A Marca - Vingança escrita por Sweet Nightmares


Capítulo 32
Recapitulando - Rebeca




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Acordei com as vozes de três pessoas discutindo. Minha cabeça latejava de dor.

–Parem de gritar antes que eu arranque a garganta de vocês. Minha cabeça está explodindo.

–Quer um remédio? – ofereceu Miguel.

Levantei-me com certo esforço.

–Remédio é para os fracos – olhei em volta e facilmente reconheci o quarto do Fasano em que me encontrava. – O que eu estou fazendo no quarto de James?

–Estava saindo para comer e encontrei-as jogadas à porta. O menininho aí me ajudou a trazê-las para dentro – Miguel explicou, apontando para o seu namorado.

–E onde está James?

–Foi falar com Elliot, acho.

–Por quanto tempo ficamos inconscientes? – Perguntou Alice.

–Não tenho ideia. Mas faz uns dez minutos que achei vocês.

Lembrei-me do show. De quando o homem tatuado começou a cantar. Aquela música, de forma metafórica e discreta, descrevia todos os sonhos que tive com a tal Anya. Porém, como eu disse, eles foram discretos. Só seria possível perceber as referências se você soubesse a história toda. Destruirei todos em meu caminho até possuir você. Para uma pessoa normal, isso poderia ser um daqueles exageros românticos de possessão. Mas não era. A mensagem era literal. Eles destruiriam todos; Lucas, Alice, papai... Todos em seu caminho, até finalmente me capturarem.

Não acredito que Hugo esteve me enganando esse tempo todo.

Tentei avisar Alice. Assim que percebi do que se tratava, tentei chamar Alice para ir embora. Mas era tarde. A música tinha também um efeito hipnotizante, e todos que a escutaram estavam sob o poder dos Hanaggan, e trabalhariam como seus soldados para me tomar como refém. Ou assim deveria ser.

Virei-me para Alice, perguntando-me porque ela resistira ao poder.

Talvez por ser irmã do Lucas? Se estivermos certos e Lucas de fato tiver se unido ao lado inimigo, podem tê-la poupado em respeito a ele. Ou será que ela também trabalha com os Hanaggan?

Observei-a atentamente. Ela massageava suas têmporas, para lidar com a dor de cabeça.

Será que Alice é realmente confiável?

Um barulho de porta batendo trouxe-me de volta à realidade. Através da cortina branca, pude ver dois homens entrando no quarto, andando a passos firmes.

–Miguel, pode ligar para a Rebeca? Elliot diz que descobriu algo! – Gritou James ao entrar no quarto.

–Isso não será necessário, querido. Já estou aqui – anunciei, indo até a sala. Ignorei o fato de James ter falado em inglês, e respondi-o em português mesmo. Ele que se vire para entender.

–Por que você está aqui? – Seus olhos demonstravam claro espanto, quase como se visse um fantasma. Justificável, considerando que minha presença de fato não era esperada.

–Sei tanto quanto você. Miguel diz que nos achou na porta.

Ficou ainda mais confuso. Alice saiu de trás da cortina e parou atrás de mim.

–Por que você namorou um cara assim?

Não entendi o motivo de sua pergunta.

–Ele é assustador, tem cara de assassino.

Sorri. No estado que James se encontrava no momento, realmente aparentava um maníaco do parque. Ou então um daqueles nerds que tem fantasias sexuais com personagens de My Little Pony. A ideia era engraçada.

–Não sei, tem algo de sexy em caras perigosos – a resposta era verdadeira, mas não se encaixava exatamente à situação. James estava assustador daquele jeito, isso é verdade, mas de maneira nojenta e nem um pouco sexy.

Alice suspirou desapontada. Indagou sobre a sensualidade do homem em questão. Percebi que, sendo lésbica, Alice provavelmente nunca tinha olhado para homens dessa forma. Minha resposta deve tê-la deixado um pouco confusa. Não quis explicar que a aparência de James no momento não se aplicava à situação, tínhamos coisas mais importantes a resolver.

–Enfim, voltemos ao que interessa. Você disse que Elliot tinha alguma coisa para revelar?

–Ah, sim. Então, diga-nos o que descobriu.

Ell sentou-se no sofá.

–Rebeca, eu recomendaria a você que me acompanhasse – ele apontou para uma poltrona ao seu lado. Ignorei o conselho.

