Me sentia incomoda no meio daquela escuridão que nunca acabava, poderia ter uma lâmpada? Ok, isso foi muito tosco e sem noção. É desconfortável você não poder se mover e nem enxergar nada e é mais agonizante ainda quando você escuta pessoas falando.

– Olá querida - a enfermeira Amy entrou no quarto.

Eu sei o nome dela porque ela conversa comigo. Isso me distraí um pouco, mais só um pouquinho.

– Vim trocar seus medicamentos - ela disse eu comecei a escutar barulho de carrinho, peças metálicas e bolsas.

– Você tem esperança dela um dia acordar? - ouvi a voz do Ryan, estava meio embaçada mais consegui entender.

Me senti feliz, por ouvir a voz dele. Aquilo era reconfortante, mesmo estando brigada com ele, sempre será meu melhor amigo.

– Ela se senti feliz com sua presença - Amy disse e meu coração começou a bater mais forte, sim ela tem razão, me sinto feliz.

– Como você sabe? - Ryan perguntou e eu sentia meu sangue se movimentar pelas minhas veias.

– Quando você entrou no quarto e ela sentiu sua presença, seu coração bateu dez vezes mais rápido e seu sangue está começando a bombear de um modo que parece que ela está correndo.

Mais eu estou correndo, estou correndo pra longe da escuridão.

– Entendi - Garoto mentiroso.

– Sua presença pode ajudar ela acordar sabia? - Amy disse e me sentia mais forte, parecia que eu tinha ganhado forças pra levantar um carro - Agora eu tenho que ir, fique a vontade - escutei a porta bater e passos vindos em minha direção.

– Megan? - Ryan perguntou pegando na minha mão, eu sentia seu calor passando pra mim, aquilo era bom, muito bom - É estranho conversar com uma pessoa que parece está dormindo - ele riu, queria rir também, mais a voz não saia.

– RYAN! - Chris entrou gritando no quarto e aquilo doeu meus ouvidos, em ato de repreensão apertei meus dedos, eu pensava que aquilo só eu sentiria em mim, mais eu consegui apertar a mão do Ryan.

– CALA BOCA! - Ryan disse assustado apertando minha mão.

– O que foi? - Chris perguntou e sua voz vinha um pouco distante de mim.

– M-megan - senti uma lágrima cair sobre minha testa. Ryan estava chorando?

– Oque tem ela? Ela tá bem? - a voz de Chris se aproximou e ele segurou na minha outra mão.

– Ela apertou minha mão quando você gritou - Ryan disse abobalhado.

– É sério? - Chris perguntou.

– Claro seu idiota, eu estaria brincando com um assunto desses? - Ryan parecia irritado agora.

– Vamos gritar quem sabe ela aperta de novo? - Chris perguntou. Um raio não cai duas vezes no mesmo lugar, mais meu amigo é burro e começou a gritar. Me fazendo assim apertar minhas duas mãos na minha imaginação.

– DE NOVO! - Ryan gritou alegre.

– Isso é macumba? - Chris parecia assustado.

Eu consegui apertar de novo?

– Não sei, mais nós dois sabemos que Megan odeia quando você grita e fecha sempre as mãos pra te bater - Ryan disse massageando minhas mãos.

Sentia lágrimas molhando meus braços. Esses dois babacas estão chorando?

– Nós somos tão sentimentais dude - Chris disse com a voz chorosa, senti seus corpos se encurvarem em cima de mim, eles estavam abraçados chorando? Isso é surreal, eu nunca vi esses garotos chorarem, nem quando eles quebram algum osso do corpo, oque é isso? Me amam.

– Porque os dois babacas estão chorando? - Chaz entrou no quarto, meu coração começou bater mais forte novamente e eu sentia meu sangue pulsar duas vezes mais.

– MEGAN APERTOU NOSSAS MÃOS! - Os dois babacas gritaram entre soluços.

– Vocês poderiam parar de gritar? - uma mulher disse, sua voz vinha longe mais eu escutei.

