A vingança da fuinha.

Itachi não conseguia dormir, claro que ele podia ser ruim o bastante e dizer :“é culpa do Sasuke” e bem, para ser sincero, era. Seu irmãozinho mais novo (e mala) estava com o computador ligado às... Realmente eram uma e trinta e seis da madrugada? Francamente, Sasuke precisava trabalhar. A claridade não o deixava dormir e ele era uma pessoa das sombras: só dormia com absolutamente tudo escuro.

Sasuke sabia disso, claro que sabia, mas seu irmão era um vingador de tortinhas de morango aparentemente e não importava que Itachi tivesse pedido desculpas por isso; Sasuke estava naquela fase da adolescência que tudo era motivo de briga. Se seu irmãozinho não fosse, bem, seu irmãozinho, ele diria que Sasuke precisava de uma foda para aliviar a tensão.

Mas em vez disso Sasuke se embebedava de café só porque podia. Assim ele ficava até tarde da noite conversando com Naruto, provavelmente ambos estariam na mesma conversa amigável de sempre, algo que começava como “bastardo” e “perdedor” e terminava com “é você!” e “não, é você”. Pré-adolescentes.

O fato era muito simples: ele precisava dormir, porque iria acordar cedo e seu irmãozinho tolo precisava de uma lição. Itachi ficou ponderando o que poderia fazer para reunir os três objetivos em uma única ação, felizmente ele era um gênio prodigioso do mau e não demorou muito para ter a solução dos seus problemas. Esperou o momento certo, quando Sasuke foi ao banheiro; provavelmente Naruto estava na web can e, como seu irmão era um reprimido sexualmente, deve ter ido se aliviar.

Esperou o irmão sair do quarto, se ergueu da cama e, muito rapidamente se sentou no PC, abrindo a aba da conversa laranja piscante de “Uzuk_Naruto”, acenando rapidamente para o outro e clicou na opção: “enviar um arquivo”. Uma singela foto. Mesmo assim, uma gargalhada mental ecoava em sua mente enquanto voltava para cama e se enfiava nas cobertas.

Não demorou muito e Sasuke estava de volta, talvez tivesse problema de ejaculação precoce. Certamente era esse o problema, ou então era a gana de voltar aos braços do seu ativo. Urg. Sasuke passivo. Seu irmãozinho passivo. Vá à Merda, Naruto! Sasuke mais dócil, ou melhor, Sasuke sendo dócil na casa de Naruto, bem longe dele e das trevas do seu quarto. Tentador.

Não houve muito tempo para fingir que estava dormindo, entretanto.

-Itachi! - urrou Sasuke.

Não ria. Não ria. Não ria.

-Eu vou te matar!

Pode rir. Pode rir. Pode rir.

E foi o que ele fez quando Sasuke se jogou em cima da sua cama, tentando lhe acertar uma voadora. A força de um adolescente que pensava ser o hulk quando estava com raiva, só faltava ficar verde e grande, mas seu irmãozinho deveria ser o incrível menino tomate, tamanha a vermelhidão do seu rosto. Menino tomate ou não, Sasuke conseguiu lhe acertar um soco e ele tinha que admitir que doeu um pouco, mas a felicidade que sentia era maior do que isso, especialmente se lembrasse a possível gargalhada que Naruto estava dando em sua própria casa, ao ver um Uchiha Sasuke de três anos fazendo xixi no tapete felpudo e chorando.

-Desgraçado! -rugia Sasuke, ainda tentando golpeá-lo com um travesseiro de pena de ganso.

Sasuke era o próprio tarado da machadinha, com as pernas ao redor do seu tronco enquanto usava o travesseiro para lhe acertar vezes seguidas no rosto. Itachi não conseguia parar de rir, especialmente quando percebeu que seu irmão deixara a web cam posicionada em direção a cama, ou seja, Naruto ainda estava vendo o xilique do seu irmãozinho.

Se possível, Itachi começou a rir ainda mais, ao ponto de lacrimejar. Não era nada muito típico dele, mas às vezes, só as vezes, ele gostava muito de ser irmão mais velho de uma pessoa tão essencialmente dramática como Sasuke. De qualquer forma, ele poderia culpar o sono por isso. Entretanto, ele estava ficando cansado de levar traveseiradas de um maníaco compulsivo, assim Itachi inclinou-se para frente, fazendo seu irmão perder o equilíbrio e cair deitado em suas pernas e largando o travesseiro.

Itachi prontamente o pegou e começou a bater com este no irmão. A sensação era maravilhosa; tinha gosto de infância.

-Você mereceu! -retrucou, enquanto batia no irmão com o travesseiro vezes seguidas, gostando como Sasuke ficava mais emburrado a cada instante que passava.

Céus, ele deveria mesmo exercer suas funções naturais como irmão mais velho e irritar a vida de Sasuke daquele jeito mais vezes, afinal, Naruto precisava ver a foto de Sasuke bebê no tapete de leão com o bumbum de fora.

-Morra de caganeira, Itachi! -rosnou seu irmãozinho enquanto pegava o travesseiro que ele normalmente usava para apoiar a perna, usando-o como meio de defesa.

Aquilo realmente fora um comentário deselegante. Itachi esperava que seu irmãozinho não perdesse a compostura daquele jeito, em frente à plateia, mas este infelizmente estava possuído por algum espírito essencialmente barraqueiro naquela madrugada. Sasuke, definitivamente, precisava ficar uns tempos na casa do avô deles: Madara cuidaria daqueles modos recalcados.

-Mas o que diabos está...? -perguntou Uchiha Mikoto entrando no quarto dos filhos, surpreendendo-os em uma briga de travesseiros.

-A culpa é dele! -disseram Itachi e Sasuke no mesmo tempo, usando os travesseiros para apontar o outro.

Não era bem aquela a sua intenção, ao mandar a foto. E certamente não esperava ver a mãe, com a roupa toda branca, com creme facial no rosto e com bobs nos cabelos; ele poderia ter pulado aquela visão medonha.

-Vão. Já. Dormir! -mandou a mãe, gritando em um sussurro. -Se não eu chamo o pai de vocês!

A mãe os deixou sozinhos no quarto, mas tão logo ela saiu, Sasuke lhe lançou um olhar feio e, para sua surpresa, lhe deu a língua. Uchiha Sasuke lhe deu a língua. Que porra foi isso? Itachi não soube se foi o sono ou se foi a bebedeira por osmose, mas começou a rir enquanto se ajeitava para dormir, no instante que Sasuke ia se despedir do pseudo-namoradinho.

-Essa não! -sussurrou Sasuke atônito, ao constatar que a web cam mostrou toda a ceninha à Naruto.

E a risada maníaca que Itachi deu naquele momento foi alta o suficiente para acordar o pai, que proferiu muito carinhosamente um sonoro: “PORRA, VÃO DORMIR, SEUS CARALHOS!” vindo do quarto do casal.

Céus, como era bom ser irmão mais velho!