Lembranças De Um Verão escrita por Sarah Colins


Capítulo 41
Capítulo 40 – Incógnitas


Notas iniciais do capítulo

Oi galera, blz? ^^
Tô postando mais cedo hoje porque vou sair com uma amiga...
Chegamos ao capítulo 40 *-*
Vocês tem algum palpite do que está por vir nessa fase final da fic? Gostariam de fazer sugestões do que querem ver por aqui? O que mais gostaram até agora? O que menos gostaram? Fiquem a vontade para falaram o quiserem! Vou ler com todo carinho e estudar as possibilidades! ^^



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Mesmo com a minha constante insistência, Percy não me contou quais eram as outras surpresas naquele dia. Ele havia dito que já tivéramos emoções suficientes para um fim de semana. Então aproveitamos o restante daquele dia para curtir um ao outro. Fomos dar um mergulho nas águas cristalinas da cachoeira sem que precisássemos nos preocupar em colocar roupa de banho alguma. Fiquei com certo receio de nadarmos ali completamente nus em pleno domingo. Havia chances remotas de que alguém pudesse aparecer. Mas felizmente isso não aconteceu. Pudemos ficar literalmente bem a vontade em nosso santuário.

Nem ao menos voltamos para o acampamento para jantar. Fizemos uma fogueira e comemos ali mesmo algumas salsichas assadas com pão. Percy ainda me fez voltar para a cachoeira mais uma vez antes de finalmente irmos dormir. Não que tenhamos dormido muito. Essa é uma coisa um pouco difícil de fazer quando se tem um namorado com energia inesgotável. Mas depois de algumas horas de amor e “luxúria” enfim caímos no sono.

Naquela noite esperava ter um sono tranquilo e sem sonhos, já que as últimas horas com Percy havia me desligado completamente do mundo real. Mas infelizmente eu estava errada. Tive um sonho bem incomum até mesmo para um semideus. Eu estava em um lugar completamente desconhecido e estranho. Parecia ser uma casa ou pelo menos o que restara dela. Havia apenas alguns restos de paredes e móveis que pareciam ter sido recentemente queimados. No chão havia uma fina camada de poeira e fuligem. Ainda restavam algumas pilastras que pareciam não terem sido muito afetadas pelo fogo, elas seguravam partes do teto que não havia cedido.

Uma voz aguda e afinada chegou aos meus ouvidos. Ela entoava um canto suave e melancólico. Comecei a caminhar na direção daquele som sem que eu tivesse dado nenhum comando para que meus pés fizessem isso. Olhei para minha mão e reconheci minha adaga que estava empunhada. Eu era eu mesma naquele sonho, mas tinha certeza que nunca estivera naquele lugar. Só poderia ser algum presságio do futuro. Ou então alguma coisa que estivesse acontecendo naquele exato momento em outra parte do país e que eu precisava saber. A voz continuou a cantar ficando mais alta conforme eu me aproximava.

Depois de mais alguns passos a frente eu adentrei outro cômodo que fora igualmente consumido em chamas. Neste havia dois enormes vãos no chão, como se fossem duas piscinas. Dentro de uma delas saia um espécie de espiral em formato de cone que saia do fundo. Era impossível ver o que havia abaixo, pois uma névoa branca e densa o encobria. Ao lado da outra piscina estava ela, a rainha do Olimpo, deusa do casamento, também conhecida como Hera. Ela continuava emitindo seu lamento em forma de canção. Eu a observei e não pude deixar de notar que ela estava bem diferente da última vez que a vira no olimpo. Sua aparência estava desgastada, como se também tivesse sido afetada pelo fogo que há pouco havia tomado aquele lugar. Seu semblante expressava cansaço e derrota, o que para um deus é algo extremamente inadequado.

Novamente meus pés me colocaram em movimento sem o meu consentimento. Caminhei na direção da Deusa até parar há poucos metros dela. Neste momento ela parou de cantar e ficou em silêncio fitando o chão de pedra. Quando ela levanta o olhar ele não vem em minha direção. Hera está mirando o lado oposto do cômodo. Eu tinha quase certeza de que há menos de um segundo atrás não havia ninguém ali. Mas assim que acompanhei o olhar da deusa percebi o que chamara a atenção dela. Percy Jackson, vestindo o traje costumeiro do acampamento meio sangue estava lá. Ele não havia me notado ali ainda, tentei chamar seu nome, mas quando abri a boca nenhum som saiu. Percebi que estava apenas de espectadora naquela cena, nenhum dos dois podia me ver. Será que eu estava usando meu boné de invisibilidade? Levei a mão à cabeça para verificar. Meus dedos só encontraram meus cabelos. Então a magia fazia parte do sonho.

