One-Shot-O Segredo Da Ilha escrita por Alana Mara Farias


Capítulo 1
O Brilho


Notas iniciais do capítulo

E o romance começa!!



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Capitulo 1- O brilho



Já estava
cansada da vida rotineira que eu levava. Era sempre o mesmo: escola, saída com
amigos e jantares em família aos domingos. Eu não agüentava mais fazer a mesma
coisa todos os dias. Parecia que minha vida havia empacado num certo ponto e eu
deixara de vivê-la, repetindo a semelhante cena a cada amanhecer.



- Bella! A Alice está te esperando no térreo! – gritou minha mãe da cozinha.

- Já vou! – suspirei desanimada dando uma última olhada pela janela. Peguei a
mochila e pus uma das alças no ombro direito.

- Não vai pegar uma bolacha? – perguntou meu pai sentado à mesa, lendo seu
jornal favorito.

- Não estou com fome. – inclinei-me e dei um beijo em sua testa – Tchau pai,
até mais.

- Cuide-se minha filha. – ele sorriu e eu amava esse sorriso que eu recebia
todas as manhãs.

- Tchau mãe!

- Juízo menina! – revirei os olhos e fechei a porta a tempo de ver meu pai
rindo.



Para que eu precisava de juízo na escola? Não tinha nada lá que me fizesse ser
no mínimo uma adolescente rebelde. Aposto que se o Osama Bin Laden fosse para
lá ele morreria de tédio.



- Bom dia. – olhei para Alice, minha amiga, surpresa e também desconfiada.
Porque aquela era uma das poucas vezes que ela não vinha correndo em minha
direção sorrindo e pulava no meu pescoço, me abraçando. Sem falar dos gritinhos
histéricos. Aí tem coisa...

- Você está bem?

- Estou. – seu olhar estava vago e seu rosto sem expressão – É que... – ela
parou de repente, parecendo decidir se me contava ou não.

- Ai desembucha de uma vez! Parece até que você viu um fantasma. – ela me olhou
com a mesma cara de peixe morto de antes – Você viu?

- Não.

- Então o que foi mulher?

- Vamos andando e no caminho eu te conto para não nos atrasarmos. – ela segurou
em meu braço e saímos do prédio onde morávamos.

- E então? – perguntei impaciente.

- Ontem eu vi algo estranho naquela ilha. – disse ela praticamente sussurrando.


- Na ilha? E o que foi que você viu? - eu estava fervendo de curiosidade.



Nós morávamos num prédio de frente para o mar na cidade de Phoenix, e bem no
meio daquele monte de água, havia uma pequena ilha chamada Ilha dos Alcaiates.
Às vezes, passava horas olhando para lá, pensando em fugir. Ficar um tempo ali
para esquecer a vida que eu tinha, mas nunca pensei realmente em ir para lá.
Até porque lá era estranho, de certo modo, aquela ilha me dava um pouco de
medo.



- Eu estava olhando na direção da ilha quando, de repente, algo brilhou naquele
lugar. –Alice falava de modo estranho, parecia que estava revendo a cena.

- Um brilho? E é por isso que está assim? – zombei, rindo da cara dela.

- É sério, Bella. Algo brilhou bem no meio da ilha.

- Que tipo de brilho? – resolvi dar corda. Não acho legal ignorar as pessoas,
mesmo elas sendo retardadas.

- Não sei bem. Foi tão rápido... mas, é muito estranho.

- Tudo bem. – falei – Você pode ter confundido as coisas, sei lá. Vai ver que
foi o reflexo da luz da lua batendo na água e formando o tal brilho. – dei de
ombros.

- É talvez tenha sido isso. – ela sacudiu a cabeça, parecendo querer afugentar
seus pensamentos.



Entramos na escola e logo nos encontramos com Rosalie, nossa amiga. Estudávamos
juntas desde o jardim de infância e éramos inseparáveis.



- Bom dia meninas. – ela nos abraçou.

- Bom dia. – dei um sorriso – Alguma novidade?

- Não. – nos sentamos na escada do pátio – Não está acontecendo nada de novo,
como sempre. – ela parou e olhou diretamente para Alice - Você está bem?

- Ela anda vendo coisas. – expliquei.




Alice contou o que havia acontecido ontem à noite e Rosalie teve a mesma reação
que eu. Infelizmente tínhamos uma amiga doida, coitada.



- Bem, chega desse papo. Adivinhem o que estou lendo? – perguntei animada.

