Observei o carro de minha mãe ir embora, saindo do meu campo de visão, enquanto virava a esquina. Me virei e deparei com três garotas da minha altura sorrindo para mim.

_ Oi! Você deve ser a garota nova, certo? – uma delas perguntou e como resposta confirmei com a cabeça. – Bem, então bem vinda! Meu nome é Lily, essa é a Bonnie e essa é a Daniela. – disse Lily apontando para cada dona do respectivo nome.

Lily era da minha altura e tinha os cabelos castanhos escuros, tipo os meus. Seus olhos eram mel. Apesar de tudo ela tinha uma expressão engraçada e forte ao mesmo tempo. Hanna era um pouco mais  alta que eu. Seus cabelos eram mais claros como um castanho loiro. Seus olhos era escuros, quase pretos. Era tímida, mas tinha um lindo sorriso. Daniela era da minha altura também e seus cabelos eram ruivos acastanhados (deixe-me explicar, era um ruivo puxado para castanho. Confuso eu sei, mas eu não sei explicar as coisas!). Os olhos da Dani eram castanhos iguais aos meus, mas talvez um pouco mais claro. Comprimentei todas e começamos a conversar. Elas eram todas muito legais e divertidas.

Quando deu sete e meia nós entramos e as meninas foram comigo até a secretaria para que podessimos pegar o meu horário e poder saber que sala que ue ficaria. E adivinha: EU FIQUEI NA SALA DAS MENINAS! Não eu não ia ficar sozinha! Eu estou começando a achar que a sorte está do meu lado hoje, até que o professor entra na sala.

Bem, sabe aquela coisa de apresentar o aluno novo? Bem, comigo não fora diferente, mas tinha um pequeno problema: era aula de música. Eu amo música! Sou alucinada com música! O problema não é ser aula de música. E sim eu ter que me apresentar na aula de música. Por que? Bem, digamos que o professor queria saber mais de mim do que o meu nome.

_ Vejo que temos uma aluna nova. – o professor falou depois de comprimentar a sala – venha a que na frente e se apresente.

A sala de música, como era de se esperar, tinha diversos estrumentos e um palco montado na frente da sala. Era linda aquela sala. As janelas davam para um lindo jardim e o vento batia constante fazendo com que o clima ficasse agradável. Bem, eu já disse que sou tímida e que odeio falar na frente das pessoas? Acho que sim, mas EU ODEIO!

Me levantei e fui até a frente do palco tremendo. Mas é claro que o professor não podia me ajudar.

_ Suba no palco! – ele falou

Ele devia ter uns 28 anos e tenho que adimitir, ele era lindo, mas só isso. Subi e fiquei olhando para ele e ele disse que eu poderia começar.

_ Meu nome é Pietra e eu tenho 16 anos. – falei quase me engasgando com as minhas palavras. Mas eu mantinha a calma e respirava. Estou com vontade de rir também. Isso aqui ta parecendo apresentação dos Alcólicos Anônimos! – Sou brasileira mas vim para Londres por causa do trabalho de minha mãe.

_ Ok, bem vinda Pietra! Espero que goste daqui. Sei que já está no meio do ano letivo, mas sei que você consiguirá se sair bem. – o professor falou. Agora posso ir embora? Claro que não! – Você sabe tocar algum instrumento ou cantar?

Ah como eu queria que ele não tivesse perguntado isso. Mas já que ele perguntou, vamos responder e aceitar.

_ Eu toco violão, piano e violino e dizem eu canto um pouco, mas eu não acredito. – respondi baixo

_ Violão, piano, violino e canta? Vamos ver! – o professor falou animado

_ O que? Co... como assim “vamos ver”? – perguntei gaguejando. É claro que eu sabia o que ele queria, mas eu estava torcendo para que ele não confirmasse.

_ Vamos ver o que você sabe fazer, oras! – ele respondeu. Sim, é claro que eu tinha acertado. Acertar na mega sena eu nunca consigo né? Humpf. – Temos violão e teclado. Violino como é mais difícil e recer mais tempo e atenção, não ensinamos aqui. Mas dos que você sabe tocar, temos esses dois instrumentos. Que tal você tocar e cantar uma música para nós?!

Ele tinha um sorriso no rosto. O que eu poderia fazer? Sair correndo no meu primeiro dia, na minha primeira aula? Não obrigada! Peguei o violão que havia do meu lado e me sentei em um banquinho que estava atras de mim.

_ Claro professor. – respondi. Afinei o violão (ele tinha um afinador imbutido) e quando estava pronta continuei – o que quer que eu toque?

_ Qualquer coisa. Toque o que você quiser! – ele respondeu radiante

_ Ok. – respondi. Pensei um pouco e uma música veio na minha cabeça. Eu amo aquela música. Sempre me emociono com ela por que me identifico com ela. – Vou tocar The A Team do Ed Sheeran.

