As Filhas De Calipso escrita por Liz Jensen, Laís di Angelo


Capítulo 20
O Filho de Nix


Notas iniciais do capítulo

Heeeey, pessoal! Aqui é a Liz!
Aqui está o capítulo! ~a galera vibra~
Whatever, explicações nas notas finais...
Enjoy!



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POV Cristal

– Chegamos – Nico comunicou.
– Percebi – respondi.
A casa do nosso querido outro filho de Nix era simples e expirava tranquilidade. Era toda branca com janelas e portas de madeira escura. Fiquei imaginando como o garoto, filho de Nix, conseguia viver em um lugar claro e branco como aquele.
– Eu já estou com vontade de vomitar – Dean resmungou. – Vamos acabar logo com isso.
– Acabar logo com isso? – Nico riu. – Ele vai viver no mesmo Chalé que você, e você terá de ajuda-lo, terá de...
– Cala a boca, Nico – Dean falou entre dentes.
Enquanto Nico revidava e os dois começavam a discutir (tenho que dizer que isso foi muito comum durante a viagem) eu andei até a porta e apertei a campainha.
– Jennifer, atende a porta! – alguém gritou.
– Sou tudo eu nessa casa, viu? – uma garota resmungou. – Argh!
Segundos depois uma menina de cachos loiros escuros apareceu na porta. Tinha olhos caramelos e um rosto angelical, não fosse pelo sorriso que traduzi como um chamado de encrenca. Ela se parecia comigo: bonita e com um ar de sarcasmo a envolvendo. Torci para que fosse inteligente também, sabe?
– Ah, uma garota bonita – ela disse antes que eu pudesse falar alguma coisa. Depois colocou a cabeça pra dentro e gritou: - Alex, tenho certeza de que é pra você. Ele já deve estar vindo – acrescentou para mim.
– Obrigada...? – falei.
Como se fossem cachorrinhos, os dois babacas que estavam atrás de mim vieram para o meu lado para ver a garota.
– Epa – a tal Jennifer disse. – Alex arrumou encrenca?
Como os dois idiotas não achavam palavras, respondi:
– Não, só precisamos falar com ele.
Antes que ela dissesse alguma coisa, o garoto apareceu. No momento em que o vi, percebi que a única coisa em comum com Dean era a beleza. E o corpo... Ok, porque todos os semideuses são sarados? Ele sorriu para mim e olhou cautelosamente para os dois retardados que olhavam a garota indo embora.
– Posso ajudar? – perguntou com um sorriso.
– Na verdade nós viemos te ajudar – Dean respondeu. – Você provavelmente não vai ajudar em nada.
– Dean. Cala a boca – me irritei. - É sério.
– Dean? – o garoto repetiu. – Eu esperava que não fossemos nos encontrar.
– Não me diga que sabe sobre mim!
– Na verdade, recebi uma mensagem da minha mãe, por sonho.
Ele sorriu de lado. Ele tinha olhos negros, iguais aos de Dean, cabelos castanho-escuros, pele bronzeada, como um típico garoto da Califórnia. Devia ter uns quinze anos. Suas roupas eram bem moderninhas: camisa de gola V branca, bermuda bege e chinelos de couro, o que era MEGA esquisito.
– Ótimo, isso facilita as coisas! - disse Dean, que estava louco pra acabar com essa missão, assim como eu. - Espero que a minha mãe já tenha explicado tudo sobre os deuses.
– Deuses? - perguntou... qual era o nome dele? Alex? Ah, tanto faz!
Dean explicou impacientemente sobre os deuses.
– Tava te zoando, cara. - disse Alex. - Eu já sabia.
Nico teve que segurar Dean pra ele não voar no pescoço do irmão.
O garoto se virou pra mim.
– Desculpe, não me apresentei. - ele estendeu a mão. - Alexander.
Apertei sua mão rapidamente.
– Cristal.
– Lindo nome. - ele se virou pros garotos. Dean já estava mais calmo. - E você? - perguntou para Nico.
– Nico. - respondeu ele, de olho em Dean.
– Vão me levar pro acampamento?
– É essa a ideia. - falei.
– Tudo bem, vou arrumar minhas coisas. Entrem.
Ele deixou espaço para nós entrarmos e chamou Jennifer. A garota entrou na sala, saltitando. Ela devia ter uns 14/15 anos, mais ou menos.
– Quem são vocês mesmo? - perguntou ela, em seguida se virou para os meninos. - Nossa, você é lindo! - disse pra Dean.
A raiva invadiu meu corpo.