Será que aquilo já havia acontecido ou então ainda iria acontecer com Percy? Minha vasta experiência me dizia que aquilo estava muito parecido a uma missão. Mas não estávamos sabendo de nenhum problema que pudesse requerer uma missão. Eu esperava que minhas suspeitas estivessem erradas. E pedi a todos os deuses que nada daquilo tivesse a ver a última profecia feita sobre mim. Percy estava concentrado na deusa paralisado. Talvez ele também estivesse sonhando com aquele momento sem saber que eu também estava ali. Não havia alternativa a mim se não ficar observando e escutando atentamente. Percy fez menção de que iria falar algo e Hera levantou a mão como se pedisse para ele esperar. Ela deu uma olhada geral pelo lugar, sem que nenhuma alteração em sua expressão fosse notada ao passar seu olhar por onde eu estava. Então ela voltou a olhar para o semideus a sua frente.

– Percy Jackson. Se soubesse o quanto eu sinto pelo que terei de fazer – disse Hera olhando-o com pesar.

– E o que terá de fazer? – perguntou ele sem rodeios.

– É claro que você já sabe que eu não posso lhe dizer. Mas saiba que será um mal necessário. No final tudo valerá a pena! – disse ela tentando amenizar algo que nem eu nem ele sabíamos ao menos do que se tratava.

– Pelo que me lembro, você só se importa com o seu próprio bem – Percy ainda guardava um imenso rancor pelo que acontecera alguns anos atrás no labirinto de Dédalo. Da mesma forma que eu ainda acreditava que ela não era digna de confiança.

– Entendo que seja difícil para vocês, semideuses, compreenderem esse tipo de coisas. Mas saibam que ao tentar proteger a mim mesma eu estou protegendo a todos vocês. O Olimpo jamais sobreviveria sem que eu estivesse ao lado de Zeus.

– Não vou questionar sua importância no Olimpo – disse Percy de maneira calma – Só não entendo porque os deuses se dão ao trabalho de entrar em contato conosco para nos falar sobre coisas que não podem falar. Dar informações pela metade. Enigmas que só nos confundem ainda mais. Qual o propósito disso?

– Há certas coisas que é melhor não serem ditas, caro herói. Saber de nosso futuro não faz com que ele seja mais agradável. E também não nos possibilita modifica-lo – ele fez uma pausa breve para olhar novamente a imensa piscina em sua frente – Você com certeza irá me odiar por muito tempo pelo que farei. Mas não há outra maneira. Preciso mostrar a Zeus o quanto os deuses precisam da ajuda dos meio-sangues. É a única maneira de conseguirmos.

– Ok, se já disse tudo que tinha para dizer acho que está na hora ir – disse Percy evidentemente irritado com o fato de não saber absolutamente nada sobre o que a deusa está falando – E não se preocupe se eu vou odiá-la no futuro por que já a odeio no presente.

– Devia tomar cuidado com o jeito que se dirige a mim, Percy. Eu posso precisar de sua ajuda agora, mas tenho certeza que não vai me querer como sua inimiga quando eu estiver novamente em meu lugar.

– Quer dizer que precisa de minha ajuda? – disse Percy num tom de deboche – Se não está em seu lugar então onde está agora?

– Isso você não pode saber. Essa não é a sua parte da missão. Mas quando tudo estiver resolvido, e todos estiverem reunidos, você saberá. Mas por enquanto, só quero que saiba que deve estar preparado para algo que jamais imaginou que pudesse acontecer com você. Devo admitir que é um grande líder e isso tornará sua jornada menos árdua.

– Me sinto honrado com o elogio – disse ele irônico.

