Meu mundo é você escrita por Karmen Bennett


Capítulo 30
Meu mundo é você


Notas iniciais do capítulo

Hei amigos, finalmente o último capítulo eu disse que não desistiria e olhe que foi difícil, sabe esses últimos mês foram bem complicados mas não vou fazer discurso por que o cap já ficou bem grandinho. Mas por favor leiam as notas finais é muito importante. Apenas quero me desculpar pela demora e agradecer a compreensão de vocês. Boa leitura.



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A carroça onde os prisioneiros viajavam era seguida de muito perto pela cavalaria composta por quinze guardas e pela carruagem que vinha logo atrás, onde Humbert Haze observava atentamente a paisagem.

Estava convicto de que vencera. Tudo o que precisava fazer era esperar que os espiões plantassem a informação falsa e então Samantha seria entregue numa bandeja de prata pelos próprios amigos, era o mínimo depois da traição que ela cometera contra ele ao fingir que concordava em ajudá-lo a destronar o príncipe.

Ele via a cabeça de Robbie ao longe e se perguntava a todo o instante se o rapaz realmente se deixara enganar novamente por ele. Parecia que sim, afinal ele dera muitas informações importante acerca do possível paradeiro de Sam e dos esconderijos que os espiões costumavam utilizar quando encurralados, mas isso não significava que podia ficar menos atento com ele do que deveria ter ficado com Sam. Aquele fora um erro que não pretendia cometer duas vezes.

Quando o grupo estava a metade do caminho, ele percebeu que a carroça estava parando enquanto Nicolau dizia alguma coisa a Serafim que comandava a guarda.

Passados alguns segundos sem se deslocar, o duque desceu impaciente da carruagem e se aproximou de Nicolau, um homem em que ninguém sabia ao certo se devia confiar.

–O que está acontecendo? -Perguntou Haze aproximando-se.

–Estamos sendo seguidos. -Disse Nicolau. -Percebi ha alguns minutos e achei que fossem animais, mas há pessoas por aqui, devemos voltar.

–Muito tempo sendo perseguido não deve ter lhe feito muito bem, Nicolau. -Disse Robie entediado. -Não há ninguém nos seguindo.

Humbert olhou de esguelha para Serafim que ainda montava e os dois pareceram concluir o mesmo: Apenas um daqueles dois estava falando a verdade, pois se haviam pessoas seguindo-os ou não, os dois saberiam.

–Vamos seguir. -Disse o duque, convicto de que era Robie quem falava a verdade.

Nicolau quis argumentar, mas no mesmo instante, uma flecha atingiu um dos guardas no ombro e o homem caiu do cavalo gritando de dor.

Todos olharam sobressaltados para os lados tentando ver a origem do ataque, mas seria impossível descobrir pois várias pessoas começavam a emergir de trás das árvores que ladeavam a estrada e se encaminhavam em direção a guarda aos berros.

Humbert empunhou a espada e aguardou que o primeiro se aproximasse, golpeou o primeiro facilmente e depois correu até o cavalo de onde o guarda havia caído e montou. Saiu deixando Serafim e os outros lutando contra os camponeses enquanto Nicolau assisitia a tudo inerte. Robie descera da carroça e agora lutava ao lado daquelas pessoas que provavelmente eram seus comparsas.

Ele cavalgou o mais depressa que pôde, chegando esbaforido ao castelo onde foi surpreendido por Freddie que parecia estar saindo com muita pressa.

–O que houve, não deveria estar indo ao povoado?

–Fomos atacados. -Disse descendo do animal. -Preciso avisar ao rei, eles são muito mais do que esperávamos.

Freddie avaliou a situação com cautela e em seguida abriu caminho deixando o duque passar.

–Vossa alteza não virá? -Perguntou o duque.

–Logo me juntarei a vocês, agora vá. -Respondeu.

Ainda duvidando da veracidade do que o duque dizia, Freddie correu em direção a porta e saiu apressadamente, mas foi impedido de concluir seu trajeto por Vincent.

–Indo cavalgar? -Perguntou. -Quer companhia?

