Já se passara um mês desde a briga de Harry e Hermione. 

Apesar de trabalharem no Ministério, ele não se encontraram uma única vez. Não se viram, não se falaram…
Estava mais que na hora de um deles tomar providências. 

Harry estava sentado, debruçado na escrivaninha do quarto 15 do Caldeirão Furado, trabalhando num projeto de estratégia de defesa. Harry fora promovido para o 5º nível na seção de aurores e o trabalho estava mais pesado. Era tarde da noite, deviam ser onze e meia, horário que nenhum bruxo que tenha um emprego digno e sanidade mental não estaria acordado, a não ser pelo trabalho. 
Harry se afastou do pergaminho, encostando as costas na cadeira dura. Passou as mãos pelo cabelo, aquilo estava quase matando-o. 
Tinha acabado de pegar novamente a pena quando ouviu uma batida na janela e se assustou, borrando o pergaminho. Soltou um bufo de aborrecimento. 
Outra batida na janela. Quem seria? Silenciosamente, pegou sua varinha e se aproximou, mas tomando o cuidado de se manter fora do campo de visão de quem estava lá em baixo. 
Ao dar uma espiada, outra pedra voou até a janela, e quase acertou Harry. 
-Que di… ?
Porém, ao perceber quem estava abaixo, se calou. Não era possível. 
-Harry! Haaaaary! 
Pof. Outra pedra.
Hermione Granger se encontrava logo abaixo à janela do quarto 15, fazendo pedras levitarem para baterem na janela. Harry, querendo evitar que outra pedra acertasse o vidro, que estava prestes a se partir mais ainda, apareceu. Uma pedra particularmente grande que estava na metade do caminho caiu ao lado de Hermione com um baque surdo. 
Os dois se encararam por alguns segundos. 
Foi Hermione quem quebrou o silêncio:
-Será que… hum, podemos… Podemos conversar, Harry? – A garota gaguejou ainda mais ao dizer o nome do moreno. 
Harry fez um aceno discreto com a cabeça pedindo para ela esperar um pouco. Conjurou uma escada, o bar já estava fechado.
Minutos depois, uma Hermione ofegante estava parada ao lado da janela do quarto de Harry enquanto o garoto recolhia a escada. 
Quando a garota recuperou o fôlego e Harry guardara a escada, eles finalmente falaram outra vez. 
-Sente-se. – Falou Harry, formalmente, apontando a cadeira. Hermione obedeceu, e o garoto afastou alguns pergaminhos da cama para se sentar nela, de frente para Hermione.
A garota deu uma olhada rápida para os pergaminhos em cima da mesa e se virou para Harry:
-Não vou fazer hora, Harry. Nós dois sabemos bem a razão de eu ter vindo até aqui. 
-Sim, isso eu sei… Mas por que essa hora? – O moreno perguntou, franzinho o cenho. 
-Não queria enfrentar movimento nem visitas. – Explicou-se Hermione. Suspirou e falou, muito rápido, como se fosse agora ou nunca. – Harry, me desculpe. Sei que você só está comigo porque quer, sei que você não é o tipo de garoto que engana ou trai, ou que namora com alguém só por namorar… Sei que é normal você pensar em como seria se tudo tivesse sido diferente, eu também penso, mas o ciúmes me dominou, tive medo de te perder… Eu nunca senti algo parecido com o que senti, você é mais importante para mim do que eu pensava. Quando estou com você, eu… Bom, parece que as preocupações somem e que o mundo fica colorido… Que as coisas lindas ficam ainda mais lindas, e eu nunca senti algo nem parecido, parece que preciso de você, como se minha mente necessitasse da sua para pensar com clareza, que viver sem seus beijos diários é impossível… Harry, nem eu tinha noção de que te amava tanto, e foi agora que eu percebi! É incrível como a gente só percebe o quanto as pessoas são importantes na nossa vida apenas quando elas vão embora… Mas agora eu sei, e estou disposta a fazer de tudo pra te provar isso. Eu vim atrás, mas acho que você devia me procurar também. E eu estou com medo da sua reação. Adeus, Harry, quem sabe a gente se vê por aí. 
Dizendo isso, a garota desaparatou e deixou Harry colado na cama, incrédulo, mas totalmente feliz. Bastante aturdido e sem saber o que fazer a seguir, o moreno não agüentou. 
Sorriu.