Capítulo 9 – Baile de Inverno

Era o último dia de aulas, e por isso Teresa estava no ginásio a organizar tudo para o Baile de inverno de logo à noite. Maria, Liliana e Sara estavam com elas, já que elas também participavam na associação de organização de eventos da escola.

 -O que achas deste som, Té? – interrogou Carlos com o computador portátil na mão e colocando uma faixa de Justin Bieber a tocar.

Incrivelmente, Teresa gostou.

-Está bom. E desde quando Justin Bieber se tornou bom?

-Desde que decidiu crescer e ter voz grave – brincou Carlos.

Carlos era simpático com as amigas de Liliana, a sua namorada. Ele também era o mestre de tudo o que era tecnologia e ajudava-as sempre que elas precisavam. Uma vez a motherboard de Teresa tinha avariado e ela tinha ficado em pânico, mas Carlos foi muito calmamente a casa dela e conseguiu restaurar tudo, incluindo a motherboard que só profissionais conseguiam fazer aquele trabalho!

Teresa continuou a verificar tudo com as amigas.

-Teresa, preciso de mais cartões de memória – disse Lucas, apontando para a máquina fotográfica.

-Já não há?

-Há poucos. E hoje é uma noite importante para o jornal da escola.

Teresa suspirou.

-Vou falar com o diretor para ver o que se pode arranjar.

E lá foi ela falar com o diretor da escola que lá lhe conseguiu arranjar o dinheiro para mais dois cartões. Teresa foi a correr até ao centro da cidade comprar os cartões e voltou para a escola. Assim que deu os cartões a Lucas, foi para a aula de natação que tinha com Maria e depois foi para o instituto de Francês.

Chegou a casa eram nove e meia e o Baile já tinha começado. Vestiu-se rapidamente e a mãe foi levá-la ao Baile.

-Já sabes: á uma da manhã o Baile acaba, mas eu ainda tenho que ficar, por isso, que tal ás duas? – ela sugeriu à mãe  e ela assentiu.

Ela entrou no Baile e a primeira pessoa que ela viu foi Lucas com a sua máquina fotográfica. Tirava fotos entusiasticamente a casa pessoa que chegava, e ela não foi exceção.

-Outra vez sozinha? Nem acredito – disse Lucas, abanando com a cabeça.

-Ela não está – falou Carlos aparecendo ao lado dela como que por magia. – Vá lá, tira-nos uma foto.

Lucas disparou o flash e Carlos e Teresa mandaram o seu melhor sorriso.

-Obrigada, Carlos – disse ela e ele encaminhou-a para o centro da festa.

Teresa começou a dar a sua volta pelas coisas para ver se faltava alguma coisa quando notou uma mão atrás das suas costas.

-Mais uma vez causas desejo e inveja – a voz rouca e sedutora de Klaus falou com os lábios encostados ao seu ouvido, e Teresa tratou de se desenvencilhar dele.

-Muito obrigada pelo elogio – disse ela e olhou-o de cima a baixo. – Tu também estás… elegante.

Patrícia aproximou-se deles os dois.

-Boa noite – disse ela, manhosa, comendo-o com os olhos. – Patrícia, muito prazer.

-Klaus, sou o tutor de Teresa – Klaus falou cordialmente, apertando suavemente a mão que Patrícia lhe tinha estendido.

-Oh, britânico – disse ela e Maria e Sara apareceram em socorro de Teresa.

-Patrícia, precisamos da tua ajuda nas bebidas! – exclamou Sara e Maria apontou para o ponche que estava quase no fim.

-E é agora! – disse Maria e Patrícia revirou os olhos. Deitou um olhar de engate a Klaus que simplesmente sorriu e foi-se embora.

-Desculpa pela minha amiga. Ela consegue ser…

-Eu percebi – interrompeu Klaus e esticou-lhe a mão. – Dançamos?

-Para acabar como da outra vez? Não obrigada.

-Como queiras. E que tal dar uma volta?

-É dezembro, Klaus – Teresa revirou os olhos e petiscou um croquete de vegetais. – Queres que eu morra congelada?

-Posso aquecer-te.

Teresa riu nervosa.

-Isso és tu a namoriscar?

-Porquê? Não me digas que não estou a conseguir!

Ela suspirou teatralmente e olhou-o nos olhos, com o riso prestes a explodir dentro dela.

-Podes ser invencível, mas não és engraçado.

-O namorisco não consiste em ser divertido – ele falou e aproximou-se mais dela.

-Está a ficar muito quente aqui, não achas? Que tal ires embora e apareceres mais logo no meu quarto?

-E porque não conversamos aqui?

-Estão todos a olhar.

-Então vamos embora daqui.

-Faço parte da organização, não posso sair assim do nada.

-Tens mesmo a certeza? – indagou ele retoricamente. Teresa falhou uma batida e olhou em redor, mas ninguém que ela conhecia realmente estava ali. Parecia que todos tinham desaparecido.

-Bem… há a sala dos professores mesmo ao lado, mas…

-Perfeito – disse ele e pegou num braço dela bruscamente.

A eletricidade passou por entre eles e Klaus gostou da sensação. Teresa estava toda arrepiada com o contacto entre eles os dois, mas por outro lado também apreciava o que aquilo lhe trazia: desejo. E isso também a confundia porque ela nunca se tinha sentido assim com ninguém. Ninguém na sua escola a atraía o suficiente para se empenhar numa relação mais séria. Ela nem nunca tinha beijado na boca um homem!

 Klaus trancou a porta de maneira a ninguém poder entrar.

-Então vamos falar. Aqui e agora.

Teresa arrepiou-se toda e assim que ele largou o seu braço, abraçou-se com força e olhou para os seus sapatos que tinham um laço.

-Eu não te vou magoar, está bem? – disse Klaus, passando nervosamente a mão pelos seus cabelos. – Escusas de estar assim, está bem?

Teresa acenou com a cabeça, mas as suas pernas estavam bambas e a voz tinha desaparecido.

-Teresa, estás bem? – indagou ele, tentando tocar-lhe nos ombros nus, mas ela deu um passo atrás.

Ela estava confusa, aquilo tudo era novo para ela e por isso não sabia como reagir. Aquilo era diferente de tudo o que ela tinha experimentado, era algo fora do seu controle e ela não sabia o que fazer com coisas que saíam da sua rota de normalidade.

©AnaTheresaC