BELLA

De volta  a Seattle, mais um semestre. Hora de sentir o peso da realidade. Forks era um porto seguro com Charlie e Reneesme. Mas a faculdade iria começar amanhã e junto com ela, meu trabalho. Eu era garçonete, isso ajudava a pagar as despesas e também me mantinha na faculdade. Agora eu fazia esse trajeto quase de olhos fechados, já faziam três anos e nada mudou muito desde que comecei o curso. Deixei minhas coisas no campos da faculdade e olhei o quarto que dividia com duas meninas. Quase não nos encontrávamos e acho que se não fosse pelos bilhetes no quadro de aviso que criamos não nos falaríamos, elas eram legais, só que todos nós tínhamos compromissos e prioridades diferentes. Depois de arrumar as coisas me deitei, esperando tudo começar, a correria, a saudade avassaladora de Charlie e minha filha e tinha ainda de tudo Edward. É, eu ainda pensava nele, mesmo sem querer, mesmo sem esperança. Era algo involuntário. E se  conseguisse por algum milagre esquecer ele, tinha minha filha, tão parecida que assustava. Todos em Forks sabiam de quem ela era filha, todos ignoraram o fato dele nunca aparecer ou de Renesme não ter pai na certidão de nascimento. Todos menos eu é claro. O telefone tocou graças a Deus, pensar nisso já estava me deixando melancólica de novo.

- Oi Lily.

- Bella a Jane vai precisar sair bem cedo amanhã e queria saber se você poderia abrir a lanchonete.

- Claro.

- As chaves..

- Tenho a cópia. Você me deu quando  eu voltei, no final do semestre.

- É verdade... ótimo.

Depois da ligação eu fui tomar um banho e depois liguei para casa. Ela já estava dormindo. Fiquei triste em saber que não falaria com ela, mas Charlie, como sempre, me deu o relatório do dia. Ele conseguia falar até demais quando se tratava dela, era engraçado o quanto ela deu vida a ele. Sem falar de mim.

Assim que acordei fui direto para a lanchonete, ela deveria estar pronta as oito, por conta dos estudantes que vinham tomar café todos os dias lá. Abri, arrumei o lugar e fiz café em quantidade suficiente para toda a Forks. E assim que virei a placa começou o movimento. Lily chegou uns minutos depois que abri.

- Bom dia Bella!

- Bom dia Lily.

Não conversamos ela foi para o caixa e eu fui servir. A manhã era sempre muito agitada, todos iam lá, seja porque Lily era muito conhecida, seja porque segundo todos, as melhores tortas eram de lá. Os bolos que eu fazia tinham uma certa fama também, só que Lily sabia cozinhar muito melhor e eu aprendi muito com ela.

A tarde eu fui para o meu campus, já estava atrasada para aula. E quando cheguei sentei no último lugar para não ser notada. O professor ainda não tinha entrado e atrasado ele me fez um favor. 

Fiquei brincando com a caneta e mexendo os pés, depois da aula eu iria voltar para a lanchonete e ficar até fechar. Quando o professor entrou e começou a aula, eu comecei minhas anotações frenéticas. Não tinha muito tempo para estudar então cada anotação seria preciosa entre um café e outro. Só que me vi sendo vigiada, era essa a sensação. Que coisa estranha. Olhei para os lados, a sala estava cheia. Tinha uns sessenta alunos, não reconheci ninguém. Só que aquilo não passava e estava começando a me incomodar. Meu coração acelerou como a anos não fazia, me dei por nervosa uns minutos depois e senti necessidade de sair correndo.

Pensei em me concentrar em Economia Mundial. O professor estava falando sobre a União Européia e eu não fazia idéia do porque ele tinha começado esse assunto já que a última palavra que me lembro era América. Consegui perder o resto da aula nessa sensação. Li mensagens do celular enquanto distraidamente caminhava para outra aula, essa seria mais interessante. Literatura Mundial. Andando sem prestar muita atenção eu esbarrei em um rapaz e meus livros caíram no chão. Não tinha como não ficar vermelha quando seus olhos azuis sorriram para mim e começou a me ajudar. A sensação tinha voltado, era como olhos estivem em mim, me observando e me dando aquela estranha sensação de estar sendo seguida.