–Vincent não é hora pra brincadeiras, sabe que não há tempo para passeios matinais desse momento. -Disse descendo as escadas.

–Compreendo. -Disse desconcertado. -Sabe é que precisava muito falar com você.

Ele seguia Freddie tentando acompanhar seus passos.

–O que é tão urgente?

–Sabe que não posso ficar por muito tempo, não fossem os últimos acontecimentos, eu já teria partido…

–Vincent por favor seja mais breve. -Ele praticamente corria em direção ao estábulo.

–Acho que ainda gosto de sua irmã. Não sei o que fazer, devo honrar meu compromisso mas ontem conversamos um pouco e...

Ele se deteve quando Freddie parou subitamente fitando-o sério.

–Há um grupo de camponeses revoltos na estrada e você vem me falar de seus sentimentos por Carly? -Perguntou.

–Eu já tomei uma decisão Freddie. -Disse ignorando a pergunta. -Sei que vai ser difícil no princípio, o condado encontra-se em más condições, porém acredito que posso fazê-lo a ser o que era.

–Se já tomou sua decisão por que insiste em tomar o pouco tempo que tenho?

–Preciso saber se sua família vai concordar. Talvez queiram alguém melhor para ela, eu não sei...

–Você a ama? -Perguntou.

–Não tenho a menor dúvida disso. Há muito tempo, não sabe como é amar alguém por anos.

Freddie achou melhor ignorar aquele comentário e estudou muito atentamente a situação. Não tinha dúvidas de que o pai preferia que Carly se casasse que alguém de maior fortuna e influência política, mas Vincent era um bom homem que a amava. E Carly também não lhe era indiferente.

Após muito pensar, ele sorriu e estendeu a mão cumprimentando o amigo, demonstrando que ele tinha o seu apoio.

Vncent sorriu largamente, mas o sorriso foi morrendo ao seu rosto enquanto ele vislumbrava o grupo que se deslocava em sua direção.

Freddie se voltou na direção em que o outro olhava e mal pôde acreditar no que via.

Não era o punhado de camponeses que todos acreditavam ser até então, havia pelo menos cem pessoas ali, algumas com armaduras e espadas que certamente tiraram dos guardas e outras com pedaços de madeira nas mãos.

–Freddie, vamos embora daqui. -Gritou Vincent.

Mas ele não se mexeu. Não foi preciso, uma quantidade equivalente de guardas corria em direção aos revoltosos e um terrível conflito começou a se desenrolar diante dos olhos dos dois amigos, distanciados por cerca de trinta metros de distância.

–Freddie, vamos embora. -Gritou Vincente mais uma vez vendo que a confusão se aproximava cada vez mais.

Após se certificar de que Sam não estava ali, Freddie resolveu aceitar o conselho de Vincent e correu em direção aos fundos do castelo onde, para a surpresa dos dois, um grupo ainda maior de aldeões travava outra luta contra os guardas. Então ele a viu.

Sam empunhava uma espada que ele conhecia muito bem e lutava contra dois homens ao mesmo tempo. Ela era espantosamente habilidosa, movia-se rápido e possuía muita força, além da inteligência que parecia faltar aos guardas. Quando eles pensaram tê-la encurralado, ela desviou de todos os golpes e usou os pés para atacar um dos homens que caiu desmaiado no chão. O outro, ela conseguiu desarmar e o socou no rosto.

Ela então se encaminhou ao castelo, mas ao olhar para os lados acabou percebendo a presença de Freddie e estacou.

–Freddie pegue sua espada. -Disse Vincent já empunhando a sua. -Teremos que lutar pra passar.

–O príncipe! -Gritou um dos aldeões. -O príncipe está ali, peguem-no!

Ele gritava e corria em direção aos dois jovens. Vincent se colocou diante de Freddie e golpeou o homem, mas outros vieram e Freddie não teve outra saída se não lutar contra aquelas pessoas.

Sam quis pedir que todos parassem, mas sabia que aquela altura a situação já estava fora de controle. Sabia também que tentar defender Freddie só faria com que todos acreditassem no que Nicolau havia dito após eles terem derrotado os guardas. Por sorte ninguém lhe deu ouvidos e preferiram deixá-lo amarrado na estrada como sugerira Robie, mas agora ela precisava ser cautelosa.

