A Prova De Fogo escrita por Miss Swen


Capítulo 7
Sentimentos expostos


Notas iniciais do capítulo

Baseada em spoilers do episódio 5x02 'Cloudy with a chance of murder'



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Meus pensamentos me levaram para longe, pois mal me lembro do curto trajeto do prédio até a van. Quando me dei conta já estávamos dentro dela, Ryan colocava a escuta por baixo da camisa de Castle e passava as últimas instruções.

–Beckett, você está bem? - Esposito perguntou ao notar que eu estava calada

–Estou. Ah... Tudo pronto?

–Acho que sim, já passei e repassei tudo pro nosso ‘agente secreto’ aqui e é meio impossível dele não ter entendido. - Ryan disse sorrindo

–Muito engraçado. Eu não falei que precisava ficar repetindo, sei muito bem qual é o meu papel nisso tudo. - se defendeu

–Só toma cuidado pra não misturar as coisas. - Esposito arqueou as sobrancelhas

Eu logo entendi a que ele se referia, mas preferi ficar quieta.

–Como assim?

–Acho que você já sabe... Você e essa mulher...

Castle me olhou de relance e falou:

–Pode parar! Não vai acontecer nada, eu só vou fazer o que vocês disseram, só isso! - afirmou

–Acho que estamos prontos. Vocês checaram o sinal da escuta e a conexão com as câmeras do estúdio? - perguntei

–Já, está tudo certo. - Ryan garantiu

–Ótimo, então vamos lá!

Castle desceu da van, atravessou a rua e entrou na Ferrari.

Mais uma vez minha mente me tirou do foco mas o barulho do ronco do motor me trouxe de volta, seguido pelo balanço da van que começou a segui-lo.

Alguns minutos e já estávamos em frente ao prédio de Kristina, um lugar até que agradável para ser sincera.

Ele saiu do carro e subiu.

‘Involuntariamente’ comecei a forçar minhas unhas contra minhas pernas, e resolvi ignorar o tempo que ele demorava lá em cima, sabendo que se decidisse sucumbir à minha imaginação, logo já estaria repleta de imagens que sem dúvida alguma só aumentariam meu nervosismo.

Eu queria vê-los sair do prédio, mas ao mesmo tempo queria me privar de tal visão, por algum instinto auto protetor eu suponho.

–Lá estão eles. - Ryan informou

Automaticamente me virei e procurei registrar cada detalhe.

Kristina usava um vestido ainda mais bonito do que o escolhido para jantar com Castle aquela noite. Esse era vermelho e longo, o cabelo preso com apenas um mexa cacheada solta na frente. As joias que usava não passavam despercebidas e o modo como andava só salientava o quanto ela era confiante.

Eles pararam ao lado do carro e antes mesmo de entrar começaram a conversar animadamente sobre algum assunto que infelizmente eu desconhecia.

De repente me lembrei que possuía uma ‘carta na manga’. Sim, a escuta.

–Rapazes, sintonizem a escuta.

–Mas agora? Eles nem entraram no carro ainda. - Esposito estranhou

–Mesmo assim, ela pode dizer algo importante.

–Ok.

Alguns ajustes e nós podíamos ouvi-los perfeitamente, agora era uma questão de preparar meus ouvidos e saber reagir do jeito certo a qualquer coisa que fosse dita.

Castle: Eu já disse que você está linda?

Kristina: Na verdade sim, mas eu não me importaria se você repetisse.

“Linda? Tudo bem, elogiar era importante, mas ainda assim me incomodou.”

Castle: Ok, você está linda!

Kristina: Obrigada, e você também. Tão elegante e charmoso.

Apesar da distância que mantínhamos era possível ver o sorriso no rosto dela.

Castle: Obrigado. Bom, mas acho que agora nós podemos ir, não é?

Kristina: Claro, mas antes me responda uma coisa.

Eu estranhei.

“Que tipo de pergunta ela poderia fazer?”

“Seria possível que existisse mais alguma capaz de me deixar ainda mais irritada do que todas que ela já havia feito desde que apareceu em nossas vidas?”

Castle: Pode falar.

Kristina: Onde eles estão?

Acredito que todos nós tivemos a mesma dúvida, mas foi Castle quem disse:

Castle: Quem?

Kristina: Os detetives, quem mais?

Castle: Eu não entendi.

Kristina: Ora, por favor Rick. Achou mesmo que eu fosse ingênua o bastante pra não saber que você só mudou de ideia a respeito do meu convite, porque quer se infiltrar na festa da emissora?

