As férias estavam no fim. O tempo tinha passado voando. Tuana e Felipe tinham ficados juntos cada segundo possível desse mês. Na última semana antes das aulas retornarem, Felipe estava ficando direto na casa de Tuana. Eles pediam comida fora de vez em quando, e outras vezes Tuana fazia alguma coisa pra eles comerem.

Numa noite nessa semana eles estavam deitados na cama de Tuana sem nenhum pouco de sono. Estavam agitados demais por algum motivo. Eles estavam aconchegados um ao outro, já sem mais assunto. Eram quase 01h da madrugada. E mesmo assim, o sono não vinha.

– Queria saber o que você está pensando. – Felipe sussurrou no silêncio e no meio escuro do quarto.

Tuana enrubesceu. Agradeceu por Felipe não poder ver isso no escuro. Ela estava pensando em coisas impróprias. Por um momento se perguntou se ele não tinha ouvido os pensamentos dela. Claro que não, idiota.

– Nada em especial. – Ela respondeu.

Felipe ficou quieto por um momento. Ficou um pouco decepcionado com a resposta dela. Esperava que ela dissesse outra coisa... Para isso com cara! Não é o momento ainda..., ele pensou. Droga!

– Mas e o que você está pensando? – Tuana perguntou.

Felipe teve vontade de rir. Mas se segurou.

– Em nada também. – Ele respondeu.

Mais silêncio. Até que Tuana resolveu falar:

– Agora eu estou pensando em algo...

Felipe virou seu rosto para olhá-la. Estava um pouco escuro, mas ainda dava pra enxergar o rosto um do outro. Ele tentou decifrar alguma coisa na expressão dela. Depois deu um leve sorriso.

– Pois eu também estou pensando em algo agora. – Ele disse.

Tuana conseguiu perceber um tom de malícia na voz dele.

– Então diz o que você está pensando. – Ela falou.

– Diz você primeiro. – Felipe falou.

– Não, fala você.

– Você primeiro.

– Felipe, fala logo!

– Só depois de você.

– A gente vai passar a noite nesse impasse.

– Não vamos. – Felipe disse e a beijou, apenas de leve. Depois levantou o rosto para olhá-la.

– Acho que estamos pensando a mesma coisa. – Tuana sussurrou.

– Acho que sim. – Felipe disse também num sussurro e depois a beijou.

Dessa vez não foi um beijo delicado. Aquele estava carregado de ferocidade e muito desejo. Eles estavam com pressa. Felipe foi tirando a roupa de Tuana, só parando de beijá-la para poder tirar a peça. Ele puxou o short de pijama que ela usava, enquanto Tuana agarrava a calça do pijama dele. Felipe já estava sem camisa e Tuana aproveitava isso passando as mãos pelo corpo definido dele.

Roupas espalhadas pelo chão, Felipe e Tuana sem roupa nenhuma, apenas pele com pele e o desejo ardendo. Felipe pegou uma camisinha na cabeceira ao lado da cama e colocou. Tuana o olhava fascinada. Ele olhou nos olhos dela e a penetrou. Ela mordeu o lábio e soltou um leve gemido. Felipe não conseguia esperar, começou a se movimentar. O quarto agora parecia abafado demais. Eles ofegavam. Beijavam-se e gemidos se perdiam dentro da boca de cada um deles. Eles faziam amor, mas com um desejo que parecia insaciável. Os dois estavam em êxtase.

Aquela noite tinha sido incrível para ambos. E pareceu que o relacionamento deles ficou melhor depois disso. Eles só estavam precisando se entregar um ao outro, e esquecer o mundo por um tempo.

Tinha chegado então o último dia de férias. Era um domingo, o dia mais chato do mundo! Tuana estava colocando uma roupa simples. Ela ia para casa de Brenda, todos tinham combinado de se encontrar lá para aproveitar de algum jeito o último dia antes de as aulas recomeçarem. Felipe tinha ido para casa dar um “alô” para sua família. E a família de Tuana também já tinha voltado do interior. Inclusive o pai dela tinha vindo junto.

– Vai sair? – O pai dela perguntou quando a viu passar pela sala.

– Sim. – Ela respondeu.

– E vai para onde?

– Vou na casa de Brenda encontrar com o pessoal.

O pai dela a estudou por um minuto e depois falou:

– E nesse pessoal está incluído o Felipe?

Tuana já estava na porta quando parou e virou para o olhar o pai. Ela pensou em dizer alguma coisa grosseira, mas sabia que não podia. Então respirou fundo e apenas disse:

– Sim, inclui o meu namorado também.