Pedindo aos céus que tudo desse certo, ela adentrou o castelo, passou pelo longo corredor que dava acesso aos quartos dos criados e alcançou a cozinha. Achou estranho não ter encontrado ninguém até ali e parou para escutar.

Não ouviu nada e seguiu caminhando lentamente para fora da cozinha sentindo os batimentos cardíacos cada vez mais acelerados. Quando alcançou o corredor principal, finalmente ouviu vozes e parou para escutar. Reconheceu a voz do rei assim que a ouviu.

–Elas estão presos, não deixe que saiam e providencie para que ninguém passe por aquela porta.

Ela então respirou fundo e correu na direção contrária. Passando por algumas janelas, chegou a ver pessoas lutando do lado de fora e procurou não prestar atenção. Estava longe de querer que os amigos fossem presos, uma vez que se dispuseram a lutar ao seu lado, mas a possibilidade de que Freddie fosse machucado a assustava mais do que tudo naquele momento. Por isso precisava ser rápida e sair dali logo.

Ela chegou as escadarias que dava acesso às masmorras e começou a subir o mais depressa que podia, mas quando finalmente alcançou o topo das escadas, percebeu que era seguida. Ela não estranhara a ausência de guardas e empregados no castelo, pois acreditava que enquanto os primeiros estavam empenhados em combater, os segundos se escondiam, como ela esperava, fazia parte do plano abrir caminho até as masmorras. Mas havia mais alguém ali.

Sam parou olhando para trás e o seu perseguidor não tentou se esconder.

–Seus pais não estão aí, menina.

Spencer saiu de trás da penumbra e se aproximou cautelosamente com um ar amedrontado. Sam não baixou a espada.

–Onde eles estão?

–Lá embaixo, num dos quartos dos empregados. Lá em cima estão guardas, prontos para atacar quem quer que se aproxime.

Ela pensou por alguns segundos, então baixou a espada e desceu alguns degraus

–Por que está me ajudando? -Perguntou.

–Por que quero que isso acabe logo. -Disse. -Mas não quero que você morra.

Havia sinceridade nos olhos do rapaz. Sam lembrou que enquanto trabalhara no castelo ele sempre se mostrara gentil e prestativo, além de ser mais leal a Freddie do que ao próprio rei. Era provável que se considerassem amigos, mas isso nenhum dos dois jamais admitiriam por razões óbvias.

–Eu não queria que terminasse assim. -Disse ela.

–Então deveria ter ido embora assim que ele voltou. -Respondeu.

Ela baixou os olhos por um instante sentindo a consciência pesar. Mas não podia deixar que a culpa atrapalhasse seus planos, não aqueles já que deles dependiam a vida dos seus pais e amigos e talvez a sua.

Ela passou por ele apressadamente destinada a verificar a veracidade das informações que o rapaz lhe dera, mas então, ao passar por uma janela não pôde ignorar a terrível cena lá fora. Haviam pelo menos cinquenta pessoas deitadas no chão, quase todos camponeses. Os outros simplesmente estavam sentados, feridos demais para lutar ou fugir, e os poucos aldeões que ainda lutavam iam sendo rapidamente dominados pelos guardas que tinham melhores armas e preparo físico.

Tudo o que Sam precisava fazer era libertar os prisioneiros (o que certamente envolveria no mínimo um embate com os homens que os vigiassem) e sair dali o mais rápido possível. Mas os outros ainda teriam que permanecer ali, retardando os guardas até que ela conseguisse uma boa distância. Eles não se importavam em se sacrificar por que acreditavam que aquela era a única maneira de o rei perceber o quão insatisfeitos estavam com sua forma de governar, e talvez eles estivessem certos, mas Sam não achava justo sair ilesa quando grande parte daqueles acontecimentos era culpa sua.

Então, em vez de voltar para a ala dos empregados, ela seguiu direto pelo corredor e adentrou a câmera que levava até o salão principal. Havia cinco guardas ali, e todos imediatamente correram até ela com as espadas erguidas.

