Jade caminhava até sua aula preferida, atuação, que tinha como professor Erwin Sikowitz. Quem o visse pela primeira vez andando pelas ruas poderia jurar que era um sem-teto. Mas como diz o ditado "não se julga um livro pela capa". Ele podia até mesmo ser estranho, ter manias esquisitas como andar descalço com roupas velhas, sempre com um coco em mãos, mas era o melhor professor de atuação que alguém poderia ter. A garota entrou na sala vazia e se sentou em uma cadeira ao fundo, quando Beck Oliver apareceu. Ele olhou para todos os lugares vagos até que seus olhos pousaram no bem ao lado da jovem West. Beck sorriu e foi se sentar ao lado da garota, que sentia como se seu coração fosse explodir de tão rápido que batia.

- Oi. - Ele a cumprimentou por fim, após minutos de silêncio constrangedor.

Com muito esforço, Jade conseguiu controlar sua voz.

- Olá. - Ela tentou manter seu tom seco habitual.

- Você é nova na Hollywood Arts?

- Não, estudo aqui faz 2 anos.

- Sério? - Ele a fitou surpreso. - Eu nunca tinha te visto por aqui antes.

- Digamos que eu não sou de aparecer. Mas você já me viu sim, quer dizer, deve ter olhado, mas visto não.

- Olhar e ver não é a mesma coisa?

- Não. Olhar é apenas olhar, sem prestar atenção. Ver é exatamente o contrário. Você presta atenção.

- Poxa... - Ele passou a mão no cabelo. - Bom... É... Qual o seu nome?

- Jadelyn West, mas eu odeio que me chamem de Jadelyn. Prefiro mil vezes Jade.

- Jade West? A irmã de Tori e Trina Vega?

Jade rangeu os dentes.

- Não, elas não são minhas irmãs. São só duas... - Ela respirou fundo. - Garotas que vivem comigo.

- Está tudo bem? Parece nervosa...

- Eu estou bem! Não se preocupe.

- Tudo bem... Ah, a propósito, eu me chamo Beck Oliver.

- Eu sei, prazer em finalmente ser vista por você. 

E nesse momento Cat entrou na sala.

- Jade! - Ela deu um gritinho e foi se sentar perto da amiga.

- Bom dia, Cat.

Logo Tori entrou na sala também e viu os três conversando animadamente. Rangeu os dentes e foi se sentar ao lado de Beck.

- Bom dia fofinhos... Oi de novo, irmãzinha.

Cat revirou os olhos, não acreditando na falsidade da Vega mais nova.

- Oi Tori. - Beck a cumprimentou normalmente.

- Oi. - Jade e Cat responderam friamente. 

Jade olhou a amiga ruiva surpresa, não sabia que Cat era capaz de ser tão fria.

- Bom dia, pimpolhos! - Falou Sikowitz - Hoje nós vamos discutir "Improviso Alfabético". Vocês perguntam "O que é improviso alfabético?" e eu respondo "É quando temos uma letra e o primeiro ator fala numa cena." 

Todos olharam para Sikowitz sem entender nada.

- Muito bem, vamos fazer um exercício para vocês entenderem. Tori, Jade, Andre, Cat e Beck, no palco agora!

Jade um pouco mais receosa que o normal, se levantou e andou até o palco com Cat ao seu lado.

- Muito bem, é assim. A primeira letra da fala de vocês tem que começar com a letra sorteada. Se errarem, estão fora. Robbie, nos dê uma letra!

- P. - Rex disse em seu lugar.

- Argh, eu ia falar "P"! - Robbie reclamou. Cat deu risada.

- Muito bem, letra P. A cena pode ser sobre o que vocês quiserem. Tori, pode começar.

Tori se virou para Jade.

- Por favor, vá tomar banho. - Ela disse em tom mandão.

- Quem pensa que é pra me dizer o que fazer? - Jade rebateu, uma vez na vida podendo responder da forma que sempre quis.