– Esse é o irmão do Alexander, Dean. Eu sou Cristal e aquele é Nico. E quem é você? - falei, com a voz ameaçadora.

– Eu sou Jennifer, prima do Alex. - respondeu, ainda de olho em Dean.

– Que pena! - fingi decepção. - Quer dizer que o Dean é praticamente seu primo!

Ela não pareceu prestar muita atenção no que eu disse, mas se virou pra Nico.

– Você também é bonito. - afirmou ela. - Você tem namorada? Porque eu já descobri que o Dean tem uma.

Ela fez um gesto com o polegar na minha direção. Corei instantaneamente.

Nico recuou um passo.

– Eu não tenho namorada, mas eu gosto de uma garota. - respondeu. Se a Violet estivesse aqui já teria surtado.

Jennifer se virou pra mim.

– Ele não está mentindo pra fugir de mim, está?

– Não, ele está dizendo a verdade.

Ela deu de ombros. Ficamos alguns segundos em um silêncio levemente constrangedor.

Dean se virou pra mim e Nico.

– Vamos mandar uma mensagem pra Quíron avisando que já vamos voltar.

Eu e Nico assentimos, embora eu evitasse olhar diretamente para Dean.

– Jennifer, você tem algum cristal ou algo que consiga criar um arco-íris? - perguntou Dean.

– Tenho sim. - respondeu ela, sem parecer curiosa com o fato de que precisávamos de um arco-íris. - Venham.

Nós a seguimos até o quintal da casa, que se resumia a um gramado bem cortado, com uma churrasqueira mais pra frente e uma piscina retangular à direita.

Jennifer se dirigiu a um controle remoto que estava preso à parede e apertou alguns botões. Um irrigador foi acionado criando um tênue arco-íris no sol da tarde.

Dean tirou um dracma do bolso.

– Ó, Íris, aceite minha oferenda! - ele jogou o dracma no arco-íris. - Mostre-nos Quíron, no Acampamento Meio-Sangue.

A imagem tremeluziu e de repente estávamos na varanda da Casa Grande, com vista para o acampamento. Eu não via Quíron em lugar nenhum, em compensação havia uma garota de longos cabelos ruivos apoiada no gradil, de costas pra imagem. Havia uma folha de papel em sua mão.

– Violet? - perguntei, surpresa.

Ela se virou pra nós. Sua expressão era dura.

– Oi. O que querem?

– Queremos falar com Quíron - disse Dean.

– Ah, claro. - Violet parecia levemente decepcionada. - Vou chamá-lo.

Quando ela estava prestes a desaparecer da imagem, Nico disse:

– Violet, espera! - Ela recuou um passo, voltando a aparecer. - Você está bem?

Violet pareceu surpresa.

– Sim, estou bem.

Nesse instante, Jennifer se juntou a nós.

– Ah, então essa é a garota? - perguntou ela.

Violet ergueu uma sobrancelha.

– Que garota?

– A garota de quem eles falaram! - falou Jennifer. - É você, não é?

– Depende do que eles falaram. - disse Violet, com um leve sorriso nos lábios.

Nico estava completamente vermelho.

– Não é nada, Vi. - respondeu ele. - Esquece.

– Ah, então é mesmo ela! - exclamou Jennifer, dando pulinhos sem sair do lugar.

– Alguém me explica quem eu sou? - pediu Violet, agora rindo.

– Puxa, você é bonita! - continuou Jennifer se dirigindo à Violet, então se virou para Nico. - É, você tem bom gosto.

Dessa vez Violet corou junto com Nico.

– Então... - começou Violet, mas foi interrompida.

– Vi, você não vem treinar? - perguntou uma voz de garoto, do outro lado da imagem.

– Já vou, Peter! - respondeu Violet, olhando para o lado.

– Peter? - indagou Nico, numa voz baixa e ameaçadora, de modo que minha irmã não o escutou.

– Então - falou Vi, se voltando para nós. - O que vocês queriam mesmo?