– Devo deixa-lo ir agora. Minhas forças estão limitadas. Não precisa ter o trabalho de contar tudo isso a sua amada Annabeth. Ela está por aqui em algum lugar vendo tudo isso – estremeci quando ela disse meu nome, mas nenhum dos dois tentou me procurar pelo aposento - Adeus Percy, nos veremos em breve.

A imagem se esfumaçou e o sonho acabou. Abri os olhos e me encontrava novamente na barraca, deitada ao lado de Percy que ainda dormia profundamente. Me lembrei que estávamos em dia de treino então o sacudi para acordá-lo. Ele resmungou um pouco, mas acabou se dando por vendido. Não comentei nada sobre o sonho enquanto nos vestíamos e pegávamos nossas coisas para sair. Ele também não disse nada sobre o assunto. Quando já estávamos do lado de fora, prestes a voltar ao acampamento, ele me mostrou uma coisa que estava no bolso de sua bermuda.

– Sabe o que é isso? – perguntou ele.

– É a poção que ganhamos na Caça ao Tesouro – disse ao olhar o pequeno vidro na palma de sua mão – Você ainda não a usou?

– Não. Estava pensando em usá-la hoje quando for te pedir uma coisa – ele fazia aquela cara de travesso que ele só ele sabia – Só para ter certeza de que você vai dizer que sim – nesse momento me lembrei de que aquela poção fazia com que você obtivesse sucesso em tudo que tentasse durante um dia e na mesma hora fiquei tensa.

– Isso seria muita covardia de sua parte, cabeça de alga – respondi sem achar nenhuma graça daquela história – E então o que, não tem confiança para me pedir algo que eu posso não aceitar? – tentei desafiá-lo para que ele deixasse aquela ideia de lado. Eu não queria que aquela poção interferisse no meu livre-arbítrio.

– Eu estou brincando, bobinha! – disse ele sorrindo e vindo me dar um beijo rápido – Jamais faria uma coisa dessas com você. Mas podemos pensar juntos em algo para fazer com ela, o que acha? – perguntou ele ao colocar o frasco em minhas mãos.

– Assim está melhor – disse fazendo bico enquanto guardava-o em meu bolso – Agora vamos ou chegaremos atrasados para o café da manhã e consequentemente para o treino! – Segurei sua mão e saiu puxando-o para o floresta.

***

O treino daquele dia foi um tanto quanto mais puxado do que na semana anterior. Usamos a parede de escalada, dessa vez sem os truques da Rachel para atrapalhar. Fizemos uma série de exercícios físicos aeróbicos para aumentar nossa resistência e agilidade. Simulamos batalhas em grupos de cinco e depois de dez semideuses. E para fechar tivemos uma aula intensa de como manusear uma lança. Eu particularmente nunca havia me dado muito bem com aquela arma. Preferia minha adaga que era mais leve e mais certeira. Perfeita para o combate corpo a corpo. Ao pensar nisso de repente me bateu uma vontade de estar em uma batalha de verdade, com um perigo real. Depois que você passar cinco anos enfrentando missão atrás de missão, acaba se acostumando com aquilo.

Percy havia se entretido com alguns semideuses novatos que ficaram impressionados com as suas habilidades com a espada. Depois do treino eles haviam pedido que Percy os mostrasse alguns golpes. Eu desconfiei que houvesse alguns deles, os meus novos provavelmente, que só estavam afim de se deslumbrar novamente com a caneta que virava espada. Percy foi com eles até um lugar mais afastado na floresta. Eu decidi que não iria ficar olhando aquilo, pois isso faria com que Percy quisesse se exibir ainda mais. Me dirigi ao refeitório para almoçar. Ao chegar lá me deparei com Travis Stoll. Ele me lançou um olhar assassino quando me viu. Tentei evitar olhar para ele enquanto ia pegar minha comida. Sentei a mesa do chalé de Atena e tentei chamar o menos de atenção possível.

Quando estava saindo de lá, porém fui surpreendida com alguém que apareceu em meu caminho como que surgido da terra. Aquela mania irritante deveria ser de família. Travis tinha o rosto sério ao me encarar. Tentei não transparecer o medo que eu sentia. Com certeza ele já estava sabendo que Rachel sabia da escapada dele com Drew. E muito possivelmente ele também estava sabendo que fui quem, não só contou, mas mostrou para ela fotos do fato. Eu não podia culpa-lo por estar furioso e com um ódio mortal de mim. Sentia que merecia aquilo então me preparei para ouvir o que quer que ele tinha para dizer.

