You Make Me Crazier escrita por Anne D


Capítulo 24
Capítulo 24 - Eu gostaria de acreditar em todas as possibilidades


Notas iniciais do capítulo

Título grandinho, não? Acho que já enrolei vocês demais, nos vemos nas notas finais!
Bom capítulo!



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Olho horrorizada para Prim. Ela não podia pedir algo pior.

– Katniss, você me ouviu? – ela insiste – Eu quero ver o papai.

Eu saio do abraço de Peeta e me levanto do sofá.

– E-eu não... – eu começo – Eu não acho uma boa idéia...

– Não me interessa o que você acha – Prim diz firme – Eu quero e vou ver o papai.

Arqueio a sobrancelha. Ela está me desafiando? Eu não vou levá-la para ver o papai. No que isso ajudaria? Vê-lo para chorar mais? Encontrá-lo em péssimo estado e desejar que acordasse? Papai está em coma, não há nada que possamos fazer sobre isto. Prim não está pronta para vê-lo.

– Você não vai. – digo com firmeza mais forte que a dela

– Eu vou sim – ela continua firme também

– Bem, não sou eu quem vai levá-la – eu digo com desdém – Tem certeza que vai sozinha no meio da noite? Com o frio que está fazendo? Você está ficando louca Primrose.

– Eu vou e não vai ser você a me impedir. – ela fala com frieza

Encaro Prim por alguns segundos. Ela não se parece nada com a menina doce e insegura de antes. Está com a expressão endurecida e decidida a vê-lo.

– Então vá em frente – eu digo apontando para a porta – Vá! Vá ver nosso pai em coma! Vá chorar mais ainda por perceber que ele não vai acordar!

Os olhos dela se enchem de lágrimas, mas ela não derruba uma sequer.

– Eu vou ver o papai – ela repete como se fosse um mantra

Ela vai até a bancada da cozinha e pega o telefone e um pequeno papel do lado dele.

– Alô, Tresh? – ela diz quando ele atende – Aqui é Primrose Everdeen, você está ocupado? Eu preciso que alguém me leve até o hospital, quero ver meu pai. Obrigada, estarei esperando.

Ela coloca o telefone sobre a bancada novamente e sai andando em direção a porta.

– Você não vai – eu me coloco entre ela e a saída

– Já disse que não vai me impedir, Katniss – ela responde de cabeça baixa – Eu quero ver meu pai, quero cuidar dele! Se você não está pronta o problema é seu!

Eu encaro-a horrorizada.

– Como pode dizer isso? – grito com ela

– Do mesmo modo que você está sendo injusta comigo! – ela grita de volta

– Já chega – Peeta se pronuncia pela primeira vez, fazendo com que nós duas olhemos para ele

– Não se intrometa nisso. – digo

Peeta me ignora e vai andando na direção de Prim.

– Escute Prim, você não pode ir sozinha concorda? – ele diz sorrindo tranquilamente para ela – Eu irei com você, assim temos como voltar para casa sem nos preocupar não é?

Prim sorri agradecida para Peeta enquanto eu observo a cena.

– Falei para não se intrometer – digo cerrando os punhos

– Se não vai com ela ao hospital, alguém tem que ir – ele diz vestindo o casaco – Desculpe Katniss, mas não posso concordar com você quando está errada.

– Você não pode se intrometer nisso Peeta, é assunto meu e de Primrose. – falo com raiva

– Eu sei que é difícil Kat – ele fala me olhando nos olhos – Mas fará bem a vocês duas. Você pode ir conosco! Pegue suas coisas e...

– Não me chame assim. – eu falo quase cuspindo as palavras

Ele parece ter levado um soco quando responde.

– Tudo bem – ele se recupera depois de alguns segundos e se vira para Prim – Vamos pequena, Tresh já deve ter chegado.

***

Atravessamos o enorme jardim que de dia costuma ser bonito, mas agora parece fantasmagórico. Com Peeta ao meu lado, não sinto tanto medo, mas é realmente difícil deixar Katniss para trás.

