- Você gosta de Peeta? Quer dizer, depois de tudo que ele fez, quando não estava, você sabe, quando ele não estava curado, você acha ele legal? – Não sabia como perguntar se ela achava ele um bom marido para mim, mas ela tinha entendido. Ela ficou pensando um tempo e eu esperava a resposta.

- Katniss eu quero que você entenda uma coisa. Eu não  sou a melhor mãe do mundo, mas eu quero te proteger. Então as vezes fico pensando que ele pode ter alguma lembrança talvez e te machucar. Não quero que você sofra mais do que você já sofreu nessa vida.

- Gale? – Foi uma única palavra mas ela sabia o que significava.

- Sempre gostei muito dele. Antes de tudo acontecer, imaginava você casada com ele – ela parou por um instante. – Mas se você ama Peeta, é com ele que você deve ficar!

- Obrigada! Você não sabe como é bom ouvir essas palavras de você! – Dei mais um abraço nela. – Que horas são?

- Onze horas, daqui a pouco é melhor a gente ir.

- Você também vai no almoço?

- Vou sim – ela afirmou.

- Que estranho. Você sabe o assuntou desse almoço, por que não é um almoço só para almoçar não é mesmo?!

- É... quem me chamou foi a Paylor. Não sei mais quem ela chamou.

Resolvi deixar isso quieto. Vou descobri daqui a pouco tempo. Eu e minha mãe esperamos na sala.

- Vamos?! – Peeta surgiu depois de dez minutos.

Levantamos e saímos do nosso andar. Lá em baixo, havia dois carros. Indicaram para que a gente entrasse no primeiro. Lá dentro, Haymitch já esperava no banco da frente.

Enquanto íamos para o restaurante, resolvi observar a cidade. Não estava muito diferente. As construções estavam a mesma coisa. O que mudava eram as pessoas. Suas peles continuavam tingidas, seus cabelos estavam de diferentes cores e suas roupas mais exageradas do que nunca.

O que estava diferente era a forma de agir. Agora eles se cumprimentavam na rua. Pareciam que elas estavam menos individualistas. Era o que parecia. Mas eu continuava odiando todos eles.

Chegamos no restaurante. Tinha uma mesa reservada para doze pessoas. Paylor e Plutarch já nos aguardavam.

- Ótimo. Vamos esperar que os outros já estão chegando.

Em menos de vinte minutos, “os outros” chegaram. Eles eram Johanna, Gale, Annie, Beetee e Enobaria.

- Temos um assunto muito sério para a gente conversar. – Paylor começou mas foi interrompida por Annie.

- Então por que um lugar tão cheio?

- Para evitar suspeitas. – Plutarch explicava. – Ultimamente existem pessoas que estão seguindo vocês. Aqui tem barulho, não da para escutar.

- E por que eu estou aqui? – Minha mãe perguntou.

- Para parecer um almoço comum.

- Precisamos falar sobre a idéia de Coin – Paylor continuava seriamente. – Sobre os Jogos. Tivemos quatro votos sim, contra três não.

Almoçamos debatendo sobre a 76ª Edição dos Jogos Vorazes. Peeta não mudava de idéia. Ele achava ridículo tudo isso. Eu não. Queria que a Capital provasse de seu próprio veneno.

- Katniss, o que você acha? – Perguntava Plutarch.

- Ãh?! – Estava perdida.

- O que você acha que devemos fazer na colheita?

- Acho que quanto mais influência o pai do jovem tiver, mais vezes o nome dele ou dela vai estar lá.

- Boa idéia. – falou Beetee que mesmo não apoiando outra edição dos Jogos queria que essa reunião acabasse logo. – Mas quantos tributos?

- Isso é uma ótima pergunta que cabe a Presidenta responder.

- Bom, acho que como alguns de vocês não queriam os jogos, acho que doze tributos é o suficiente.

- Mas a Capital é enorme – Enobaria exclamou.

- Vinte tributos – sugeriu Johanna. Eu, Enobaria, Haymitch, Plutarch e Gale concordamos.

- Desculpa me intrometer – minha mãe falava. – Sei que não tenho muito poder em relação a essa conversa mas acho que devia ter uma exceção.

- Como assim? – Era a primeira vez que Peeta falava desde que começamos esse assunto.

- É por que na minha opinião algumas pessoas da Capital não deviam sofrer TAANTO. Os patrocinadores por exemplo. É só por causa deles que vocês estão aqui hoje. Acho que uma mão lava a outra.

- Eu acho – Haymitch parecia estar sóbrio, então paramos para escutar – que o nome dos filhos dos patrocinadores deve estar na colheita, mas não tantas vezes.

- Precisamos de números – falava Gale. – Quantas vezes cada situação vai estar. Acho que esse é um assunto que vai precisar de uma outra reunião.

- Tá legal. Para uma próxima reunião eu e a Presidenta vamos fazer uma lista dos Patrocinadores e dos jovens que vão para a colheita. Próximo mês, quanto Katniss e Peeta voltarem para a Capital podemos nos encontrar e resolvemos o que for possível...

- Para acabar de uma vez com isso – Peeta cortou Plutarch.

O resto do almoço se resumiu em conversas paralelas. Johanna continuava com o mesmo jeito dela, meio irônico, ela continuava de mal com a vida. Eu tentava não olhar muito para Enobaria porque ela me trazia lembranças horríveis. Annie e minha mãe falavam sobre Flin, afinal de contas, as duas que criavam o menino. Plutarch, Gale e Paylor estavam falando sobre motivos políticos, e alguma coisa sobre registro mas eu não tava nem um pouco interessada. Algumas vezes trocava uma palavra com Peeta ou Gale, mas eram poucas.

Eu estava faminta. Eu agora entendia por que era considerado o melhor restaurante da cidade. Eu nunca tinha comido um cozido de carneiro tão bom quanto esse.

Plutarch foi o primeiro a ir embora. Eu não estava me sentindo bem. Estava com um desconforto abdominal que não passava.

- Amor podemos ir embora? – Falei no ouvido de Peeta.

- Acho que a gente já vai. – Peeta falou e levantamos da mesa.

- Tá tudo bem filha? – Minha mãe me conhecia, mas tinha que mentir para ela.

- Tá sim... Haymitch você vai ficar?

- Pode deixar que depois eu levo ele Catnip...

- Então ta...

Eu e Peeta fomos direto para o Antigo Centro de Treinamento.

- Peeta você está chateado com o negócio dos Jogos?

- Eu só não acho justo, mas isso não tem importânica... Por favor, não vamos falar sobre isso.

- Tudo bem... – Era melhor mesmo. Eu votei sim e não me arrependia! – O que você quer fazer?

- Eu lembro, que um tempo atrás, uma certa senhorita, deixou eu congelar uma cena... – ele me pegou no colo e estava me levando em direção ao terraço.

- E viver nela para sempre...

 - Então, até onde eu me lembro, essa cena, foi congelada aqui. – Ele abriu a porta do terraço.Ele me colocou no chão e consegui ver o que tinha lá dentro.