–Estou bem de pé.

–Se você acha... O que vou dizer a seguir pode ser bem chocante para você, está preparada?

–Vá em frente – disse, sem piscar. A tal ponto, duvidava que qualquer coisa que Elliot dissesse pudesse me surpreender.

Após uma longa pausa, que tinha o objetivo que criar certo clima de suspense, o ruivo finalmente revelou:

– Annabeth está no Brasil.

Parei de respirar. Todos os músculos do meu corpo enfraqueceram. Minhas pernas mal conseguiam manter-me de pé. Minhas mãos tremiam, e eu sentia suor gelado escorrer por elas. Voltei a respirar, mas não propriamente. Enquanto lutava para regular minha respiração, meu cérebro falhava em digerir essa nova informação. Como assim, no Brasil? Ela não deveria estar morta? Katherine a enterrou, não? Ouvia palavras, mas não conseguia assimilar o que diziam. Até que algo chamou minha atenção.

...temporada de reencarnações?

–Do que você está falando, Miguel? – perguntei, finalmente voltando a mim.

–Nada! ― Exclamou Rodrigo, rindo nervosamente ― É uma frase de um filme que assistimos ontem, completamente sem fundamento!

–Eu sei que você está mentindo, não sou idiota. Como assim “temporada de reencarnações”? – insisti.

–Boa, Miguel! Você tinha que estragar tudo!

–Olha, sinto muito, mas isso tudo é demais para o meu cérebro! Não que vocês fossem entender, não são humanos!

Uma discussão entre James e Miguel deu início a partir dali, mas eu abstraí. Precisava entender o sentido do que o mexicano disse.

–Rodrigo, o que o Miguel quis dizer com temporada de reencarnações?

–Não foi nada, Rebeca, esquece isso!

–Rodrigo!

–Será que alguém vai me dizer que porra que está acontecendo aqui?! – Gritou Alice - Eu fui resgatada de um ataque de pessoas de olhos sinistros sem ao menos saber como, acordei no quarto de hotel de um cara que eu nunca vi na minha vida, agora outro cara anuncia a chegada de uma mulher que aparentemente deveria estar morta e ele – ela apontou para o Miguel - está gritando que vocês não são humanos?!

–James e Rebeca são... – Rodrigo começou, mas eu interrompi-o.

–Cala a sua boca, garoto! A gente não precisa envolver a Alice nisso! – Além do que, não sabemos se ela é confiável. Preferi não acrescentar essa parte.

–Mais do que ela já está envolvida? – perguntou Miguel – O irmão dela é nosso inimigo potencial, Rebeca. Cedo ou tarde ela vai descobrir a verdade. E, sinceramente, pelo bem dela, recomendo que seja cedo.

–Ela está certa, é melhor deixar a garota fora disso – James disse, concordando comigo.

–Será que eu estou falando russo? – gritou o mexicano.

Elliot suspirou.

–Olha, eu não sei quem é essa menina, mas se os outros sabem que ela está com vocês, a sentença de morte dela já foi aprovada. Eles vão caçá-la, e, se não a matarem logo, vão fazê-la de refém. E isso não vai ser nem um pouco interessante.

–Ele está certo. Lembra o que aconteceu com Marie?

Não queria lembrar daquilo, mas era um argumento válido.

–De que lado você está afinal, James? – reclamei. Cruzei os braços, sentia como se estivessem fazendo um complô contra mim.

–Bom, acho que isso resolve as coisas. Somos quatro contra uma. Sente-se, linda, vamos te contar a verdade – Miguel disse para Alice, que obedeceu.

Inesperadamente, fomos interrompidos por batidas insistentes na porta. Suspirei e revirei os olhos. Irritada e um tanto desconfiada, abri-a.

―Puta que pariu! – Levei as mãos aos lábios, segurando minha respiração, como se isso fosse conter meu choro.

Com total descrença, dei espaço para que a pessoa do outro lado entrasse. Era Annabeth, e ela carregava uma mala enorme.

–Elliot? Que coincidência engraçada. – ela disse, sorrindo.

–Digo o mesmo. – eles se abraçaram– Você é idiota por ter vindo até aqui, sabia disso?

