Meu mundo é você escrita por Karmen Bennett


Capítulo 6
Neve


Notas iniciais do capítulo

Ola gente me desculpem a demora, e vamos conversar. Reescrevi esse cap quatro vezes. Foi a primeira vez que isso aconteceu (espero que a ultima) não entendi nada. Rsrs Depois ou no decorrer da leitura, talvez vcs achem esquisito, mas leiam as notas rodapé pra entender o que houve, certo?? Eu espero que vcs gostem do cap mas reafirmo que se não gostarem sintam-se a vontade para dizer, ok? Somos amigas podem ser sinceras! Boa leitura!



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Freddie havia acordado atrasado. Se arrumava apressadamente e não reparou que vestira a primeira blusa pelo avesso. Apenas quando se olhou nos espelho percebeu o engano e tratou de vesti-la corretamente. Pôs outra blusa, dois casacos muito quentes, botas e desceu apressadamente. Nevava muito, e o frio o fez ter vontade de passar o dia inteiro em casa. Se perguntava por que não passaria, e preferia acreditar que afastava a preguiça, pois ela era um pecado capital.

Percorreu algumas salas apinhadas de quadros e esculturas e até chegar a biblioteca. Suspirou derrotado ao cruzar os olhos com os da irmã. Havia perdido a aula de Latim, e isso lhe custaria menos horas livres. Freddie precisava das horas livres. Era a única oportunidade de visitar sua única amiga.

–Freddie! –Carly levantou deixando seu livro na cadeira. –Isso são horas? O papai ficará furioso quando souber!

–É que não dormi muito bem.

–Estava pensando, podíamos ter ido com o papai a cidade, sair um pouco, vivo trancada aqui, isso me deixa entediada.

–Por que não foi sozinha?

–Por que queria visitar Vincent, não ficava bem ir vê-lo sozinha. O papai se tranca com os outros no gabinete, e eu não sabia se Antoniete estaria com ele...

–O Vincent não veio mais aqui, não é? –Perguntou com um sorriso cínico.

–Vai ver cansou de suas grosserias! –A garota voltou a sentar. -Com treze anos você ainda parece uma criança mimada de três!

–Todos dizem que pareço mais velho!

–Na aparência física, pois sua mente deixa muito a desejar. Em vez de sair nesse frio, por que não lê?

–Quando voltar. Agora se me der licença...

–Toda.

O garoto deu meia volta e caminhou em direção a ala dos criados. Antes de chegar no referido local, encontrou Spencer arrumando caixotes dentro de uma sala minúscula. Parecia exausto. O rei e a esposa sempre saiam e passavam o dia fora resolvendo questões diversas. No fim das contas, Spencer era quem ficava com os dois. Os problemas que surgiam, as brigas, sempre acabavam sobrando para ele.

–Spencer!

–Sim alteza. –O homem atrapalhou-se largando as caixa. –Em que posso ser útil?

–Primeiro sele meu cavalo, vou cavalgar. Depois tire o dia descansando.

–Se o senhor vai sair, não posso tirar folga.

–Não se preocupe, não me distanciarei. Ainda assim, se quer manter vigilância não vejo por que não possa descansar enquanto aguarda meu retorno.

–Eu agradeço, alteza. Onde vai?

–É o que da quando se tenta ser gentil. Desde quando lhe dou satisfações?

–Alteza, hoje não é um dia comum esta nevando, nunca passeia quando o dia esta assim.

–Eu não demoro. Pode ir selar o Bento agora ou eu mesmo terei de ir?

O homem saiu assentindo com um semblante preocupado. Freddie pensou no que diria se ele não fosse tão fácil de ser enganado. Havia se comprometido a ir ao bosque na segunda semana do mês, em uma quarta feira, o dia era esse. Seria a primeira vez que passearia na neve.

Enquanto montava no cavalo, Freddie pensava em como as coisas haviam mudado. Haviam passado três anos desde que saíra para passear com Vincent e depois de se perder, só conseguira regressar por causa de uma pessoa. Desde então não conseguiu mais se distanciar. Primeiro achou que seria necessário que ela o ensinasse a se orientar na floresta, (pra isso abriu mão de uma maravilhosa viagem com o pai) mas não obtiveram êxito, na terceira tentativa Freddie desistiu pois considerou impossível ou altamente difícil.O fato é que desistiu. Ainda assim, ficaram amigos (uma amizade estranha) e continuaram a se ver no bosque. Geralmente as tardes de quarta feira, quando Freddie era liberado das atividades. Apenas em dias ensolarados.

Durante o tempo que passavam conversando, Freddie já tinha observado que ela não era normal, mas havia se apegado a ela de um modo que não conseguia explicar, e ignorou certas atitudes suspeitas. Como alguém tão pequena se movia como um adulto, ou como conseguia se localizar num emaranhado de matos? Ou como nadava tão bem nas gélidas águas do rio? Parecia ser treinada para uma guerra.

