Lembranças De Um Verão escrita por Sarah Colins


Capítulo 39
Capítulo 38 – Arrependimento


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores, tudo bem?
Custei pra escrever esse capítulo ontem viu, mas acabou saindo e gostei do resultado ^^
Espero que vcs gostem também ;)



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Com certeza eu já errei muito nessa vida. Levei muitos tombos dos quais tive que me levantar sozinha. E aprendi com cada um deles. Sei que ainda tenho muito que errar e muito o aprender para me tornar uma pessoa melhor. Mas hoje, eu percebi que existem certas coisas que não te acrescentam absolutamente nada. Nem ao menos te fazem aprender por ter errado. Atitudes mesquinhas e egoístas que só fazem empobrecer seu espírito e diminuir sua moral. E foi exatamente isso que a minha vingança estúpida havia feito comigo.

Me sentia a pior pessoa do mundo. Ao me lembrar de como Rachel ficou arrasada ao ver as fotos de seu namorado com outra garota, eu sentia vontade de dar um soco na minha própria cara. Acho que era exatamente isso que eu merecia. Rachel, ao contrário, merecia ter ficado sabendo daquilo de uma forma mais amena. Qualquer outra forma a não ser a que eu havia usado, já estaria melhor. Fiquei ali sentada nas pedras enquanto as ninfas da floresta me encaravam com desprezo. Eu não as culpava por isso, afinal eu era digna daquilo naquele momento. Nada que ela pudesse ter feito a mim justificava o que eu tinha feito a ela.

Onde será que ela estaria agora? Para onde será que ela tinha corrido? Eu estava tão arrependida e envergonhada que nem ao menos consegui pensar na possibilidade de segui-la. Também não acho que eu seria de grande ajuda, até porque eu havia causado aquilo. Talvez ela tenha ido procurar consolo com algum amigo. Não pude evitar pensar que esse amigo pudesse ser Percy. Mas eu não estava em posição de ficar enciumada com isso agora. Até me confortaria saber que ela estava falando com ele. Se tinha alguém que era muito bom em matéria de dar apoio aos amigos, esse alguém era Percy.

Isso me lembrou que, cedo ou tarde, Percy ficaria sabendo do que eu tinha feito. Ele saberia que eu quis me vingar de Rachel com aquelas fotos. Ele com certeza ficaria muito decepcionado comigo. Além de tudo ele saberia que descobri sobre a mentira dele. Nem que eu usasse toda minha inteligência conseguiria imaginar como ele reagiria a tudo isso. Era informação demais de uma só vez. Nem eu conseguia definir exatamente como se sentia em relação a toda aquela trama que parecia mais o enredo de uma novela muito dramática.

Resolvi sair dali e andar um pouco pelo acampamento. Talvez colocando meu corpo em movimento eu faria o sangue fluir melhor para meu cérebro e conseguiria encontrar uma saída naquele emaranhado de pensamentos. Andei vários metros sem que minhas ideias se aclarassem um pouco sequer. Ainda enxergava tudo nublado. Mas pelo menos minha mente já não estava a mil por hora como há alguns minutos. A cada passo que eu dava ela ia desacelerando.

Quando me dei conta estava indo em direção a Casa Grande. Levantei o olhar para a varanda da propriedade e lá avistei uma das pessoas que eu mais gostava nesse mundo, Quíron. Ele estava em sua cadeira de rodas e manuseava seu arco, como se o estivesse concertando. Ele olhava para mim com uma expressão de preocupação. Possivelmente ele percebeu o quanto eu estava alterada. Pensei em tentar disfarçar e sair dali, mas Quíron com certeza daria um jeito de descobrir o que se passava comigo. Se não fosse agora, mais tarde. Talvez não fosse tão ruim assim ficar ali e fazer com que ele soubesse da história toda por mim mesma. Não poderia pensar em alguém melhor para me ouvir e me aconselhar nesse momento.

Sustentei seu olhar enquanto me aproximava e começava a subir as escadas que levavam a varanda da casa. Ele não disse nada, apenas esperou. Eu continuei indo até me sentar em uma cadeira próxima a ele. Fiquei de cabeça baixa enquanto olhava para minhas próprias mãos que ainda traziam o celular. Aquele aparelho que fora usado como instrumento no meu “plano maligno” que agora estava aterrorizando a mim também.

– Algum problema, Annabeth? – perguntou ele depois de um breve silêncio.

– Sim – respondi fazendo uma imensa força para não me deixar dominar pelo desespero e começar a chorar ali mesmo.