Corri para sala de aula, me sentei na minha cadeira usual e ouvi atenta cada informação que a professora dava. Ela era muito boa e também exigente, tinha feito Literatura Grega com ela e acredite, ela poderia ser alguém muito chata se não nos dedicássemos o suficiente.Na lanchonete o movimento estava frenético e outras meninas ajudavam Lily agora, eram novas. Eu não sabia o nome delas direito, fui logo colocando o uniforme e trabalhando antes que a acumulássemos pedidos.

Só  a noite depois do banho e de uma lista enorme de coisas para fazer que me peguei novamente com o coração agitado. Fechei os olhos e refleti nas reações inconscientes do meu corpo, eu estava agitada, mais desequilibrada do que o normal e sé me vi assim uma única vez na vida. Edward.

- Edward.

Me permiti pensar e falar o nome dele depois de quantos anos mesmo? Aquilo não era bom. Não era bom.

EDWARD

Bom, não sei porque fui convencido a entrar para o raio dessa faculdade. Acho que porque ninguém agüentava mais um ano na escola, seja ela qual fosse. Ser humano tinha suas desvantagens. E tinha Esme, que queria sua família reunida e  faria qualquer coisa para ter isso, ela quase implorou para ir para a faculdade e morarmos juntos novamente. Seattle era uma péssima escolha, muito perto de Forks e de Bella. Agüentei todos esses anos longe dela porque simplesmente quando nossos mundo colidiam, ela sempre saia machucada, forçá-la a conviver com o sobrenatural a mataria uma hora ou outra. E eu não podia deixar isso acontecer.

Foi só quando entrei na minha aula que percebi o erro que tinha cometido quando deixei aquela loucura acontecer. O cheiro dela, ela estava ali, entrou na sala de aula distraída e se sentou no fundo. Como isso poderia acontecer? Ela de novo no meu caminho, tanto esforço para me afastar dela e agora ela estava ali, brincando com uma caneta, mexendo seus pés. O cheiro tomou conta de mim e senti a sede arder. Apesar da sensação incomoda, não pude deixar de olhá-la, ela estava mais lindo do que nunca. Seu corpo tinha ganhado novas formas, seus cabelos mais cumpridos e ondulados. Ela estava totalmente distraída e linda. Quando o professor começou sua aula, eu ainda olhava para ela sem querer me desviar e perder algum movimento desconhecido. Fiquei agitado e precisei manter o controle, ou sairia correndo para falar com ela. Ela estava anotando tudo com muita atenção, parecia que ela estava preocupada em não perder nada. Uma hora ela parou, seu coração se agitou... ela percebeu que eu estava ali, ela procurou com uma feição estranha. Olhou, mas não me achou. Para seus olhos a sala estava muito cheia e com certeza onde eu estava não incluía no seu campo de visão. Precisei me controlar. Assim que terminou a aula ela se dirigiu para uma outra sala, esbarrando em um rapaz no caminho. Eu ri, ela continuava com aquele estranho desequilíbrio. Nessa hora Alice chegou.

- Edward...

- Ela está aqui.

- Eu sei.

E assim ficamos de longe olhando ela em sua outra sala.

- Ela vai trabalhar depois.

Alice me mostrou ela de uniforme numa lanchonete.

- Não entendo. Você não a via a anos!

- Eu disse que não conseguia vê-la, não que não a via. Era mais uma falta de conexão... muito estranho. Parei quando comecei a ter dores de cabeça quando me concentrava nela.

- Alice...

- Ela me parece bem Edward.

A seguimos o dia inteiro e quando chegamos na casa dela Alice estava bolando planos para reencontrá-la.

- Deixe ela em paz!

- Você não pode se esconder por muito tempo! Ela está na sua sala!

- Não mais. Vou embora, essa loucura acabou.

- Idiota!

