Olho para o relógio novamente, é só aquela maldita aula de Português acabar e olá liberdade!

Meu nome é Katniss Everdeen, meu pai é dono de uma das maiores empresas do país, sou rica e tenho tudo o que quero, na hora que eu quero.

Não estou nem ligando para o que a professora está dizendo, para mim não tem mínima importância, só quero que essa tortura acabe logo para eu poder curtir meu fim de semana em paz.

Gale está ao meu lado e me olha rindo.

- Calma Catnip – diz ele

Argh, como eu odeio esse apelido.

Aqui vai a história de como ele surgiu:

Eu estava na diretoria, esperando para ouvir o sermão semanal da diretora quando ele apareceu, era novo na escola, e sentou ao meu lado.

- Oi – disse ele – eu sou o Gale, e você?

- Katniss

Sua expressão ficou confusa.

- Catnip? – perguntou ele – que nome mais estranho.

Eu ri.

- K-a-t-n-i-s-s – repito

- Aaah, Katniss – disse ele – continua um nome estranho.

A partir daquele dia ele virou meu melhor amigo, e Catnip virou meu apelido oficial.

E eu odeio esse apelido

- Ah, cala a boca Gay-le – retruco

Ele fecha a cara e olha para frente.

Faço a mesma coisa e pego o finzinho da frase da professora.

-... e por isso vocês farão esse trabalho, que valerá mais da metade de sua nota.

- Poderemos escolher as duplas? – pergunta Clove, minha amiga

- Não Srta. Fuhrman – responde ela – eu as escolherei.

Peraí, tempo! Trabalho? Mais da metade da nota? Estou ferrada! Se eu não conseguir uma boa nota, repetirei de ano.

- Vou começar a separar as duplas – diz a professora – Gale Hawthorne e Madge Undersee

Olho para Gale, que sorri feliz. Além de a garota ser inteligente, Gale tem uma queda (na verdade um precipício) por ela.

- Clove Fuhrman e Cato Ludwig – continua a professora

Pisco para Clove, que eu sei que queria por tudo fazer par com Cato.

A professora diz mais alguns nomes, mas não me dou ao trabalho de prestar atenção, até que ouço o meu nome.

- Katniss Everdeen e Peeta Mellark.

Peeta Mellark. Ele é um garoto loiro e forte, seus olhos são azuis, é extremamente gentil e tudo que ele faz é perfeito.

Ele é um dos mais inteligentes da turma e todos o adoram, apesar da maioria nunca ter sequer conversado com ele. Ele é amigo de minha prima, Delly Cartwright.

Assim que a professora anuncia nossos nomes, Peeta olha para o lugar onde eu estou e lança um sorriso doce.

Achei que ele estaria irritado por ter sido escolhido para ir comigo, eu sou o pesadelo da maioria das pessoas.

A professora passa o que terá de ser feito na lousa e a data de entrega será daqui a duas semanas.

Bastante tempo, se o trabalho não fosse enorme.

Sei que Peeta copiou essas informações, então decido pega-las com ele mais tarde, afinal, ele é minha dupla, e eu tenho que me aproveitar ao máximo disso.

Quando o sinal bate, junto minhas coisas e pego meu celular, já colocando os fones de ouvido.

Saio da sala e caminho pela escola até a saída. Nem espero por Gale ou Clove, pois sei que eles têm assuntos mais importantes para tratar.

Estou caminhando pela rua quando recebo um cutucão no ombro direito. Olho para trás, e me deparo com Peeta. Retiro os fones.

- Oi – diz ele amigavelmente – só consegui te alcançar agora.

- Oi – respondo

- Bem, Katniss temos que marcar um dia para fazer o trabalho, é importante que entreguemos no prazo.

- Hum, tudo bem – digo – na minha casa ou na sua?

- Tanto faz para mim – Peeta dá os ombros

- Ok, na minha casa então – digo pegando uma folha para anotar meu endereço – amanhã então?

Entrego o papel a ele.

- Amanhã – responde

Ele me dá um “tchauzinho” e vai embora.

Fico o observando andar até encontrar com um amigo, Finnick, eu acho.

Viro-me, rumo a minha casa.

Acho que papai deveria mandar um carro com motorista, já que ele não me deixa dirigir. Odeio andar até em casa. Até que é pertinho, mas desde que vi aquela moto... Andar não valia mais a pena.

Chego à porta de minha mansão.

- Sou eu – digo ao porteiro – Katniss

Ele abre o portão e eu entro.

Abro a porta e vejo minha irmã, Prim, já sentada à mesa, fazendo o dever de casa.

- Olá Katniss – cumprimenta ela

Prim é um amor de pessoa, tão santinha... E isso é o que mais me irrita nela. Papai e mamãe a vem como a garota perfeita.

Loirinha, com os olhos azuis, treze anos, sempre os obedece, suas notas são perfeitas, etc, etc.

Argh. Isso tudo me irrita demais.

- Oi patinho – digo bagunçando os cabelos louros dela

Prim odeia esse apelido, e é por isso que eu sempre a chamo assim. É meu dever como irmã mais velha irritá-la.

Ela me lança um olhar mortal e volta à atenção para o dever de casa.

Subo diretamente para o meu quarto e assim que abro a porta, jogo tudo lá dentro, menos o meu celular.

Deito na cama e ligo para Clove.

Depois de chamar um pouquinho ela atende.

- Oi Kat

- Oi Clovinha – digo – eaí, como foram seus assuntos com o Cato?

- Ai Katniss, a gente só falou sobre o trabalho – diz ela encabulada

- Sei

- E você acabou por ir com Peeta não? – diz ela – Ele é lindo!

- É, eu sei

- E além de tudo inteligente! Sabe como é difícil achar meninos lindos e inteligentes nos dias de hoje?!

- Sei – digo rindo – foram tantas tentativas!

Ela ri.

- Kat, eu vou almoçar, acabei de chegar em casa. Te ligo mais tarde. Bye.

- Bye – respondo

Desligo e telefone e decido ir comer também, minha barriga está roncando.

Quando desço as escadas, encontro a mesa já posta, e meus pais estão sentados comendo.

- Olá filha – diz minha mãe

- Oi – respondo – Prim não vai comer?

- Ela já comeu, disse que está cheia de lição de casa – diz meu pai

Reviro os olhos e me sento à mesa.

Hoje tem cozido de carneiro. E eu adoro cozido de carneiro! Tem coisa melhor que isso? Com toda a certeza não.

- Como foi o dia na escola hoje? – pergunta minha mãe

- Uma droga – respondo sem emoção – como sempre.

Meus pais se levantam e se despedem.

- Vocês já vão? – pergunto

- Ouve uns problemas na empresa, temos que ir resolver. – diz meu pai – tchau filha.

- Tchau – digo desanimada

Eles saem e eu termino de comer, sozinha.