- Aposto a minha vida que é Crepúsculo –Rosalie revirou os olhos – De novo.
Você não cansa não? Você já leu os livros umas três vezes seguidas...

- Quatro. – corrigi – Essa é a quinta vez. – disse estufando o peito, orgulhosa
– Não tenho culpa se a história é perfeita.



Ah! esqueci de falar: EU SOU LOUCA PELOS LIVROS DA SAGA TWILIGHT. Conheci antes
mesmo de ser publicada em livro e sou totalmente viciada no Edward Cullen.
Passo horas sonhando com um cara como ele. O que era um sonho tolo e
impossível, mas eu estava disposta a esperar. Um dia teria que aparecer um cara
com no mínimo algumas características semelhantes, como a beleza, por exemplo,
ou a força, ou a perfeição...



- A sua sorte é que não fizeram os filmes, senão não sei o que iria acontecer
com a sua sanidade. – disse Rosalie dando um tapa na minha cabeça.

- Rá, rá. Engraçadinha você. – não resisti e dei língua.



O sinal tocou e fomos para a aula. O dia passou incrivelmente devagar e eu
estava a ponto de ter uma síncope, quando o sinal da saída tocou.



- Graças à Deus! – levantei-me da cadeira e caminhei feliz para a saída.

- Bella! – Ai não! O ignorei e continuei andando, fazendo cara de paisagem, até
que ele parou na minha frente.

- O que você quer Michael? – cruzei os braços e fechei a cara. Eu mereço!

- Amiga, vamos. – Rosalie me chamou quando viu a situação em que eu estava.

- Ela não vai a lugar nenhum antes de eu falar com ela. – Michael olhou para
Rosalie que me encarava, desculpando-se.

- Tudo bem. – disse a ela, suspirando pesadamente – O que você quer seu
energúmeno?

- Quero que me perdoe. Eu te amo e não consigo viver sem você.

- Então por que não está morto?

- Estou falando sério.

- Eu também. – ele me encarou e algo em meu olhar o fez acreditar no que eu
dissera, pois ele inconscientemente ou não, deu um passo para trás.

- Olha, sei que errei e que mereço o gelo que está me dando, mas estou arrependido
e quero você de volta. – ele se aproximou, colocando a mão em meu rosto, porém,
eu a tirei com um tapa.

- É mesmo? – ele assentiu – Então, querido, enfia esse arrependimento no seu
rabo! – todos que passavam no corredor me olharam. Mas, não me importei. Que é?
Todos têm seu dia de stress e o meu era hoje, ou quase sempre, isso não importa
agora.



Saí dali e andei o mais rápido que pude até a saída. Michael era meu
ex-namorado. Terminamos quando o flagrei se agarrando com a Jéssica na dispensa
da escola. E agora, além do chifre, eu ganhei uma pedra idiota no sapato. Vi as
meninas encostadas no muro, me esperando e corri para lá.



- O que ele disse? – quis saber Rosalie.

- O mesmo de sempre. – reviramos os olhos e eu bufei.

- Ei, que tal sairmos hoje? – perguntou ela.

- Não vai dar, temos prova de física amanhã, esqueceu? – avisou Alice, que
ainda estava absurda e impossivelmente quieta. Uma coisa rara, muito rara.

- É mesmo, tinha me esquecido. –Rosalie arriou os ombros, desanimada.



Eu a imitei, pois era péssima em física e quase repeti o 2° ano por causa dessa
matéria do capeta. Deixamos Rosalie na esquina da casa dela e seguimos para
nosso prédio.





- Alice, por favor, muda essa cara. – reclamei – Você está assim a semana toda.


- Bella eu vi aquele brilho de novo.

- E daí? Agora deu para ficar com medo de luzes também? – Ah qual é? A garota
viu um pisca-pisca na ilha e está toda esquisita.



Decidi deixar para lá e ignorar. Vai que aquilo era contagioso? Depois de mais
um dia de escola, entrei em casa e me joguei no sofá. Só percebi que tinha
adormecido quando ouvi minha mãe chegar, fechando a porta da sala.



- Bella você babou no meu sofá outra vez!?

- Oi para você também, mãe. – falei indo para o quarto.



Tomei um banho e peguei os livros de física para estudar para o teste que o
professor me daria amanhã, como uma segunda chance, já que eu tinha zerado o da
semana passada. Que foi? Não herdei os genes do Einstein, valeu?