– Vocês estão falando sério? - Chaz perguntou, parecia assustado.

– SIM! - eles gritaram de novo.

Queria levantar dessa cama e matar os dois de porrada por estarem gritando.

– Parem de gritar - agora um homem disse.

– NÃO! - eles gritaram de novo, meu coração começou a bater mais forte de irritação.

– Saiam do quarto os dois! - o homem disse e eu escutei passos mais depois pararam.

– Pararam por quê? - o homem disse.

– ELA APERTOU NOSSAS MÃOS! - Chris gritou, apertei minha mão forte.

– ELA APERTOU A MÃO DELA! - Chaz gritou.

– Vocês precisam de calmantes - a mulher de antes disse e um silêncio dominou o quarto.

Odeio silêncio.

P.O.V Justin

Eu escutava gritos, muitos gritos. E adivinha quem estava gritando? Ryan, Chris e Chaz. Só podia ser esses babacas.

Depois daquele dia que eu fiz um escândalo no hospital, me trocaram de quarto. Eu estou dois quartos depois do da Megan, assim é mais reconfortante pra mim. Apesar de não poder sair de cama e ir vê-la.

– Que tédio - Cait reclamava pela segunda vez.

– Eu sei disso - bufei impaciente.

– Porque esses imbecis estão gritando? - Cait perguntou.

– Você vem pergunta isso pra mim? - perguntei a olhando incrédulo.

– Entrem logo - um segurança negro empurrou os três pra dentro do quarto. Estavam chorando igual criança que roubaram a bicicleta.

– Porque estão chorando seus babacas? - Caitlin batia neles.

– Sentem-se rapazes - uma mulher ruiva entrou no quarto, Amy. A minha enfermeira e de Megan.

– Porque estão chorando? - agora fui eu que perguntei.

– Nós - Chris disse soluçando.

– Sentimos Megan apertar nossas mãos - Ryan disse começando a chorar mais.

– E eu a vi apertar a mão dela - Chaz disse se derramando em choro.

– Tomem esse comprimido - Amy deu pra eles rindo baixo.

– Vocês o que? - perguntei assustado.

– Calma Justin! - Amy disse mais foi interrompida por um grito de Cait, a mesma iria sair correndo do quarto mais a porta estava trancada - Sente-se Caitlin e tome isso - Amy deu um comprimido pra ela também.

– Eu quero ver a Megan - disse tentando levantar mais Amy me impediu.

– Calminha vocês ai, Megan está bem e está progredindo no seu tratamento - Amy disse sorrindo.

– Porque estavam gritando? - perguntei olhando pros meninos.

– Megan apertou minha mão quando Chris entrou no quarto gritando - Ryan disse bebendo um pouco d’água.

– Ela odeia quando o Chris grita - Cait disse.

– Eu dei a ideia de começarmos a gritar, então ela apertou de novo. Ela sempre fecha a mão em punho quando eu grito - Chris disse dando de ombros.

– Então quando eles estavam descontrolados e gritando eu a vi apertar a mão dela - Chaz disse.

– Idiotas -bufei - Eu quero vê-la - olhei sério pra Amy.

– Agora você vai dormir e só sai dessa cama quando estiver pronto - Amy disse colocando alguma coisa numa bolsa qualquer do lado da minha cama, comecei a ficar zonzo e logo adormeci.

Uma semana depois…

Eu já tinha recebido alta e andava com a ajuda de uma muleta, eu não saia do hospital por nada. Acho que fui uma vez pra casa da minha mãe e depois voltei pro hospital, já virei até conhecido por aqui.

Harry, melhor-amigo-ficante de Megan veio visita-la hoje de manhã, confesso que fiquei com ciúmes. Mais não sei verdadeiramente oque eu senti naquele momento.

O relógio marca 15h01min, meu telefone começou a tocar e era Marrie, bufei e atendi.

Ligação on/

– Oi - disse sem ânimo.

– Jubs! - Marrie berrou do outro lado da linha.

– Oque foi? - perguntei franzindo o cenho.