Quando chegou a clareira, ela estava sentada com um casaco imenso, encostada a uma arvore. Ela estava crescendo. Suas curvas, ainda que de leve, começavam a aparecer, e sua fisionomia estava ficando diferente. Magra demais, a pele muito alva salientando as espinhas. Continuava bela, mas seus modos pouco adequados a uma senhorita lhe retiravam toda a feminilidade.

Freddie desceu do cavalo e se aproximou com certa dificuldade em função da grossa camada de neve que havia no chão.

–Demorou, heim! Se eu viesse num pangaré como você, teria chegado aqui as cinco!

–Quer me dizer que veio a pé?

–Não, mas deixei a carroça la do outro lado. Mas vamos logo, eu trouxe o que você falou.

–Certo, deixa eu ver.

Freddie se aproximou e observou o material a frente da garota. Estava tudo ali, as madeiras cortadas em arco, o nylon, e as lanças. Só faltava uma coisa, talvez a mais importante. Pos as mãos na cintura e suspirou longamente.

–Sam, como vou fazer o arco e flecha sem uma faca?

–Ai que droga! Não pode usar os dentes?

–Os seus? Não sei, eles são afiados?

–É serio que da pra usá-los?

O garoto deu uma gargalhada, mas logo depois se calou. Lembrou-se de quando ela lhe deu uma dentada na mão por ele ter trapaceado no tiro ao alvo. Outra peculiaridade de Sam: A mandíbula. Possuía uma força descomunal bem como o resto do seu corpo.

–Não sua tola, estava brincando, se usar os dentes vai quebra-los!

–Só se for você que é um delicado... Mas e agora?

–Agora teremos que ir pra casa. E eu acho melhor, ta frio aqui, acho que não foi boa a ideia de virmos aqui hoje.

–É. –Disse sem demonstrar absolutamente nada. –Então só nos veremos daqui a quatro meses não é?

–Talvez se para de nevar antes... Sei que é difícil suportar minha ausência, mas tente ser forte.

–Pode ir tirando o risinho do rosto. –Ela também ria. –É que... Senta aqui, me explica uma coisa.

Freddie sentou em cima de uma raiz alta a poucos centímetros de Sam. Observou que ela tinha a expressão embaraçada, confusa e triste. Parecia sofrer para perguntar aquilo. Torcia os dedos que estavam vermelhos devido ao frio. De repente, uma duvida lhe veio a cabeça se sobrepondo a dela.

–Sam, você não sente frio?

–Como é?

–Seu casaco é fino, suas botas não são muito boas e não esta tremendo como eu. Como suporta?

–Sinto, ué. Mas não ta tão frio assim...

–Esta sim. Olha essa neve... Você é esquisita!

–Você não deve ter espelho em casa. –Disse rindo debochada. -Um príncipe que sai na tarde mais fria do ano pra montar um brinquedo com uma esquisita qualquer...

Após um silencio reflexivo, o garoto caiu na gargalhada. De fato podia estar desfrutando de seu conforto, aquecido e seguro. Mas preferia estar ali. E daí que constantemente brigavam? A odiava na medida em que a adorava. Não sabia o que era amizade descomprometida antes de conheça-la e não sabia se conheceria depois dada a sua posição social. Não podia correr o risco de perde-la.

–Diga-me, o que queria perguntar?

–Eu ouvi meus pais falando ontem de você. –Ela evitava encara-lo. -Eu não entendi. Seu pai vai te vender?

–Hã? –Freddie sobressaltou-se. -Não que eu saiba, você com certeza se enganou!

–Então por que falaram que você tem um contrato com seu tio? Há sei la não entendi direito.

–Há... –Disse tristemente. Se surpreendeu por isso. –Meu tio, irmão da minha mãe... Tenho que casar com a filha dele. Depois, pra poder cumprir o acordo.

–Entendo. Então você é noivo? –Sam forçou um sorriso. -É estranho. Acho que só assim pra você conseguir casar.

–Então você esta em maus lençóis! –Disse correspondendo ao riso.

–Bobo!

Mergulharam num silencio que foi quebrado pelo uivo ventos. Mesmo estando a poucos centímetros de distancia, sentiram que haviam quilômetros e quilômetros entre eles. O próprio Freddie se censurava por manter laços ainda que secretos com alguém de tão baixo nível social. Mas gostava dela, o que podia fazer?

–Acho que já vou. –Disse Sam se levantando. –Depois poderemos fazer isso.

–O arco? Claro! –Freddie levantou ficando frente a frente com ela. –Nos vemos daqui a alguns meses.

