Tudo estava preparado. Absolutamente tudo. Todos os convidados na catedral, Harry parado igual um idiota no altar, nervoso e olhando para o relógio de cinco em cinco minutos. Rony e Gina tentavam acalmá-lo em vão. Ele estava ansioso, e aborrecido por não o deixarem ver Hermione antes de ir para a catedral.
Hermione estava dentro de um carro enfeitiçado igual aos carros do Ministério, porém este era mais elegante, preto com detalhes de prata, enorme. 
O vestido dela era longo, de uma alça só, prateado, e não havia véu. O buquê era de girassóis.  Ela estava tão ansiosa para ver Harry, para dizer “sim”… 
Finalmente, o carro chegou à catedral. Ela parou em frente às grandes portas de mármore, concertando a postura, seu pai ao lado, de braços dados com ela. As portas se abriram. Uma música envolvente começou a tocar, mas não era típica de casamentos, nem bruxa… Era uma música trouxa. 

She thinks I’m crazy

Judging by the faces that she’s making

And I think she’s pretty,

But pretty’s just part of the things she does that amaze me

She calls me sweetheart

I love it when she wakes me

When it stills dark

And she watches the sun

She’s the only one I have my eyes on

Hermione soube que a música fora escolhida por Harry, e o ritmo era incrível, a letra mais ainda… A letra era linda. Linda.  Ela entrava ao som daquela canção trouxa. Se esforçando para manter as lágrimas de alegria dentro dos olhos.
Ao chegar perto do altar, Harry se adianta, faz um reverência mínima ao Sr. Granger e aperta sua mão. Este sussurra para que o garoto cuide bem de sua garotinha. Um sussurro quase inaudível. Parecia-lhe improvável que a garotinha, sua garotinha, que ontem mesmo estava com aquela cara de extrema felicidade por se dirigir à Hogwarts, e tentar explicar aos pais, com pulinhos, como está ansiosa e como imagina ser o castelo, esteja agora uma mulher, uma adulta que já trabalha, já ama, já tem brilhos nos olhos de ver o homem que agora vai ser seu, planejando com ele ter filhos, ter uma casa, construir uma família… Apresentá-lo aos pais, falando sobre casamento. Parecia-lhe improvável que agora ela saíra de fato de suas mãos, que ele estava entregando-a para outro homem… Que em prestes ele seria avô. A garotinha criara asas. E estava levantando vôo. Doía. 
Então, ele foi para sua cadeira, sentar ao lado de sua mulher, que já chorava. 
Harry pegara a mão de Hermione e pressionara-a contra seus lábios, sem tirar os olhos dos olhos dela.
Dirigiram-se de braços dados até lá na frente, e assim que ergueram o olhar para o bruxo que estava realizando a cerimônia, a música abaixa, como se estivesse de fundo, quase inaudível. O homem fala, fala, fala. Rony acariciava os cabelos de Sophie, quando as lágrimas caíram em seu rosto. Dino abraçara Gina pela cintura no outro lado do altar, tentando tranqüilizá-la. Harry sorriu. 
-Harry James Potter, você aceita, na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, Hermione Jean Granger como sua esposa?
-Aceito. –Harry disse, sem hesitar. Tudo que mais queria era ela. Só ela. É como a música dizia: “Ela é a única que tenho em meus olhos”.
-Hermione Jean Granger, e você, aceita Harry Potter como seu esposo?
-Sim. –Ela disse. Estava ansiosa por aquele momento.
-Coloquem as alianças. –Disse o bruxo, e o Sr. e a Sra. Weasley entraram de braços dados na igreja, trazendo a caixinha prateada das alianças. Eram para ser Lilian e James Potter, mas como eles estão mortos, Harry escolheu os Weasleys para a missão, já que os considerava como pais. 
Eles entregaram a caixinha para Harry, que, trêmulo, as tirou a de Hermione de lá. Pegou a mão dela delicadamente, colocando a aliança.  Beijou sua mão. 
A garota pegou a aliança dele. Pegou a mão do moreno, e colocou a aliança. Os dois se encararam, sorridentes, por alguns segundos, antes de olharem hesitantes para o bruxo. Este riu.
-O noivo pode beijar a noiva. 
Harry queria que aquele momento fosse mágico. Hermione queria que fosse inesquecível. O moreno colocara os braços firmes e carinhosos na cintura dela, sem tirar os olhos de seu rosto. Muito lentamente, Hermione colocou seus braços na nuca dele, como se sua vida dependesse disso. Nada mais estava ao redor dos dois. Para Hermione, só existia Harry, e para ele, só existia Hermione. Ninguém para interromper. Atrapalhar. Aquele momento era deles, e de mais ninguém. 
Hermione desviou o olhar rapidamente para os lábios de Harry, e voltou a encarar os olhos verdes, enquanto eles se aproximavam lentamente, ao som da música que agora estava alta. Harry solta um sorriso tímido, de alívio, olha para os lábios de Hermione, depois para seu nariz, para seus cabelos, sua bochecha, e fixa o olhar em seus olhos… Tudo dele, absolutamente dele… Oficialmente dele. 
Ele fechou os olhos quando ficou próximo o suficiente para sentir a respiração ofegante da garota. Ela fez o mesmo. 
A letra da música penetrava no cérebro de Hermione como uma massagem. Era mais que perfeita para a ocasião, Harry caprichara. Ela fechou os olhos, e a única coisa que ouvia era a música, e a única coisa que sentia era Harry… Aqueles segundos pré-beijo estavam sendo os melhores de sua vida, de fato os melhores… 
Finalmente, os lábios se tocaram. As borboletas invadiram o estômago de Hermione descontroladas, e o alívio e a felicidade de Harry se espalhou nele como um tônico. Abraçou Hermione forte enquanto a beijava, um beijo que superara até mesmo o do jantar de Hogwarts, um beijo que transmitia o total amor que um sentia pelo outro. Não era um beijo comum. Era O beijo. 
Todos estavam de pé, todos aplaudiam… A incrível coincidência, era que, exatamente quando os lábios do casal se tocaram, a música mostrava a frase “Tell me that you love me, and it’ll be alright”.
Hermione interrompeu o beijo no momento em que um sorriso de orelha à orelha invadira sua boca. Por ela, continuaria aquele beijo por toda a eternidade. 
E no meio de aplausos e gritos, os dois foram para o meio da catedral, onde várias varinhas soltando flores e água se ergueram para que aquilo caísse no casal, sorridente e de mãos dadas. Os dois se beijaram levemente, encharcados até a alma. Enquanto o salão se arrumava sozinho para a festa e as pessoas se abraçavam e comentavam a cerimônia, Harry e Hermione subiram as escadas e cada um foi para uma porta, onde havia um quarto e um banheiro. Harry seguiu para a porta da direita, e Hermione, para a porta da esquerda, despedindo-se com um olhar silencioso.