Ela não pode me impedir de ver meu pai. Eu quero ajudá-lo da maneira que for, falar com ele, despertar seus sentidos. Espero que tenha tido algum avanço nesses últimos dias... Vou fazê-lo acordar, tenho certeza!

Mal percebo quando entramos no carro de Tresh e escorregamos pelo assento. Dou um educado “oi” e agradeço por ele ter vindo me buscar. Peeta e Tresh mantém uma conversa quase animada, e os dois até parecem gostar da companhia um do outro.

– Fico feliz que alguém tenha vindo para acompanhar a Prim – Tresh diz – A irmã dela ainda não está em condições de ver o pai?

Peeta endurece a expressão.

– Creio que não. – responde

– Você é o que da família? Primo?

– Na verdade, sou namorado.

Tresh olha de Peeta para mim, e volta o olhar para Peeta.

– Pedofilia é crime cara. – ele diz em tom de brincadeira

Peeta dá risada e, mesmo não querendo, faço coro.

– Apesar de essa loirinha aqui ser extremamente legal – ele brinca – Sou namorado da Katniss.

Tresh o encara com certa expressão de respeito.

– Aquela menina é difícil. – ele confidencia – Em todos os sentidos. A coitadinha não está pronta para essas coisas.

Observo Peeta em silêncio, e o percebo trincar o maxilar. Fico pensando em como deve ter sido difícil para ele brigar com Katniss e se meter no meio de tudo isso e me sinto muito agradecida.

– Obrigada de novo, Peeta – pego sua mão e ele sorri para mim – A Katniss não está mesmo pronta para essas coisas. Quase enlouqueceu no hospital.

Ele me encara, com o olhar preocupado.

– O que aconteceu?

– Quando ela viu... – engulo em seco – O corpo de nosso pai, ela pirou. Colocou as mãos na cabeça e saiu gritando. Só a achei porque tive ajuda de uma enfermeira, ela estava dentro de um armário pequeno. A Katniss não tem esse controle psicológico. Ela é forte, sim, mas não consegue se controlar. Nossa mãe saiu de órbita e agora restamos só nós duas. Não sei o que pode acontecer com a empresa se nós não tentarmos, e Katniss não quer tentar.

Ele parece absorver as palavras e aperta minha mão.

– Sua mãe, Prim – ele começa – Ela precisa de ajuda. Ajuda profissional. Como eu disse antes para Katniss, ela está no começo de uma depressão e isso é perigoso. Se ela fosse ao psicólogo pelo menos duas vezes por semana... Acho que isso ajudaria bastante.

Concordo com a cabeça. Ele tem razão, cuidarei disso assim que chegar em casa.

– E... Bem. – ele fala de novo – Katniss também. Acho que tudo o que ela faz é para arranjar algum tipo de atenção. Acho que ela está gritando por ajuda no meio das atitudes impensadas dela. Não sou nenhum médico ou dono da verdade, mas é o que eu acho.

– Fazê-la ir ao psicólogo é que vai ser dureza... – digo vagamente – Ela não aceita nem a minha ajuda.

– Ofereça apenas a idéia de levar a sua mãe até lá, primeiramente. – ele sugere – E então vocês duas a acompanham e assistem a sessão com ela. Quando Katniss não estiver ouvindo, você pode falar com a doutora e dizer que sua irmã precisa de umas sessões, como posso dizer? Secretas. Ela vai entender, porque muita gente precisa disso. E assim, ela pode ir ajudando a sua mãe e Katniss ao mesmo tempo, entende?

Absorvo a idéia e percebo o quanto ele é genial.

– Peeta, essa idéia é ótima! – sorrio para ele – Você é incrível.

– Ora, que é isso – ele sorri de volta – Só estou tentando ajudar. Meu irmão teve problemas psicológicos uma vez. Meu pai trabalha, então eu o acompanhava nas sessões. Fez um bem incrível a mim, e eu nem achava que precisasse.

– Quem sabe eu posso assistir e ser ajudada também...

– É verdade, e como você é madura, pode ter sessões individuais – ele sugere – Você está lidando muito bem com isso tudo.

