_Obrigada. –Fechei os olhos sentindo meu corpo todo pesar devido ao sono que estava me invadindo, devia ser efeito do remédio.

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Dormi por horas, acordei por alguém está brincando com meus dedos. Abri os olhos e vi Dan deitado ao meu lado brincando com meus dedos.

_Oi Lafinha. –Disse e mostrou aqueles dentinhos brilhantes.

_Oi pequeno, que saudade de você. –O abracei mais forte fazendo –o gemer.

_Eu também estava. –Acariciei suas bochechas. Fechei os olhos um pouco já que eu estava com um pouco de dor de cabeça.

_Lafinha, to com saudade da mamãe. –Abri meus olhos olhando-o encarando meus dedos. O aconcheguei mais ainda em meus braços.

_Eu também to, mas ela vai voltar dentro de alguns meses. –Assentiu e me abraçou.

_Tive uma ideia, que tal irmos até a praça tomar um sorvete? –Daniel me olhou sorrindo e eu retribui.

_Sélio? –Assenti.

_Sim, vai se arrumar que eu já te busco tudo bem? –Ele assentiu e saiu do quarto correndo. Levantei da cama e senti minha cabeça rodar, acabei sentando contra minha vontade na cama novamente, minha cabeça estava com um pouco de dor mas mesmo assim me levantei, e cambaleando entrei no banheiro, com um pouco de dificuldade me despi, e tomei um banho gelado, ouve um choque quando meu corpo quente foi molhado por a água fria. A tontura melhorou, assim que terminei me olhei no espelho encarando-me. Olhos levemente inchados, bochechas e lábios pálidos, eu estava mais branca que o normal, as poucas sardas que eu tinha agora quase não davam para ver mais. Eu estava horrível, meu cabelo estava horrível  com um ruivo estranho, eu estava com cara de peixe que foi pisoteado, essa é a realidade.

Sai do banheiro e me vesti, coloquei uma roupa um pouco mais quente, pois estava fazendo um pouco de frio. Penteei meus cabelos e sai do quarto indo a sala, cheguei lá já avistando Dan todo arrumadinho assistindo Naruto Shippuden, ele adorava esse desenho, e eu então? Amava, me baseava sempre na doce Hinata.

_Vamos ou já desistiu? –Sorri fraco sentando ao seu lado.

_Não, vou assisti outla hola, vamo. –Assenti pegando em sua pequena mãozinha indo até a porta da saída.

_Onde vão? –Viramos juntos vendo vovó na porta da cozinha nos olhando.

_Ah.. vamos tomar sorvete vovó, não vamos demorar. –Vovó sorriu negando.

_Tomar sorvete no frio? –Assentimos. A verdade era que Daniel e eu adorávamos tomar sorvete no frio. _Tudo bem, então... posso ir junto já que seu avô saiu e não estou fazendo nada?.

_Claro, vamos. –Vovó pegou sua bolsa que estava em cima da mesa e nos seguiu até a praça que tinha mais próximo, compramos sorvetes e vovó foi brincar com Dan enquanto eu observava as árvores enormes que havia lá. Estava distraída quando:

_Oi. –Uma voz saiu quase em um sussurro, reconheci na hora, a voz rouca e doce que só ele tinha, fechei meus olhos e os abri, virando –me pra ele, pude perceber que ele não estava o mesmo, seu rosto estava em um tom tristonho, o que fez meu coração se apertar. _Que coincidência nos encontrarmos aqui. –Falou sem olhar nos meus olhos. _Você está...

_O que você quer Justin? –Perguntei fria o encarando com cara de poucos amigos.

_A gente precisa conversar. –Neguei fraca.

_Eu acho que não, possivelmente você tentará se explicar e sinceramente não sei se acreditarei em você ainda. –Segurei uma lágrima que lutava para derramar. Justin olhou pela primeira vez em meus olhos, sua expressão ficou de sem paciência.

_EU PRECISO ME EXPLICAR COM VOCÊ RAFA, POR FAVOR. –Seus olhos marejaram, ele estava agoniado e segurava os cabelos os puxando. _Por que você é tão calma assim? –Perguntou desesperado. Suspirei. Olhei para o outro lado abaixando meu olhar e sentindo uma lágrima escorrer.

_E pensar que eu ainda sou apaixonada por você.  –Me encolhi. Senti seus olhos sobre mim.

_Rafa... –Senti ele me tocar.

_Vamos querida? Seu irmão já está... ah.. desculpe, como vai Justin? –Vovó se aproximou com Dan em seus braços provavelmente ele já havia dormido, e cumprimentou Justin como se nada tivesse acontecido.

_Bem senhora, obrigado. –Ela sorriu.

_Vamos vovó. –Me levantei.

_Rafa, por favor fica, eu preciso conversar com você. –Disse segurando meu pulso. Me soltei bruscamente.

_Não, está ficando tarde e amanhã eu irei internar pra cirurgia esqueceu? –Ele abaixou a cabeça. _Vamos vovó.