Ela deu de ombros, demonstrando não se importar. Claro. Era Annabeth, ela nunca se importava com nada. Como naquela vez que fingiu ser minha namorada. Afastando-se do abraço de Elliot, ela foi em direção à Alice.

–Você está bem? – perguntou sem demonstrar real preocupação.

–Estou... – respondeu hesitante.

–Sua cabeça dói? – Annabeth perguntou.

–Um pouco. Doía mais antes, mas Miguel me deu remédio.

–Grande merda. Remédios não fazem efeito para isso. Mas você diz que melhorou a dor, certo? Ótimo, estava preocupada que o efeito fosse causar danos a você. Cérebros humanos são tão fracos.

–Como é?

Ela voltou-se para mim.

–Não vai agradecer sua avó por ter salvado sua vida?

–Foi você que nos tirou de lá?

–Claro! Quem mais? Você sempre cai nessas armadilhas idiotas, alguém tem que te proteger, certo? – Ela sorriu.

Desisti de conter as lágrimas. Com os olhos chorosos, lancei-me aos braços da ruiva, que retribuiu com força.

–Bom te ver viva, Annabeth.

–Igualmente, James.

–Pensamos que Katherine tinha te enterrado.

–É preciso mais que um caixão e alguns quilos de terra para me pararem – confessou entre risos. É verdade. Elliot disse algo do tipo uma vez – Quem são esses?

–Esse é Miguel, meu amigo – respondeu James. - E aquele é...

–Rodrigo. É um prazer enorme conhecê-la – ele estendeu a mão.

Seu nariz e seus olhos estavam vermelhos, como se chorasse. Não entendi o motivo disso. E por que exatamente era um prazer enorme conhecê-la?

Annabeth encarou a mão do garoto, e então seu rosto. Percebi que começava a chorar. Mas por quê? Puxou-o para um abraço num movimento rápido.

Que merda é essa? O que está acontecendo aqui?

–Não acredito que você está viva! – exclamou entre lágrimas – Rebeca disse que tinham te matado, mas eu sabia que não podia ser verdade!

Eu disse que... O quê?

–Annabeth, do que você está falando?

Como se não me escutasse, ela continuou abraçando o menino, que também chorava.

–Becks, senta aí. Temos algo para te contar – disse James.

Fala sério. Esse papo de novo?

–Já disse que estou bem em pé. Fala logo, deixa de suspense!

Ele suspirou.

–O Rodrigo, ele... – fez uma pausa, procurando palavras – Rodrigo e Raquel são a mesma pessoa. Sua mãe está viva, Rebeca.

Meu maxilar caiu em espanto. Encarei Rodrigo, incrédula, esperando que dissesse alguma coisa. Que dissesse que tudo não passava de mais uma brincadeira escrota do James. Aquilo não podia ser sério. Senti mais uma vez as lágrimas pedirem passagem.

Rodrigo soltou-se do abraço e sorriu para mim. Gradativamente, o pequeno garoto pálido transformou-se numa exata réplica de minha mãe. Minha mãe. Que morreu já há tanto tempo. A única morte que eu nunca superei muito bem. Minha mãe.

Minha mãe estava viva.

Minha mãe estava viva, e bem diante dos meus olhos.

Aquilo era real?

Tanta coisa acontecia ao mesmo tempo.

Lucas era inimigo. Hugo era um Hanaggan. Annabeth sobreviveu.

Minha mãe estava viva.

Caminhei lentamente até Rodrigo e toquei seu rosto. Ele... Não. Ela sorriu. Segurou minha mão e beijou-a ternamente.

–Desculpe. Por favor. Eu queria ter te contado antes, mas...

Abri a mão. Com toda força que pude reunir, bati em seu rosto. O estalo foi alto, e Rodrigo perdeu o equilíbrio por um momento. Senti o ar ficar pesado. As pessoas me encaravam com um misto de descrença e medo. Especialmente Alice. Senti minha marca arder, e tenho certeza de que meus olhos estavam vermelhos.

Não sabia se acreditava ou não naquilo tudo. Mas as duas possibilidades me enraiveciam.

Se fosse mentira, sentia raiva do Rodrigo por fazer tal piada sem graça.

Se fosse verdade, sentia raiva de minha mãe por ter estado sumida todo esse tempo.