O professor afirmou com a cabeça e começei a tocar. Olhei para frente por um momento e todos olhavam atentos para mim. Droga! Respirei fundo, fechei os olhos e começei a cantar.

White lips, pale face

Breathing in snowflakes

Burnt lungs, sour taste

Light's gone, day's end

Struggling to pay rent

Long nights, strange men

And they say she's in the Class A Team

Stuck in her daydream

Been this way since eighteen but lately

Her face seems, slowly sinking, wasting

Crumbling like pastries

And they scream

The worst things in life come free to us

‘Cos we're just under the upper hand

And go mad for a couple grams

And she don't wanna go outside tonight

And in a pipe she flies to the Motherland

Or sells love to another man

It's too cold outside

For angels to fly

Angels to fly

 […] [http://letras.mus.br/ed-sheeran/1859986/traducao.html]

Quando terminei de tocar e cantar abri os olhos e olhei todos. Algumas meninas estavam chorando (o por que não me pergunte), outros sorrindo, outros me olhando com cara de ódio (acho que são as patricinhas de lá. Era somente duas e o professor começou a aplaudir e todos os outros começaram a aplaudir também (menos as duas). Devo ter corado, leia-se virado um sol ambulante, por que senti meu rosto quimar. Dei um sorrisinho e o professor falou:

_ Você tem uma voz linda e toca muito bem! Toque outra!

_ Obrigada professor! Mas acho que os alunos não querem ouvir minha voz de novo. Acho melhor chamar outra pessoa, sei lá. – eu falei. “Que os alunos concordem comigo! Que os alunos concordem comigo” eu rezava. Mas adivinha? Não, a sorte não está ao meu favor!

_ Qual é Pi! Toca mais uma! – Lily gritou

Droga menina! Era para você ser minha amiga e me ajudar!

Eu ia tentar falar alguma coisa mas o que isso iria adiantar? Nada. Somente respirei fundo e perguntei

_ Qual música?

Lily gritou em resposta

_ Conhece a banda One Direction?

Deu uma risada e respondi

_ Claro! Minha irmã é louca com essa banda!

_ Então sabe tocas algumas músicas? – ela perguntou ficando cada vez mais animada

_ Eu sei tocar todas Lily! – respondi ainda rindo

_ Então... toca What Makes You Beautiful? – ela perguntou quase pulando de animação

_ Claro!

Ajeitei o violão e comecei a tocar.

Quando acabei, todos me aplaudiram novamente. E eu corei, muito. Senti meu rosto queimar tanto que eu poderia cozinhar um ovo na minha testa!

O professor me parabenizou dizendo que eu tinha uma voz maravilhosa e tal. Ouvi metade por que a vergonha prejudicou a minha audição. Depois fui sentar e o professor seguiu com a aula. Depois tive mais 4 aulas e fomos embora. As meninas tinham gravado eu cantando e já tinham colocado no youtube e agora todos me davam “Parabéns novata! Sua voz é linda!”.

Nas outras aulas ocorrera tudo normal. Conheci novos professores e todos forma bem gentis comigo. Até agora só não fui com a cara do de matemática. Eu não gosto de matemática e aquele professor é estranho.

Bem, o resto do dia fora normal. Em casa, minha mãe me contou que o trabalho dela estava muito mais “puxado” do que já era, mas que era maravilhoso. Ela achou uma escolinha/creche para Soph bem perto do trabalho dela. O resto da semana fora normal também. Conheci todos os meus professores, estou amigas das meninas, mas nunca deixo de falar com a Mary e com o Jason. Falo com eles todos os dias quando dá. Soph está se adaptando bem, como eu também. Minha mãe está mais feliz e triste ao mesmo tempo. Isso é confuso, mas ela está feliz mas ao mesmo tempo está preocupada com algo. Como se o que aconteceu em Londres uma vez pudesse acontecer de novo e ela está com medo. Sim, eu observo as pessoas e sim é estranho e sim eu “desvendo” alguns sentimentos das pessoas. Elas deixam esses sentimentos aparecerem sem ao menos perceber. Tudo o que você precisa fazer é observar e ligar os pontos.

Bem, continuando, os meus vídeos fizeram sucesso na escola e agora a diretora quer que eu cante no aniversário da escola que irá acontecer daqui a quatro meses. Ela quer que eu toque e canta. Ah eu esgano a Lily! Na verdade já fiz. Eu bati nela, mas tudo bem.

[...]

Hoje é sexta feira! Weee! Como já falei antes, a semana passou tranquila sem muitos acontecimentos. Eu estava voltando de casa quando meu celular começa a vibrar no meu bolso. Era minha mãe me ligando.

* LIGAÇÃO ON *

_ Oi mãe! – eu falei

_ Ei minha querida, boa tarde! – ela disse dando uma risada

_ Boa tarde pessoa. Fala, o que houve?

_ Bem Pi, vou chegar muito tarde em casa, talvez meia noite ou nem sei quando. Vou ficar aqui no trabalho até mais tarde...

