O Narciso escrita por Kori Hime
O Narciso
Se eu fosse um peixinho ...
As águas plácidas que correm a cidade pelo estreito rio a ser admirado pelo delicado Narciso recém desabrochado no inverno não tão rigoroso da Europa.
O céu azulado contrastava com o vento uivante que pegava das Colinas brancas pela neve até o beiral de terra e grama do rio.
Esse rio, que seguia um longo percurso, para que lá no final pudesse se encontrar com outras águas mais bravas, forte e salgada.
Em meio aquele cenário, havia uma vida murcha de emoção e sensação. Um peixe. Sim! Um pequeno peixe cansado de nadar, cansado de viver molhado, cansado de ser uma pequena peça para a grande cadeia alimentar do mundo aquático. Um mísero e inútil peixe que poderia quem sabe um dia brilhar e ser a estrela única de um aquário.
Não! Isso não parecia ser tão bom. E sua vida estava fraca, o oxigênio da água não parecia fazer mais o mesmo efeito.
O Narciso, firme ao lado de plantas simples e não tão vistosas como ele, observava o céu azul com tristeza.
Na água, o pequeno peixe admirava a beleza daquela encantadora flor.
O medo e o temor de ver o inverno levá-la embora era tão intenso quanto aquele de ser devorado por um peixe maior...
e soubesse nadar...
O céu foi escurecendo, nuvens fortes tomaram conta da imensidão azul. O peixe sentia em cada escama de seu pequeno corpo, que não era um bom sinal.
A chuva iniciou e o vento aumentou. Bolhas de preocupação saltaram na água que balançavam pela tempestade.
Ali, no meio daquela chuva e ventania, estava o forte Narciso que se protegia como podia com as folhagens molhadas ao seu redor. Inútil. A ventania aumentou e ao seu lado tudo estava sendo levando com o uivo gritante do vento forte.
Na água, as bolhas aumentavam, mas era inútil...
Num segundo, o lindo Narciso olhou para um ponto brilhante na água, sorriu com pétalas desabrochadas e o peixe destacou-se em meio a tempestade.
tirava você do fundo do mar …
Por dias observava aquele ser engraçado no rio. Não sabia se era vista por ele, não sabia como era ficar embaixo da água, senão a chuva. Mas a vida dele ali parecia tão tranquila e tão bonita, uma vida sem medos de ser recolhido por uma mão, medo de ser levado pelo vento ou pisoteado por algo maior.
Mas deveria ser tão bonito o mundo lá de baixo da água...
Mas como eu não sou...
No lago o peixe sorria e tentava acenar com suas pequenas nadadeira para o Narciso.
A tempestade aumentou e ele temeu por aquela linda flor. E se fosse levada embora? Como ficaria? Quem iria admirar?
A chuva começava a dissipar e o céu voltava ao seu azul anil tão intenso como antes. Uma chuva rápida... e a felicidade de ver as pétalas daquele Narciso tão brilhantes, era a única coisa que o peixe desejava para o resto de seus dias....
Eu só posso ensinar você a pescar...
O tempo passou, mas quanto tempo vive um peixe? Quanto tempo vive uma flor? Quanto tempo vive um amor?
Passaram seus últimos dias a se olharem e acreditando que a cada dia que ainda podiam se ver era um verdadeiro motivo para querer que o outro dia chegasse.
Pétalas... nadadeiras... caule e escamas...
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!