Ayesha Loveless escrita por Lua


Capítulo 27
Capítulo 24 Meu amor, meu cocô




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Ele deve ser uma caneta. Daquela estourada e que mancha a mão e todo o caderno! Rabisca toda a minha vida até não se aguentar mais, então estoura, deixando marca na folha de minha vida e também manchando a própria, se arrependendo de ter rabiscado com tanta força.

Sabe por quê?

Ele me fez ser apaixonada pelo o primo gêmeo dele, me fez cair num lago, derreteu meus miolos pela simples aproximação dele. E eu, pelo jeito, fiz ele matar alguém.

“E cadê a parte que ele se arrepende, titia Ayê?”

Ele sumiu.

Já faz uma semana que as aulas voltaram e o Sun não colocou um fio de cabelo dentro da escola.

— Reddon, cadê a peste do Sol? – perguntei, puxando o vermelhinho pelas raízes do cabelo que já não estavam mais tingidas.

— Eu ainda não sei. – ele se solta. – Ai, cara.

Como o primo desaparece e ele fica tão “foda-se” assim? A mãe do Reddon não tava perguntando pelo sobrinho, não? A Jarelly pensou a mesma coisa e perguntou em alto e bom som, por que essa situação estava realmente estranha. Mas o Reddon respondeu que a mãe dele achava que o Sun tava indo pra escola tudo certinho por que o Red cobria o primo.

— Cara, sabe o que eu acho? – Daniels se manifestou. – Deve esta enchendo a cara.

***

Não sei como não pensei nisso antes. O Metal Otaku Bar ficava lá perto de casa e sempre gente doida passava por lá só pra ir nesse lugar. Só fui lá duas vezes, aquela quando o Potter acabara de chegar na escola e uma com a Jarelly e ficamos tão bêbadas que eu pelo jeito acabei dando para um vampiro (é, longa história).

Assim que cheguei da escola, fui direto pro bar para roqueiros nerds safados. Chegando lá encontrei só um casal lésbico se comendo em um canto e o barman naquela típica posição que sempre os personagens de filmes e seriados encontram quando entram em um bar: limpando o interior de algum copo com um pano branco. Chego perto do barman que joga o pano sobre um dos ombros e pousa o copo sobre a bancada.

— Deseja alguma coisa, lindinha?

— Por acaso algum garoto da minha idade apareceu aqui... provavelmente a semana inteira? – perguntei com os olhos brilhando por esperança.

— Banheiro. Faz uns 20 minutos que ele foi vomitar pela vigésima vez. – ele se aproximou e sussurrou com o hálito de menta no meu rosto. – Se for esse garoto que você ta procurando, saiba que foi 4 dias seguidos bebendo sem parar. – ele chegou mais perto. – Você por acaso deu um pé na bunda nele?

Não respondi e me dirigi ao banheiro que ele tinha me indicado a pouco. O banheiro era relativamente pequeno, mas o que mais me deixou de cara (e com vontade de vomitar) era que em um dos dois vasos sanitários do local, tinha um Ri Happy com a cara enfiada dentro de algo que julguei ser uma mistura nojenta de mijo, merda e cerveja.

Eca, mano. Eca.

— Ai, privadinha, você é tão bonita... – Sun acariciava o vaso imundo e não tinha reparado minha presença quase vomitando atrás dele. – Só não é mais bonita que a Ayesha. – ele para de acariciar e encara o nada com uma cara confusa. – A Ayesha... é bonita. É LINDA! – ai ele cai de cara na mistura nojenta. – Pena que não tem peito. – e começou a vomitar.

Gente, essa cena foi estranha. Era melhor eu tirar ele de dentro daquela imundice e... dar um banho nele, sei lá. Cutuquei as costas dele e ele pulou de susto. Dei um passo para trás num sobressalto e ele virou o rosto pra me ver.

— Ayesha! – ele levanta um cotovelo em uma tentativa de saudação. Depois ele faz uma cara de confusão provavelmente se perguntando o porque de eu estar ali, mas ignorando logo em seguida. – AYESHA! O cocô da minha privada! – e ele tentou abraçar minhas pernas.

— Isso era pra ser uma cantada? – perguntei, tentando me desviar do nojo do Sun. Mas não deu, ele se prendeu nas minhas pernas. Maldito momento que eu pus um short ao invés de calça.

— Eu acho que comi um unicórnio ontem. – aí ele apertou mais ainda minhas pernas. – Não comer, tipo engolir. Eca. Eu fudi com ele. Óbvio. – ele começou a chorar. – EU JURO QUE NÃO QUERIA TE TRAIR, MEU COCÔ! Mas a gente nem ta junto mesmo. – ele deu uma fungada molhada no meio dos meus joelhos me fazendo rir de cócegas. – Só somos cúmplices de dois assassinatos. MAS SEXO QUE É BOM? Nadica.

E ele desmaiou.

***

— Tiro ou não tiro? – fiquei olhando para a única peça de roupa que ainda estava vestida no Sun: uma boxer rosa.

Não me pergunte por que a roupa íntima do Sun era rosa claro.

