Eu, Caroline, Chris e Yuri estávamos lendo livros na sala de leitura, sentados em um canto. Quando levantei meu olhar, vi Jeremy entrar na sala de leitura e sumir pelo enorme corredor de prateleiras que estavam repletas de livros. Cutuquei Caroline que me olhou impaciente.

– Amiga, o Jeremy está aqui! - Falei animada.

– Sério? Aonde? - Levantou a cabeça tentando achá-lo.

– Na segunda fileira de prateleiras lá no fundão. - Respondi.

– Ah! - Deu de ombros cabisbaixa.

– Como "Ah!?!" Vai até lá! - Incentivei.

– Ficou maluca? - Arregalou os olhos.

– Mas é claro que não! O plano "Conquistando Jeremy" começa agora! - Eu estava empolgada.

– E o que eu vou falar com ele amiga? - Perguntou.

– Puxe assuntos sobre livros, pergunte se ele quer ajuda para achar algo... vai logo antes que ele vá embora ficar com a loira burra da Stacy! - Caroline suspirou, largando seu livro em cima da mesa, andando pelo corredor.

Não pude conter a minha curiosidade, seguindo a loira, ficando escondida atrás da prateleira onde eles estavam. Logo, ouvi vozes.

– É... olá, Jeremy. - A voz de minha amiga soou um pouco exitante.

– Olá Caroline! - Jeremy respondeu com entusiasmo.

– Nossa, você gosta da saga Os Imortais? - Caroline perguntou, provavelmente olhando o livro que ele segurava.

– Gosto sim, parei no livro Lua Azul. Sei que é meio estranho alguém como eu gostar mas a história é bem interessante... eu vim ver se aqui tem o terceiro livro, mas acho que não tem... - Jeremy estava um pouco desapontado por isso

.- Bom, o terceiro livro aborda mais um triângulo amoroso e as burradas que a Ever faz. - Carol deu uma risadinha e eu levei um susto. A protagonista da saga tinha o mesmo nome que o meu.

– É, ela faz burrada desde Lua Azul. Percebo que a protagonista e a minha irmã tem mais em comum do que apenas o nome. - Os dois gargalharam e eu tive que segurar a minha língua para não xingar aqueles dois.

– Conheço uma livraria ótima onde você poderá achar a saga completa! - A voz de caroline já estava mais calma e ela se mostrava mais segura e descontraída.

– Sério? - Jeremy parecia abismado.

– Sim, e do lado tem uma ótima lanchonete. - PARA O MUNDO QUE EU QUERO DESCER! Desde quando Caroline sabia flertar?

– E você poderia me levar até esses dois lugares? - A voz de Jeremy soava sexy aos meus ouvidos.

– Claro, quando quiser! - Queria ser uma mosca para ver a expressão facial que os dois estavam fazendo.

– Que tal hoje as às 15:30? Eu passo na sua casa. - Sugeriu ele.

–Você sabe onde eu moro? - Caroline parecia surpresa.

– Sei sim. Sei muitas coisas sobre você. - Eu estava tão embasbacada que estava louca para rir. Se eu não estivesse aqui ouvindo tudo agora ao vivo, eu não teria acreditado.

– Então tá, nos vemos a tarde. - Parecia que eu podia ver minha amiga sorrindo abertamente.

– Mal posso esperar por isso! - Jeremy era assanhado demais. Tampei a minha boca evitando rir feito uma hiena num local onde requer silêncio absoluto.

Olhei pela fresta que tinha na prateleira e pude ver os dois se despedirem com beijos na bochecha e logo, Jeremy saiu dali. Fui correndo ao encontro de minha amiga.

– Não me olhe assim, sei que você ouviu tudo! - Caroline estava radiante.

– Eu TINHA que ouvir! Tenho que confessar que você me surpreendeu e Jeremy está na sua! - Eu estava eufórica.