– Quer falar sobre isso? – continuou ele pacientemente.

– Sim – parecia que eu só conseguia dizer aquilo.

– Muito bem, sou todo ouvidos – ele disse aquilo tão amigavelmente que eu senti que poderia demorar o tempo que for, ele iria continuar esperando eu tomar coragem para começar a falar.

– Acabo de fazer uma coisa muito, mas muito terrível – contei-lhe enfim, depois de outro breve silêncio – Eu estava com raiva e muito magoada porque descobri que Percy havia mentido para mim e ainda havia contado um segredo nosso para a Rachel. Então eu decidi me vingar dela. Mas acabei fazendo algo muito mais grave do que eles fizeram comigo. Agora não sei mais o que fazer. Quando Percy descobrir ele nunca vai me perdoar!

Não consegui mais me conter. Ao colocar tudo aquilo para fora, algumas lágrimas saíram junto. Eu cobri o rosto com as mãos enquanto tentava controlar os meus soluços. Nem ao menos tentei segurar o choro. Deixei que aquele pranto me dominasse e me ajudasse a descarregar toda aquela energia negativa que estava dentro de mim. Quando já me sentia mais calma, fui voltando a respirar normalmente enquanto limpava a água de meu rosto. Quíron se inclinou em sua cadeira e estendeu a mão para tocar meu ombro. Um gesto simples, mas que expressava toda a sua lealdade e compaixão.

– Annabeth, não vou tentar diminuir a gravidade do que você fez. Afinal você parece estar ciente do dano que causou – ele tomava um extremo cuidado com as palavras ao me dizer aquilo – Mas você parece sinceramente arrependida e isso já é um grande passo. Tem que ser muito forte para assumir um erro assim. E mais forte ainda para se arrepender!

– Mas de que adianta eu saber que o que eu fiz foi errado? Não vou conseguir reparar as coisas com isso...

– Talvez você não consiga reparar seu erro. Mas pode ao menos mostrar que está arrependida e pedir desculpas.

– Não sei nem se tenho cara para fazer isso. Morro de vergonha só de pensar em encará-la de novo – eu dizia aquilo já sabendo que cedo ou tarde eu teria que pedir desculpas, era inevitável.

– Essa é uma coisa que eu não posso te dizer como fazer – dizia ele como se desejasse que as coisas fossem diferentes – Não há uma maneira infalível de pedir perão. Sempre há a possibilidade de ele não ser aceito.

– E essa possibilidade é muito grande, já que eu e Rachel nunca fomos as melhores amigas do mundo – disse me lamentando por antecipação.

– Acho que nesse caso isso não fara muita diferença. Afinal normalmente a decepção é maior quando a pessoa que nos fez mal é alguém que gostamos – falou ele de maneira sábia. Eram nesses momentos que eu me lembrava de que havia poucas coisas que Quíron não compreendia. Ele já tinha vivido tempo suficiente para ver e viver quase tudo.

– Então você está me dizendo que o fato de nunca termos sido amigas pode contar a meu favor na hora de me desculpar com ela?

– Não exatamente. O que acontece é que vocês nunca esperavam lealdade e confiança uma da outra. Então o que você fez pode não tê-la decepcionado tanto.

– Mas você não entende, Quíron. O que eu fiz foi mesmo muito grave!

– Não pode me dizer o que foi? – perguntou ele calmamente

– Até posso... – disse enquanto encontrava um modo de contar qual foi o meu plano para me vingar – Eu queria mostrar para ela como é ruim quando outras pessoas se metem em seus assuntos particulares. Então eu vi o namorado de Rachel beijando outra menina aqui por perto. Tirei umas fotos com meu celular e então mostrei para ela. E ainda disse que se ela cuidasse mais de sua própria vida talvez isso não tivesse acontecido... – relatar aquilo me fez ver o quão ridículo e maquiavélico havia sido. Olhei para Quíron envergonhada, mas ele mantinha uma expressão serena.

– O que você fez não seria errado se as suas intensões não fossem feri-la com isso e sim alertá-la sobre a traição – disse ele pausadamente analisando a situação – Mas como você mesma disse, queria era dar uma lição nela. E isso já começou errado desde o princípio. Vingança nunca é a melhor opção. Não resolve nenhum de nossos problemas e não nos deixa mais tranquilos. Só o que conseguimos são alguns segundos de satisfação ao ver que alguém está pagando pelo mal que fez. Depois só nos sobra amargura.

– É, eu me dei conta disso da pior forma – concordei.