— Unicórnio! – Sun resmungava enquanto eu xingava quem quer que decidiu que eu deveria está ali, no meio do meu quarto, despindo um garoto bêbado imundo para dar um banho nele. Sim, eu teria que dar banho nele... Ele tava nojento demais e inconsciente demais. Sobrou pra mim.

Tirada a cueca, eu fiquei alguns segundos olhando... okay, não preciso falar sobre isso.

Arrastei ele para a banheira e liguei o chuveiro. A água tava subindo e logo tampou as intimidades dele, me deixando respirar novamente. Limpei seu rosto e cabelo, suvacos (ou axilas, como minha avó diz) e então parei pensando se devia lavar mais alguma coisa. Meio em dúvida, fui passando as mãos lentamente dos ombros para baixo, até que cheguei no umbigo e o amiguinho de Sun me disse oi.

Dei um salto pra trás e decidi definitivamente que era o fim do banho.

Tirei o tampo do ralo para a água imunda escorrer. Quando toda a água desceu, peguei a toalha e joguei em Sun como se fosse um cobertor. Tava uma cena até engraçadinha, ele deitado molhado e pelado na banheira, roncando e usando a toalha de lençol. Não sei como ele conseguiu dormir esse tempo todo.

Sai do meu quarto levando as roupas dele comigo. Coloquei-as na lavadora e depois fui no quarto de meu pai, onde peguei uma calça moletom cinza e uma camiseta simples preta.

Estava subindo as escadas de volta para o sótão que era meu quarto e tomei um susto quando Sun abre a minha porta com apenas uma toalha amarrada na cintura, cabelos escorridos pra trás com uma cara confusa (mas uma cara confusa mais sóbria da de mais cedo). Completamente vermelha por que ele devia ter chegado à conclusão que fui eu que tirei a sua roupa e o deixei na banheira. Entreguei a roupa que tava na minha mão para ele. Apenas sorrindo de lado, ele entra de novo no quarto, me deixando de fora.

— Então estamos já tão íntimos que você até já me deu um banho? – ele grita pela porta.

— Você tem que me agradecer, você tava podre de bêbado. – ele abre a porta e me puxa pra dentro, numa espécie de abraço molhado.

— Obrigado, sem amor.

— Ei, pera. Você não se secou, não? – tentei me soltar do abraço de urso dele.

— Você me deu uma toalha molhada. – ele deu de ombros, após me soltar. – Por falar nisso, então agora estamos quites? – ele sorriu de lado.

— Como assim? – perguntei me sentando na cama.

— Eu te vi nua e você me viu também. – joguei o meu travesseiro na cara dele. – Mas é verdade!

Não aguentei e comecei a gargalhar e ele começou a rir junto. Parecíamos dois retardados.

— Mas eu ainda to no lucro. – e sorri de lado. – Eu vi você me chamando de linda e dizendo que fudeu com um unicórnio. – não me aguentei a deitei na cama de tanto rir.

— Mas você é linda. – ele sentou na cama, olhando pro meu rosto de cima pra baixo. – E eu realmente espero que eu não tenha sido o passivo com o unicórnio.

Desatei a rir mais uma vez. Ele me observava com aquela cara de bobo. Na posição que estávamos, olhávamos um para a cara do outro de cabeça pra baixo, digamos assim. Ao contrário.

— Você é linda, Loveless. Não sei como mais ninguém reparou nisso. – e ele foi descendo a cabeça devagar e... demos um selinho.

Provavelmente o terceiro selinho da minha vida, diga-se de passagem.

— Mas nitidamente sem peito algum. – ele fez uma careta quando subiu o rosto de volta.

Eu acabei de dar o meu primeiro selinho no Sun Jhonson e a primeira coisa que ele comenta depois é que sou reta. Muito bom.

Me levanto e dou um murro no braço dele.

— Isso é por você até bêbado reclamar que não tenho peito. – e então conto a cena no banheiro do Metal Otaku Bar.

Sun ficou rindo e então disse:

— Que ótimo, precisei ficar bêbado para me declarar para você. – ele coça a cabeça.

Pra tentar disfarçar o possível rubor que subia pelas minhas bochechas, tentei soar provocativa ao comentar;

— Bem, teve alguém que reparou a “lindeza” da Ayesha sem peito, sim... – sorri de lado e empurrei ele pro chão logo depois saindo correndo escadas abaixo, não antes de gritar na porta: - O Reddon!

Quando estava chegando no sofá, Sun me alcança e me agarra por trás, fazendo nós dois cair no sofá.

— Verdade, o Reddon é caidinho em você. – me balançava tentando me soltar, mas estava esmagada contra o sofá pelo peso dele. – Mas você é a MINHA doce assassina, não dele.

Paro de me mover assim que ele fala essas palavras com tanta convicção.

— Como você pode ter tanta certeza que vamos dar certo? – sussurro.

Ele se senta no sofá e então me coloca sentada no colo dele.

— Por que somos errados para todos os outros e... – ele puxou meu rosto para perto do dele. - ...somos certos um para o outro.

Ele estava a centímetros de mim, com olhos fechados e boca se dirigindo a minha.

E então ele beija minha bochecha.


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Notas finais do capítulo

Dia 9 de novembro vou postar uma fic nova.



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