Sentei-me no beiral que meu pai havia construído para mim, na janela, para que
eu pudesse ficar ali aproveitando a vista e olhando para o imenso mar à minha
frente. Falando nele... Olhei fixamente para a ilha por uns 10 minutos inteiros
e nada aconteceu. Bem, ainda eram umas sete da noite, então, talvez fosse cedo
para ver alguma coisa, pois ainda havia certa claridade no céu.

O que eu estava pensando? Sacudi a cabeça e tentei me concentrar nas fórmulas
em meu caderno. Fiquei encarando aqueles números e letras esquisitas até que
desisti. Eu simplesmente não conseguia estudar aquilo. Já estava conformado por
saber que repetiria o 3° ano. Isso era um fato. Deixei os livros e os cadernos
de lado e abracei os joelhos, encostando-se A e no vidro da janela e olhando as
ondas que se chocavam nas pedras que cercavam a ilha.

O mar estava revolto naquela parte da ilha. Parecia querer expulsar algo de lá,
chocando-se violentamente e retirando-se de maneira semelhante para segundos
depois, voltar a invadir o lugar. De repente, tão rápido como um flash de uma
câmera, um brilho apareceu naquela parte. Pisquei várias vezes e novamente o
brilho apareceu, só que desta vez em outro ponto, um pouco distante de onde
estivera minutos atrás.



- Não é possível.



Levantei o vidro da janela e me inclinei, encarando o ponto onde o brilho desaparecera,
porém, depois de mais de trinta minutos de espera, eu desisti de ver mais
alguma coisa. Ou eu estava louca como a Alice, ou aquele brilho realmente
brilhou, piscou, ou será apareceu? Ah! Tanto faz!



- Bella!

- AAAAAAH! – virei-me para ver meu pai parado na porta do meu quarto – Pai,
você me assustou. – falei com a mão no coração.

- Andou viajando? – ele sorriu – Desculpe. Sua mãe mandou te chamar. O jantar
está pronto.

- Ok. Vamos. – segurei em seu braço e fomos juntos para a cozinha, sentando-nos
à mesa.

- Que cara é essa Bella? – perguntou minha mãe, me examinando.

- É que meu pai me assustou.

- Humm... – ela deu de ombros e sentou-se à mesa.



Tentei não pensar naquele brilho idiota, mas eu estava impaciente. Queria falar
com Alice. Olhei o relógio e vi que pela hora, ela não deveria estar em casa.
Tinha me dito que iria sair com a mãe.



- David você acredita que estão dizendo que dois turistas – um casal – foram
para aquela ilha no final de semana e estão desaparecidos? – minha mãe sacudiu
a cabeça de forma negativa, parecendo lamentar.

- O que eles foram fazer lá? – meu pai às vezes era tão lerdo... Até eu sabia o
que aquele casal foi fazer numa ilha, sozinhos, num lugar deserto... Minha mãe
lançou-lhe um olhar sugestivo e ele finalmente compreendeu – Ah! Entendi. Mas,
estão à procura deles?

- E por que estariam? Todos sabem que quem vai para aquela ilha não volta. É
perda de tempo ir atrás deles, infelizmente.

- Quer dizer que houve outros desaparecimentos naquela ilha, antes desse casal
sumir por lá? – perguntei.

- Sim. – respondeu meu pai – Mas, sua mãe não gosta que conversemos sobre isso.


- Por quê? O que aconteceu lá? - olhei para ela, pedindo respostas.

- Olhe Bella, há muitos mistérios que envolvem aquela ilha, e esses inúmeros
desaparecimentos é mais um deles. – disse minha mãe.

- O que quer dizer? – e por que eu nunca soube disso? Perguntei mentalmente.
Ela suspirou quando viu a minha curiosidade.

- Há dois séculos aquela ilha era usada como um tipo de prisão, onde eram prisioneiros
de lá, os traidores e também os guerreiros que cometiam certos crimes na aldeia
e que tentavam invadir o que é agora, a cidade de Phoenix.

- Já tivemos uma aldeia aqui?

- Sim. O nome dessa pequena, porém, poderosa aldeia era Alcaiate, daí surgiu o
nome da ilha, também conhecida como Ilha da Tortura. Esse povo era totalmente
rigoroso com relação ao cumprimento de suas leis, e também era uma aldeia rica
por conter pedras preciosas, um solo extremamente fértil e claro, por ter o mar
à sua disposição.

Entenda que naquela época, possuir todos esses recursos significava ter poder,
muito poder. Logo, essa aldeia era, a todo o momento, ameaçada por povos
inimigos que queriam tomar a terra dos Alcaiates. Porém, estes eram um povo com
os mais fortes guerreiros, que impediam que os inimigos se aproximassem da
aldeia. As lutas eram sanguinárias e mortais. Os guerreiros das tribos inimigas
que sobreviviam, eram capturados e levados até a ilha onde eram largados por
lá.