A família real se encontrava reunida no salão principal, sob a proteção máxima dos mais bem preparados cavaleiros do reino mesmo sabendo que o conflito do lado de fora não tardaria muito. Embora os aldeões os tivessem surpreendido em número, o despreparo para a luta era o esperado e isso tornava a questão mais incômoda que perigosa.

Freddie era o mais bem vigiado de todos, após ser retirado a força do confronto por ordens do pai, reusava-se terminantemente a participar da discussão acerca das providências a serem tomadas em relação aos revoltosos. Ele entendia que o pai não queria arriscar a vida do único herdeiro, mas não gostava da ideia de ficar ali sentado enquanto um conflito acontecia do lado fora.

Carly estava sentada ao lado de Freddie, apertando sua mão furiosamente enquanto observa o pai conversando com o rei Marco, ou dando ordens a Serafim sempre que este entrava na sala com novas informações.

Ela foi a única que, ao ouvir um forte estrondo do lado de fora levantou-se sobressaltada dando um gritinho, os demais acharam que era apenas Serafin voltando. Mas então os barulhos continuaram, seguiu-se um grito, espadas se chocando, pessoas caindo e finalmente tudo ficou quieto. A essa altura os guardas já se encontravam diante da porta, aguardando ordens do rei para sair, mas esse escutava com cautela.

Então, com um baque surdo, a porta se abriu e os homens se entreolharam confusos ao ver uma garota sozinha entrando na sala. Sam estava desarmada, mas ofegava revelando o recente esforço físico.

Ela correu os olhos pela sala e após identificar todos os presentes encarou o rei sentado no trono.

–Não fiquem aí parados! -Gritou Marco -Prendam todos!

–Esperem. -Disse Freddie levantando. -Ela está sozinha.

–Não seja ridículo Freddie -Carly gritou em desespero -Devem estar escondidos.

Os cavaleiros não só aguardavam ordens do rei francês como se sentiam pouco impelidos a atacar uma moça de aparência frágil. Então o rei levantou fazendo os outros se calarem imediatamente.

Superando as expectativas de todos, o clima se tornou ainda mais tenso quando Sam e o rei se encaram pelo que pareceram horas, mas foram poucos segundos.

–Então você resolveu vir até mim por conta própria -Disse o homem.

–Vim implorar que acabe com essa guerra. -Disse. -E não me refiro ao que acontece lá fora, mas a forma como nos trata, como manipula a todos de acordo com seus interesse incluindo aqueles que se consideram seus aliados.

Ela olhou de relance para a a família italiana reunida no fundo do salão e essa distração foi suficiente para o rei se por diante dos cavaleiros apontando uma espada para ela.

–Você morrerá hoje, menina. -Disse. -E desta vez não terei pena daqueles que acreditam gostar de você por que estes certamente não a conhecem de fato.

–Se o senhor diz. -Disse co um riso debochado o que irritou o homem ainda mais.

–Pai espere. -Disse Freddie vendo o homem avançar.

–Freddie, deixe o papai cuidar disso. -Pediu Carly num sussurro audível.

–Tenho o direito de ser ouvida. -Continuou ela convicta. -Meus crimes foram perdoados quando eu aceitei o casamento com o duque, e eu teria mantido minha palavra se o incêndio não tivesse me feito fugir assustada.

Desta vez foi o rei quem riu amargamente.

–Falo a verdade, e a maior prova disso é que meus pais ficaram pra trás. -Disse sentindo um nó na garganta. -Não foi algo que eu planejei.

Por alguns instantes o rei e os demais pareceram considerar as palavras dela e Freddie achou que se não a conhecesse desde criança, nunca seria capaz de confiar naquela mulher tamanha era sua habilidade para enganar as pessoas.

–E quanto a isso? -Perguntou apontando a porta. -Não ha maior prova de traição do que incitar essas pessoas contra mim.

–Vossa majestade é o primeiro a incitar vosso povo contra si mesmo quando lhe nega o direito a uma vida digna. Eu não controlo essas pessoas -Gritou. -Eu mal controlo a mim mesma, olhe para mim, acha que essa é a vida que alguém deseja pra si mesmo? Você é quem nos arrasta pra isso e não pense nem por um segundo que se livrar de mim é sua ponte para a glória pois ainda que não acredite, os piores inimigos estão entre os seus.