_ Até muito mais tarde! – a interrompi. Nós duas rimos e ela continuou

_ Tem como você pegar a Soph hoje na creche? Você sabe onde é e não se esqueça a busque as sete da noite! Tudo bem?

_ Claro mãe! – respondi

_ Tem mais uma coisinha... Você já marcou planos para hoje a noite?

_ Não mãe, por que? – perguntei

_ Tem como você ficar com Soph hoje a noite? Ela estava passando um pouco mal, só tossindo muito e estava um pouco quentinha. Ela melhorou, mas eu não posso sair daqui. Vai ter um show do One Direction hoje e vamos fazer a cobertura na TV para sair de manhã! – ela falou suspirando. Minha mãe era editora-chefe do jornal... ãn... escrito, vamos dizer assim, mas ela cuidava do que passava para a TV também.

_ Tudo bem mãe. Qualquer coisa levo a nossa pequena para o hospital, tudo bem? E eu já sei qual vai ser o nosso programa de noite! – falei rindo. Minha mãe também riu e completou

_ Queria levá-la ao show, mas ela está passando mal e prefiro não levá-la. Talvez no próximo! Agora eu tenho que ir nina. – minha mãe falou. Ela me chama de Nina desde quando eu era pequena. Não me pergunte o por que. Não tem um por que!

_ Tudo bem, mãe. Beijos e bom trabalho. Qualquer coisa eu te ligo.

_ Beijos Nina. Tudo bem, até mais querida.

* LIGAÇÃO OFF *

Fui para casa, tomei um banho e coloquei um lembrete no meu celular, as seis e meia da tarde escrito assim “Pegar Soph creche”, me arrumei e fui até o Nando’s almoçar já que estava com preguiça de fazer comida. Sim, eu sou preguiçosa e estava morrendo de fome e até a minha comida ficar pronta, eu já teria morrido. Preferi ir para o restaurante mesmo.

Eu já te falei que aquele restaurante é o meu preferido? Se não, pois é, ele é! Cara, não tem como descrever a comida. É simplesmente perfeita!

Fiquei quarenta minutos no restaurante (eu como devagar, ok. Me processem!), paguei a conta e voltei para casa andando mesmo, do mesmo jeito que fui para o Nando’s. Para a minha sorte e alegria, o Nando’s fica perto da minha casa. Fui andando tranquilamente e pulando enquanto ouvia The Pretty Reckless. Quando cheguei à porta da minha casa e abri a porta ouço gritos. Como centenas de garotas gritando ao longe e vejo um garoto correndo em minha direção. Toda hora ele olhava para trás. Ele tinha um sorriso bobo no rosto. Hey perai eu conhecia aquele sorriso... mas de onde?

Ele veio correndo em minha direção enquanto a lerda aqui ficou parada. Ele estava chegando perto e sem que eu lembrasse a porta estava aberta, não só destrancada, mas praticamente toda aberta. Ele puxou meu pulso e entrou dentro da minha casa, meu puxando. Quando estávamos dentro de casa, ele fechou a porta, mas antes que o fizesse eu pude ver centenas de garotas correndo, passando na frente de nós e não nos vemos. Elas gritavam iguais umas malucas (oh god estou surda depois dessa!). Elas estavam correndo atrás ele e ele delas. Ele fechou a porta e eu olhei para ele. Ele estava dobrado ao meio com as mãos no joelho. Não vi quem era já que o seu cabelo (juba) encaracolado estava na frente. Ele estava completamente suado e eu deduzi que ele estivera correndo desde muito longe daqui.

Ele ficou cinco minutos assim até que recuperasse completamente o fôlego e finalmente ergueu a cabeça. Eu realmente o conhecia. Soph me fez pendurar um pôster dele e de toda a banda na parede do eu quarto. Na verdade tem três posters. Ok, eu vou parar de culpar a coitada, eu que coloquei um e ela me deu os preferidos dela para colocar no meu quarto. Mas não poderia ser! Eu nunca tenho sorte para que eu tivesse praticamente o salvado. Soph piraria.

_ Me desculpe por estar nesse estado e por ter invadido a sua casa é que essas fans estão me perseguindo desde o Big Bang e eu não aguento mais correr e em todas as lojas que eu entrava para tentar descansar, mais fãs entravam nessa perseguição! – ele disse. Só uma coisa, o Big Bang é um pouco longe da minha casa.

_ Tudo bem. Eu vi as garotas. Eu estou com medo que elas voltem e arranquem meu rim fora só por que você está aqui. – eu falei rindo.

_ Você sabe quem eu sou? – ele perguntou endireitando sua postura. Caramba ele é muito alto. Eu já falei que eu devo ter no máximo 1,65 e ele tem  mais de 1,70? Pois é.

_ Claro! Minha irmã é louca com sua banda. Você é Harry Styles do One Direction. – respondi.