– Ei, meninas, o que aconteceu? - Chris e Yuri se juntaram a nós e tratamos de colocá-los a par do assunto, contando todo o diálogo de Caroline com o Jeremy.

– Nossa, eu não acredito que o Jeremy e a Carol tem um encontro. - Chris estava surpreso.

– E eu tô roxo com bolinhas rosa por isso. - Completou Yuri embasbacado. E eu o olhei estranho. Yuri fazia umas comparações muito estranhas de vez em quando.

Yuri não acreditava que Carol tinha um encontro enquanto ele não tinha encontro nem com sua escova de dentes.

– Pelo menos um de nós vai desencalhar! - Chris disse empolgado enquanto saíamos do colégio.

– Tchau pessoal, até amanhã! - Eles sorriram.

– Tchau! - Abracei meus amigos.

Assim que me despedi dos meus amigos, me dirigi até o ponto de ônibus. Fiquei ali parada por uns 5 minutos antes de parar um carro prata em minha frente, ao som de "Say you'll haunt me" da banda Stone Sour. O motorista abaixou o vidro do carona e eu pude ver que era o Michael.

– Ever entra no carro. - Ordenou, como se eu fosse sua empregada ou algo do tipo.

– E pra que? Vai me sequestrar é? - Olhei-o cinicamente.

– Não, se eu quisesse te sequestrar, pagaria alguém pra fazer isso. Eu tenho uma proposta que vai lhe interessar muito e é sobre a banda. - Eu estava desinteressada sobre tudo o que Michael me dizia mas assim que ele disse que tinha a ver com a banda, meu interesse se fez presente mesmo que eu tentasse fingir indiferença.

– Sei que você está interessada então porque não para de bancar a "não tô nem aí pro que você diz" e entra logo nesse carro? - Olhei-o boquiaberta. Como ele podia saber que eu estava interessada? - Suas expressões facias te denunciam. - Respondeu ele, como se respondesse a pergunta mental que eu acabara de fazer.

Arregalei os olhos instantaneamente.

– Ok, você está me assustando. - Falei, abrindo a porta do carro e entrando logo em seguida.

Michael deu a partida no carro, aumentando o som do rádio enquanto cantava junto com a música. Quando dei por mim, eu já o fitava. Sua cabeça estava levemente inclinada para trás, seus lindos olhos verdes permaneciam focados na estrada e ele cantava a canção descontraído, com um leve sorriso no canto de seus lábios.

– Pra onde estamos indo? - Perguntei irritada.

– Canta comigo, Ever! - Ele olhou-me pelo canto do olho e eu revirei os olhos.

– E pra que? - Eu estava mal humorada. Não entendia o que estava acontecendo com o Michael. Todo esse súbito bom humor me deixava nauseada.

– Deixa de ser chata! Eu preciso ouvi-la cantar. Quero saber se é mesmo talentosa ao ponto de ser capaz de me substituir. - Franzi o cenho, sem entender direito o que ele quis dizer.

– Espera aí... como assim? - Perguntei.

– Te explicarei isso agora. - Michael estacionou seu carro em frente a uma sorveteria. Seguimos em silêncio para a sorveteria, sentando na mesa mais afastada de todas.

O que o Michael queria afinal?

– Vai querer sorvete de que, Ever? - Desde o dia em que sabotei os instrumentos da Bloodstream, Michael olha para mim ou fala comigo sarcásticamente e somente esse ato é capaz de provocar em mim uma fúria que eu desconhecia.

– Não vou querer nada. Quero saber o que quer comigo, somente isso. - Ele revirou os olhos ignorando totalmente o que eu disse.

– Traga dois sorvetes de chocolate, por favor. - Disse ele para o garçom.

– E então, porque me trouxe aqui? - Refiz a pergunta.

