Meu mundo é você escrita por Karmen Bennett


Capítulo 3
Cavalgada desastrosa


Notas iniciais do capítulo

Oi, desculpem a demora, mas é que pequenos acontecimentos me impossibilitaram de aparecer por aqui... Bem hoje estou fazendo algo inédito pra mim. Postando dois cap ao mesmo tempo e queria pedir que vcs comentassem nos dois, ok? Pfv... Gostaria de agradecer a recomendação da Day Benson la em Conexão Seattle ficou muito linda, eu amei!! Brigada! omo vcs tem dois cap pra ler vou encurtar a conversa nos vemos la em baixo! Bjos!



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O quarto era enorme, decorado em um gótico medieval pouco confortável. Sua cama era imensa e seu guarda roupa tinha mais de dois metros de altura por um e meio de largura. A janela possuía uma bela vista do o jardim, que se estendia para o bosque, um denso emaranhado fechado de arvores que conduziam a floresta. E em um ponto extremante longe, um borrão cinza revelava a aldeia onde viviam plebeus. Ao lado, onde era necessário inclinar a cabeça para enxergar, se desenhava a estrada que levava a cidade.

Freddie observava aquela belíssima imagem que mais parecia uma pintura. Após um sonho um pouco conturbado, do qual pouco se lembrava, acordou e não conseguiu voltar a dormir. Passou a admirar a aurora pela janela.

O Sol despontava seus primeiros raios na terra, quando o pequeno viu uma carroça se aproximar. Em cima, um homem, e uma menina. Traziam caixotes.

Alguns serviçais os se prontificavam na porta do palácio a espera dos carregadores. Freddie fez uma careta, O homem trajava suas pavorosas vestes camponesas, a garota, tinha os cabelos soltos, esvoaçantes, nem ao menos se dera ao trabalho de fazer uma trança ou um coque. E definitivamente já estava na hora de aparar os fios.

Quando a carroça parou, ele percebeu que se tratavam de vendedores. De maçãs. A garota soltou primeiro com espantosa habilidade. Freddie reparou que embora fosse ligeiramente menor que ele, seus movimentos faziam-na parecer mais velha. Estando muito do alto, não conseguiu ver o rosto de nenhum dos dois, mas a curiosidade pela menina crescia.

Ela equilibrou duas caixas de maçãs sobre a cabeça e não fosse o homem adverti-la de que não era necessário, ela continuaria o auxiliando. Tendo o homem a liberado do serviço, ela passou a soltar piruetas pelo enorme jardim em ao frente do palácio. Freddie não percebeu quando um riso riscou seus lábios. Parecia uma borboleta, saltitando de um lugar para outro, portadora de uma alegria contagiante. Os raios de sol deixavam seus cabelos dourados como fios de ouro. Ela havia deixado as pobres precatas para trás e corria descalça.

–Vem Sam! –Freddie ouviu o homem gritar.

A menina foi saltitando e subiu na carroça tão habilmente quanto desceu. Freddie observou os dois se afastarem até chegarem a estrada. Quando a carroça desapareceu, foi como se houvesse saído de um transe. De repente se viu na janela, esticando o pescoço encantado por uma louca maltrapilha. Benzeu-se e pensou que de certo poderia se tratar de algum mal olhado que lhe puseram. Era comum os criados olharem torto para ele ao acreditarem que ele não estava a prestar atenção neles. Ainda mandava um pra guilhotina!

Saiu da janela com uma sensação de vazio. Benzeu-se novamente e se vestiu. Desceu as enormes escadarias em espirais e foi ao encontro da irmã e de seu primeiro professor. Tinha diversas aulas ao longo do dia. Idioma, calculo, montaria entre outras. Nada comparado a ficar horas com o seu professor de física, um velho calvo que lhe ensinava a fazer diversas engenhocas com que muito se divertia.

–Freddie! –Cumprimentou Carly já sentada a mesa. –Bom dia! Hoje só estudaremos pela manhã a tarde teremos um chá com a Antoniete e o Valentin!

–Aqueles chatos metidos a intelectuais?

–Existe alguém por quem você venha a possuir alguma simpatia caro irmão?

–Hum... –Ele revirou os olhos pensativos. –Não. Não há ninguém que se nivele a mim. Não pense que é fácil, cara irmã, mas é fato. Sou a melhor criatura que conheço!

Carly irrompeu numa gargalhada descontrolada. O garoto falava em tom de brincadeira, mas no fundo era mais ou menos assim que ele pensava. Os criados que circundavam a mesa se esforçavam para não exibir suas expressões aborrecidas e se mostrarem solícitos frente aos ridículos comentários do príncipe.

