PERCY

Algumas coisas começavam a fazer sentido. Annabeth estava certa. A profecia era como um quebra-cabeça: a cada informação que ganhávamos, ela começava a fazer sentido. O nosso maior problema era um gigante no Olimpo. Por que ele ainda não o destruiu? O que Gaia está planejando? É uma armadilha. Ninguém podia ir para a Grécia, ou seriam destruídos. Eu não podia deixar que isso acontecesse, mas não podia me separar de meu grupo.

- O gigante deve ter renascido nos últimos dias. – Falou Annabeth. – Ele é o castigo de Apolo, deus das profecias. Talvez seja por isso que Rachel não consegue mais fazer seu papel de oráculo. Efialtes tem esse poder?

- Talvez. Não sabemos de nada desse gigante. Mas precisamos comunicar os outros. – Disse Jason. Eu não queria concordar com ele em nada, mas ele estava certo. Decidi deixar minha teimosia de lado.

- Tem razão. – Falei. Ele me olhou surpreso. – Primeiro, temos que falar com Quíron, para perguntar quem está indo para a Grécia, e quando irão chegar.

- Podemos chegar antes. – Jason disse, concordando.

- Esperem. Gaia já tem um exercito lá, ao que parece. Se vocês dois aparecerem ali, estão mortos. Nós podemos deter uma parte do exército de Gaia, mas também haverão muitas mortes do nosso lado. Precisamos de toda a ajuda possível. Com os outros indo para lá, podemos chegar no meio da batalha. AÍ SIM, teríamos chance. – Disse Annabeth. – E também, vocês estão arriscando muito. Não esqueçam do que Hera falou sobre o defeito fatal de vocês.

O defeito fatal. Esse era um dos assuntos que eu mais queria evitar. Eu realmente me mataria para salvar meus amigos. É um arrisco que eu enfrentaria. Não vejo como isso pode ser um defeito.

- Tudo bem, Annabeth. – Falei, desanimado. – Vamos avisar Quíron.

Do nada, uma imagem começou a se formar atrás de nós. Arion estava mais próximo da imagem, e tomou um susto, despejando milhares de palavrões que nem eu conhecia.

- Olá, meninos! – Gritou Quíron.

- Quíron? Engraçado, nós íamos falar com você agora mesmo. O que houve? – Perguntou Annabeth.

- Nada bom. Hoje de manhã, Reyna me mandou uma mensagem umas cinquenta vezes para me avisar. – Ele parecia meio divertido com este fato. – É muito engraçado o desconhecimento que os romanos tem de... Ah, enfim, parece que as caçadoras e as amazonas tiveram um desentendimento. As caçadoras de Ártemis sumiram hoje de manhã, e imagino que seguiram seu caminho. Elas vão chegar sozinhas na Grécia.

- Não podem! Há um exercito por lá! – Falou Jason. Quíron arregalou os olhos, e sua expressão mudou. Ele parecia surpreso, mas nem tanto. Sua expressão desmoronou, e ele assentiu.

- Gaia sabe o que estamos planejando. – Concluiu, por fim.

- Ela tem um espião? – Perguntou Piper.

- Não. Eu temia que isso fosse verdade. – Quíron disse.

- O que foi, Quíron? O que aconteceu? – Falou Annabeth, quase aos berros.

- As mensagens de Íris não são mais seguras, minha querida. Suponho que a deusa Íris tenha sido sequestrada. – Ele pensou por um segundo. – Está certo que Reyna não sabe usar as mensagens de Íris, mas acho que esse foi o verdadeiro motivo das ligações estarem tão ruins.

- Então tudo que estamos conversando aqui está sendo repassado para todo o exército de Gaia, é isso? – Falou Leo, irritado. – Precisamos nos comunicar com vocês, mas isso é impossível. Gaia já deve ter um exército preparado em Roma, pode apostar.

- Creio que sim. Nossas mensagens estão boas, porque ela quer ter a melhor informação que puder. Tenho que ir, meninos. Mas antes, um favor. Não podemos continuar desta maneira. Alguém terá que resgatar a deusa. É, ahn, só isso. Tomem cuidado.

Quíron desligou, me deixando de boca aberta. Ele estava maluco! Já tínhamos muito o que fazer, e agora temos que resgatar uma deusa?

- Agora temos que resgatar uma deusa? – Disse Leo, ecoando meus pensamentos.