Os Alcaiates os deixavam na ilha como forma de castigo para aqueles invasores e
diziam que o guerreiro que conseguisse escapar de lá com vida, ganharia o
direito de voltar para casa, porém, todos sabiam que era impossível sair com
vida daquele lugar. Porque ninguém NUNCA conseguiu.

- Por quê? – tive de perguntar, nunca pensei que aquela ilha tão insignificante
e ao mesmo tempo tão cheia de segredos, pudesse ter uma história como essa.

- Por que morava naquela ilha, o mais terrível dos monstros. Que se alimentava
dos guerreiros que eram ali, aprisionados.

- E que monstro era esse? – estava intrigada. Como um guerreiro, que nasceu
para lutar, não conseguia escapar de um monstro? Pelo menos um teria de ter
conseguido.

- Ninguém sabe. Esse segredo ficou guardado com os Alcaiates que um século depois,
foram dizimados pelas doenças que vieram com seus colonizadores. Por conta
desse mistério, dizem que os Alcaiates amaldiçoaram aquela ilha e também o
monstro, para que ele jamais saísse de lá. E, até hoje, todos que vão àquele
lugar, não voltam mais.

- Será que esse monstro ainda mora lá? – me achei uma idiota perguntando
aquilo, mas era inevitável, caso contrário, porque as pessoas estariam sumindo
até hoje?

- Dificilmente. – disse minha mãe – Isso SE realmente existiu um monstro
naquela ilha. O que seria pouco provável. Certamente alguém da aldeia Alcaiate
era responsável por todos aqueles homicídios, até porque, mesmo sendo uma
criatura, ou seja lá o que matava aqueles homens, tem data de validade e com
certeza está morto agora.

- Então por que as pessoas que vão até lá ainda desaparecem? Será por conta da
maldição? – o que era uma possibilidade ridícula. Quem acredita em maldições?

- Eu já falei demais por hoje. – ela se levantou da mesa e retirou os pratos,
levando-os até a pia – Não gosto de falar sobre isso.



Assenti um pouco desanimada. Eu queria fazer tantas perguntas e receber
infinitas respostas! Fui para o meu quarto e liguei o computador. Se minha mãe
não quisesse contar eu não a forçaria, afinal, na internet havia muito mais
informações. Digitei “aldeia Alcaiate” e cliquei em procurar. Achei um site
chamado “a história dos Alcaiates”. Todo o resumo era bastante semelhante ao
que minha mãe me dissera, então procurei sobre o tal monstro, que no site era
referido como o pior demônio existente, uma criatura que, assim como a ilha,
era amaldiçoada e por vingança, tomava a vida dos pobres prisioneiros. Não
havia mais nada sobre a tal criatura, então desliguei o computador. Eu
realmente estava enlouquecendo, mas algo naquela história me intrigava.

No dia seguinte, fui até o apartamento de Alice, que era dois andares abaixo do
meu e toquei a campainha de modo insistente, sem tirar o indicador do botão,
até que ela abriu a porta.



- O que foi sua maluca? Por que está apertando a campainha desse jeito?

- Eu vi o brilho na ilha!

- O que? – ela me empurrou para longe de seu apartamento, despedindo-se da mãe
e me puxou até o elevador.

- Eu disse que vi o brilho aparecer na ilha! Ele piscou duas vezes, só que em
lugares distintos.

- Apareceram ao mesmo tempo?

- Não. Eu estava olhando para lá e do nada, algo brilhou por lá. Aí depois de
uns minutos, o mesmo brilho apareceu num lugar mais distante.

- Tem certeza? - perguntou Alice, quando entramos no elevador.

- Absoluta. E ontem minha mãe me contou a história dessa ilha. Ela disse que
aquele lugar é... – fiquei quieta quando duas senhoras entraram no elevador.
Elas sorriram e tanto Alice quanto eu, sorrimos de volta.



Assim que chegamos ao térreo, continuei:



- Ela disse que aquele lugar é amaldiçoado.

- Amaldiçoado?



Contei toda a história que ouvira na noite passada para Alice, que ouvia
atentamente.



- Você acha que...?

- Não sei. A única coisa de que tenho certeza é que algo de muito bizarro
aconteceu por lá. – e eu iria descobrir o que era, acrescentei mentalmente.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem
Beijusculos