–Por quê... Por que você não apareceu antes?! – Gritei, puxando-a pela gola da camisa – Sabe por quanto tempo eu sofri por sua morte? Até hoje, até mesmo hoje em dia isso me dói! – joguei-a para trás, e mais uma vez bati no seu rosto - E esse tempo todo você estava viva? Onde você estava quando isso apareceu em mim? – Apontei para a marca no pulso – Onde você estava quando eu tive que ouvir Fátima e Jorge serem assassinados? Ou quando Pablo levou um tiro na frente dos meus olhos? Onde você estava quando eu tive que deixar Marie para trás? – Empurrei-a novamente, fazendo-a cair no chão dessa vez.

–Becks, se acalma... – James segurou meu braço, tentando me conter.

–Fica fora disso, James! – Gritei, livrando-me se suas mãos – Quando meu primeiro amor desapareceu; Quando meu melhor amigo me deixou; Quando eu perdi a sanidade na escola e quase matei alguém... Onde estava você em todos esses momentos? Onde? Onde? Onde? – As lágrimas escorriam excessivamente, mais de fúria que de mágoa. – Desculpe? Desculpe?! Isso é tudo que você tem a dizer? Você acha que pedir desculpa vai mudar alguma coisa? Eu morri! No Coliseu, tentando salvar a vida de Marie, e vingar sua morte. Eu morri, você sabia disso? Eu teria morrido acreditando que minha mãe estava morta! E esse tempo todo você...

Gritei com todas as minhas forças. Minhas pernas já não me aguentavam mais, então deixei que desabassem. Com uma das mãos no chão, e a outra nos cabelos, permaneci caída, soluçando.

Tinha coisa demais acontecendo. Coisa demais. Eu preciso de uma folga. Uma folga dessas revelações contínuas. Dessa coisa de Killster. Da vida em um todo. Não aguento mais. Eu... Simplesmente... Não aguento. Não aguento... Não aguento...

Por favor, parem o mundo que eu quero descer. Eu já estou cansada disso.

Senti alguém aproximar-se de mim.

–Eles iam te matar... – Ela disse. Levantei o olhar para encará-la com o mesmo ódio de antes. As marcas dos meus tapas já haviam sumido. Nunca odiei nossa regeneração acelerada tanto quanto agora. – Eu sei que você não lembra. Alteraram sua memória. Mas eles iam te matar. Eu fiz um trato pela sua vida. Sua e de seu pai. Vocês dois só estão vivos por causa desse trato. E eu não poderia aparecer perto de vocês, isso só me mataria. Tive que esperar até o trato chegar ao fim. Na verdade, esse trato é também o único motivo dos Hanaggan demorarem tanto para agir.

Bufei e levantei-me, secando as lágrimas. Peguei uma garrafa de bebida no bar e bebi direto do gargalo. Copos são para os fracos.

–Quando o trato terminou? – Perguntei tediosamente.

–Esse ano.

–Então você teve bastante tempo para vir me encontrar – olhei em volta e percebi que mais ninguém estava no quarto. Não sei de quem foi a ideia, mas agradeci internamente por terem deixado-nos sozinhas.

–Isso é verdade... Mas seria arriscado. Como não sabemos o plano dos Hanaggan, qualquer passo mal calculado é um risco. Desde que vocês voltaram da Inglaterra, procurei James. Mesmo que não pudesse estar perto de você, Rebeca, eu continuei te vigiando. Pronta para interferir se fosse necessário.

―Acho que você perdeu algumas boas oportunidades. ― Revirei os olhos, tomando mais um grande gole da bebida.

Ela suspirou e sentou-se no sofá.

―Depois que tudo aquilo na Inglaterra aconteceu, eu soube que era tarde demais. Você tinha se transformado, afinal. Era óbvio que, no momento em que o trato acabasse, os Hanaggan iriam atrás de você. Especialmente depois de matar o pai deles. Por isso procurei James. Já que não podia entrar no país, ou sequer me aproximar de você de qualquer outra maneira, procurei seu único aliado. Temos buscado por atividade Killster todo esse tempo. Como sei que os Hanaggan têm me vigiado desde o dia do contrato, tive medo de que chegassem a você mais cedo. Por isso pedi que James cortasse qualquer contato. Sinto muito por isso, não achei que o impacto seria tão grande.

Mordi a língua e apertei a garrafa com mais força.