Dentro da van, o silêncio reinava.

Castle: Eu não sei do que você está falando Kristina, mas seja lá o que for, saiba que está enganada. Eu mudei de ideia porque gosto da sua companhia.

Kristina: Pode até ser verdade, mas não totalmente.

Castle: Eu...

Kristina: Shhh... Não precisa se explicar, eu não vou tentar fugir nem nada do tipo.

“Não?” Eu pensei.

Castle: Então o que você vai fazer?

Kristina: Pra começar, eu presumo que você deve estar usando uma escuta, estou certa?

–Ei, ele não pode confirmar! - Esposito exlamou

–Não vai ser preciso, ela é esperta, já percebeu e nada vai mudar isso. - eu disse

Alguns segundos e a resposta finalmente veio:

Castle: Está.

Kristina: Então isso significa que eles podem nos ouvir e que estão por perto. Agora me diga onde exatamente.

Castle: E por quê eu faria isso?

Kristina: Bom, porque eu estou disposta a colaborar, mas quero que tudo seja feito do jeito certo, e pra isso preciso falar com as pessoas certas.

Castle: Colaborar como?

Kristina: A encontrar quem matou a Grace.

Castle: Então você não sabe quem foi?

Kristina: Olha, eu sei que vocês suspeitam de mim, mas até então eu sou a única pessoa que possuí livre acesso aquela festa, e como já disse, quero ajudar, mas pra isso quero explicar exatamente até que ponto eu estou envolvida nisso tudo.

Castle: Hey pessoal, o que vocês acham?

Aquele momento durou apenas alguns instantes, mas tivemos que tomar uma decisão importante.

Não tínhamos nada mais concreto do que as informações que Kristina possuía, então como em um acordo que não precisou de palavras, decidimos:

–Ok, traga ela aqui. - eu falei

Castle: Me acompanhe.

Logo eles estavam do lado de fora e Castle bateu no vidro.

Esposito abriu a porta e fez sinal para que entrassem.

–Nossa, do outro da rua? Pensei que vocês policiais fossem mais discretos do que isso. - ela disse ao se sentar

–Não temos tempo pra brincadeiras Srta. Coterra, antes mais nada quero que diga como descobriu o que planejávamos.

–Não foi difícil, ao julgar pela repentina mudança de ideia do Rick, e obviamente eu já sabia que vocês iam encontrar uma ligação entre mim e o possível assassino. Só precisei juntar as peças.

–Possível?

–Isso.

–Acho que ainda não entendeu. Nós temos um vídeo que comprova que você foi falar com a Grace no hotel na noite em que ela foi morta, e pela conversa de vocês, com certeza você sabe quem está por trás disso tudo.

–Lamento decepcioná-la detetive, mas eu não sei.

–Mas sabe com quem marcou esse encontro na festa? - Ryan perguntou

–Suponho que não seja a mesma pessoa.

–Supõe?

–Acredite, estou tão confusa quanto vocês. Na verdade eu nem ia mais nessa festa, mas depois de tudo o que aconteceu eu decidi que devia averiguar por mim mesma.

–Averiguar o que?

–Quem matou a Grace.

–Por quê? - perguntei, mas antes que ela pudesse responder eu continuei – E por favor não me diga que era porque vocês eram amigas, porque nós sabemos que isso nunca foi verdade.

–Bom, enquanto a isso...

–E nos diga porque você recebia quantias altas da Sra. Jones nos últimos dois anos. - foi a vez de Esposito

–Isso é outra coisa.

–Que coisa?

–Bom, ela me procurou logo que soube que a Grace tinha sido contratada, disse que estava preocupada e me contou tudo sobre o Peter e enfim, a verdade. Ela disse que me daria boas quantias em dinheiro pra que eu a mantesse longe dessa história toda.

–E pelo visto você falhou na sua missão.

–É, eu falhei tá bom? Não me orgulho disso! Mas aconteceu quando eu fui passar uma semana fora, e aí quando eu voltei a Grace já estava com quase tudo pronto, só faltavam mesmo os toques finais, então eu procurei a Allyson e contei o que tinha acontecido.

–Ela deve ter ficado muito brava. - provoquei

–E com toda a razão, afinal nós tínhamos um acordo.

–Acordo esse no qual você traiu a confiança de alguém que te considerava como uma amiga.

–Mas essa era a intenção. Desde o começo eu lhe disse o quanto valorizo minha vida profissional, e como deve ter visto no vídeo, falei sobre isso com a Grace.

–É eu lembro, assim como também lembro de você ter garantido que eram amigas e que queria ajudar no caso.