– Eu quero que tudo volte ao normal rapidamente, e sei que isso não vai acontecer num passe de mágica. O Natal já vai chegar, e eu quero que meu pai comemore com a gente. – eu tento conter as lágrimas – Que besteira, eu sei. Mas é especial para mim. Sempre foi.

– Não é besteira – ele pondera – É lindo, se quer saber. Só... Ajude a Katniss ta legal?

– Pode contar comigo.

Chegamos ao hospital e agradecemos a Tresh, que sai correndo para o plantão dele. Peeta e eu vamos até o quarto de meu pai, e encontramos uma enfermeira ajustando os soros.

– Primrose Everdeen – eu falo, antes que ela comece a protestar – Filha do paciente. E este é o Peeta, está comigo.

Ela assente e dá alguns avisos, como não mexer nos equipamentos, não falar alto e essas coisas. Nós concordamos e ela vai embora, avisando-nos que a qualquer sinal de movimento ou problema, para chamarmos imediatamente.

Peeta lê o diagnostico e não faz perguntas estúpidas ou constrangedoras. Entendo porque Katniss gosta tanto dele.

Ele dá a desculpa de que precisa ir ao banheiro, mas eu sei que ele saiu para eu poder ficar só com meu pai. Agradeço em silêncio e concordo. Acho que ele também tem muito no que pensar. Afinal, por minha causa ele acabou brigando com a Katniss, que com certeza não vai o perdoar tão cedo. E ele a conhece, e sabe muito bem disso. Apesar de tudo, se ofereceu para vir comigo, e eu não poderia estar mais agradecida. Vou tentar consertar tudo assim que chegar em casa.

Sento na cama, ao lado de papai. Ele ainda está inconsciente e não se movimentou um dedo se quer.

– Oi papai – eu digo – É a Prim, se você puder me ouvir, por favor, responda.

Eu espero um tempinho, esperançosa. Mas já estou pronta para a decepção, e quando ele não fala, já aceito um pouco melhor.

– Acho que você não pode responder, assim como mamãe. – digo tentando segurar o choro – Só queria dizer que sentimos muito a sua falta. Mamãe sumiu do mundo. Não sumiu de desaparecer mesmo. Mas ela foi para um mundo paralelo, onde acha que pode se esconder dos problemas. Eu não estou julgando ela, até acho compreensível. Peeta, o namorado da Katniss, sugeriu que a levemos num psicólogo, então ela logo logo vai poder vir falar com você. Digo o mesmo da Katniss, porque ela definitivamente não estava preparada. Não que eu, ou alguém neste mundo, estivesse. Ela ficou maluca, foi assustador. Quando ela estiver pronta, tenho certeza de que poderemos todos nos reunir e vir aqui falar com você. Mas, você precisa prometer ok? Vou pedir para montar uma árvore de Natal aqui. Já é dezembro acredita? Eu passei o ano. Sei disso porque recebi o boletim antes... Antes... Bem, disso. Eu ia contar na mesa. A Katniss ainda não recebeu. Acho que estão computando as notas com aquele trabalho dela e do Peeta. – dou risada – Acho que ele a acabou salvando, sabe? Ele está nos ajudando muito, veio comigo até o hospital hoje. Acho que acabamos deixando-a brava. Mas eu vou consertar as coisas assim que chegar.

Olho para o rosto dele, que permanece imóvel.

– Vim aqui só para ver como você estava. – continuo falando – E vou vir amanhã também. Vou cuidar das coisas e fazer o melhor que posso certo? Continue aqui. Continue vivo. Eu amo você.

Dou um beijo na testa dele e saio do quarto. Peeta está do lado de fora, olhando para o nada.

– Pronto? – ele pergunta

– Sim – eu respondo – Conversei com ele. Amanhã vou voltar novamente, mas não precisa se preocupar em me acompanhar, vou pedir ao motorista para vir comigo. Obrigada de novo Peeta, você é um anjo.

– Não precisa agradecer Prim. – ele sorri – Vamos voltar então.

Nós vamos até o carro de Tresh, e ele nos leva para casa. Peeta fica na casa dele, e eu acho melhor assim. A Katniss não vai estar num bom humor quando voltarmos.