– Você nunca mais veio me ver aqui em casa e na escola não fala comigo - ela disse com uma voz tristonha. E o foda-se? É oque eu queria falar mais me segurei.

– Estou sem tempo - respondi depois de pensar por um tempo.

– Ocupado com o que? Com aquela gorda que está em coma? - perguntou com a voz irritada.

– Ela não é gorda, não fale assim dela - disse sério.

– Tem razão, ela é uma obesa - Marrie disse rindo.

– Olha só Marrie, você não tem moral pra falar dela, você é só uma magrela sem bunda e peito, um lanche pra mim - desliguei na cara dela e encarei Chaz que ria.

Ligação off/

– Jubs? - ele gargalhava segurando sua barriga.

– Vai se foder dude - mostrei meu dedo educado pra ele.

– Vamos ver a Meg? - Chaz disse e eu assenti.

Andamos em silêncio até o quarto de Megan e eu abri a porta.

Não queria ter visto aquilo.

P.O.V Megan

Há algum tempo o quarto estava um silêncio perturbador, eu só escutava as máquinas apitando. Aquilo era irritante.

Escutei a porta abrir e se fechada logo depois uma risada sonora. Eu não conseguia falar pra perguntar quem era, não conseguia abrir os olhos pra ver a figura. Era uma estátua em cima da cama.

Um barulho de cinto sendo aberto e minutos depois escutei, senti um frio em minhas pernas e a roupa que eu usava ser levantada. A pessoa estava tirando minha roupa? Já está na hora do banho?

– Não culpo aquele cara - a voz do médico soou nos meus ouvidos e então eu encaixei os fatos.

Ele iria me estrupa.

No meio dos meus devaneios senti seu membro penetrar em minha intimidade com força, teria me movido se pudesse. Eu queria gritar, aquilo estava doendo, pior que todas a vezes que Gregue fez aquilo comigo. Eu sentia meu estomago revirar e vontade de vomitar. Meus órgãos se contrariavam dentro de mim, eu sentia que estava morrendo. Aquilo não era prazeroso, era doloroso.

A porta foi aberta e o medo de ser outro infeliz querendo abusar de mim tomou conta do meu corpo.

Eu sentia as lágrimas escorrendo sobre minhas bochechas.

P.O.V Chaz

Justin abriu a porta e eu não estava acreditando no que acontecia naquele quarto. O médico que cuidou o tempo todo de Megan (O Gostosão, como diz Caitlin) estava nu e cobria Megan.

Ele tinha mesmo feito aquilo com a minha irmã?

– Oque você está fazendo? - Justin disse furioso entrando no quarto, fiquei quieto e entrei atrás. Se eu falar algo eu mato esse infeliz.

O médico nos olhou assustado e colocou suas calças.

– Você estuprou minha irmã? - disse furioso e fechei minhas mãos em punhos.

– O que? - ele fez de desentendido - Não é nada disso que você está pensando - ele deu dois passos pra trás enquanto eu me aproximava.

– Não? - virei meu rosto um pouco pro lado - Então oque fazia nu? - perguntei pegando no seu pescoço.

– Bate por mim Chaz - Justin disse do meu lado furioso.

– Confesso - ele riu sínico - Sua irmã é uma gostosa em - dei um soco em sua bochecha e sangue saiu da sua boca.

– Ela é o que? - Justin se aproximou dele que estava caído no chão.

– Gostosa, não culpo o cara que estuprou ela - ele disse novamente rindo alto. Só percebi depois que Justin, que tinha largado a muleta, chutava o médico que gemia de dor.

– NUNCA MAIS FALE ASSIM DA MINHA IRMÃ, NUNCA MAIS TOQUE NELA - o puxei pela gola da blusa e fui até a janela.

– Sua irmã é uma puta de uma gostosa, babaca - não esperei que ele desse mais uma das suas risadas escrotas e o joguei da janela.

– OQUE VOCÊ FEZ CHAZ? - Justin gritou do meu lado.