Não.

Não acredito que eu perdi dias da minha vida sofrendo por um infeliz porque a minha mãe morta achou que nosso relacionamento era um perigo para mim.

Se ela nunca tivesse procurado o James em primeiro lugar, nada disso teria acontecido.

E ela não achou que o impacto seria tão grande! Eu, a menina que nunca gostou de ninguém, e de que ninguém nunca gostou, se importar com seu primeiro amor? Fora de questão! É claro que alguém com a alma tão ferida por perdas e abandonos não irá se preocupar se a única pessoa de quem ela gostou desse jeito parasse, repentinamente, de falar com ela, haha! Claro que isso não vai causar nenhum impacto! Adolescentes nunca sofreram por relacionamentos antes, por que isso mudaria agora, certo, mamãe? Haha!

Patético.

Senti sangue escorrer de onde tinha mordido, mas não me importei. Respirei fundo para evitar outro surto.

― Prossiga. – Pedi friamente.

Ela suspirou mais uma vez.

Pare com isso. Seus suspiros me irritam.

― Quando ouvi do assalto ao banco, soube que era hora de agir. Eles já começavam a recolher energia. Faltava pouco para que finalmente agissem. É como Elliot disse, eles querem destruir a raça superior. Isso seria eu, Annabeth, e você. Minha teoria é que te atacariam primeiro, usariam você de isca para atrair a mim e à Annabeth. Viemos para o Brasil porque você precisaria de proteção.

Estalei a língua em desgosto e irritação.

― Não preciso de proteção. Sei cuidar de mim mesma, obrigado. Tenho feito um ótimo trabalho nos últimos anos, sabe?

― É, tão bom que foi acabar namorando um Hanaggan, e se jogou na armadilha deles como uma idiota.

Mordi o lábio. Como ela pôde dizer isso?

Eu sei que errei, não preciso que minha própria mãe morta me lembre disso.

Raquel suspirou pela terceira vez, o que me fez sentir vontade de arrancar a garganta dela com as minhas mãos. Que mania irritante.

― Annabeth, eu, e você estamos juntas. Isso é exatamente o que eles queriam. A partir desse momento, corremos risco de ataque iminente. Qualquer pessoa é um suspeito, qualquer lugar é perigoso. Vamos para o quarto de Elliot, os outros estão nos aguardando lá. Precisamos mandar Alice de volta para casa. E parece que Ann tem algo para nos mostrar.

Ah, não! Por favor, não! Não aguento mais essas revelações contínuas.

― O que é? – perguntei, esperando que ela soubesse a resposta.

Mas minha mãe apenas deu de ombros.

― Algo que ela trouxe naquela mala. Vamos, agora que nós três estamos finalmente reunidas, não temos tempo a perder.

Hesitei. Não queria ir com ela. Estava cansada demais e queria ficar sozinha.

― Rebeca?

Desviei o olhar. Não fale meu nome. Não me chame com a voz que há anos já não ouço. Deixe-me aqui. Eu só quero descansar. Tem coisa demais acontecendo e já não sei mais como pensar, ou o que sentir.

― Rebeca.

Agora era uma voz masculina. Lentamente, levantei o olhar, deparando-me com a forma de Rodrigo a poucos metros de mim, mão na maçaneta da porta.

― Se essa forma te deixa mais confortável, vou continuar assim até tudo se resolver. Entendo como você está se sentindo. Acabou de reencontrar sua mãe que deveria estar morta. O mesmo aconteceu comigo, Becca. Annabeth é minha mãe, afinal. ― e mais uma vez, ela suspirou. Mas dessa vez não me incomodei muito ― Mas não podemos permitir que esses sentimentos interfiram em nossa missão, certo? Vamos. Daqui para frente as coisas só têm a piorar até que as tornemos melhores. Quando tudo acabar, resolvemos esses dramas de família. Concorda? Deixe esses sentimentos de lado por um momento, consegue fazer isso?

Respirei fundo.

Lucas era inimigo. Hugo era um Hanaggan. Annabeth estava viva. Minha mãe estava viva. E foi ela quem fez James me largar.

Mas, de fato, nada disso importava no momento. Se continuar me preocupando com coisas ínfimas como tais, traria ruína a mim mesma.

Preciso focar na missão daqui em diante.


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