A missão mal começou, e eu já estava farto dela. Não aguentava mais. Fechar as portas, resgatar Nico, derrotar os gigantes, resgatar a deusa, derrotar o exército... Deuses! Parem de ser sequestrados!

Enfim, a noite ia caindo aos poucos. Eu fazia com que o barco fosse um pouco mais devagar hoje, pois tínhamos muito o que pensar. Alias, fazer o barco ir devagar também é um perigo. Monstros marinhos querendo nos afogar. Ah, se eu tivesse essa sorte... Porém, eu tinha uma leve impressão de que eles não atacariam pra valer nesse momento. Agora, todos estavam fortes, preparados. Depois da primeira batalha, já era a paz e a tranquilidade. E então, vem a segunda, a terceira... E não acaba nunca. Ser um semideus se baseia... nisso.

Annabeth sentou-se ao meu lado. Eu passei um braço por seus ombros. Queria passar o tempo que pudesse com Annabeth.

- Nervoso? – Perguntou ela.

- Com certeza. – Respondi. – Parece que as obrigações não terminam nunca.

Ela deu uma risadinha. Depois que eu a reencontrei, Annabeth tinha um humor bem melhor. É claro que tinha dias que ela me ameaçava de morte umas vinte vezes, como quando ficou sabendo da história de Reyna, mas isso não vem ao caso.

- É, acho que não. Estou cansada. Piper, Leo e Hazel vão fazer o primeiro turno hoje. Vai ficar com eles?

- Não, também estou um pouco cansado. Acho que vou tomar um banho agora, e me deitar. Tudo que eu preciso é de uma ducha bem forte, principalmente dessa que tem por aqui. Quando eu tiver uma casa, Leo e os irmãos Stoll vão providenciar tudo. – Eu ri. Já havia monstros me perseguindo, e a ultima coisa que eu queria era o FBI batendo em minha porta e me prendendo por possuir itens de ultima geração roubados, como uma torradeira.

Annabeth riu junto.

- Vai nessa. Tudo bem então, vou conversar um pouco com Frank. Ele é bem... Interessante.

Franzi a testa para ela, de brincadeira.

- Tenho certeza que eu sou bem mais interessante. – Agora eu estava fazendo biquinho. Ela riu mais ainda.

- Está com ciúme, cabeça de alga? Sabe, isso é ótimo. – E me tascou um beijo na bochecha. – É claro que você é mais interessante. Agora vai. Você não está mesmo cheirando muito bem.

Annabeth saiu correndo, e eu fui tomar banho. O pior de tudo é que ela estava certa. Meu cheiro estava uma mistura de tofu com cheiro de... mar. Não queira saber o resultado.

Eu estava tirando a roupa, quando uma imagem começou a se formar, como hoje de tarde. Ah não, pensei. Que droga! Agora Gaia teria uma imagem exclusiva de mim apenas de cuequinha. Agora sim, eu estava irritado.

Rachel apareceu, e ficou vermelha de imediato. Fechou os olhos.

- Ai, Percy! Você podia muito bem vestir uma roupa! – Ela gritou. A imagem tremia.

- É claro que sim, Rachel, mas eu estava indo tomar banho. Obrigada por isso, ok? Nesse momento deve ter um exército inteiro de monstros e gigantes rindo da minha cara.

Eu tentava colocar minhas calças, sem sucesso. Tropecei por cima dela, e quase dou de cara com a imagem, cortando a ligação. Enrolei a toalha sobre mim.

- Tudo bem Percy, não tenho muito tempo pra te explicar! – Ela continuava de olhos fechados. – Olhe, vai chegar uma hora, e você vai ter que deixar Annabeth ir. Não vá atrás dela. Entendeu? – Ela gritava. A imagem estava chiando.

- O que? Não posso. – Gritei de volta. Não sabia o que os outros iam pensar de mim gritando dentro do banheiro, mas deixar Annabeth partir? Não, aí é demais.

- Sim. Pode. Annabeth deve ficar sozinha! Não ___________ Jason ________ meu sonho! ___________ vai entender. __________ brigue _____ ela! – Ela berrava. Eu não entendia nada.

- O que??? Brigar com ela quem?? – Gritei.

Rachel sacudiu a cabeça negativamente, e movia as mãos, como se tentasse fazer mímica. A imagem, por fim, tremeu pela última vez e desapareceu.