– Espero que você não tenha marcado nada para esta noite, pois estará ocupadíssima... - Charlie disse exaltado.

– Eu havia marcado de sair com o Harry, mas... Se for importante, tudo bem, ele entenderá. - Disse sorrindo triste e pensando que teria que desmarcar nosso “primeiro” encontro verdadeiro.

– Vamos para sua sala. - Charlie disse e seguimos para minha sala. -Bom Jennifer, me desculpe por ter lhe recepcionado assim em plena segunda-feira. É porque acabo de falar com o Dr. Joseph, diretor da multinacional, há alguns dias eu venho lhe avisando que ele quer nossos serviços...

– Sim, eu me lembro. Por esse motivo contratamos Catarina... Para que eu conseguisse adquirir mais tempo para aceitar esse trabalho. - Disse séria.

– Exatamente, eles querem você amanhã à tarde em Nova York... - Charlie disse me olhando.

– Nova York? - Repeti incrédula.

– Sim, mas você ficará apenas três dias lá. - Charlie disse tentando me animar. - Seus processos estão impressos e em pastas, prontos para você estudá-los. - Ele informou apontando para as pastas em minha mesa. - Amanhã mesmo você irá apresentar as soluções do caso que você vai achar ainda hoje, devido à falta de tempo, suas passagens foram marcadas para amanhã às 8 horas.

– Tudo bem Charlie. - Disse e respirei fundo pensando em como Harry iria reagir ao saber que logo essa semana iríamos estar longe um do outro.

– Eu sei que você não está muito feliz em ir, mas pense no salto que você vai dar na sua carreira. Essa experiência será ótima para seu currículo! - Charlie disse olhando em meus olhos e seguiu em direção a porta.

– Charlie.

– Sim. - Ele respondeu retirando sua mão da maçaneta e me fitando.

– Obrigada. - Disse sorrindo de leve. - Eu não estou triste, quer dizer, é porque... Aconteceram algumas coisas... E eu gostaria muito de estar aqui em Londres essa semana por causa de uma pessoa...

– Pessoa?! Hum... É o Harry. - Charlie disse e eu sorri involuntariamente ao escutar o nome dele.

– Como você sabe? - Questionei intrigada.

– Jennifer, fala sério... Era evidente que vocês iriam ter algo algum dia, ninguém interpreta tão bem um relacionamento como vocês. - Charlie disse sorrindo. - Afinal, se fosse somente fingimento, eu te tirava do escritório e mandava para Hollywood, porque vamos combinar. - Ele brincou e ambos caímos em risadas.- Mas como foi quando vocês descobriram que se gostavam de verdade?

– Bom, resumindo tudo foi simplesmente por causa de ciúmes. - Disse sorrindo.

 - Só quero que você saiba que eu apoio o casal e desejo-lhes muitas felicidades! - Charlie disse e amigavelmente me abraçou. -Você merece...

– Obrigada, mas agora vamos ao trabalho, afinal eu tenho que adiantar o serviço do escritório para que nesses três dias não acumulem demais. - Disse e Charlie assentiu.

– Verdade, eu também estou cheio de trabalho. Até mais. - Charlie despediu-se e se retirou da minha sala.

Justifiquei-me com Catarina, afinal havia a deixado em casa sozinha. Ela gentilmente compreendeu e me fez companhia durante o café da tarde. O dia passou rapidamente, para o meu azar. Eu temia que Harry se chateasse comigo por não sair com ele como o prometido. Desliguei-me de meus pensamentos medonhos e segui para casa. Catarina havia ficado no escritório para trabalhar até mais tarde, portanto estaria sozinha em casa. Ao estacionar meu carro, senti meu celular vibrar em meu bolso. Terminei de abrir a porta de casa e me lancei ao sofá. Peguei meu celular e vi uma nova mensagem.

“Olá amor, desculpe-me te chamar assim, não sei se você gosta, mas... Não paro de pensar em você, estou ansioso para te encontrar... Que horas posso ir te buscar? xoxo Harry"

Como iria explicá-lo que eu não poderia ir? Que no nosso primeiro encontro como namorados de verdade, eu iria trocá-lo pelo meu trabalho? Assim como ele, eu estava ansiosa para vê-lo. Tudo que eu mais queria era ficar com ele esta noite, mas teria que preparar todo o material para apresentar amanhã e ainda tinha minha mala para arrumar... Sim, eu estava perdida... Sem saber como agir, apenas respondi a mensagem receosa.

“Olá Hazz, eu amei você ter me chamado de amor... Você também não saiu da minha cabeça, nem por um segundo... Você pode passar mais tarde aqui em casa? Espero que tenha tido um ótimo dia... xoxo, seu amor Jenni"

Levantei-me depressa, tomei um banho demorado e coloquei uma camisola. Organizei minha mala e comecei a preparar os processos. Lia e relia uma única página diversas vezes. A minha ansiedade de acabar o serviço rapidamente para consegui sair com Harry era frustrante, pois não conseguia me concentrar e muito menos entender o que eu estava lendo.

Eram aproximadamente 19 horas. Um estranho nervosismo insistia em me perturbar. Harry chegaria a qualquer momento e eu teria que explicá-lo que eu não iria com ele. Prossegui com o meu trabalho por breves minutos e fui interrompida pela campainha. Respirei fundo e fui atender a porta.

