Prólogo

Sabe quando você necessita de algo novo? Uma nova rotina, um novo amor, uma nova vida, onde você pode dizer sem medo "agora sou mais feliz". É quando você cansa de fingir ser outra pessoa, e pode ser quem realmente é, mesmo que seja por um curto espaço de tempo.

Talvez o termo férias se aplique ao que eu estou tentando dizer.

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                                      1 - Miami

Chequei pela vigésima vez se eu tinha colocado tudo na mala. Enfim, nem adiantava mais pensar se eu tinha pegado tudo, não importava as circunstâncias, eu sempre esquecia alguma coisa. Sempre digo que só não esqueço minha cabeça, porque está grudada!

Carreguei minha mala listrada cuidadosamente (desastradamente) escada á baixo, fazendo minha mãe arregalar seus olhos com o tamanho da mesma.

– Vai fugir de casa e não me contou? - disse ela divertida, enquando eu lhe mostrava a língua.

– E olha que eu tentei não levar muita coisa! Mas não se consegue fazer isso quando você está indo á MIAMI! - gritei e pulei ao dizer o nome da cidade. Afinal, não é todo dia que se vai a Miami, certo?

Minha mãe revirou os olhos e me olhou com uma cara do tipo "porque fui dar a luz a essa menina?"

– Agora vamos logo se não você perde o avião. Eu adoraria ver sua cara se isso acontecesse! - ela disse dando gargalhadas.

É impressão minha, ou minha mãe não gosta mais de mim?

***

– Pamella, quer parar de pular no banco? Parece pipoca.

– Desculpa mãe, é que eu estou muito ansiosa. - disse sorrindo e abrindo a janela do carro. A sensação do vento batendo na cara era ótima, semicerrei os olhos e deixei meus longos cabelos pretos voarem para todo lado, enquanto tentava me acalmar.

Eu ansiava por essas férias mais do que nunca. Não só pelo prazer de ir para Miami. Mas sim com quem eu ia nessa maravilhosa cidade.

No ano passado, meu pai foi transferido no trabalho. Tive que deixar minha melhor amiga, Emma, para trás, o que foi péssimo. Passamos o ano inteiro planejando essa viagem. Era meio que um "reencontro".

–Chegamos! - anunciou minha mãe, despertando-me de meus pensamentos.

– Já? Ah, obrigada pela carona mãe. - disse me virando para ela. Ela me olhava com uma expressão de "despedidas".

–Muito bem, não perca nada, se alimente bem, use casaco, não coma papel... - disse ela listando tudo como sempre.

– Mãe! Eu vou ficar bem tá? Já tenho dezesseis anos. - cheguei mais perto e a envolvi, sentindo seu abraço maternal.

– Ok, ok, vou parar de ser chata - disse ela sorrindo.

– E... não coma papel? - perguntei com um olhar inquisidor.

– Nunca se sabe né ? - falou dando gargalhadas.

***

Andei apressadamente pelo aeroporto, procurando as pessoas da agência que iriam nos levar para Miami. Parei subitamente quando vi várias pessoas de camiseta vermelha com um logo na frente. Entre elas identifiquei uma alta menina, com cabelos muito loiros cacheados. Quando ela se virou em minha direção, e seus olhos claros se encontraram com os meus, ambas sorrimos.

–Emma! - gritei de felicidade. Ela veio correndo em minha direção e me deu um longo abraço.

–Pamy! - disse ela se afastando - Você continua com a mesma altura. - falou rindo.

– Acho que nunca te alcançarei rainha dos altos. - falei com sarcasmo. Ela gargalhou. Era isso que eu mais gostava nela. Sempre com um sorriso que não cabe mais na cara, contagiando a todos que estão perto. O tipo de pessoa que é muito fácil ser amiga, ainda mais para alguém complicada como eu.

Ficamos um tempo nos olhando. Era meio... constrangedor. Nós não nos víamos fazia um ano! Como já era de se esperar, ela quebrou o gelo e estendeu algo que estava enrolado em suas mãos:

– Vai uma camiseta vermelha feia?

Aceitei sorrindo alegremente.

***

Eu e Emma sentamos em nossas poltronas do avião, avaliando rapidamente nossos "colegas" de passeio. Havia várias meninas patricinhas, conversando sobre os biquínis que usariam. Outras pareciam bastante normais, quer dizer, juro que vi uma menina Hippie ali (mas isso não vem ao caso). Devo admitir que havia MUITOS meninos bonitos, vou até tomar cuidado para não suspirar.

Parei meu olhar em dois garotos que estavam sentando em bancos perto dos nossos. Um tinha o cabelo em tom estranho de castanho claro. O outro cabelos e olhos cor-de-mel. Só para constar: os dois eram incrivelmente lindos.

Olhei para o lado tentando não ficar encarando, não podia parecer uma oferecida no primeiro dia de viagem, né!

Para minha surpresa, Emma também observava aqueles dois, com uma cara que chegava a ser... esfomeada?

– Fecha a boca se não baba! - falei para ela gargalhando.

Ela pareceu sair do transe.

– Hã? Não, não, eu só estava... - ela falou toda enrolada.

– Acredite, eu sei o que você estava pensado e... concordo plenamente.

Ela riu e se encostou no banco.

Bom, se a viagem já começou tão... linda assim, acho que essas férias prometem!