Seu tom agora era muito mais leve. Pelo menos pra alguma coisa essa Jennifer serviu.

– Queríamos falar com Quíron. - repetiu Dean, também com um leve sorriso.

– Ah, é mesmo. Vou chamá-lo. Mas depois eu vou querer saber direitinho do que ela estava falando. - E desapareceu de vista.

Segundos depois Quíron apareceu em sua cadeira de rodas.

– Olá, crianças. - disse ele.

– Quíron.

– O que foi que fez Violet sorrir? Ela anda tão cabisbaixa essas dias. Suponho que vocês saibam de algo.

Ficamos num silêncio constrangedor.

– Foi o que eu pensei. - disse Quíron. - Bom, o que querem?

– O que a Violet tava fazendo aí? - perguntei, antes que Dean pudesse fazer a pergunta certa.

– Ela veio entregar o relatório da inspeção. - respondeu ele e deduzi que seria o máximo de informações que eu conseguiria arrancar dele.

Então Jennifer resolveu fazer mais uma gracinha.

– Aquela garota tem um cabelo incrível! Nesse acampamento tem bastante gente bonita, não é? Daria tudo pra ir pra lá.

– Que pena que não vai dar, não é, querida? - disse eu, ironicamente.

– É essa a filha de Nix? - perguntou Quíron.

– Ah, não! - afirmei. Segurei um "graças aos deuses". - O irmão de Dean está lá dentro.

Apontei para a casa.

– Certo. Já vão voltar?

– Assim que ele terminar de arrumar as coisas. - confirmou Dean.

– Tudo bem. Boa sorte. - desejou Quíron, a imagem já perdendo o foco. - Que os deuses estejam com vocês.

A imagem desapareceu e ficamos sozinhos com apenas a água como companhia.

– Estou pronto. - disse Alexander, chegando com uma mochila nas costas. - Vamos?

– Claro. - respondi. Me virei para Jennifer. – Obrigada por tudo.

É, ainda me sobrou um pouco de educação. Afinal, apesar dela ter dado em cima de Dean, ela ajudou no caso Violet. Ela era louca de tudo, claro, mas mesmo assim...

– Magina, fofos! A-do-ro gente nova! - ela se virou pro primo. - Tchau, Alex. Não vou sentir sua falta.

– O mesmo vale pra você. - respondeu ele, mas ambos sorriram.

Saímos da casa e seguimos para um ponto de táxi próximo. Assim que conseguimos um táxi, Alexander se sentou na frente sem dizer uma palavra, então eu, Nico e Dean fomos obrigados a nos espremer no banco de trás. Entre o banco dianteiro e o traseiro, havia um vidro, então nem o motorista nem Alexander conseguiam nos escutar.

– Quem é Peter? - perguntou Nico assim que o carro disparou.

– Já tá com ciúmes? - disse Dean, rindo. - Cara, você nem sabe quem é esse garoto!

– É, mas e se...

– Relaxa, cara! - Dean o empurrou de leve com o ombro. - A Violet gosta de você, ela não ia pegar outro garoto.

Nico se virou pra mim.

– Dean tem razão. - disse eu. - Você sabe que a Violet gosta de você, Nico. Ela nunca ficaria com outro garoto, mesmo estando chateada.

Nico assentiu, mas continuou em silêncio, de cabeça baixa e girando seu anel de caveira.

Eu olhei pra Dean e trocamos sorrisos, sustentei seu olhar por mais um segundo, perdida em seus olhos negros, então eu desviei o olhar pra janela.

Chegamos rapidamente ao aeroporto, porém na fila para comprar as passagens veio a notícia ruim.

– Não temos dinheiro suficiente para as passagens. - avisou Dean, checando a carteira. - Alguém tem dinheiro?

Conferimos nossos bolsos, mas só encontramos mais cinco dólares.

– E agora? - questionei.

Dean contou o dinheiro novamente.

– Só dá pra comprar passagens de trem com o que temos.

Bufei e me virei para Alexander.

– Pode nos levar até a estação de trem?

Ele me lançou uma piscadela, como se ele fosse o maior gato do momento.

– Claro, gata. Vamos.

Ele foi andando na frente, sem olhar pra trás pra ver se o seguíamos.

– A cada minuto que passa eu gosto menos desse cara. - disse Dean, com um leve tom de irritação na voz.