– Vim te dar os parabéns, Annabeth. Você conseguiu! Conseguiu se vingar direitinho! – falou Travis, e eu logo pensei que ele estava sabendo da história por completo.

– Eu entendo que deve estar muito chateado comigo, Travis. Mas eu não tive a intensão e...

– O problema é que eu nunca te fiz nada! Apesar de Connor ser meu irmão, eu nunca aprovei o que ele havia feito com você e com Percy! – esbravejou ele. Acabei de me dar conta de que ele não estava se referindo a mesma vingança que eu. Ele achava que eu tinha feito aquilo para se vingar de seu irmão e não da Rachel. Deuses, que confusão eu me meti?

– Eu acho que há um mal entendido aqui, Travis... – tentei explicar – Eu não estava querendo...

– Agora o estrago já está feito! Rachel já me odeia – ele me interrompeu de novo enquanto ainda falava quase aos gritos começando a chamar a atenção dos outros semideuses que ainda almoçavam.

– Não tenho culpa que você a tenha traído, Travis! Cedo ou tarde ela iria descobrir mesmo – comecei a confrontá-lo afinal ele eu não tinha inventado nada naquela história.

– Mas você não entende, eu não tive culpa. Eu não pretendia fazer aquilo com Drew. Ela usou de seu poder de persuasão para me convencer e eu caí em suas garras. Agora você foi correndo contar a Rachel sem averiguar o que realmente tinha acontecido! – ele apontava o dedo na minha cara ao falar aquilo o que me fez sentir ódio e medo ao mesmo tempo.

– Posso saber o que está acontecendo aqui? – a voz de Percy veio de algum lugar atrás de Travis. Ele deixou de me encarar no mesmo instante e se virou para meu namorado que estava com uma expressão nenhum pouco amigável.

– Não se meta, Jackson! – falou Travis com desdenho – A meu acerto de contas é com a filha de Atena aqui. Acho que ela sabe se defender sozinha. Mesmo que isso implique ferrar com a vida de outras pessoas.

– Percy, ele tem razão de estar irritado. Parece que eu cometi outro erro... – admiti depois de considerar o que ele havia dito por último. Se Drew realmente havia usado seus dons divinos com ele, então Travis não teve culpa na traição.

– Sei que Annabeth não precisa que ninguém a defenda – disse Percy vindo se posicionar ao meu lado – Mas se apontar o dedo na cara dela de novo daquele jeito, terá que se ver comigo – disse ele calmamente o que tornava a ameaça ainda mais provocativa.

– Acha que tenho medo de você, Percy? – disse Travis rindo-se .

– Basta! – gritei me posicionando entre os dois – Não tem necessidade nenhuma dessa hostilidade toda. Travis, você tem razão em estar me odiando agora. Vou dar um jeito de tentar concertar o dano que causei. Percy pode me ajudar a falar com a Rachel e convencê-la de que você foi enganado e não teve culpa naquilo, ok?

– Apenas quero que admita que estava querendo se vingar de Connor através de mim!

– Não, isso não é verdade. Eu não guardo ressentimento de Connor. Eu fiz aquilo por outro motivo. Mas isso não importa agora. Estou tentando reparar meu erro, mesmo que você não queira aceitar minhas desculpas.

– Desculpas aceitas – disse ele deixando um pouco de lado a raiva – Não acredito que vão conseguir fazer Rachel acreditar em mim, mas não custa tentar...

E ele deixou o salão do refeitório. Percy me abraçou enquanto nós olhávamos para o amontoado de semideuses que havia se formado ali em volta daquela cena. Eles se dispersaram rapidamente ao perceber que nos lançávamos olhares de reprovação pra eles. Nós dois sabíamos que aquela briga não tinha acabado. Tínhamos uma difícil missão pela frente. Alias, eu tinha! Havia começado aquilo e agora eu precisava dar um fim naquela história de uma vez por todas.



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Notas finais do capítulo

Visitem meu blog: http://triipe.blogspot.com.br/
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beijos ;**
@SarahColins_ (me siga no twitter para acompanhar as atualizações da fic)