Nos viramos e seguimos nosso caminho, chegamos em casa e eu levei o Dan para o quarto e depois fui pro meu. Sentei na minha cama e não consegui conter as lágrimas que insistiam em cair. Lembrei-me que havia um tempo em que não desabafava com meu diário. O peguei no criado mudo e assim escrevi:

“Querido diário, não sei por onde começar, aconteceu tantos problemas que nem tive tempo de escrever em você, primeiro, descobri que minha amiga Vênus está grávida, ela não quis me dizer de quem é o bebê, não a forcei dizer como sempre, mas desconfio de uma pessoa que estou torcendo para que isso seja mentira. Passei mal e me levaram para o hospital, permaneci lá durante dois dias, Vê estava sempre comigo e Justin também, no primeiro dia que Justin foi me visitar assim que lhe dei a notícia de que estava com câncer cerebral não sei o que lhe deu que foi embora sem se despedi nem nada. Acho que ele havia se preocupado, para isso não liguei muito. Hoje de manhã cedo recebi uma ligação anônima, falando que eu estava sendo enganada por Justin, que ele não me amava de verdade, que só estava comigo para tirar a minha virgindade, no momento eu não quis acreditar, porém fiz um teste com ele, tentei dormir com ele assim que saímos do hospital, nós não transamos, mas ele disse uma coisa que confirmou tudo e descobri que o que tinham me falado era verdade, ele estava apenas me usando, por causa de uma aposta inútil. Ele poderia fazer qualquer coisa menos me envolver em uma aposta, uma aposta suja e ridícula. Não digo que estou com raiva dele porque não sei o que é sentir raiva por muito tempo de uma pessoa, mas confesso que nunca vou esquecer e o quão isso me magoou, tanto a ponto de não querer falar com ele, não querer  vê-lo, não querer escutá-lo, mas sinto tanta a sua falta porque mesmo depois do que ele fez comigo, nunca vou deixar de amá-lo, nunca, sinto como se ele fosse um pedaço da minha vida, sinto de alguma forma que ele me completa, mesmo ele sendo essa pessoa que ele é, eu ainda o amo muito, e nunca vou esquecê-lo, e mesmo depois dessa cirurgia de altíssimo risco eu não sobreviver, vou levar a sua lembrança para onde eu for. Se eu pudesse fazer um único pedido, pediria apenas para que o tempo voltasse atrás e que eu nunca teria que conhecer Justin. Se bem que ele mesmo não merecendo ele tem meu coração e só ele que pode machucá-lo, pena que isso ele já fez. E no momento eu to tão confusa... no momento eu não consigo organizar meus pensamentos, e não sei no que pensar. Minha vontade era só fechar meus olhos e não acordar nunca mais.”

Fechei o diário e o coloquei de volta no criado mudo, encarei minha cama e logo me deu uma vontade enorme de chorar. Deitei minha cabeça no travesseiro e chorei mais ainda.

_Meu bem você não quer... –Vovó se interrompeu assim que me viu chorando. Logo senti ela deitando do meu lado me abraçando, peguei sua mão levando até debaixo do meu rosto. _Chora amor, chora, lava tudo por dentro. –Vovó passava a mão na minha cabeça arrumando alguns fios de cabelos que estavam no meu rosto, e depositava uns beijos na bochecha que me confortava .

_Ai vovó, porque eu ele me machuca tanto assim? –Disse aos prantos.

_O amor é como uma rosa, é lindo, mas dói quando se é espetado pelos espinhos. –Ela me deu outro beijo.

_Dói muito vovó, muito. –Disse e me aconcheguei mais em seus braços. Ela me deu outro beijo e encostou sua cabeça na minha.

...

_Como está se sentido querida? –Vovó me perguntou. Estava eu lá naquele hospital novamente, internada, esperando amanhecer o dia para a minha cirurgia. Confesso que eu não estava mais me importando em ficar boa ou não, já estava me sentindo morta por dentro.

_Bem. –Respondi apenas.

_A vovó vai buscar um café e agorinha eu volto tudo bem? –Assenti e ela saiu.

 O meu celular tocou e eu atendi, novamente aquele número desconhecido.

*Cell*

_Alô?

_Rafaela Althoff, uau, fiquei impressionado com sua paciência com o Justin hein? Parabéns. –A mesma voz de antes falou debochada.

_Quem ta falando?

_Alguém.

_O que você quer comigo? –Disse me alterando.

_Calma nerd, vim apenas te dar a notícia de que o bebê que sua amiguinha está esperando é do seu amado Justin. Te disse logo só pra você morrer sabendo. –Falou e bateu o telefone na minha cara.

*Cell*

Tudo o que eu temia era a verdade, até a Vê, porque?  No fundo eu sabia que o filho era dele, só que eu não queria acreditar, só que essa voz não mentiu da primeira vez, e quem garante que agora esteja mentindo?

Virei meu rosto sentindo as lágrimas invadirem meus olhos, escorrendo em seguida.

_O que foi meu amor? Por que está chorando dessa vez? –Vovó me abraçou.

_Acabei de descobri que o bebê que a Vê está esperando é mesmo do Justin. Os dois me fizeram de palhaça vovó, brincaram com meus sentimentos. –Eu já estava aos prantos.

Vovó não disse nada apenas me deu um beijo na bochecha e continuou abraçada a mim.

...

No dia seguinte eu já fui acordada pelos enfermeiros avisando que estava na hora.

_Eu amo vocês. –Disse a meus avós que ficaram apenas me olhando sair do quarto.

Entramos  na sala de cirurgia e me aplicaram uma anestesia geral, eu apaguei em poucos minutos.