Ao Bater Da Meia-Noite escrita por Gigua


Capítulo 2
Capítulo 1




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Aquela noite estava sendo pacatamente chata, igual a todas as outras. Agora que a paz voltara a reinar em Mystic Falls, não havia muitas coisas disponíveis para que um jovem e belo vampiro pudesse aproveitar. Só me restava ficava aqui, no bar, vendo minha vida passar enquanto os outros iam e vinham até mim, pensando no quanto suas vidas são chatas e sem sentido.

Eu tenho que esquecer aquela maldita cidade, pensei. Nada lá me interessa! Eu tenho que seguir em frente e deixar meu passado para trás.

— Gostaria de mais alguma coisa? — Uma bela garçonete me perguntou, se aproximando cada vez mais. — Outra rodada de uísque, talvez?

— Com certeza — Eu disse, erguendo meu copo para que ela pudesse despejar mais daquele líquido dos deuses. — Minha meta é sair daqui completamente bêbado, na companhia de uma bela dama.

Dei uma piscadela, sorrindo ligeiramente.

Ela deu um risinho tímido, mas foi o suficiente para que eu pudesse ver seus dentes tão brancos quanto a lua.

— Se importa se eu perguntar seu nome?

— Nem um pouco. É D... — Pausei, pensando melhor. — Stefan. Stefan Salvatore, ao seu dispor.

— Salvatore? Que sobrenome diferente. Eu nunca te vi por aqui antes; está viajando? Ou está só de passagem?

Inclinei-me por cima do balcão para que pudesse ficar mais próximo dela. Pude ver em seu peito um pequeno crachá com um nome, mas minha visão já estava bem turva para que eu pudesse enxergar alguma coisa direito.

— Diferente? — Eu perguntei com ar de surpreso. — Por que acha isso?

— É que aqui o pessoal possui sobrenomes simples, como Smith ou Williams. O que significa?

— Significa salvador. É italiano.

Quanto ela estava prestes a fazer outra pergunta, outro cliente a chamou, berrando para ser atendido. Sem se importar com a falta de educação do homem, ela pegou um pequeno copo e lhe serviu uma boa dose, indo atender a novos clientes que não paravam de entrar pela porta.

Apesar de eu estar no meio do nada, aquele pub era bem popular. Possuía uma aparência antiga, com mesas espalhadas aqui e ali, simples e acomodativas. O piso de madeira dava um ar de antiguidade ao local e as paredes rochosas só completavam o pacote.

Atrás do balcão, na parede, havia várias fotos e prêmios conquistados durante os anos. Apesar de estar com a vista meio embaçada, pude ver que vários famosos já haviam passado por aqui, talvez pedindo para usarem o telefone para que pudessem sair o mais rápido possível daquela espelunca. Os prêmios, por outro lado, já eram coisas mais simples: havia a medalha de Melhor Bebedeira, o troféu para Maior Tempo Mergulhado em Cerveja e, até, algo que parecia ser um broche para aquele que conseguisse beber sem entrar em coma alcoólico.

Interessante, pensei. É uma pena eu não ter descoberto esse bar um pouco antes. Com certeza eu me divertiria bastante.

— Então, o que estávamos falando?

Saí de meus devaneios quando percebi que a garçonete voltara, olhando para mim com um olhar de interesse.

— Nada de mais... — Eu disse, querendo mudar de assunto. — Mas me diga: o que uma garota como você está fazendo num lugar como este?

— Estou trabalhando para poder pagar uma faculdade e, assim, me mandar daqui.

— Você nunca saiu daqui? Quero dizer, nunca viajou nem nada?

— Nunca. Meu sonho sempre foi ver o mundo, mas ainda não tive oportunidade de realizá-lo.

Ela se encolheu um pouco, fingindo estar limpando o balcão.

— Gostaria de realizá-lo agora?

Ela deu um pulo, assustada demais para poder falar alguma coisa.

— Estou indo para o mais longe possível daqui, querendo esquecer os problemas — Eu disse. — Gostaria de se juntar a mim?

Ela ainda estava sem reação.

Olhando fixamente para ela, eu disse baixinho:

Você vai dizer sim à minha proposta. Vai abandonar tudo que conhece aqui e me seguirá. Iremos nos divertir bastante e você vai conhecer coisas que jamais pensou em conhecer.

Voltei a sentar no meu banquinho de madeira, esperando que o olhar atordoado dela sumisse de vez. Demorou um pouco mais do que eu esperava, mas logo estava dizendo em alto e bom som:

— Ah, quer saber? Eu topo!

— Ótimo.

— Ei, Steven! EU ME DEMITO!

— O quê? — Alguém, provavelmente Steven, disse. — Você não pode fazer isso!

— Não só posso como já fiz. Estou caindo fora.

Ela pulou por cima do balcão, e então pude ver que suas coxas eram bem torneadas, o que ficava mais em foco com o bronzeado artificial. Assim que ela ficou ao meu lado, pude ver que seus cabelos eram loiros e caíam em cascata até o meio das costas.

Ao tirar o pequeno avental que lhe cobria o colo, percebi que ela usava uma camiseta regata branca e uma minissaia jeans e vi que havia feito uma ótima escolha para passar o tempo.