– Tuana... – O pai dela tinha começado a falar, mas ela não ficou para ouvir. Bateu a porta de casa e seguiu caminho para casa de Brenda.

Tuana caminhou pensativa. Por que ele odeia tanto o Felipe? Ela não sabia ao certo. Aquilo que tinha acontecido não tinha sido culpa dele. Felipe não tinha transado com Tuana sem a permissão dela. E isso poderia acontecer com qualquer pessoa. Mas também não importava. Não era o pai dela que iria separar os dois. Em algum momento ele teria que aceitar, certo? E quando ele soubesse que Felipe tinha pedido ela em...

– Olá, minha noiva! – Felipe apareceu na frende Tuana, fazendo acordar dos seus pensamentos.

Tuana deu um pulo para trás de susto.

– Você quer me matar do coração? – Ela falou colocando a mão no peito.

– De jeito nenhum. Me desculpa. – Felipe disse sorrindo e depois dando um beijo nela.

– O que você está fazendo aqui? – Tuana perguntou. – Pensei que já estaria lá em Brenda.

– Eu sabia que você ia passar por aqui, então resolvi esperar. – Ele disse sorrindo.

Tuana balançou a cabeça e não falou nada. Os dois voltaram a caminhar. Já estavam perto do condomínio de Brenda. Felipe pegou a mão de Tuana e começou a brincar, balançando para lá e cá. Tuana estava perdida em pensamentos novamente, então nem prestou atenção. Felipe estranhou.

– O que foi amor? – Ele perguntou.

– Nada. – Tuana respondeu distraidamente.

Felipe a fez parar de andar. Já estavam quase no portão do condomínio. Ele a fez olhar nos olhos dele e esperou que ela falasse. Tuana suspirou.

– Só estou chateado com uma coisa.

– Comigo? – Felipe perguntou, enquanto pensava no que ele poderia ter feito.

– Não. – Tuana respondeu.

Felipe olhou pra ela ainda esperando que ela explicasse. Ela não falou nada.

– Tuana, não vamos esconder nada mais um do outro, certo? – Ele disse.

Tuana fechou os olhos e concordou.

– É o meu pai. – Ela sussurrou.

Silêncio. Felipe ficou olhando pra ela sem dizer nada por um tempo. Ele sabia que a coisa ainda era complicada com o pai dela.

– Ele ainda me culpa. – Felipe estava afirmando.

Tuana olhou pra ele com pena. Ela ia falar, mas ele foi na frente.

– Mas ele está certo.

– O quê? – Tuana indagou. – Claro que não Felipe!

Felipe ia protestar com ela, mas ela não deixou.

– Em primeiro lugar, você não teve culpa de nada. E em segundo, não importa o que ele diga.

– Mas ele nunca vai aceitar que eu fique com você...

– Só importa que eu te amo! – Tuana disse. – Isso basta!

Felipe concordou com a cabeça, ainda relutante. Eles se beijaram e entraram no condomínio. Foram direto para área da piscina, onde todos já estavam lá. Estavam fazendo bagunça, rindo e conversando. Viram Tuana e Felipe se aproximarem.

– Finalmente! – Brenda falou.

Os dois deram a volta e se juntaram a eles.

– Demoraram por quê? – Gabriel perguntou, enquanto cumprimentava Felipe com um toque de mão.

– Eles estavam se pegando na rua, com certeza. – Camila disse.

Todos riram, inclusive Felipe e Tuana.

– Então, o que vocês estavam fazendo de tão interessante aqui? – Tuana perguntou.

– A gente estava ouvindo Gabriel contra piadas. – Brenda disse.

– Piadas sem graça, vale lembrar. – Jéssica disse. Ela tinha voltado de viajem no dia anterior.

– Ei, minhas piadas são engraçadas sim. – Gabriel protestou. – Inclusive aquela do pintinho que eu contei foi Tuana que me ensinou.

– Fala sério! – Felipe disse fingindo preocupação. – A piada do pintinho não!

– É muito engraçada. – Tuana disse. – É porque Gabriel não sabe contar. Eu sei.

– Amor, eu já ouvi você contar umas mil vezes – Felipe disse cauteloso. – e não teve graça em nenhuma dessas vezes...

Tuana lançou um olhar de fúria pra ele.

– Pois você vai ouvir mais uma vez Felipe. – Camila disse. – Conta aí Tuana.