– Então somos dois. - falou Nico.

– Três - concordei. - Mas o que podemos fazer?

– Poderíamos matá-lo. - Sugeriu Dean, olhando pro Nico.

– Não, obrigado. - disse ele. - Prefiro jogá-lo direto no Tártaro.

Nós rimos, e por um instante parecia apenas uma conversa entre amigos normais.

– Vamos. - falei, ainda sorrindo e fui atrás de Alexander.

Alexander nos levou até a estação de trem e Dean e Nico foram comprar as passagens. Não gostei nem um pouco de ter que ficar sozinha com Alexander, mesmo que fosse por alguns minutos.

– Então - Alexander quebrou o gelo. - Como é o acampamento?

– Incrível - respondi, apesar de minha voz ter saído pouco entusiasmada. - Os chalés, os bosques, a praia...

– Se forem bonitos como você, então é mesmo incrível. - Ele está mesmo fazendo isso?! Ridículo. - Espero que você possa me mostrar esses lugares...

Ele se aproximou um pouco.

– Quem sabe, né? - falei, rezando para que eu não tivesse mesmo que fazer isso.

Nesse instante, Dean e Nico voltaram com as passagens e as entregaram para nós dois.

– Não conseguimos passagem para o vagão-dormitório. - disse Dean com uma careta. - Onde está o dinheiro de Afrodite quando se precisa?

– Provavelmente com a Beatrice. - falei.

Embarcamos no trem e assim que sentei, peguei no sono e tive meu pior pesadelo até então.

Eu estava caminhando por um bosque, à noite. Eu usava uma túnica grega branca, colares e braceletes de ouro. Eu estava descalça. Caminhei por entre as árvores até chegar a um gramado bem aparado. No centro do gramado havia uma casa grande de cinco andares, com janelas que iam até o teto. Atrás da casa, o mar estava revolto; na areia havia muitas palmeiras, que se dobravam com o vento. O céu estava tempestuoso e de repente começou a garoar.

Dentro da casa, havia uma explosão de cores, parecendo efeitos visuais de um filme. Um homem e uma mulher começaram a discutir no térreo. Corri para a varanda, sabendo que eu devia separar aquela briga. Tentei inutilmente abrir as portas, mas elas estavam trancadas. Espiei pela janela e vi a mulher de costas pra mim. Ela usava um casaco preto antigo sobre as roupas e estava argumentando com um homem escondido nas sombras.

– Pela décima vez, mãe! Eu vou cuidar das minhas filhas e você não pode interferir! - rugiu o homem, apontando um dedo para a mãe.

– É muito perigoso para elas - disse a mulher e na hora percebi que era mentira. - Você quer que elas cresçam nesse ambiente? - Ela indicou a casa. - Mande-as para Nova York, e você continuará sendo meu aprendiz. Senão...

Ela fez um gesto com a mão e o homem caiu de joelhos.

– Como saberei que elas estarão seguras? - perguntou ele, a voz frágil.

– Elas ficarão. - assegurou a mulher. - Cuide para que nada falte às duas, elas ficarão bem até descobrirem quem são. Na hora certa, irão para o acampamento.

O homem pensou por um tempo.

– Tudo bem. - disse ele. - Você pode levá-las.

Pude sentir a mulher sorrindo.

– Ótimo. Até qualquer dia. - falou ela. Ela ergueu os braços e as longas mangas do casaco soltaram fumaça, algo bem digno das melhores vilãs da Disney. Duas crianças choravam no piso de cima. A mulher foi sumindo com a fumaça e o choro foi diminuindo de intensidade.

– Espere! - disse o homem. - Quando poderei vê-las de novo?

A mulher soltou um riso maléfico e desapareceu, o que foi uma resposta bem simples.

Eu nunca conheceria meu pai.


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Notas finais do capítulo

Então, gente, você já devem ter percebido que faz um tempinho desde a última vez que a Laís postou, mas ela está com problemas pessoais e não tem entrado na conta dela, então por enquanto eu estou sozinha. Pode ser que os próximos capítulos demorem, por causa disso, mas a fic não ficará abandonada, prometo.
Anyway, gostaram do capítulo? Reviews, please. :D
Beijos&Queijos
Liz



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