Após a breve aula de Frances com introdução ao inglês, os dois foram liberados. Vestiram-se mais adequadamente em seus respectivos aposentos, e desceram para esperar os amigos na sala de visitas.

Antoniete era filha do Lorde Augusto de Alcântara e Valentin era filho do conde Stefan Smith. Erma primos, seus pais eram irmãos. Sempre que tinham oportunidade, os pais os empurravam para a o palácio a fim de forçar uma amizade entre eles e os príncipes.

O garoto tinha onze anos, era tímido e retraído Tinha cabelos e olhos pretos em contraste a sua pele alva. A garota, tinha doze, loira, de olhos verdes. Seus cabelos eram de um liso escorrido, que ia até os ombros. Muito amiga de Carly, sempre liam juntas por horas na biblioteca.

Freddie os observava com certo desdém. Se perguntava por que era obrigado a permanecer com pessoas que não gostava. Sua vontade era de estar na companhia de pessoas de sua mesma importância. Príncipes, logicamente. As vezes se perguntava que dia o pai os obrigaria a suportar a companhia de filhos de criados ou verdureiros.

–Freddie, estive pensando não gostaria de passar uns dias com minha família em Veneza? Trata-se de uma belíssima cidade!

–Me parece... Entediante! –Respondeu após um bocejo.

–Já esteve em Veneza?

–Muitas vezes. Mas a verdade é que ando muito cansado ultimamente e creio que minha companhia lhe seria... Entediante!

Carly revirou os olhos. Foram uma única vez a cidade e se divertiram como nunca. De certo que o irmão adoraria voltar, mas não admitiria chegar em outra cidade se não fosse com a corte em peso. Com as trombetas soando frente a sua chegada.

–Freddie, soube que esta indo bem em suas aulas de montaria. Ainda cavalga em pôneis?

O garoto sentiu ímpetos de arremessar o livro na garota. Controlou-se e abriu seu mais frio sorriso. Até o ano passado o pai não lhe permitia cavalgar livremente em cavalos grandes. Mas fazia alguns meses que podia pegar Bento, seu cavalo e ir a distancia que entendesse.

–Não vejo em que exatamente tal informação possa vir a trazer mudanças notáveis em sua pouco interessante vida, mas sim estou indo perfeitamente bem.

O constrangimento se estendeu aos três. Freddie sentiu-se vingado. Controlou o sorriso como pode.

–Então que tal uma corrida? Com o Vincent?

–Ora, mas aceito de bom grado. –Disse levantando-se. –Mandarei selar os cavalos.

Os três ficaram sentados entre incrédulos e aborrecidos. Carly continuou sua leitura enquanto esperava o irmão. Um pressentimento ruim lhe invadiu. Um vento frio entrou pela janela aumentando os calafrios que atingiram sua espinha.

Freddie voltou com um sorriso no rosto convidando os demais a acompanharem-no. Do lado de fora, cada um dos garotos montaram nos animais selecionados. O de Freddie era Bento, branco com pelo lustroso. Um tipo raro que o pai lhe dera a cinco anos. Vincent montou em um marrom ainda mais belo e maior, porem muito menos ágil que o cavalo de Freddie.

–Vamos até a colina e voltamos.-Disse o pequeno príncipe. -Quem chegar primeiro aqui depois de ter feito esse percurso ganha. O perdedor paga vinte moedas de ouro.

–Pra que você quer isso Freddie? –Questionou Carly.

–Faça a contagem, Carly. –Respondeu ignorando a pergunta.

Vincent começava a se preocupar. O garoto tinha certo brilho lunático, desafiador. Era só uma brincadeira, algo para se divertirem fora daquela chatíssima biblioteca. Mas devia saber que vindo daquele pequeno déspota não podia esperar diferente.

O percurso sugerido era pequeno, mas exigia que adentrassem a estrada encoberta pelas árvores do bosque. Haviam ursos la. Não haviam criados para acompanha-los, mesmo por que não tinham permissão para cavalgar tão longe. Estavam quebrando regras. Poderiam se encrencar. Mas dizer não seria demonstrar fraqueza perante alguém que já o menosprezava o suficiente.

–Em cinco... –Começou.

–Não! –Interrompeu Vincent. –Uma das meninas faz a contagem.

–É e por que ia contar de trás pra frente? –Perguntou Antoniete

–Vão contar ou não?

–Um... –Começou Carly. –Dois, três e já!

Os cavalos saíram desbandeirados. Mas uma vez Carly sentiu o mal presságio. Os garotos sumiram de vista. Um criado, alto e magro de cabelos escuros e forte semelhança física com a princesa andando alarmado!

–Alteza, o que é isso? Eles não tem permissão para...