Alice não me via indo a lugar nenhum, mas eu me via, indo para casa e arrumando o terreno. Esme iria ser difícil, ela não aceitaria isso tão facilmente, ela estava feliz com a família reunida de novo. Só que ela entenderia. Foi nesse exato momento que ouvi ela falando meu nome. Olhei e fui tomado por meu amor, ela era o amor da minha existência. Ela era a razão de tudo.

Passei a noite toda ali, como nos velhos tempo. As meninas que dividiam o quarto com ela não a conheciam quase, nunca se viam, só quando era realmente necessário. Bella era ocupada demais.

BELLA

Acordei para mais um dia. O celular tocava freneticamente.

- Oi meu amor... não querida... olha... escuta seu avô sim... não pode... já conversamos sobre isso...tudo bem. Até mais tarde.

A saudade bateu forte, ela estava fazendo birra para Charlie trazer ela para cá, não queria ir para a escola e dizia que estava doente. Nessas horas Charlie quase cedia e então pedia para ela me ligar caso tivesse dúvidas. Angela viria aqui para compras de última hora e eu mandaria uma boneca que encomendei para Reneesme ela estava falando sobre isso a semanas!

Me arrumei e fui para a lanchonete no meu carro, não ficava longe, mas conseguia ter mais tempo na cama quando não tinha que abrir a lanchonete.Hoje não tinha aula e eu podia estudar a tarde, mandei uma mensagem para meu grupo de estudo e eles resolveram que biblioteca era um bom lugar, o único problema era que essa ficava longe demais e eu teria que correr depois do trabalho para aproveitar o grupo.

Cheguei na lanchonete e fui me trocar, um dia como outro qualquer. Reneesme ligou para lá também e eu disse que precisava trabalhar, para ela ligar mais tarde. Esse final de semana eu teria um duplo trabalho para convencê-la a não voltar comigo para Seattle.

Foi quando sai que me deparei com duas figuras sentadas descontraidamente numa das mesas mais afastadas da lanchonete. Lily veio até mim assim que sai.

- Eles querem falar com você.

-S... sim.. – o coração bateu frenético e eu precisei reunir forças para conseguir me mover até a mesa deles. Nessa hora Edward se virou para me olhar e eu vi, os olhos de minha filha, a boca dela, ela era mais parecida do que eu lembrava. Muito mais bonita também. Apesar da beleza dele ser sem igual, ela tinha um ar angelical incomparável. Alice sorriu e acenou. Voltei a mim e caminhei firme até eles.

- O que vão querer? – disse friamnete.

- Bella.. – Alice começou.

- Olha, isso aqui é uma lanchonete e não acha que tenha nada para vocês aqui não envolva assassinato. Então não posso ajudá-los..

Lily se aproximou de nós.

- Seu pai no telefone. Acho melhor atender.

Eu os deixei sem pensar. Fui até o telefone sem pensar neles ali. Ele nunca ligava, então isso deveria ser sério.

- Pai..

- Bella é o Jacob.

- Por que disse que era meu pai?

- Porque foi ele quem ligou... – ele estava nervoso - olha ela não tomou as vitaminas, ela está precisando passar um tempo nareserva... olha.. acho que isso..

- Estou voltando e quando voltar Reneesmeme vai ver o que é bom! Acho bom...

- Bella pega leve com ela...

- NEM PENSAR!

Desliguei o telefone, tirei o uniforme sem muito cuidado, agradeci a Deus por meu carro estar ali. Não teria que sair correndo pela rua. E disse a Lily que houve uma emergência, precisava voltar. Foi só quase na porta que lembrei das duas figuras míticas me olhando com rostos curiosos. Fui até lá sem muito cuidado, esbarrando em mesas e quase caindo.

- NÃO SE APROXIMEM DE MIM!

E fui para Forks, chorando metade do caminho, tentando respirar na outra e quase batendo várias vezes. Eles não tinham mais direitos de entrar na minha vida!  Só que agora era questão de tempo até tudo virar de cabeça para baixo e eu ter que encarar meus medos. Meus maiores medos.