Padalecki cara! A menos, que um dos dois esteja passeando nus pela casa, depois de uma noite de sexo selvagem com você, eu não imagino realmente um motivo pra tamanha felicidade!

       Anabelle bufou audivelmente

      - Ary. querida – senti o seu quase inexistente peso sobre a ponta da cama – sabe que dia é hoje?

      - Uma sexta-feira ué! – resmunguei. Decidi levantar, já que ela não me deixaria dormir com toda a sua nauseante alegria matinal. Me arrastei a passos lentos, até meu guarda roupa pra catar uma roupa para vestir.

     - Exato! – ela sorriu – Boa garota! Agora me fala, e que data é hoje?

     - Hmm, não sei. Eu não vou receber meu misero salário hoje mesmo, então realmente não me interessa – não me levem a mal, não sou o tipo de pessoa que reclama o tempo todo da vida, ou das pessoas, é só que cara, são seis da manhã! Eu tenho o direito de odiar o mundo nesse momento!

     - Se você não fosse tão linda eu juro que te batia – sorriu novamente – Hoje é sexta-feira 13 querida, dia do show dos MEUS meninos! – ela quicou, literalmente, na cama. Claro, hoje era o show da tal banda que ela era fã! Algo sobre Avenger, acho. Só lembro-me dessa parte porque como grande nerd e fã da Marvel que sou, sou louca e obcecada pelos Vingadores. (N/A: The Avengers, caso alguém não saiba, o que duvido muito, mas né.)

     - Hm, legal – pude ouvi Ana bufar enquanto saia do quarto.

      Realizei toda a minha higiene matinal, indo logo em seguida tomar café da manhã.

      - Bom dia, Arya – Rafaela me cumprimentou enquanto me jogava na cadeira.

     - Bom dia Rafa – retribui. Oh sim, vocês devem estar pensando se somos algum tipo de triangulo amoroso lésbico. Ou pelo menos é o que minha cabeça em péssimas condições mentais e sexuais pensa que vocês estão pensando.

     Anabelle e Rafaela são minhas amigas - duas dos poucos amigos que tenho – e as melhores na verdade, mas elas não sabem disso, creio eu.

     As conheço desde o colegial, e a partir daí nos tornamos a santíssima – nem tão santa – trindade que somos hoje. E como acho que já repararam moramos as três juntas, atualmente.

     - Impressão minha ou por um milagre da natureza, você está com bom humor matinal? – analisei minha antiga, aparentemente, companheira de mau humor pela manhã.

     - Não é impressão não. E não é por um milagre da natureza, pelo menos não diretamente, e sim por uns cinco deuses gregos, ou californianos se preferir, que pisaram nesse antro de mortalidade que chamamos de cidade – ela abriu um amplo sorriso. Claro, outra fã!

     - Avenger alguma coisa, certo? – bebi meu suco. Eu odiava café, lidem com isso.

    - Avenged Sevenfold, e é inadmissível você não saber isso! – Belle reclamou. Oh sim claro, há alguns anos atrás elas haviam tentado me converter em uma Avenger – sim, acredite que os fãs da banda se denominavam assim! Cara, quem deu esse direito á eles? A Marvel tá por dentro dessa blasfêmia? – sem muito sucesso. Havia escutado uma única música com gritos demais, e a única pessoa que podia me causar uma provável surdez era Corey Taylor e ponto final.

     - Claro, vou me certificar de caçar a ficha completa dos caras, assim que começar a cair chocolate do céu!

(...)

    O dia havia se passado relativamente rápido para uma sexta. Algumas cantadas de uns adolescentes espinhentos, punheteiros, e sem noção. Meu amigo, e colega de trabalho Adrian me mandando indiretas nada sutis, sobre seu interesse em mim. Trabalho, trabalho e mais trabalho, como sempre, enfim, nenhuma novidade, como sempre também.