– Olá. Essas flores são para você! - Harry disse sorridente e eu o fitei admirada, ele usava um lindo blazer e segurava belíssimas rosas vermelhas.

– Oi, você está lindo. - Disse lhe dando um selinho. - Obrigada, são lindas...

– Obrigado, mas... Você não está pronta? Vocês mulheres... - Ele disse sentando no sofá. - Vá se arrumar, eu fiz uma reserva em um restaurante incrível... E estava pensando se amanhã poderíamos ir ao...

– Então Harry, eu não vou poder sair com você hoje e nem amanhã... - O interrompi e ele me fitou confuso.

– Por quê? Você prometeu que iria... - Harry indagou triste.

– Sim, mas eu preciso estudar alguns processos, eu tenho uma reunião importante amanhã... - Disse e suspirei. - Em Nova York.

– Nova York?! Você vai para Nova York?! – Harry disse exaltado.

– Calma Hazz, são apenas três dias. E é uma proposta irrecusável de trabalho, eu não posso perder. - Disse cabisbaixa. - É importante para mim...

– Tudo bem, é a sua carreira... - Harry disse derrotado e eu o olhei.

– Não quero que fique triste comigo. - Disse indo até ele e o abraçando fortemente.

– Nem se você quisesse eu conseguiria. - Harry disse segurando meu rosto e meu coração acelerou.

– Mas, mudando de assunto. Eu amei a forma que você me chamou na mensagem. Pode repetir?! - Disse sorrindo tímida.

– Amor, amor, meu amor... - Harry disse sorrindo lindamente e por um segundo esqueci como se respirava. - Esses próximos três dias serão lentos e entediantes.

– Hazz... Não diz isso, pensa que vai passar rápido. - Disse tentando animá-lo.

– Que horas você irá viajar? Posso te levar ao aeroporto? - Harry se ofereceu sorrindo torto.

– Claro, mas agora tenho que voltar a estudar... - Disse e Harry desviou o olhar. - Se você quiser sair com seus amigos, tudo bem...

– Não quero ir a lugar algum sem você. Posso ficar aqui? Prometo ficar caladinho. - Ele fez biquinho. - Quero ficar pelo menos te observando.

– Tem como dizer não a essa carinha de anjo? - Sorri e lhe beijei.

[...]

Harry me fitava admirado enquanto eu tentava concluir meu trabalho. O tempo passou rápido e ele adormeceu no sofá. Eu o fitava encantada.

– Boa noite! - Catarina disse sorrindo ao entrar na minha casa.

– Boa noite, tudo bem? - Disse sorrindo fraco.

– Estou cansada, mas estou bem. - Catarina disse e olhou Harry no sofá. - Acho que não sou só eu quem estou.

– É. - Disse rindo baixo e Catarina me acompanhou. - Uma pena eu não ter forças para carregá-lo até a cama...

– Acho melhor você cobri-lo e ir descansar, amanhã você acorda cedo. - Catarina aconselhou-me.

– Verdade, já está tarde. - Concordei e fomos em direção aos nossos quartos.

Catarina se recolheu e eu peguei um edredom e travesseiros para Harry. O encobri e fui me deitar. Logo peguei no sono. Acordei 6 horas e senti os braços de Harry sobre minha cintura. Ele dormia como um anjo e meu coração apertou ao pensar que teria que deixar aquele anjo; meu anjo. Tentei levantar-me sem o acordar, mas foi inútil.

– Bom dia. - Disse lhe dando um selinho demorado.

– Bom dia para você também. – Harry disse sonolento. - Eu acordei no meio da madrugada e pensei em ir embora, ai eu vim me despedir de você e não resisti. Deitei-me ao seu lado e dormi, tudo bem?

– Tudo, eu detesto dormir sozinha. - Disse me levantando e Harry se espreguiçou na cama.

Fui ao banheiro e tomei um banho rápido. Vesti-me e fui terminar de organizar meus objetos pessoais.

– Anjo, eu tenho pouco tempo para ir. Pode se arrumar rápido? - Perguntei educadamente ao ver Harry ainda deitado.

– Se eu te suplicar para não ir, vai adiantar alguma coisa? - Ele disse se levantando e pegando seus sapatos.

– Infelizmente não. - Disse e Harry terminou de calçar seus sapatos.

Despedi-me de Catarina e coloquei as minhas malas no carro de Harry. Eu e Harry tomamos café em uma lanchonete e logo seguimos para o aeroporto. Estávamos na fila do check in. Harry me abraçava e cochichava algumas coisas no meu ouvido que me faziam sorrir. De repente uma voz familiar nos surpreendeu.

– Olá Jenni, você acredita que o Dr. Joseph me ligou e suplicou para que eu lhe acompanhasse? - Charlie disse sorrindo e carregando várias malas. - Eles perderam um de seus advogados para uma empresa concorrente e propuseram que eu os ajudasse temporariamente.

– Que ótimo Charlie! - Disse animada e Harry me soltou.

– Que legal Charlie, você e a Jenni vão passar 3 dias em Nova York “juntos”... - Harry disse sarcástico.

– Pois é, eu já estive lá algumas vezes e posso até levá-la para conhecer alguns lugares. - Charlie disse ingênuo.

– Ideia maravilhosa! - Harry disse irônico pegando seu celular e discando um número rapidamente. - Me deem um minuto.