Meu mundo é você escrita por Karmen Bennett


Capítulo 24
Sacrifício


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, consegui uma semana de férias e estou me dedicando um pouquinho as fics. Muito obrigada pelos reviews de vcs, espero que gostem do cap fiz com muito carinho! Bjos!



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Restava pouco tempo de vida ao cavalo favorito do príncipe, e o jovem sentia isso sempre que cavalgava com ele pela manhã, como lhe era de costume. Já não atingia mais a mesmas velocidades, não saltava obstáculos como antes e tampouco conseguia ir e voltar do bosque da mesma forma, sempre regressava mais lentamente, chegando até mesmo a parar em alguns momentos.

Ao retornar ao palácio, Freddie empreendeu uma busca pelo responsável pelos animais afim de ordenar que o homem tivesse toda atenção com Bento mas Spencer não se encontrava em canto algum da área externa ou interna do palácio, e como ele não queria deixar o animal aos cuidados de mais ninguém, deixou o cavalo no estábulo, selou outro e encaminhou-se novamente as áreas mais remotas, agora destinado a repreender severamente o criado.

Estava certo em pensar que Spencer fora caminhar para os lados do lago, há muito desconfiava que o jovem se encontrava com alguma moça por aquelas bandas, e embora isso muito agradasse a Freddie, dado o modo como Spencer sempre parecia sozinho, não encontrar alguém que socorresse o seu cavalo naquele momento o deixava bastante furioso para que conseguisse pensar na felicidade de alguém.

Ao vislumbrar o homem, há alguns metros de distancia, pensou em se aproximar, mas Spencer estava conversando com um outro homem na estrada. Freddie fez um esforço e finalmente lembrou-se de ser aquele o tal Robie, amigo de Sam. Sentiu vontade de embrenhar-se na floresta e aproximar-se por trás das arvores de modo a escutar o que ele falava, mas como já havia sido visto pelos dois, restou-lhe aproximar-se impondo-se como autoridade que de fato era.

Os dois homens fizeram uma reverencia quando o príncipe aproximou-se suficientemente e um deles fez menção de ir embora, mas o monarca o deteve.

–O que faz aqui? –Perguntou Freddie.

–Vim atrás de uma informação, Alteza.

–Veio ao lugar certo. –Ironizou. –Diga-me de que precisa saber, ficarei feliz em ajudar.

–Eu não...

–AGORA! –Esbravejou.

–Vossa alteza, ele...

–Cale-se Spencer, falo com você mais tarde. Agora, meu jovem conte-me o que tem lhe afligido.

–Vossa alteza, peço as mais sinceras desculpas, mas creio que levar problemas tão insignificantes a alguém de sua importância...

–Eu defino o que é insignificante. –Disse o príncipe calmamente. – Vou te dar uma última chance de escapar da masmorra, meu jovem. Conte-me o que veio perguntar a Spencer.

–Vim perguntar a Spencer se ele havia tido notícias de Samantha Puckett. –Disse. –Ele me disse que não e eu já estava me retirando.

–Qual a última vez que a viu? –Inquiriu o príncipe. –E é melhor que não minta!

–Foi quando vossos guardas a levaram do povoado afirmando que se tratava de uma traidora. Os pais dela ainda não se refizeram de tamanho desespero.

–Não me lembro de ter lhe perguntado sobre o estado de espírito dos pais de quem quer que seja. –Disse fazendo o cavalo retroceder alguns passos. –Será melhor a sua pessoa que esteja falando a verdade, pois seu descobri que está mentindo, se arrependerá dia em que nasceu.

Dizendo essas últimas palavras, Freddie lançou um olhar aborrecido a Spencer e saiu cavalgando apressadamente em direção ao palácio. Sentia-se cansado e abalado por aquele encontro que acabou lhe trazendo as melhores e as piores recordações de sua vida, que há muito ele vinha tentando manter afastadas de sua mente.

As portas gigantescas se abriram no momento em que ele se aproximou da entrada do castelo e sua surpresa não poderia ter sido maior ao se deparar com uma moça loira, de longos cabelos dourados e olhos azuis, em pé, fitando-o firmemente. Tinha as mãos amarradas, e era vigiada por três guardas que ainda assim pareciam pouco seguros em estar próximos a ela.

