Piper colocou o véu no rosto. Ela estava nervosa. Suas mãos suavam embaixo das luvas brancas de seda que sua mãe havia arranjado. Será que tudo ia dar certo? Será que Leo pensaria que ela estava bonita? E se alguma coisa desse errado? Piper podia pisar no vestido e cair de cara no chão. Ou, de tão nervosa que estava, podia vomitar em sua roupa toda. Ou até...

Uma batida na porta.

- Entre.

Hazel colocou a cabeça para dentro, depois o corpo. Seus cabelos encaracolados estavam presos em um rabo de cavalo enfeitado. Ela usava o mesmo vestido que as outras damas de honra: até o joelho, roxo e com alguns detalhes dourados. Ela estava tão linda que Piper sorriu. Ver sua amiga a acalmou de uma maneira inexplicável.

- Nossa, o Leo vai cair para trás quando vir você! – Hazel disse.

- Sério? Eu estou preocupada. Será que vai dar tudo certo? Estou morrendo de medo.

- Vem cá.

A filha de Afrodite abraçou a amiga. Ela queria poder ficar ali para sempre, para não ter que encarar o que estava atrás das portas da igreja.

- Você e o Leo nasceram um para o outro, todos sabem disso. Hoje é o dia de vocês. Você é a mulher mais linda desse planeta, e aquele garoto maravilhoso está lá te esperando. Nada vai dar errado, ok?

Ela assentiu e se separou. Um despertador tocou na mesa ao lado delas.

- Está na hora. – Hazel sussurrou. – Vamos.

Mesmo com as mãos tremendo, Piper pegou seu buquê e seguiu a filha de Plutão. Passaram pelos corredores do hotel em que estavam. Era em frente à igreja. O porteiro deu um aceno de cabeça para as duas. Elas atravessaram a rua. Annabeth, Thalia, Clarisse e Drew estavam lá. Apesar de suas diferenças no começo, Piper e Drew haviam ficado bastante amigas depois de um tempo. As quatro garotas e Hazel eram suas damas de honra. Cinco garotas que mudaram a vida da garota que agora estava prestes a se casar. Elas deram um grande abraço em grupo. A vida de uma delas ia mudar a partir daquele momento, quando atravessassem as portas da igreja.

- Nervosa? – Clarisse perguntou.

- Apavorada serve? – Piper disse. – Gente, acho que não vou conseguir.

Annabeth segurou nos ombros dela.

- Vai sim. Você é forte. Leo está esperando por você. Precisa conseguir. E nós vamos estar lá o tempo todo para te apoiar. Não é mesmo, meninas?

- Sim, você não estará sozinha. Agora, nós vamos começar a entrar e você vai caminhar confiante até aquele altar, ouviu? – Drew perguntou.

- Eu amo tanto todas vocês. Obrigada.

- Também te amamos. – Thalia a abraçou.

As portas se abriram. Drew caminhou na frente, seguida por Annabeth e as outras meninas. Hazel foi a última a entrar. O interior da igreja estava todo iluminado. Ela pode ver algumas pessoas. Jason e Reyna. Zhang. De relance, ela viu Valdez. Ele estava lindo vestindo aquele terno preto. Como sempre, ele mexia as mãos compulsivamente. Não conseguia ficar parado durante um segundo se quer. Piper riu para si mesma. O órgão tocava a música típica de casamentos bem alta. E agora era a hora de ela entrar. Ela pegou a mão de seu pai.

- É a hora, Pipes.

Piper começou a caminhar hesitante. Prestava atenção toda hora para ver se não ia cair. Podia sentir que seu rosto estava completamente vermelho. Suas mãos suavam descontroladamente, tanto que ela já estava com uma vontade louca de arrancar aquelas luvas. Aguentou firme, não podia fazer feio. Olhou para as pessoas a sua volta. Sua mãe já estava secando as lágrimas de emoção com um lenço. Ela olhou para Jason. Ele sorria encorajadoramente. Reyna fazia o mesmo. Elas não eram exatamente próximas, mas ver aquele simples gesto já era muito bom. Frank estava junto com os padrinhos. Ele a encarava como se dissesse “Você consegue. Continue caminhando.” Foi o que ela fez.

Após o tempo que pareceu ser um século, eles chegaram ao altar. O pai de Piper a entregou para Leo e se postou em seu devido lugar. Garoto de Reparos sorria de orelha a orelha. Parecia que nem estava nervoso.

- Como eu estou? – ela sussurrou.

- Você é a mulher mais linda que eu já vi em toda a minha vida.

Ela corou fortemente ao ouvir aquilo. Mesmo após tanto tempo, ela ainda ficava envergonhada quando ele a elogiava. O padre iniciou seu discurso de costume. Ela mal ouvia. Só conseguia olhar para Leo enquanto ele a olhava.

- Você, Leonardo Valdez, aceita Piper Mclean como sua legítima esposa, para amá-la e respeitá-la, na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza, até que a morte os separe?

- Eu aceito.

- E você, Piper Mclean, aceita Leonardo Valdez como seu legítimo esposo, para amá-lo e respeitá-lo, na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza, até que a morte os separe?

Ela sorriu genuinamente. A resposta era óbvia.

- Eu aceito.

O padre fechou a bíblia.

- Eu os declaro marido e mulher. Já pode...

- Espera! – Leo gritou.

Todos olharam para ele. Era como se tivessem jogado um balde de água fria em Piper. O que ele estava fazendo? Será que ia desistir, depois de tudo pelo que passaram?