–E não menti.

–Não é o que parece, baseado no que descobrimos a seu respeito.

–Eu sou humana, tive a chance de ganhar muito dinheiro e aceitei, não vou me desculpar por isso.

–Não quero suas desculpas, quero que me diga pra quem você trabalha. Quem te mandou naquele hotel?

Ela se calou, então insisti.

–Srta. Coterra!

–Tudo bem, eu falo, mas primeiro quero garantir que não vou ser acusada de nada.

–Se você for inocente...

–Mas é claro que eu sou!

–Então comece a falar.

–Depois que eu conversei com a Allyson ela disse pra eu ficar por perto, fingir interesse na matéria, ajudar Grace no que fosse necessário e procurar impedir que ela descobrisse alguma coisa, e foi o que eu fiz. Achei estranho ela não ter nenhuma reação, o dia de publicar já estava chegando e nenhum sinal de que ela quisesse impedir e aí do nada a Grace desistiu, então eu logo deduzi que as duas tinham conversado.

–E foi o que de fato aconteceu?

–Eu perguntei pra Allyson, e foi então que ela se assustou, disse que nem sequer procurou a Grace, e entrou em pânico ao perceber que ela podia ter descoberto a verdade.

–E ela tinha descoberto não é mesmo?

–É. Foi um descuido da minha parte, eu me distraí e quando me dei conta não podia mais voltar atrás.

–E como a Sra. Jones reagiu a isso?

–Não muito bem é claro, mas eu pedi uma segunda chance e ela me deu, disse pra que não me afastasse, que me oferecesse pra guardar os arquivos da matéria e me certificasse de que tudo iria ficar bem longe da mídia.

–Mas então como ela soube que a Grace ia falar com o Peter?

–Porque eu contei. Eu vinha percebendo que ela estava estranha comigo, devia ter começado a desconfiar, mas eu não me importava com tanto que tudo acabasse logo.

–Então ela te mandou no hotel pra dar o recado. A pessoa com quem Grace ia se encontrar era ela?

–Eu pensei que sim, mas agora o meu maior medo é de estar enganada.

–Explique isso melhor. - Esposito pediu

–Bom, é que quando eu falei com a Allyson sobre o encontro do Peter e da Grace no hotel ela não falou nada sobre ir lá e mandar o recado, ela só disse que ia achar um jeito de resolver as coisas. E então no dia seguinte eu recebi um ligação, com uma voz retorcida dizendo que era ela, que estava mudando a voz pra não ser reconhecida caso alguma coisa desse errado e me apresentou a ideia do encontro. E só depois é que eu tive uma surpresa não muito agradável.

–Que surpresa? - Ryan perguntou

–Logo que a notícia da morte da Grace se espalhou eu liguei pra Allyson, apavorada e perguntei se ela tinha alguma coisa a ver com isso, e foi então que ela negou que tivesse conversado comigo na noite anterior.

–É natural que ela negasse, sabia que isso a tornaria a principal suspeita.

–Não acredito que esse seja o motivo, ela me pareceu realmente inocente.

–Como pode dizer isso da mulher que te pagou pra fingir lealdade à outra pessoa?

–Ela só fez isso pra proteger o filho.

–O filho ou a carreira? - Castle perguntou

Kristina olhou pra ele com uma expressão de surpresa, acho que não esperava um comentário como aquele.

–Tanto faz, eu não me importo. O fato é que alguém me ligou naquele dia, alguém me fez ir falar com a Grace e marcar aquele encontro, alquem que sabia do acordo entre a Allyson e eu . Eu quero descobrir quem é essa pessoa que pode ter me envolvido nesse assassinato.

–Mas nós ainda não descartamos a hipótese de que seja a Sra. Jones.

–Eu também não. Mas de qualquer jeito, mais alguém queria manter a Grace de boca fechada e eu acho que o mínimo que posso fazer é tentar descobrir quem é essa pessoa.

–Isso porque se sente culpada. - não disfarcei minha indiferença

–Sim, eu sinto. E não tenho problema nenhum em admitir isso. Olha, sei que devem pensar que eu sou um monstro por ter feito o que fiz, mas mentir não faz de mim uma assassina. Eu nunca quis que isso acabasse assim, mas a Grace não conseguiu ficar calada e uma coisa levou a outra.

–Talvez ela não tenha ficado calada porque se tratava da vida dela, do irmão dela. Um irmão que ela nem sonhava existir, fruto de uma traição e que mesmo assim, não fez com que ela o odiasse de alguma forma.