Era difícil descrever o que sentia naquele momento, mas tinha certeza de que ainda amava, e muito, tanto que o ódio que sentia naquele momento não era capaz de sobrepor-se a vontade que sentiu de toma-la nos braços assim que viu. Confuso, ele passou direto por ela e encaminhou-se a sala de onde vinham vozes conhecidas.

Estavam reunidos em torno da mesa o rei, o duque Humbert e Serafim, todos parecendo muito nervosos. O duque falava em deixar os inimigos por perto enquanto o rei vociferava a altos brados que daquele dia a menina não passava.

–Bom dia a todos. –Cumprimentou Freddie aproximando-se.

Serafim e Humbert responderam mas rei limitou-se a olha-lo furioso. Ainda não o perdoara por ter colocado a família naquela situação.

–O que ela faz aqui? –Perguntou Freddie.

–Humbert a capturou num vilarejo próximo a fronteira. – Respondeu Serafim. –Provavelmente planejava fugir.

–Não me diga. –Ironizou Freddie encarando o duque. –Mas que excelente trabalho, meu caro. O que mais nos trouxe?

–Freddie, contenha-se por favor. –Pediu o rei sentando-se. –A moça encontrava-se em plena atividade de conspiração, não há meios de deixa-la livre.

–Não foi esse o combinado papai.

–Freddie, meu filho o que o duque propõe é o melhor. –Disse. –Vamos mantê-la sob nossas vistas, é mais seguro!

–É? E como?

–Proponho, vossa alteza. –Interpôs-se Humbert. –Que a deixemos presa na casa de Serafim, até que tenhamos certeza que a ordem que ela lidera não representa mais um perigo.

–Ordem? –Perguntou Freddie.

–Sim, alteza. Samantha Puckett é a atual líder de uma antiga ordem de aliados da Suíça que almejam aniquilar a antiga aliança entre a França e a Itália. É essa mulher que quer deixar livre?

Freddie silenciou enquanto pensava que por muito pouco o plano sobre qual o duque não fora executado, da forma mais inteligente possível. Sem estratégias ou grandes conflitos, de forma que o mais fracos dos três reinos (a Suíça) não sairia perdendo. Um plano que tinha como único alvo a principal peça de toda aquela estrutura, e que uma vez atingido, poderia por fim a tudo como quase o fez. Ele mesmo.

–Está bem. –Concordou por fim. –Mas ela fica aqui. Como criada.

–O que? –Disseram os outros três juntos.

–É a minha condição. E agora não existe mais a opção deixa-la livre, de fato é muito perigosa. Mas o fato é que ela já fugiu das masmorras uma vez, creio mantê-la ocupada seja mais prudente.

–Freddie. –Disse o rei pacientemente. –Sei que pode parecer difícil, mas sejamos racionais: é melhor eliminar essa moça de uma vez.

–Fora de questão. –Respondeu firmemente. –Aliás, agradeço ao duque e ao Serafim por terem-na trazido. Mas estou no comando dessa situação, mesmo por que não acho justo continuar importunando-os com esse problema.

–Não é importunação alguma alteza. –Disse Humbert visivelmente incomodado com o que Freddie propunha. –Mesmo por que já tens muitos problemas, e nós como seus aliados...

–Seu discurso me comove, caro duque Haze. –Disse encaminhando-se a saída. –Mas um de meus cavalos se encontra doente, e quero resolver a questão pessoalmente. Se pudéssemos encerrar essa reunião para qual curiosamente eu sequer fui convidado, ficaria realmente feliz.

–Freddie...

–Papai, nada do que disser me fará mudar de opinião. Eu já estou sendo condescendente o bastante a ponto de abrir mão do nosso acordo que a deixava livre, não acha?

–E por que se recusa a deixa-la ir com Serafim?-Perguntou o rei aborrecido – Ela pode ser criada em seu palácio também! Quer essa moça vivendo sob o mesmo teto da sua família?

–O castelo é suficientemente grande, quase nunca vamos à ala dos criados. –Disse massageando a testa demonstrando exaustão. – Terão guardas e criados vigiando-a todo o tempo. Desculpem-me, mas eu realmente gostaria de encerrar essa discussão.