Felipe fez uma careta, como que implorando piedade.

– Era uma vez um pintinho. – Tuana começou. – Ele não tinha perdido suas patinhas. Uma dia ele foi ciscar e caiu.

Felipe encarava Tuana com uma sobrancelha levantada, um pouco indignado. Gabriel morria de rir junto com Camila, que ria dele. Tuana ria da própria piada sem graça, enquanto Brenda e Jéssica riam da cara de Felipe. Ou seja, todos riam por causa do outro que estava esboçando uma reação por causa da piada. Por isso a piada parecia que era engraçada.

– Viu só! – Tuana disse ainda rindo. – Todos sempre riem.

Eles ficaram ali naquela bagunça durante a tarde toda. Às vezes não tinham mais o que fazer, então ficavam só deitado, brigando para colocar uma música no celular que um gostava e outro não. No final da tarde resolveram pular na piscina. Não ficaram muito tempo, porque todos estavam de roupa e o pessoal do condomínio mandou que eles saíssem. Mas tinha sido um último dia de férias muito divertido.

Eles se despediram e cada um seguiu seu rumo para casa. No dia seguinte, a ralação começaria novamente. E algo dizia que seria um primeiro dia de aula muito interessante...

Acordar cedo pareceu uma tortura terrível para Tuana. Todos os dias dessas férias tinha acordado super tarde, então tinha se acostumado. Agora lá estava ela, 06h da manhã levantando para ir tomar um banho e ir para escola. Arrumou-se toda, quase não prestou atenção nos cabelos, ainda estava dormindo em pé, mas ainda conseguiu passar um pente na cabeça.

Ela apareceu na cozinha, e viu que a rotinha tinha recomeçado. Sua mãe já estava lá tomando café. A única diferença era que seu pai também estava lá na mesa com ela.

– Bom dia! – O pai dela falou.

– Bom dia. – Tuana retribuiu.

Ela pegou sua bolsa e seu caderno. Tinha tomado apenas um gole de suco e já estava saindo quando sei pai falou:

– Espera aí. Você não vai comer nada?

– Ela nunca come pela manhã. – Dona Ana falou.

– Isso vai mudar a partir de hoje. – O pai dela disse. – Pode sentar aqui e comer pelo menos um biscoito.

Tuana ficou encarando o pai. É sério isso?, ela pensou. Mas viu no olhar do pai que ele falava sério. Como ela não queria discutir logo pela manhã cedo, sentou-se e comeu alguma coisinha qualquer.

– Satisfeito? – Ela perguntou assim que se levantou. Não esperou uma resposta e saiu.

Estava fazendo novamente o caminho de todos os dias para a escola. Não estava nenhum pouco a fim de voltar a assistir aula. E particularmente naquele dia ela não estava boa para isso.

Quando chegou à escola, bateu uma coisa ruim dentro dela. Teve vontade de voltar para casa. Mas ignorou aquilo, devia ser só tristeza porque as férias tinham acabado. Ela fez seu caminho até a sala de aula. Quando entrou, já estava quase cheia. Era uma confusão de vozes, todos se cumprimentando e querendo saber como tinham sido as férias um dos outros. Tuana foi para o seu lugar de sempre. Camila e Jéssica já estavam lá conversando.

– Oi. – Ela disse.

– Oi. – As meninas disseram juntas.

Elas ficaram lá sentadas observando o pessoal. Todos riam e estavam animados contando tudo o que tinham feito durando esse tempo. Camila riu sozinha e Jéssica e Tuana não entenderam.

– É que todos estão falando sobre as férias e as nossas foi um saco. – Camila disse. – Sem contar que agente esteve juntas praticamente todos os dias.

– É mesmo. – Tuana concordou. – A não ser por Jéssica que foi para o interior.

– E foi um saco! Eu já disse.

Brenda chegou e Felipe e Gabriel também. Sentaram-se todos juntos. O namorado de Jéssica chegou e ela foi sentar ao lado dele. Ficaram ali passando o tempo até que o sinal tocou e o professor entrou em sala.

– Oh, Deus! – Brenda disse. – Primeiro dia e o primeiro horário é de química. Isso é tortura!

– Concordo! – Tuana disse.

Mas não podia fazer nada além de assistir a aula. Foram duas de química e em seguida uma de literatura. Ao menos a professora era legal. Enfim tocou para o intervalo e a sala foi descendo. Felipe saiu na frente com Gabriel para poder comprar lanche. Tuana estava guardando suas canetas, e Jéssica, Brenda e Camila esperavam por ela.