– Desculpe qualquer coisa, Peeta – me despeço dele

– Sem problemas – ele me dá tchau - Obrigado Tresh. Leve essa menina até em casa ok?

– Pode deixar comigo – Tresh ri – Prazer em conhecer.

Vou conversando com Tresh no caminho de volta. Ele é enfermeiro no hospital e gosta muito do trabalho, estuda de dia e trabalha de novo. Admiro a boa vontade dele.

Ele me deixa no portão de casa e eu agradeço mil vezes. Dá meia volta e vai embora.

Caminho até a porta e entro.

– Cheguei – anuncio. Quando não obtenho resposta, chamo por Katniss

Procuro na casa inteira, mas ela não está em lugar nenhum. Começam a passar coisas horríveis pela minha cabeça, e eu sei que se perder Katniss, não vou aguentar. Afasto os pensamentos macabros da minha cabeça e continuo procurando.

Decido ligar para Gale, que não tem noção de onde ela pode estar.

Precisa de ajuda aí, Prim? – ele pergunta do outro lado da linha

– Não, obrigada Gale – eu agradeço

Se precisar por favor não tenha medo de ligar – ele avisa

Agradeço novamente a ajuda e ligo para Clove.

Alô? – ela atende e fala meio baixo

– Clove, é a Prim, você pode conversar? – pergunto aflita

Claro claro, só um minutinho – ouço-a fechar uma porta e caminhar um pouquinho – Prim, graças a Deus é você. Não pude atender ali, Katniss não quer que ninguém saiba onde ela está.

Suspiro aliviada e quase caio no chão.

– Ela está bem? – eu pergunto – Precisei ir ver o meu pai e...

Ela me contou tudo, fique tranquila – ela anuncia – Não vou deixar ela fazer besteira nenhuma. Ela só vai passar a noite.

– Obrigada, Clove – agradeço – Se acontecer algo por favor me ligue.

Ok, Prim – ela diz – Preciso desligar agora, me desculpe qualquer coisa. Boa noite.

Ela desliga e eu jogo o celular no sofá. Katniss é uma louca mesmo. Penso no que Peeta disse, e concordo que ela precise de ajuda.

Ligo para o melhor psicólogo que encontro e marco uma sessão para amanhã. As coisas já foram ignoradas por bastante tempo. Respondo as cartas por email e deixo um recado na empresa.

Buttercup se enrosca nas minhas pernas, provavelmente morrendo de fome, e eu o alimento. Depois, o pego no colo e vamos os dois ver como minha mãe está.

Ela quase não se mexeu, e agora está dormindo.

Vou tomar um banho e coloco o pijama. Apago todas as luzes e vou na ponta dos pés para o quarto dela.

Acho que estou com medo de acordar os fantasmas, já que não tem ninguém na casa.

Pego Buttercup e subo no espaço vazio da cama. Fico abraçada a ele e olhando para mamãe até cair no sono e pensar que, enquanto houvesse uma pequena centelha de esperança, isso já basta.


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Notas finais do capítulo

Então... Eu sei, sou a pior escritora da face da terra. Onde já se viu, dar as caras depois de praticamente dois anos! O engraçado é que eu parei de escrever justamente nessa parte do ano, e gostaria de recomeçar deste ponto.
A verdade é que, quando comecei You Make Me Crazier, eu estava apaixonada. E então eu acabei desiludida. E foi tão difícil continuar... Tão ruim. E eu não tinha mais inspiração, tentei um milhão de vezes e não consegui.
E então, eu entrei aqui no Nyah ontem, e reli os reviews que vocês me deixaram. Eu vou responder todos os que eu não respondi, e eu queria que vocês me desculpassem pela minha falta de compromisso.
Esse capítulo foi um pouquinho diferente dos anteriores né? Eu amadureci a minha escrita, e agora acho que a história vai ficar bem melhor.
Estou com um outro projeto, também de Jogos Vorazes, sendo feito. Mas só vou postar quando chegar na metade da história. Se vocês quiserem saber sobre o que é, me mandem uma MP! Adoro conversar com vocês!
Não se esqueçam de me dizer o que acharam ok? Espero vocês nos reviews!
Mellarkisses



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