Os olhos do homem se estreitaram e a espada em sua mão tremulou levemente enquanto ela prosseguia:

–Acha mesmo que um duque aceitaria se casar com uma aldeã por lealdade ao rei?

–Tem provas do que está falando? -Marco se aproximou olhando-a com crescente interesse.

–Não. -Disse dando de ombros. -Nem tenho a intenção de cooperar, quero apenas ser ouvida. E como eu não espero que demonstrem interesse pelos problemas do povoado...

–Então admite que está mentindo? -Perguntou Marco.

–Espere e verá.

–AGORA JÁ CHEGA! -Gritou o rei Fredward agitando a espada.

Sam se afastou alguns centímetros com uma falsa tranquilidade e mirou sua espada caída na outra sala. No instante em que se virou, deparou-se com Freddie ao lado do pai.

–Vamos acabar com isso. -Disse ele. -De uma vez por todas, chamemos estas pessoas pra conversar e exilemos a espiã, não há alternativa!

–Deixá-la viva? -Perguntou o pai do garoto -Afaste-se Freddie você ainda vai me agradecer por isso.

Sem pensar uma segunda vez, Freddie respirou fundo e dirigiu-se até Sam agarrando-a pelo braço e conduzindo-a para fora da sala onde os guardas derrotados por Sam começavam a recobrar a consciência. Todos estarreceram, Carly e a mãe o chamavam desesperadas, Charlote e a família se entreolhava confusa e o pai do jovem o seguia aos berros.

–Não o deixem sair. -Gritou o rei já na outra sala e rapidamente os guardas cercaram os dois. -O que pensa que está fazendo?

–Vou levá-la até la fora e ordenar aos aldeões que se renda. Então os chamamos para conversar e acabamos com isso.

–Eu o proíbo. -Disse com veemência. -Resolverei as coisas do meu jeito agora.

Sam assistia a breve discussão com impaciência, temia pelo que poderia estar ocorrendo do lado de fora e com os seus pais, mas o rei parecia determinado em eliminá-la de uma vez por todas.

–Se a matar, é melhor providenciar um novo herdeiro pois nunca mais verá meu rosto ou ouvirá falar de mim.

Por alguns segundos, Sam achou que o rei fosse lhe desferir um golpe certeiro ali mesmo, entretanto o tremor no rosto do homem foi se abrandando conforme ele avaliava a situação.

–E que garantias eu tenho de que colocará fim nessa relação tortuosa quando tudo isso acabar?

Freddie olhou Sam de relance mas antes que pudesse responder, Robbie adentrou a câmera empunhando a espada e estacou ao se deparar com a cena. Rapidamente, dois guardas o encurralam quando ele começou a falar.

–Vencemos. -Disse. -Os guardas foram dominados e estamos tomando o castelo alteza. Entregue a Sam e tentaremos ser compreensíveis.

Houve alguns segundos de tensão, então um dos guardas atacou Robie que começou a lutar. Mais camponeses surgiram e um outro conflito já começava a se desenrolar até que Sam se desvencilhou de Freddie e agarrou-lhe os braços segurando-os atrás dele. Ela tirou um punhal da cintura e apontou para o seu pescoço ao que os guardas interromperam todos os movimentos.

–solte meu filho. -Gritou o rei.

–Agora eu quero todos calados! -Ela gritou irritada.

–VIVA! -Gritou Robie seguido dos outros companheiros.

–VOCÊS TAMBÉM! -Ela gritou sobrepondo-se aos demais. -Eu proponho o seguinte: O rei nos da até o fim do dia para deixar o palácio, mas antes se compromete a não nos perseguir e ainda ouvir nossas revindicações e em troca eu deixo o príncipe viver. O que me dizem?

–O que? -Perguntou Robie. -Sam, nós vencemos todos os guardas estão presos no celeiro, desacordados. Eu bati tanto naquele duque que quase o matei e você quer... Ir embora?