–Está bem, Freddie. –Disse o rei. –Mas é melhor que saiba o que está fazendo, não admitirei novas falhas.

–Não se preocupe. Bom, quanto aos senhores, peço que fiquem para o almoço, mas serei obrigado a pedir licença, outros assuntos me chamam. Até breve.

Após quase duas horas ali, de pé tendo cada movimento observado por três guardas, Sam acabou sentando no chão frio do saguão, e foi nesse exato instante que ouviu passos de botas avançando pelo corredor por onde Freddie sucumbira. Percebeu que não tinha mais forças para levantar, tamanho era o seu nervosismo e continuou ali, aguardando o desenrolar dos acontecimentos.

Ela mesma sugerira aquilo ao duque, certa de que Freddie não muito diferente de uma criança cheia de vontades, não iria permitir que o que fora seu um dia passasse a pertencer a outro, em qualquer sentido. Ela estava ciente de que o resultado daquilo poderia ser a sua própria morte, pois o rei dificilmente aceitaria que continuasse viva, principalmente se Freddie demonstrasse qualquer sinal de interesse por ela.

Ela sabia que mais cedo ou mais tarde, poderia ser aniquilada nas masmorras para onde acreditava estar prestes a ir, mas a verdade é que desde que o duque a capturara, Sam passara a ter certeza de que a morte era apenas uma questão de tempo para ela, e que no pouco tempo de vida que lhe restava precisava consertar ainda que minimamente as coisas. Cinco minutos a sós com Freddie poderia fazer grande diferença, poderia contar não só os planos do duque, como também sobre os papéis que deixara no vilarejo. Se eles não fossem localizados rapidamente, poderiam cair em mãos erradas e provocar grandes estragos.

– Samantha! –Uma voz áspera e grave a tirou dos seus devaneios. –Levante-se.

Ela se levantou encarando os três homens a sua frente e pela primeira vez sentiu medo. Teve certeza de que havia dado tudo errado e que um daqueles homens a deceparia ali mesmo.

O rei caminhava a frente do duque e de outro homem que ela conhecia apenas como Serafim. Freddie não estava com eles e embora ela odiasse admitir, era aquilo que mais lhe dava medo.

–Você tem uma escolha. –Disse o rei. –Ou vai para as masmorras para ser aniquilada ao amanhecer, ou pagará por todos os seus crimes com o seu trabalho, aqui nesse castelo.

Ela olhou de relance para o duque que parecia quase tão apreensivo quanto ela.

–Ser-lhe-ei eternamente grata, senhor. –Disse ela com os olhos lacrimejando. –Mas não acredito que valha a pena viver em nenhum tipo de prisão e, ademais, não acredito que seja digno impor a vossa majestade e a vossa família a presença de alguém que considereis uma inimiga. Morrerei feliz por ter sido em meus últimos momentos, agraciada por sua infinita bondade.

Os três guardas pareciam tão emocionados quanto Serafim, ambos evitavam encarar a menina, eles tinham o olhar distante de modo a afastar a vontade que pareciam sentir de chorar comovidos diante daquela cena.

Humbert olhava aparvalhado para a garota ali chorando, certo de que nem em Versalhes poderia assistir a uma atuação tão esplêndida. Naquele momento se perguntou se havia feito a coisa certa ao confiar nela.

O rei, embora surpreso, agradecia aos céus por finalmente poder se livrar de mais uma pedra em seu caminho. E o melhor é que não precisaria se colocar contra o filho para eliminar aquela camponesa de uma vez.

Sam contava a possibilidade de que Freddie viria falar com ela antes que fosse executada e dessa forma, ela poderia lhe contar tudo. Sabia também que àquela altura, as únicas palavras vindas dela em que Freddie acreditaria seriam as suas últimas, de modo que o seu sacrifício parecia inevitável.


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Notas finais do capítulo

Até mais pessoal!

Não deixem de comentar, é importante saber o que estão achando!

Se ficar aquela formatação estranha e espaçada demais, me avisem. Avisem também outros erros que estejam prejudicando a leitura, tá?

Até mais!