Á noite, ao chegar em casa, Bells e Rafa não estavam mais lá. Provavelmente já estavam indo para o show. Como o carro que compartilhávamos estava em minhas mãos, elas haviam ido de táxi, porque ‘’também não estariam em condições psicológicas, alcóolicas e hormonais de voltarem dirigindo’’, palavras da própria Rafaela após toda a sua explicação sobre explosão dos ovários por ver os caras. Acabei ficando responsável por trazer as surtadas, bêbadas, taradas, e desovariadas (oi?). Assim que o show acabasse e o surto adolescente também, as traria pra casa.

      Por volta das duas da manhã, uma rouca e não muito sã Rafaela me ligou avisando que iria embora. Estranhei a falta de menção á Belle, mas eram duas da manhã e o sono absolutamente me impossibilitava de raciocinar.

     Como as ruas de Vancouver estavam livres, cheguei rapidamente à casa de shows. Rafa me esperava sentada no asfalto com a maior cara de felicidade do mundo. Ela estava parecendo uma adolescente, mesmo ao auge dos seus 24 anos. Seus cabelos estavam presos em um coque mal feito, seu rosto estava radiante por acabar de sair do show de sua banda favorita, e a camisa da banda, bandana e o ‘’A7X’’ escrito em sua bochecha com tinta preta não ajudavam muito no trabalho de fazer parece-la com uma adulta. Buzinei, e assim que me viu a louca entrou no carro.

     - Cadê a Belle? – perguntei assim que ela fechou a porta do carona

     - Hmm, não sei. Ela estava comigo, mas passou mal quando o Syn deu dedo pra ela, então os seguranças a retiraram da plateia, e desde então não a vejo.

     - Quando foi isso? E quem fez o que? – encarei minha geralmente responsável amiga.

     - Cara, foi bem próximo ao fim do show, faltavam umas duas músicas, acho – ela bufou – E Syn, é um dos guitarristas da banda.

     - Porque você não foi atrás dela?

     - Você realmente acha que aqueles brutamontes, leigamente chamados de segurança, me deixariam ir pro backstage com ela? Sem chances. Juro que tentei, mas aqueles trogloditas não deixaram.

      - O que a gente faz? – voltei-me para Rafa – Eu estou morrendo de sono cacete, e ainda tenho que aturar mais essa.

     - Vamos esperar – ela falou calmamente – Já tentei falar com alguém da produção assim que o show acabou, e nada. A única coisa a ser feita nesse momento, é esperar!

    - Tá legal então né!

    - Agora que ela é uma filha da puta sortuda, cara, ela é! – Rafaela riu do banco do carona – Provavelmente os caras da banda passaram pra saber como ela estava, e ela pode ver MEU anão pessoalmente!

     - Larga a mão de ser louca, Rafa! A garota passou mal! – tentei soar sério sem muito êxito.

     - Seeei... Bem que sei lá, algum deles poderia aproveitar e tirar o selo do A Little Piece Of Heaven dela! – ela riu, e eu a acompanhei.

     - Ela é uma virgem feliz cara, para com isso. Tirando que, duvido muito que ela sairia dando o hímen pra qualquer cara por aí – tentei controlar o riso.

    - Também duvido, mas não nós não estamos falando de qualquer um, e sim de um membro da banda mais foda do planeta – ela sorriu

   - James Hetfield? – ri

   - Idiota! – ela me bateu – O show foi incrível, Ary.

   - Fico feliz por vocês então – afirmei sinceramente. Era bom ver minhas queridas vadias felizes.

    - Os caras estavam realmente perfeitos lá – ela sorriu nostálgica enquanto desatava a falar sobre o show.

    Já se passavam das seis da manhã quando decidimos ir embora. Ambas estavam cansadas, e se como a Rafa disse, os caras se preocupavam tanto com os fãs da banda, Anabelle estaria bem.

     Esperava sinceramente que ela estivesse bem.