–Vossa majestade está de acordo? -Perguntou dirigindo-se ao rei.

–Sim. -Respondeu seco. Ele tinha os olhos fixos no punhal próximo ao pescoço de Freddie.

–Mas nós não aceitamos. -Disse Robie.

Ela assentiu com um ar cansado e com um movimento rápido, ela e Freddie trocaram de lugar. Agora Fredie segurava Sam enquanto apontava o mesmo punhal para o pescoço da jovem, deixando a todos perturbados demais para reagir. Mesmo espantados, os guardas imediatamente assumiram posição de combate novamente. Outros camponeses chegaram se juntando aos demais e vendo a cena, acreditaram que a garota fora capturada.

O rei não ousava se mexer ou autorizar os guardas que o fizessem. Não sabia o que Aqueles dois estavam fazendo, ou se ao menos eles sabiam, mas a ideia de perder o filho o assombrava demais agir sem pensar.

–Escutem. -Começou Freddie. -Meu pai se compromete a esquecer tudo o que aconteceu aqui, a libertar os prisioneiros e tentar melhorar a vida de vocês, mas pra isso vocês precisam ir. Eu os parabenizo por esse breve triunfo, mas todos sabemos que logo chegarão reforços e vocês não terão chances. Não quero que mais sangue seja derramado. Então, o que decidiremos?

Antes que alguém pudesse responder, Spencer entrou correndo e parou com um ar alarmado olhando cada um dos presentes demorando seu olhar em Sam. Ele tinha os olhos marejados quando voltou a encarar o rei e se curvou brevemente antes de avisar:

–Um dos prisioneiros está morto, alteza. Joe Puckett tentou fugir, mas acabou sendo morto por ao tentar lutar com um dos guardas.

O pai de Sam não foi o único que morreu no conflito, dois homens da guarda real e um outro camponês também acabaram sendo mortos durante a luta, e além disso quase todos os camponeses estavam machucados com exceção da família real, mas estes estavam em menor número de modo que aceitar o acordo proposto foi a única solução para as duas partes.

Horas depois o corpo de Nicolau foi encontrado na estrada, um guarda do castelo o havia matado acreditando que ele era um dos revoltosos.

Os camponeses foram se retirando aos poucos do castelo, e o rei fez questão de manter Freddie sob suas vistas e bem distante de Sam que foi uma das últimas a deixar o palácio, acompanhada da mãe. As duas, extremamente abaladas, foram escoltadas por guardas e Vincent, esse último para garantir sua segurança.

O enterro de Joe e do camponês Alaric ocorreu no dia seguinte sob uma profunda comoção de seus amigos e familiares, e certamente não fora diferente com o guarda.

Cerca de três semanas depois, uma relativa paz já se instalava no reino, a notícia do confronto no palácio se espalhara rapidamente e as pessoas pareciam mais interessadas em falar sobre o assunto que participar das longas assembleias que o príncipe vinha organizando para ouvir os pedidos das pessoas.

Mas não era pra menos, haviam muitas coisas a serem discutidas e outras que ainda fugiam a compreensão da maioria, como o afastamento do duque do conselho, a partida da família italiana as pressas para Veneza e um acordo firmado com a Suíça no qual se incluía a devolução de algumas terras tomadas há muitos anos durante uma guerra. O rei alegava que se tratava de uma reparação aos danos causados ao reino suíço e principalmente uma tentativa de aproximação visando o fim dos conflito entre povos, mas poucos sabiam que o verdadeiro motivo do rei ter concedido as terras era o medo de que os documentos roubados por uma espiã caíssem em mãos erradas. Sam não devolvera os papéis, tampouco dissera o que fizera deles, mas ela os destruíra pois tinha certeza de que Freddie faria com que o pai manteasse sua palavra.

O acordo entre a França e a Itália que obrigava os herdeiros a se casarem não foi questionado por ninguém e por essa razão permaneceu inalterado.

Por essas e outras inúmeras razões, Sam resolvera deixar o reino dois meses após o confronto, quando todos os assuntos pendentes já estavam resolvidos. Queria se distanciar daquele lugar que lhe causava lembranças doces e amargas, ambas igualmente dolorosas e também se manter longe da família real para que o príncipe seguisse sua vida em paz.