– Bom, Ever eu estava pensando em alguma maneira de lhe ajudar a entrar na banda do Jeremy, já que suas atitudes infantis estão atrapalhando a banda. Confesso que eu tive uma ótima idéia que pode lhe ajudar. É uma idéia louca, mas tendo em vista que você é capaz de invadir a casa alheia para atingir seus objetivos, fazer isso não será um problema. - O famoso sorriso sarcástico permanecia em seu rosto e logo, o garçom trouxe os nossos sorvetes.

– E que idéia louca seria essa? - Minha curiosidade era maior que tudo.

Michael deu uma colherada em seu sorvete e eu fiz o mesmo, esperando que ele começasse a falar.

– Eu passei a madrugada pensando em um jeito de conseguir fazer você entrar na banda mas isso é quase impossível tendo em vista que o Jeremy não quer te ver nem pintada de ouro por conta de suas loucuras. Não só ele, os outros membros da banda também. Eu comentei hoje com o Jeremy que seria legal se tivéssemos uma vocalista feminina na banda e ele gostou da idéia ao menos que a vocalista fosse você. - Fechei a cara mas Michael fingiu não reparar, prosseguindo: - Já que a Ever Williams não pode participar da banda, outra pessoa pode.

– Não entendo... onde quer chegar com isso? - Franzi as sombrancelhas.

– Já assistiu Hannah Montana? - Arregalei os olhos com a pergunta.

– QUE?!? - Que pergunta mais absurda!

– Perguntei se você já assistiu Hannah Montana. - Michael se mostrava impaciente.

– Não, seriado mais besta! - Esbravejei, incrédula pelo rumo que o assunto havia tomado.

– Ao menos conhece o enredo da série?

– Conheço. Hannah Montana conta a história de uma garotinha bobinha que um dia é uma garota normal e que se chama Miley e no outro põe uma peruca e CABUM! Ela vira a Hannah Montana, uma cantora famosa e de voz enjoada onde ninguém desconfia que na verdade a Hannah e a Miley são a mesma pessoa. - Olhei para ele debochadamente enquanto ele apenas ria e tomava seu sorvete.

– Sinto lhe informar, Ever mas você terá que agir como ela se quise entrar na banda. - Havia um sorrisinho cínico no canto de seus lábios.

– COMO?!? - Minha voz saiu esganiçada.

– Você não entendeu ainda? Suas chances de entrar na banda são mínimas ao menos que use um disfarce, um nome falso e alegue que é a minha prima. - Balancei a cabeça, reprovando a idéia. Meu irmão nunca cairia nessa.

– Ficou louco?

– Pensei em lhe perguntar a mesma coisa quando invadiu a minha casa. - Respondeu acidamente.

– Tá, mas como será isso? - Não acredito que eu começava a concordar com essa idéia.

– Primeiro, temos que lhe arranjar um disfarce que seja irreconhecível. Tanto o cabelo quanto as suas roupas e antes disso, quero ouvi-la cantar ok? - Assenti positivamente com a cabeça, prestando atenção em tudo o que ele dizia: - Assim que o disfarce estiver pronto, falarei com o Jeremy sobre a minha prima que no caso é você. Ele marcará um teste e você cantará, daí a banda decide se você entra pra banda ou não.

– Mas... e se eles não gostarem do meu teste? - Eu começava a me sentir insegura.

– Que irônico... no primeiro ensaio da banda você fez um barraco danado implorando pro Jeremy te ouvir cantar que você era boa. Estava tão confiante e agora... você tem medo de que não te aprovem! - Ele deu uma risada e eu fechei a cara mais uma vez.

– Você é tão idiota. - Contive a vontade que eu tinha de jogar meu sorvete no meio da cara dele.

– Ever, você tem que me prometer que se eu te ajudar você vai parar de infernizar a banda e de invadir a casa alheia. - Michael olhou dentro dos meus olhos com uma seriedade assustadora.

– Sabia que você iria querer algo em troca! - Bufei.

– Me prometa, Ever. - Ele olhou fixamente para mim e novamente me vi na correnteza. Sem nem ao menos perceber, eu já tinha dito:

– Prometo!