–Vai atrás deles, Spencer! –Disse Carly em lágrimas.

–Mas o que... –O homem perguntou confuso.

–VAI ATRAS DELES POR FAVOR, NÃO ESTA ME OUVINDO?

Antoniete abraçou Carly. A garota rompera num pranto assustador. O homem saiu correndo em direção ao celeiro. Pouco depois o viram sair desabalado cavalgando num cavalo reservado a membros da corte. Carly pensou que ele poderia ser severamente castigado caso a situação não fosse tão grave quanto eles pensavam.

Nunca o tempo passou tão devagar para Carly. Antoniete não parava de perguntar o que havia de errado. Ela só balançava a cabeça afugentando os pensamentos ruins que lhe permeavam a mente. Quando de repente viram a carruagem real se aproximar. E agora? O que diria aos pais?

A carruagem se aproximou. O lacaio desceu e ajudou o casal e o convidado a sair de dentro da luxuosa carruagem. Vendo o desespero estampado no rosto da filha, eles não precisaram perguntar. Freddie aprontara mais alguma.

–Onde esta seu irmão? –Perguntou a mãe.

–Foi cavalgar com o Vincent e ainda não voltou.

–Já são cinco da tarde! –Esbravejou o pai. –Já esta escurecendo! Hoje Freddie será castigado como nuca foi na vida! Que horas eles saíram?

–As duas. Papai eu mandei o Spencer ir atrás deles, eles não devem demorar.

–Carly, minha querida entre, sim? –Pediu a mãe delicadamente. –Todos, vamos entrar, Spencer logo trará os meninos.

O rei não ouviu a esposa. Foi andando em direção ao celeiro com uma expressão carregada. Quando voltava, já montado num lindíssimo cavalo negro, viu dois cavalos se aproximando. Spencer em um, Vincent em outro. Mas onde estava Freddie?

O pai de Antoniete, e tio de Vincent, Lorde Augusto de Alcântara assistia perplexo o desenrolar dos acontecimentos. Vincent não era dado a exageros, o que poderia ter ocorrido para que ele desafiasse a autoridade real? Abraçou a sobrinha preocupado com ambos.

–ONDE ESTA O MEU FILHO? –Perguntou assim que o criado se aproximou.

O homem olhou para o garoto que começou a relatar a tragédia em meio aos soluços.

–Nos estávamos apostando uma corrida, ai ele resolveu cortar caminho, eu mandei ele voltar, ele não me ouviu fui atrás dele, mas quando entrei no bosque, vi que ele ia em direção a floresta, gritei, mas ele me chamava de covarde e continuou a ir, ai eu me perdi, foi quando o Spencer me achou e ficamos procurando ele, ai pensamos que ele poderia ter voltado, por que já haviam se passado horas, e ele parecia confiante em conhecer o caminho...

–Spencer, chame os guardas. –Foi tudo o que o rei disse antes de disparar com o cavalo.

Carly assistiu aquilo que mais parecia uma terrível tragédia. Nunca um por do Sol lhe pareceu tão assombroso. Observou que embora a mãe tentasse parecer calma, estava com os nervos a flor da pele.

Algumas horas depois, Lorde Alcântara se retirou com sua filha e sobrinho dizendo ser solidário a situação. No fundo estava aliviado em não ter sido o seu sobrinho a se encontrar perdido tarde a noite na floresta impregnada de ursos e outros animais ferozes, mas sentia pelo pobre príncipe. Era impossível que sobrevivesse caso não fosse achado. Se não morresse devorado, morreria de fome.

Ninguém dormiu aquela noite, quando o rei finalmente regressou, com enorme pesar, fitou a esposa e a filha significativamente. Respirou fundo e anunciou com a maior calma que consegui esboçar:

–Não o encontraram. A indícios de que ele tenha ido para o lado sul da floresta, e é impossível encontra-lo a essa hora da noite. Deixei guardas no bosque, pela manhã entrarão na floresta novamente e não retorarão até acha-lo.

Carly se desfez em lágrimas. Mesmo sentindo um mal presságio, nada fez para evitar que o irmão se fosse. Se algo acontecesse, nunca se perdoaria. A mãe mantinha uma postura incrível. Não se desesperou, não chorou, sorria como se o irmão estivesse perdido no bosque e fosse voltar logo. Conduziu a garota escada a cima com todo carinho possível. Foi uma terrível noite no castelo.




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Notas finais do capítulo

Comentem, heim? Ah não fiquem com raiva do Freddie ele é uma criança sobrecarregada com obrigações de adultos, encara da forma que pode... Mas em fim, comentem... Passem para o próximo que ja esta disponível!Bjos!