Ela tinha recebido muito ouro do rei Theodoro, mas dividira uma parte com os aldeões para ajudar a reparar os danos sofrido e o restante guardara para começar uma vida nova com a mãe. Sentia que aquilo era o melhor a fazer embora sentisse uma profunda angústia não via como poderia ser diferente.

No manhã sua partida, o Sol brilhava forte e o céu era de um azul claríssimo, como se tempo estivesse a zombar de sua infelicidade. No porto, Robbie, Gibby e outros amigos haviam ido se despedir, pois já haviam tentado de todas as formas dissuadi-la, mas fora inútil.

–Não há mais nada que me prenda aqui. -Dizia ela -Minha mãe aceitou vir comigo e eu sempre escreverei para vocês.

–Antes de você partir, queria te dizer uma coisa. -Disse Robbie. -Quando você foi presa pela primeira vez...

Ela levantou a mão impedindo-o de falar.

–Robbie, vamos deixar o passado para trás. O duque me disse algumas coisas quando foi embora do castelo, mas esqueça isso devemos seguir em frente.Somos amigos e perdoar faz parte disso.

Ele assentiu e abraçou demoradamente, sendo seguida de Gibby e dos outros amigos do povoado que haviam ido até ali se despedir dela e da mãe que chorava o tempo inteiro, ainda sofrendo com a morte do marido.

Sam percorreu os olhos uma última vez pelo porto na esperança de ver o príncipe, ainda que de longe mas não havia qualquer nobre ali, apenas alguns comerciantes e outros camponeses que como ela, pretendiam partir para a América e começar uma nova vida por lá. Ela então entrou com dificuldade no enorme barco a vela levou a mãe a té a parte de baixo para que ela pudesse descansar nos alojamentos. Dormiriam na ala de mulheres e crianças e teriam que ajudar na limpeza o que ela achava que a ajudaria a não pensar na profunda tristeza que sentia.

Estava livre de qualquer obrigação e não teria que suportar ver o príncipe se casando e seguindo sua vida feliz, embora fosse isso que desejasse de todo o coração. Sabia que ele seria um bom rei e que fosse Charlote ou qualquer outra a se casar com ele, dificilmente alguma mulher não se apaixonaria completamente por ele a ponto de não querer fazê-lo feliz. Ao menos era no que ela gostava de pensar.

A viagem demoraria cerca de oito semanas, isso se os ventos soprassem da maneira esperada do contrário poderia passar muito mais tempo no mar. Ela achou que não se importaria, até o balanço do barco começar a incomodá-la a sobremaneira e os enjoos se mostrarem ainda mais fortes do que vinha acontecendo nos últimos dias.

Ela tentava de todas as maneiras não pensar em Freddie, em tudo o que viveram, no pedido de casamento que ele lhe fizera e na forma como tantas vezes ele a beijara de forma apaixonada. Pior ainda era pensar em quantas vezes correram pelos bosques quando eram crianças, aquelas lembranças distantes pareciam mais vívidas do que nunca, faziam-na perceber o quanto amava o príncipe e o quanto doía saber que não o veria mais.

Enquanto o barco se afastava deixando a França para trás, Sam começou a chorar descontroladamente, pela perda do pai, por deixar os amigos pra trás, por Freddie e por se sentir culpada por tudo o que acontecera. Algumas pessoas se aproximaram perguntando o que havia, mas ela se afastou e procurou uma parte mais tranquila do navio indo se sentar próximo ao leme com a cabeça baixa sobre os joelhos.

Então uma sombra perpassou por ela e alguém se sentou a sua frente passando a mão nos seus cabelos carinhosamente.

–Estou bem mãe, por favor volte lá pra baixo e descanse.

Mas a mãe sentou ao lado dela e a puxou para um abraço ao que ela ergueu a cabeça impaciente e quase saltou um grito ao ver um homem maltrapilho com uma barba enorme abraçando-a.

Ela levantou de um salto abafando um grito.

–O que? Como? O que você está fazendo aqui?