- O que foi, Sr. Valdez? Não me diga que quer desistir.

- Não! Claro que não! É que eu trouxe um discurso, e eu queria muito falá-lo antes de qualquer coisa.

O padre fez um gesto com a mão.

- Prossiga.

Leo tirou um papel do bolso.

- Querida Piper, sei que deve estar muito nervosa. Eu tenho de admitir que também estou bastante nervoso. No dia em que a pedi em casamento, juro que quase desisti. Eu passei pelo menos duas horas em frente a um espelho treinando o melhor jeito de dizer “quer casar comigo?” Consegue me imaginar fazendo isso? Eu nunca imaginei que iria se quer arrumar o cabelo, quanto mais treinar para falar com alguém!

Os convidados riram. Piper sorriu com o que ele disse.

- Mas muita coisa mudou desde que eu comecei a gostar de você. Muitos de meus hábitos mudaram. Eu comecei a passar menos horas no Bunker e mais com você. Eu passei a arrumar meu cabelo e me certificar de que havia engomado minha camisa. Passei horas preparando um simples piquenique, só para conseguir ver um sorriso em seu rosto. Eu te amo. Passamos por muito mais do que a maior parte dos casais passa, e sinto orgulho de dizer que nada foi em vão. E agora, parado nesse altar com um papel na mão, estou prestes a ter você como esposa. Vou prometer muito mais do que esses simples votos. Posso prometer que sempre ficarei ao seu lado, sempre te protegerei, sempre serei seu amigo. Não vou sair do seu lado nunca. E no futuro, quando estivermos bem velhos, eu vou me lembrar do dia de hoje com muito orgulho, pois foi o dia em que a garota mais incrível do mundo se tornou minha esposa. Eu te amo, Rainha da Beleza.

Os olhos de Piper estavam completamente marejados. Sim, ela teria muito orgulho de chamar aquele garoto de marido. Aquele bobo que ela tanto amava.

- Agora sim, pode beijar a noiva.

Leo ia guardar o papel, mas ela não deu chance. Pulou em seus braços e o beijou. Os convidados aplaudiram, mas Piper não estava nem ai. Ela só queria o Garoto de Reparos todo para ela.

- Agora, peço para que todos venham para o jardim para comemorarmos a união do casal.

Valdez pegou a mão da esposa e a levou para o jardim. Eles se se sentaram à mesa principal e o jantar teve início. Não largaram as mãos um minuto se quer.

~Uma hora depois~

- Bom, acho que já podemos dar início à nossa festa! – Afrodite disse.

As luzes da pista de dança se iluminaram e uma música começou a tocar. Alguns dos convidados se levantaram e começaram a dançar animadamente. Piper não sabia ao certo qual música estava tocando, pois era que nem nas festas do Olimpo: cada um ouvia a música que queria. Ela ainda não havia decidido qual era a mais apropriada para a situação.

- Quer dançar, Sra. Valdez? – Leo estendeu a mão de um modo cavalheiro.

- Sim, mas sabe que eu vou manter meu sobrenome, não sabe?

- Você é uma chata!

Ela riu e eles caminharam até o meio da pista de dança. Leo colocou a mão em sua cintura. A garota colocou os braços ao redor de seu pescoço.

- Que música você está ouvindo? – ela perguntou em seu ouvido.

- Você sabe exatamente qual é, Pipes.

Depois que ele disse isso, ela sabia exatamente qual era. A música da fogueira. A música deles. Era um pouco animada, mas eles dançaram como se fosse uma balada bem calma. Piper sentia o cheiro de shampoo enquanto ele mexia nos enfeites de seu vestido. Aquilo estava sendo melhor do que ela havia imaginado.

- Quer ver um lugar?

- Claro.

Eles se despediram de algumas pessoas e foram para uma parte afastada do jardim. Havia uma linda fonte com dois anjos. Água saia da boca deles. O perfume de flores em volta deles era delicioso. Leo pegou uma flor branca e fez uma reverência. Ela riu e pegou o presente.

- Como sabia que eu amo flores brancas?

- Eu te conheço muito bem. Já faz oito anos, sabia? Você lembra quando a gente se conheceu? Quando tudo começou?

- Eu me lembro como se fosse ontem. As emoções ainda são muito fortes, como se eu ainda estivesse vivendo tudo aquilo.

- Eu também. Lembro-me de uma conversa que tive com Nyssa lá no Bunker 9. Foi ela que abriu meus olhos para o que eu sentia.

- Então acho que tenho de agradecer a Nyssa por tudo. Se dependesse de você, acho que ainda estaríamos pintando aquelas canoas até hoje.

O garoto riu.

- Provavelmente. A culpa não é minha se eu demoro um pouco para fazer as coisas acontecerem.

- Só um pouquinho.

Ele se aproximou e beijou suas mãos.

- E agora? Vamos fazer o que? – Piper perguntou.

- Tudo o que você quiser. Vou para onde você for.

- Que tal uma casa no campo? Com espaço suficiente para...dois filhos? Quem sabe um cachorro.

- E um lugar para as minhas criações? – ele fez uma cara de Gato de Botas.

- Tá! Um lugar bem espaçoso.

Leo colou a testa na dela.

- Eu te amo.

Ela beijou de leve seus lábios.

- Eu também.

E ali, debaixo das estrelas, ela finalmente havia encontrado a felicidade.