Entramos no carro, e eu perguntei se era longe o lugar que estávamos indo, ele disse que era na entrada da cidade e certamente demoraria no mínimo uns 20 minutos, estávamos calados até que ele resolveu dar uma opinião:

– O que acha de ouvirmos música? – Ele disse ligando o som do carro.

Estava passando She Will Be Loved-Marron 5, não resisti e comecei a cantar o refrão:

I don’t mind spending everyday

Out on your corner in the pouring rain

Look for the girl with the broken smile

Ask her if she wants to stay a while

And she will be loved - ♪

Eu podia ver Harry me olhando, e inevitavelmente sorriu.

– Você gosta de cantar? - Ele se virou rapidamente para mim e logo depois voltou a olhar para frente.

– Na verdade, só no chuveiro. – Eu ri. - Para de fazer essa cara. - Disse ao perceber seus olhares.

– Desculpe, mas esta é a única que eu tenho. - Ele debochou.

– Você entendeu seu bobo, eu quero dizer que você está rindo de mim cantando só porque você é um cantor famoso e afinado, mas só lembrando que eu também tenho fãs, ok? - Disse o olhando e fazendo caretas.

– Ah, é mesmo? Quem são seus fãs? – Perguntou.

– Meus fãs são: meu sabonete, meus xampus, cremes, escovas de dente e etc. Eu sou famosa, viu? - Disse caçoando de mim mesma.

– Claro. - Ele afirmou rindo. - Estamos chegando.

– Uau! Nossa que lugar lindo, é muito perfeito! – Estávamos nos fundos de uma residência antiga. Havia um belo jardim. Um lago, onde gansos nadavam inocentemente. Árvores enormes faziam sombra onde o carro de Harry estava estacionado.  - Como você descobriu este lugar? - Disse impressionada.

– Eu amo esse lugar. Eu vinha aqui quando era criança, e estava chateado e queria ficar sozinho. Venha, eu quero te mostrar uma coisa.

Ele me guiou por uma trilha entre as árvores. No final da trilha havia uma casa na árvore. Subimos uma pequena escada com certas dificuldades e adentramos na casinha.

– Harry, eu não sei como começar a te pedir desculpas... Eu tenho feito muitas besteiras e reconheço todas elas. Eu realmente estou perdida. Eu disse que te odiava, te magoei e te ofendi diversas vezes, quero que você me perdoe de coração. – Disse sentando-me no chão daquela velha casinha, Harry me ouvia atento.

– Eu também te devo um pedido de desculpas, fui muito rude com você nas nossas brigas. Eu não procurei saber os seus motivos para justificar tais atitudes. - Ele respondeu olhando dentro dos meus olhos.

– Só não queria que você pensasse que eu sou apenas essa mulher fraca e perdida, porque acredite, eu não sou assim ou pelo menos não era… - completei cabisbaixa e segurando as lágrimas. – Quando o Logan me deixou, o mundo desabou sobre minha cabeça, era como se tudo tivesse perdido o sentido, afinal ele era minha vida, tínhamos planos juntos…

– Não fica assim, você vai superar. - Ele disse secando algumas das lágrimas que havia escapado dos meus olhos. – Venha, vamos andar um pouco por esses bosques, afinal estamos aqui para nos distrair. - ele disse indo em direção a estreita escada.

Andamos por alguns minutos observando a bela e tranquila paisagem do local.

– Harry... - Eu o chamei.

– Oi - ele respondeu rapidamente.

– Já que resolvemos nossos “assuntos pendentes”, que tal nos apresentarmos formalmente? Quer dizer, como se a gente estivesse se conhecendo agora. – Disse sorrindo parando em frente a ele. – Oi, meu nome é Jennifer Borges, tenho 24 anos, advogada e trabalho em um escritório. Brasileira, chata, teimosa, não sou nem um pouco engraçada, não sei cantar, nem dançar, sou uma péssima dona de casa e também não faço regimes e não me apego a coisas fúteis… Amo a natureza, viajar, ouvir musicas. E você?