–Não acredito que me reconheceu tão rápido. -Ele disse levantando. -Como teve coragem de embarcar sem ir falar comigo?

Ela abriu e fechou a boca várias vezes mas não encontrou palavras para expressar o que sentia ao ver Freddie ali. Estava feliz, surpresa, assustada e começava a se irritar com aquele sorriso dele diante de uma situação tão absurda.

–Eu não fugi. -Disse ele. -Falei com minha família sobre a minha decisão e ninguém aceitou, então acho que Vincent assumirá após se casar com Carly. Confio nele.

–Mas e a princesa Charlote?

–Ela vai encontrar alguém que goste dela, e quanto ao tratado de matrimônio... Bom, foi minha família quem impôs isso, então ela pode muito bem revogar.

Ela levou alguns segundos pra assimilar aquilo tudo. Tinha certeza de que a coisa não era assim tão simples e ele certamente também sabia.

–Não acredito que abdicou do trono por minha causa.

–Está se supervalorizando. -Disse com um sorriso de lado por baixo da barba. -Abdiquei do trono por mim. Eu não conseguiria viver longe de você. Você ainda me quer, mesmo agora que estou pobre?

–Eu preciso pensar a respeito. -Ela sorria sem conseguir disfarçar a alegria que sentia.

Sem pensar em mais nada, Sam se atirou nos braços dele e o beijou nos lábios deslizando as mãos pelo rosto dele tendo cuidado para não retirar a barba falsa.

Não se importava minimamente com a falta de dinheiro ou com os problemas da corte se ele mesmo não se importava, estavam juntos e isso bastava para que fosse feliz em qualquer lugar do mundo, vivendo como rainha ou como simples camponesa que sempre fora.

A Freddie entristecia um pouco deixar a família para trás sobretudo depois de o pai ter aceitado por fim aos conflitos com os Suíços de dentro e fora do reino, mas havia tomado sua decisão e não se arrependia minimante, mesmo por que o rei não havia feito mais que sua obrigação. Além disso, naquele momento mais do que nunca, sentia que não poderia viver longe de Sam, fosse como rei ou numa nova vida, ela tinha que estar presente ou a felicidade não lhe seria possível.

–Mas Freddie, pense bem. -Ela disse séria se afastando. -Hoje você pensa assim, mas amanhã pode se arrepender por deixar o seu mundo pra ir viver na América.

–Acha que não tive tempo suficiente pra pensar nessa decisão? E não estou falando de dias, pois tenho certeza que esta é uma escolha que eu já havia feito há muitos anos.

Ela o olhou preocupada, observando os trajes pobres que ele usava e se perguntou por quanto tempo ele suportaria tudo aquilo. Já voltava a ser consumida pela aflição quando ele tomou as mãos dela entre as suas e mirou os olhos dela.

–Eu te amo Sam e eu precisaria ter ficado lá pra sentir que havia deixado meu mundo pra trás, por que meu mundo é você.

A profundidade daquelas palavras a afetaram de um jeito que a única coisa na qual ela conseguiu pensar foi em se atirar nos braços dele novamente e permanecer ali por longos minutos, os dois observando as águas cristalinas do mar e sentindo a brisa em seus rostos. Se amavam e Deus havia lhes dado a chance de ficar juntos, não havia dúvida de que a felicidade os acompanharia pelo resto de suas vidas nos momentos bons e ruins, pois teriam um ao outro e era só o que importava.


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Notas finais do capítulo

OBRIGADA!! Não é o suficiente mas resume o que eu quero dizer obrigada a todas e todos que leram, comentaram, recomendaram, favoritaram, acompanharam... Olha só eu em breve eu vou postar um epílogo curtinho pra mostrar como as coisas ficaram depois de um tempo, então isso ainda não é um Adeus, masss queria dizer que foi muito legal passar esse tempo aqui no Nyah escrevendo e lendo fic Seddie... Bom, mas vou deixar pra fazer uma despedida mais digna no epílogo. Por favor, sinalizem os erros e desculpem possíveis decepções, eu juro que me esforcei ao máximo. Abraços e até mais!!



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