– Ei, Tuana. – Jéssica falou. – Você percebeu um garoto lá no canto da sala que não parava de olhar pra você?

– Que garoto? – Tuana perguntou estranhando.

– Ele é novo. – Jéssica disse.

– Tem um novato no meio do ano? – Camila perguntou.

– Aham. E ele não tirou os olhos de Tuana em nenhum momento. – Jéssica disse rindo.

Brenda e Camila a acompanharam.

– Para com isso. – Tuana disse. – E daí que ele estava olhando? Deixa olhar. Mas eu só tenho olhos para Felipe, e vocês sabem disso.

As meninas riram mais ainda e desceram para o intervalo.

Estavam todos reunidos conversando e lanchando. As meninas falavam sobre uma fulaninha da sala que tinha terminado o namoro com outro fulaninho e ele tinha ameaçado se matar caso ela não voltasse com ele. Elas riam, porque aquilo era mesmo uma palhaçada. Os meninos comiam e falavam sobre coisas que não interessavam as meninas. Felipe ofereceu um pedaço de salgado para Tuana, as ela não quis. Ela então ficou lá de frente para ele e de costas para as meninas. Os dois conversavam e riam quando uma voz falou:

– Tuana?

Tuana que antes ria, parou de sorrir na mesma hora. Ela reconheceu a voz imediatamente. Nunca poderia esquecer aquela voz. Seu coração quem diga, que disparou na mesma hora. Pareceu que o tempo parou. E lembranças começaram a disparar em câmera lenta na sua cabeça.

(Música de Cena: When You Were Young - The Killers)

– Seremos melhores amigos para sempre. – Ela disse.

– Até que a morte nos separe. – Ele disse.

– Isso parece casamento que a gente vê na Televisão.

– Um dia nós vamos nos casar também.

– Nós só temos 10 anos.

– Não importa. A gente vai casar um dia. Poderia ser hoje mesmo se você quisesse.

– A gente vai casar sim, mas quando a gente crescer...

– O céu está lindo. – Ele disse.

– É mesmo. Parece mais estrelado hoje.

Os dois estavam deitados na grama da casa dele. Ele virou para olhá-la. Ela virou e viu ele olhando para ela.

– Você é linda!

Ela sorriu.

– Eu quero beijar você. – Ele disse.

– Eu também. – Ela disse e os dois deram se beijaram. O primeiro beijo...

...Eles estavam deitados na cama. Estavam apenas com roupa íntima. Nenhum deles tinham dito nada. Silêncio reinava ali.

– Foi um desastre. – Ele finalmente falou. Depois começou a rir.

– Foi sim. – Ela disse e riu junto.

– Ainda não era pra ser. – Ele disse.

– Não importa.

Ele virou para olhá-la e a beijou. Os dois se aconchegaram um ao outro.

– Eu te amo. – Ele disse.

Ela ficou surpresa e nervosa por um minuto. Ele disse!

– Eu te amo. – Ela disse pela primeira vez na vida...

– Eu vou embora. – Ele disse.

Lágrimas começaram a escorrer pelo rosto dela.

– Você disse que nunca íamos nos separar. – Ela falou. Estava desesperada.

– Eu sei. – Ele disse. Lágrimas desciam pelo rosto dele também.

– Então por quê? – Ela perguntou

Ele não respondeu. Aproximou-se dela e a abraçou. Os dois ficaram ali daquele jeito, chorando, durante um tempo. Ela aspirou bem o cheiro dele. Nunca iria esquecer.

– Quando você vai? – Ela perguntou.

– Não quero que você vá ao aeroporto. – Ele disse.

Ela olhou pra ele questionando. Ele apenas balançou a cabeça, o rosto com uma expressão de angústia e molhado de lágrimas.

– Eu te amo. – Ele disse. – Vou amar para sempre!

– Eu não acredito em você. – Ela disse e mais lágrimas desceram por seu rosto. – Mas eu também te amo.

Ele balançou a cabeça. Deu um último beijo nela e foi embora...

Tuana precisou se segurar para que lágrimas não caíssem ali naquele momento. Ela virou devagar e teve a confirmação da certeza que ela já tinha. Era ELE! Ali, na frente dela depois de meses. É ELE! É ELE! É ELE! É ELE!, isso martelava na cabeça dela. Seu coração batia muito, muito rápido. Ela tomou fôlego e falou o nome que pensou que nunca mais iria pronunciar.

– Victor. – Era ELE!