Sam sorriu e se afastou. Caminhava na neve como quem caminhava num piso de madeira muito bem pregado. As vezes chegava a ser assustadora, mas na maioria das vezes era simplesmente divertida. Vendo-a partir, Freddie teve uma ideia, que a principio lhe pareceu perturbadora, e principalmente, impossível.

Mas o caminho até o castelo não a afugentou a ideia como ele imaginou que ocorresse. Reafirmou. Se perguntava como poderia pensar em algo tão bizarro. Concluiu que deveriam ter sido as pragas que os criados lhe rogavam, claro. Eles o odiavam.

Ao chegar em casa, o rei ainda não havia chegado. Aguardou no próprio gabinete real que era o primeiro lugar para onde o homem ia após chegar em casa. Pegou um livro para se distrair, haviam muitos livros por ali. Estantes cheias deles. Aquele cômodo só não possuía mais livros do que a biblioteca, ainda assim haviam muito volumes.

Quando virava a vigésima pagina de um enfadonho livro de poesias trovadorescas, ouviu a maçaneta da porta ser virada. Ajeitou-se na cadeira e aguardou que o pai entrasse. Se recriminava o tempo todo por estar ali ocupando o tempo do pai com algo que ele mesmo achava um absurdo.

–Freddie, o que faz aqui? –Perguntou surpreso ao vê-lo. –Spencer me disse que saiu a tarde, aconteceu alguma coisa?

–Não aconteceu nada. Queria te fazer uma pergunta.

–Diga! –O homem fez um gesto largo com as mãos ao sentar.

Freddie não percebeu que torcia as mãos. Travava uma luta interior que o fazia transpirar mesmo com todo o frio que fazia. Achando que dar muitas voltas pudesse ser pior, resolveu perguntar de uma vez. Afinal, era o príncipe, mandava em tudo e não podia mandar em sua vida? Retomou seu ar mais arrogante antes de formular a questão.

–Se eu desejasse me casar com outra que não fosse Charlote, haveria algum empecilho?

–Não. –Respondeu o rei imediatamente tentando não demonstrar imenso choque. –É livre para casar com quem quiser filho.

O rei sentiu as narinas serem invadidas por um forte cheiro de maçã. O fruto proibido. Respirou fundo, o mais discretamente possível e mirou os olhos do filho tentando passar sinceridade em suas palavras.

–Esta gostando de alguém?

–Não. Era só uma duvida. De repente, acordei me perguntando. –O garoto sorriu dissimulado. – Será que eu tenho de fato controle sobre a minha vida?

O homem sorriu quase gargalhando. A arrogância de Freddie era o motivo pelo qual ele tentava não se mostrar alarmado. Bater de frente com o gênio do garoto seria um tiro no pé. Naquela idade era normal esse tipo de comportamento, mas casar para honrar um compromisso de tamanha importância sempre fora um motivo de orgulho para Freddie, que nunca se importou com sentimentos amorosos. Não até senti-los.

–Entendo. Mas diga-me, o que acha de anteciparmos sua ida a Itália?

–Achei que só iria daqui a...

–Dois anos. –O homem sorriu ainda mais. –Vai dois anos antes, volta dois anos antes para assumir o tal controle da sua vida.

O rei piscou para o filho que sorriu animado. Quem quer que estivesse fazendo de maneira tão drástica a cabeça de Freddie, vivia no reino e devia ser distanciado(a). O rei estava certo de que quando passasse a frequentar os salões de Veneza, e passasse a conviver mais com a belíssima Charlote, Freddie voltaria ao normal. Ele não estava normal, a três anos não estava mais.

Depois de conversar um pouco mais com o pai, Freddie retirou-se do gabinete e saiu correndo para contar a novidade a Carly. Iria viajar assim que chegasse a primavera. A ideia que antes lhe parecia absurda, agora lhe parecia altamente possível. Freddie se negava a admitir por que, mas de repente parecia errado se casar com Charlote.



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Notas finais do capítulo

Por que pulei tanta coisa da história deles? Pq ia ficar enfadonho demais mostrar como se desenvolveu a amizade deles, por hora, basta saber que ela existe. Esse é o penúltimo cap em que eles são crianças, o prx é a despedida de Freddie e algumas revelações da família de Sam. Ao longo da fic, com eles ja crescido rolarão flash backs de momentos deles. Deixem reviews, mesmo que não tenha gostado preciso saber.
Conexão Seattle deveria sair amanhã, mas como sabem me enrolei nessa até agora não entendi o pq mas provavelmente só vai la pra Domingo ou Segunda, me perdoem nem sempre as coisas saem como planejo, o que importa é que eu nunca vou abandonar as fics a menos que vcs queiram, o final das duas ja esta pronto, alias!!
É só gente vlw!! bjos até mais!!