–Ok, pense o que quiser, Grace era uma ótima pessoa e não mereceu o fim que teve. Eu concordo! Mas o fato é que eu posso ajudar vocês a descobrir quem fez isso.

–Mesmo se for a Sra. Jones?

–Sim. - parou por um instante e pareceu pensar, mas continuou – É claro que se ela for a culpada vai querer me envolver, e é por isso que eu estou aqui, pra que vocês saibam que eu não tenho nada a ver com isso. Que o meu único erro foi mentir pra Grace, e depois fui enganada por alguém que também a queria quieta.

–Nós vemos as coisas de jeitos diferentes Srta. Coterra. - eu falei

–Eu já percebi. Mas vocês não tem nada que me ligue de fato a esse crime, tudo o que podem ter conseguido são os registros que comprovam o dinheiro que eu recebia. Mas como não sabem quem matou a Grace não podem dizer que foi a mesma pessoa.

Algo me diz que não fui só eu quem notou o quanto aquela mulher era segura do que dizia, muito mais do que aparentava no início.

Não era do meu costume confiar investigações a suspeitos, mas precisava admitir que ela estava certa afinal.

–Se eu concordar com isso, você concorda em repetir tudo o que nos contou em um interrogatório oficial?

–Concordo.

–Beckett, é arriscado! - Ryan falou

Eu olhei para ele.

–Eu sei que é, mas não vejo outro jeito de imediato.

–Tem certeza? - Esposito perguntou

–Tenho. Arrumem outra escuta e coloquem na roupa dela.

Eles assentiram e começaram a preparar o aparelho.

–Obrigada por aceitar minha ajuda detetive. - ela disse com um sorriso nos lábios.

Nunca pensei que alguém pudesse despertar tanta repulsa em mim em tão pouco tempo.

Eu adoraria ter respondido de um jeito diferente, mas tinha que continuar agindo com naturalidade, embora já desconfiasse que todos suspeitavam da minha real opinião sobre aquela mulher.

–Eu não chamaria assim, até porque como você mesma disse, é o mínimo que pode fazer.

Nada a fazia parar de sorrir, nem mesmo ainda ser considerada suspeita e isso me irritava ainda mais.

Como alguém poderia ser tão cínica?

Como podia achar que fazendo aquilo se livraria da culpa de alguma forma?

Eu me senti sufocada e decidi sair da van.

–Pessoal eu vou sair um pouco, preciso tomar ar. - avisei

–Você está bem? - Castle perguntou

–Claro. - falei enquanto abria a porta

Ele não acreditou, pois logo desceu atrás de mim.

–Você não está bem! - afirmou enquanto fechava a porta e dava alguns passos pela calçada para me alcançar

–Estou sim, não se preocupe, volte pra lá. Vocês ainda tem que resolver as mudanças no plano, agora que a Srta. Coterra faz parte dele.

–Ela não pode te ouvir.

–O que? - eu parei

–Eu disse que ela não pode te ouvir, por tanto você pode chamá-la pelo primeiro nome.

–Eu não quero, obrigada.

–Ei Beckett, o que você tem? - perguntou ao me segurar pelo braço pra que eu parasse

–Nada. Agora volte pra lá Castle.

–Eu não preciso, os rapazes vão dar todas as instruções necessárias, as quais eu já conheço muito bem. Agora eu quero saber de você.

–Não tem não tem nada pra saber.

–Então de onde veio essa história de sair pra tomar um ar? Você nunca foi disso!

–Quer mesmo saber?

–Quero!

–Ok, é ela quem me incomoda!

–Quem?

–Kristina!

–Por quê?

–Como porque? Não é possível que só eu tenha notado o quanto ela vêm mentindo pra nós.

–Eu também percebi mas nem por isso reagi desse jeito.

E não tinha motivos, afinal, o problema todo era comigo, desde o início havia sido comigo e essa minha característica gritante de sentir e não conseguir expressar, e quando acho que conseguiria, algo me proíbe de fazer.

–Você não entende, não é em você que ela tem causado inúmeras dúvidas.

–Que dúvidas?

Ele precisava saber.

–Primeiro o convite pra jantar, depois o falso beijo... Isso não te sugere nada?

Ele suspirou e me olhou, mas eu não vi raiva e nem mesmo um traço de irritação em seu rosto, parecia tão calmo e até mesmo emocionado.

Depois de alguns segundos de simples contato visual eu perguntei:

–O que foi? - minha voz também estava mais serena e tranquila, não tinha como ser diferente com ele me olhando daquele jeito

–É que só tem uma coisa que eu posso te dizer depois disso tudo.