– Ok, meu nome é Harry Edward Styles, tenho 18 anos, nasci nesta cidade, sou cantor, também não sei dançar, sou muito organizado, obviamente amo musica, sou ótimo em trotes e em malabarismos, e sim eu faço regimes.

– Regimes? - Perguntei em meio a risadas.

– Você acha que para manter esse corpinho é fácil? - Ele disse se gabando.

– Prazer Sr. Styles. – Estendi minha mão direita.

– O prazer é todo meu Srta. Borges. - Ele disse olhando dentro dos meus olhos enquanto pegava minha mão e a beijava.

Nos encaramos por uns segundos e em seguida caímos na gargalhada. Enquanto continuávamos a caminhada, Harry perguntou:

– Está com fome? Já está na hora do almoço.

– Não, mas quero usar o banheiro, será que podemos entrar na casa sem que tenhamos problemas? - O perguntei indo em direção a casa.

– Acho que sim, ninguém mora ai mesmo. - Ele afirmou ao chegarmos à porta.

– Mas como iremos entrar sem chaves? – disse e logo percebi que ele já não estava atrás de mim. – Aonde você vai? - disse seguindo Harry.

– Vamos entrar pelas janelas. – Ele respondeu com uma cara de uma criança sapeca.

– Harry, eu não tenho 15 anos mais, meu corpo já não aguenta essas travessuras. - Disse ao vê-lo olhando para cima e esquematizando como iríamos chegar até lá.

– Relaxa, vem eu te ajudo, se apoia em mim. - Ele disse se aproximando e me pedindo para subir em suas costas. - Pode confiar, eu sou muito forte. – completou fazendo pose de super homem.

– Ta, por favor, me segura mesmo hein? Não quero levar um tombo aqui… - Disse subindo em suas costas e depois pulando a janela. - E como você vai subir?

– Rapunzel, jogue suas tranças, eu vim salvá-la… - Ele disse enquanto subia e pulava a janela com uma facilidade incrível.

Ao entrar, eu fiquei admirada com tanta beleza, apesar de ser muito velha, a casa era magnífica.

– Esse lugar é muito bonito, como alguém pode desperdiçá-lo? -Perguntei sem entender o motivo dos donos da casa.

– Não fique com medo, mas dizem que aqui é “mal assombrado”, por isso ninguém se interessa em comprar. - Ele disse olhando nos meus olhos tentando me fazer medo, então resolvi pregar um peça nele. Eu comecei olhar os arredores da casa fiz uma cara de assustada e ele perguntou. - Esta com medo?

– Este lugar é assombrado? - Sussurrei olhando para trás dele. - Oh meu Deus ! O que é aquilo ali na frente Harry? - eu disse o empurrando até o fim de um longo e empoeirado corredor.

– O que foi? Você viu algo? - enquanto ele tentava descobrir o que acontecia, eu me escondi atrás de uma porta. – Não há nada lá, Jenni… Jenni? JENNIFER? - Ele começou a gritar ao perceber que eu havia sumido.

Sem fazer barulhos, eu me aproximei e apoiei minha mão gelada em seus ombros. Com o toque, ele estremeceu e gritou como uma garota. Ao ouvi-lo gritar daquela maneira, eu disse:

– Eu não resisti, eu tinha que fazer isso. Você tinha que ter visto a sua cara. - Gargalhei.

Ele fingiu estar bravo e me mostrou língua como uma criança.

Ao sair do banheiro, ele também entrou rapidamente, e então resolvemos ir embora.

– Harry, eu estava pensando em ir embora hoje de tarde para Londres, eu só preciso recuperar meu carro, mais uma vez. - Disse o olhando dirigir e ele desviou seu olhar para mim.

– Por quê? Não esta gostando do nosso passeio? – Ele me perguntou, sério.