– Não adianta ficar lamentando-se, você não poderá mudar o que aconteceu – disse ele agora assumindo um tom mais duro – O que você deve fazer é assumir o seu erro e mostrar que está arrependida, e disposta a agir diferente daqui pra frente.

– Está certo – respondi com um sorriso, tentando demostrar toda a minha gratidão por aqueles preciosos conselhos – Vou cuidar disso agora mesmo. Obrigada, Quíron!

– Sempre que precisar, Annabeth!

Ele analisou o arco em suas mãos e depois deu meia volta com a cadeira para entrar na casa. Eu fiquei lá sentada um tempo ainda, refletindo sobre os conselhos de Quíron. Depois me levantei e sai em direção ao refeitório. Com toda aquela confusão eu havia esquecido que ainda não tinha comido nada naquele dia. Precisava repor as energias. O que estava por vir não seria nada fácil de enfrentar.

***

Tomei um café da manhã reforçado. Agradeci aos deuses por já ser tarde e o refeitório estar bem vazio enquanto estive lá. Ainda precisava ensaiar muito como iria pedir desculpas a Rachel. Voltei para meu chalé e fiquei um tempo lá. Tentei ocupar minha mente estudando alguns livros sobre a Grécia Antiga. Li umas cem páginas sobre mitos e guerras. Aquilo conseguiu fazer com que meu cérebro voltasse a raciocinar direito. Me senti mais segura, mais confiante. Precisava aproveitar essa onda de entusiasmo para fazer o que tinha que ser feito.

Deixei o chalé quando já estava próximo da hora do almoço. Ir até o refeitório seria a forma mais certa de encontrar Rachel. Isso se ela estivesse com apetite depois da “agradável” noticia que recebera mais cedo. Mas eu tinha que arriscar, quanto mais tempo eu deixasse passar, pior ficariam as coisas para o meu lado. Segui a passos largos para salão e subi as escadas quase correndo. Para minha sorte Rachel estava lá, sentada ao lado de Quíron na mesa que ficava ao fundo do salão. Ela estava visivelmente abatida. Provavelmente tinha vindo mais cedo almoçar para não ter que esbarrar com Travis, Drew ou a minha pessoa.

Não podia dar chance para que ela tentasse fugir, então fui diretamente em sua direção. Parei em sua frente e apoiei as mãos na mesa. Ela me olhou com o costumeiro ar de surpresa. Eu tentei sorrir.

– Rachel, preciso falar com você.

Ela não respondeu nada. Apenas se levantou da mesa e começou a se retirar dali. E me coloquei em seu caminho para impedir que ela saísse.

– Ei, espera. Por favor, me dá uma chance de explicar por que eu fiz aquilo? – dizia aflita enquanto ela me encarava com um olhar frio.

– Não tem nada o que explicar, Annabeth. Você tinha motivos para querer me ver sofrendo. E ainda me fez um favor me mostrando o traidor que o Travis é. Eu tenho é que te agradecer...

– Não, mas a forma como eu fiz aquilo foi muito cruel. Eu não tinha o direito. Por favor, me desculpe!

– Não há o que desculpar. Estou magoada com o que ele fez, não com o que você fez. Nós nunca fomos amigas e nunca seremos. Não temos que fingir que nos importamos uma com a outra. E não se preocupe, eu não vou mais cuidar da vida de você e do Percy... – essa última frase mostrou o quanto ela estava ressentida pelo que eu dissera.

– Que bom - foi só o que eu consegui responder. Queria insistir para que ela entendesse que eu havia errado, mas acabei desistindo. Ela tinha razão, nunca seriamos amigas. Então não tinha por que eu continuar implorando seu perdão quando ela nem ao menos achava necessária que eu o pedisse.

Nesse momento Percy apareceu para quebrar a tensão que havia se formado entre nós duas. Ele chegou com cautela e nos analisou com o olhar.

– Está tudo bem por aqui? – perguntou ele com uma lentidão exagerada.

– Sim - foi Rachel quem respondeu – Acho que já vou indo, vocês devem ter muito o que conversar...

E ela saiu deixando o refeitório. Percy ficou com aquela expressão de “não estou entendendo nada” que era quase como sua marca registrada. Eu cheguei a sorrir com aquilo mesmo sabendo que as emoções daquele dia ainda não tinham terminado. Antes que eu voltasse a me estressar, porém enrosquei o pescoço de Percy com meus braços e lhe dei um beijo. Eu não sabia quando ia poder voltar a fazer aquilo depois da conversa que estávamos prestes a ter.



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Notas finais do capítulo

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beijos ;**
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