–E o que é?

Ele olhou para trás e se certificou de que a van continuava fechada e que ninguém podia nos ver nem ouvir, a não ser as pessoas que passavam pela rua, mas elas não representavam nenhum risco.

Foi se aproximando lentamente, sem tirar os olhos dos meus.

O perfume dele me fascinou e tornou ainda mais difícil conseguir pronunciar qualquer palavra para que ele se afastasse para não levantar suspeitas. Se bem que não era realmente o que eu queria fazer no momento.

–Eu esperei um ano por você, um ano sem deixar de te amar nem mesmo por um segundo, até mesmo quando eu tentei. Então eu gostaria que você não acreditasse que eu seja idiota o bastante pra estragar tudo logo agora que eu finalmente estou com você, logo agora que eu estou feliz de um jeito que nunca estive antes. E eu não estou dizendo isso só porque aquela mulher dentro daquela van é suspeita de assassinato, isso é com certeza um ponto negativo, mas não muda em nada a minha opinião desde o começo Kate. Porque desde o começo eu tenho plena consciência de que nunca ia querer nada com ela nem com mulher nenhuma, que não seja você. E tudo isso por um único e simples motivo que eu posso repetir quantas vezes forem necessárias, e até mesmo quando não for: - chegou ainda mais perto – Porque eu te amo.

Eu não via mais nada a não ser aqueles lindos olhos azuis mirando dentro dos meus.

Todo o resto parecia de repente não importar mais.

Os carros, as pessoas, o barulho.

Tudo desapareceu enquanto ele me dizia aquilo.

Eu sabia que precisava falar algo, mas também sabia que não seria fácil.

Se aquilo fosse em outra ocasião, se não estivéssemos nos preparando para pegar um assassino poderia ser tão diferente.

De um jeito que combinasse mais com a noite maravilhosa que havia finalmente surgido.

–Eu...

–Shhhh... Não precisa dizer nada, só que você entendeu. Por quê você entendeu não é?

–Sim. - confirmei quase que em um sussurro, mas não me culpo, o momento havia sido muito importante e minha voz ainda estava presa em algum lugar junto com meu coração que agora batia descontroladamente

Controle-se Kate! Você não é mais uma adolescente, por quê está se sentindo assim?”

Mas logo ao fim desse pensamento eu já conhecia a resposta:

“Simples, porque o homem que eu amo acaba de fazer uma linda declaração para mim, o mesmo homem que teve vários motivos para desistir mas que mesmo assim continuou ao meu lado. É por isso que estou reagindo desse jeito.”

–Então suponho que agora esteja tudo bem e a gente possa voltar ao trabalho. - disse sorrindo

Não havia dúvida de que ele imaginava o quanto aquelas palavras tinham me afetado.

–Ah claro, tudo bem, podemos voltar. - disse após piscar algumas vezes e voltar a encarar tudo com mais precisão

–Está bem mesmo? - ele perguntou

–Pra você ter uma ideia, está tão bem que a minha vontade agora era de te beijar aqui mesmo. - eu falei

–Não me provoca...

Eu sorri e começamos a dar passos lentos em direção a van, mas antes mesmo de chagarmos mais perto a porta se abriu.

–Hey, está tudo pronto! - Esposito informou

–Ok, vamos nessa! - Castle disse

Eu não pude deixar de sorrir.

Entrei na van e fiz daquele trajeto que nem era tão longo, o meu momento de reflexão.

Viajei de volta àquelas palavras ditas única e exclusivamente para mim, àqueles sentimentos que já tinham sido expostos outras vezes, mas nunca daquele jeito.

Logo fui tomada pelo fato de que ainda tínhamos que encerrar o caso, que enfrentaríamos uma situação na qual era preciso muito cuidado e atenção, mas que mesmo assim as coisas estavam diferentes agora.

Mais seguras, pelo menos para mim.

Só faltava uma coisa, uma coisa que precisava ser dita, algo que eu tinha que falar, algo que eu estava esperando o tempo certo, o meu tempo.

Esse momento havia chegado, e quando tudo estivesse finalmente resolvido sobre a morte de Grace Adams, eu tomaria coragem, a mesma que foi minha tanta vezes e que em outras me abandonou, me impedindo de resolver tudo que estava pela metade, e teria uma conversa que ainda não sabia ao certo como seria, mas que agora mais do que nunca, precisava acontecer.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Me joguei na declaração *---*
Espero que gostem!
Reviews??



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