— Vamos nessa, Stefan?

— Com certeza, querida.

Estávamos indo à porta quando um cara alto, forte e moreno barrou a entrada. Seu olhar fuzilador poderia assustar qualquer um, mas eu já havia visto coisas piores. Com a têmpora pulsando, ele disse:

— Aonde é que você pensa que vai, sua idiotinha?

— Já disse, eu estou indo embora.

— Você não vai nada! Eu te proíbo!

Eu intervi.

— Olha, cara, a moça aqui já é grande o bastante para saber o que quer.

— Escuta aqui, cara, você não sabe nada sobre ela. Ela tem somente dezessete anos, pelo amor de Deus! Meu pai me mata se alguma coisa acontecer com ela.

Ele deve ser o irmão dela, pensei. Bem, é uma pena ele ter que morrer; ele poderia ter um futuro tão promissor.

Chegando um pouco mais perto, sentindo o cheiro de colônia barata, eu sussurrei:

— Steven, não é? Se eu fosse você, sairia da frente e deixaria a gente passar. Se você sabe o que é bom para você, é melhor fazer isso.

Sem se intimidar, ele foi para cima de mim, me empurrando em direção a uma das mesas vazias do pub.

Eu dei um risinho irônico e me levantei calmamente, olhando com atenção a minha jaqueta de couro, à procura de algum tipo de sujeira ou rasgo.

— Ai, ai... — Lamentei. — Você vai se arrepender muito por ter feito isso.

Sem que eu percebesse, as pessoas começaram a sair pelos fundos, pois sabiam que algo ruim estava prestes a acontecer ali. Quando eu percebi, somente alguns caras ainda sobraram no bar, fazendo apostas sobre quem desistiria primeiro.

Não dando a mínima para eles, eu parti para cima de Steven. Seu olhar de espanto só meu deu mais prazer, pois era maravilhoso ver a presa com medo de seu predador. Só que eu não estava ali para me alimentar. Apesar de ansiar muito por isso, eu não iria sucumbir. Eu iria ser uma pessoa melhor... Por ela.

Mas ela não te quis, uma voz disse dentro de minha cabeça. Você não passa de uma segunda opção. Foi assim com a Katherine, não se lembra?

Ignorando tais pensamentos, eu abri minha boca e mostrei meus dentes. Já que eu não ia me alimentar mesmo, que mal faria destroçar um humano? Eu só sairia ganhando com isso, mesmo.

Empurrando Steven contra uma parede, eu comecei quebrar-lhe alguns ossos. Primeiro os do braço direito, onde foi possível ouvir claramente os cracks enquanto cada osso, por menor que fosse, se quebrava em milhares de pedacinhos.

A expressão de Steven era de pura dor.

Apesar de estar com a boca livre para gritar bem alto, ele não fez isso. Ele aguentou firme o tempo todo, sem se rebaixar à humilhação.

— Para com isso, Stefan — A garçonete disse. — Deixa o Steven em paz!

— Amy, vai para casa agora! — Steven disse, segurando um grito. — Vai e não olhe para trás.

— Faça o que ele está dizendo, Amy — Eu disse com escárnio. — Ele deve saber o que é melhor para você.

Mas ela não se moveu.

Seu idiota, ela está compelida, pensei. Ela só vai se mover quando você sair por aquela porta!

Soltei Steven, deixando-o cair no chão, completamente desnorteado. Voltei minha atenção à Amy e disse:

— Mudei de ideia: você vai continuar aqui, nessa pacata e entediante cidade. Vai viver sua vida e vai esquecer que um dia me conheceu.

Não me dei ao trabalho de fazer o mesmo com os telespectadores. Mesmo se eles contassem para alguém, quem acreditaria? Uma pessoa conseguindo quebrar o braço da outra com facilidade? Que história de pescador, não?

Também não teria que me preocupar com Steven. Ele estará tão confuso quando acordar que nem deverá se lembrar do que o atingiu noite passada.

Pisando por cima dos destroços de algumas mesas, eu saí pela porta da frente, indo em direção à estrada, pronto para ir embora.

Houve uma salva de palmas atrás de mim.

Tão rápido quanto um relâmpago, eu me virei, querendo encarar a pessoa que havia perdido a noção do perigo ao vir tirar sarro de mim.

— Você fez um belo espetáculo lá dentro, sabia? — Ele disse. — Mas devo admitir que você foi muito desleixado, caso tenha deixado temunhas, Damon.

— O que você quer, Stefan? — Eu rugi. — Por que não está com sua amada numa hora dessas? Pensei que já estariam marcando o dia do casamento. Afinal, os pombinhos não veem a hora de ficarem juntos, não é mesmo? Para poderem viver o famoso “felizes para sempre”?

— Estou aqui exatamente por causa dela — Ele disse, receoso.

— E o que faz você pensar que eu queira saber algo sobre a Elena?

— Porque eu sei que você ainda a ama muito e está chateado — Stefan disse calmamente. — E ambos sabemos que você tende a fazer burrices quando está neste estado.

— Não me provoque.

— Não, não vim fazer isso.

— O que você quer, então?

— Já disse, vim falar sobre a Elena — Ele disse, olhando para o chão. — Ela está morta, Damon. E eu preciso de sua ajuda!


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