- Relaxem, garotas. Tentem se entender. - Beck falou calmo.

- Totalmente! - Cat falou.

- PAM! Cat, está fora. Sua fala tinha que começar com S!

- Argh, eu odeio a minha vida! - A ruiva bateu o pé.

- Saia do palco agora que eu te dou uma bala. - Sikowitz ergueu uma pequena bala embrulhada em papel vermelho.

- Yay! Adoro balas! - Ela falou feliz e foi buscar o doce, e se sentar ao lado de Robbie.

- Certo, Andre, letra S. - Disse o professor.

- Senti algo mordendo meu dedão do pé.

- Tartaruga, deve ter sido isso! - Tori.

- Ultrajante que você esteja aqui. - Jade.

- Você é muito imatura por dizer isso! - Beck a repreendeu. Jade se sentiu um tanto envergonhada.

- Vamos lá, Andre! W!

- Wow, acho que meu dedão quebrou.

- Xi, só radiografando pra saber.

- Yay, fique queita, Tori!

- Zap, curei seu dedo com meu dedo mágico!

- Valeu!

- PAM! Andre, está fora! - Sikowitz gritou.

- Ah, o meu dedo acabou de ser curado... - Andre suspirou e voltou a se sentar.

- Ok, Tori. Letra A pra você. - Disse Sikoitz.

- Alienígenas são os únicos que podem curar com dedos mágicos!

- Bom saber! - Jade deu a língua.

- Correto, eu sou um alienígena!

- Wow! Uma reviravolta! - Sikowitz falou.

- Deve não me ferir, por favor. - Tori se aproximou, atuando como se estivesse preocupada.

- É, mesmo ela sendo muito chata. - Jade falou, demonstrando ciumes.

- Faleço, pois não posso respirar seu ar terrestre. - Beck se jogou no chão.

- Graças, ele desmaiou. - Tori apontou para o garoto e olhando para Jade.

- Hoje você tem que pular daquele penhasco ali. - Jade apontou para uma direção qualquer.

- Isso é com você.

- Jura, de onde tirou isso?

- Karaokê.

- Logo vi pelo som que era esquisito e brega!

- Mesmo porque aprenderam com você!

E ao fundo só se ouve o "Woooow" de todos na sala.

- Ninguém fala assim comigo! - Jade já estava se irritando.

- Oh, coitadinha! Eu falo!

- Por favor, vê se se toca!

- Que baixaria dizer isso.

- Realmente?

- Sériamente.

- Tá lindo!

- Ui, seu nariz tem meleca.

- Valeu mesmo.

- Wafles de meleca!

- "X" marca o lugar que eu quero te socar. - Jade aponta bem para o rosto da "irmã".

- Yeca, seu dedo é fedido!

- Zero é quanto você vale em uma escala de um a dez!

- E voltando ao "A"! - Sikowitz grita.

- Até parece que eu ligo pro que você pensa!

- Bom pra você.

- Cansou disso?

- Desafia não, Vega! - Jade já estava sem saber o que dizer.

- Engole essa!

- Engole essa você! - Foi então que se tocou do erro. - Espera! - Ela gritou.

- PAM! Jade sua fala deveria começar com...

- F! Eu sei! - Ela cortou o professor e foi se sentar o lado de Cat, o sangue fervendo. Pelo menos por alguns minutos pôde enfrentar Tori Vega, o que a fez ganhar o dia.

- O alienígena está se mechendo. - Comentou Andre ao ver Beck se levantando.

- Gato, levanta. - Tori falou.

- Haja, estou tonto...

Tori viu que Jade prestava muita atenção, se controlando para não pular em seu pescoço.

Haha, ela está com ciumes. Que bonitinha, Tori pensou.

- Iupi, vai melhorar.

- Jogos sem exercícios? - Ele pareceu confuso.

- K, beijos.

Jade engoliu em seco, Tori se controlava para não rir.

- Loucura, beleza! - Beck se aproximou e beijou Tori.

Jade se levantou e saiu da sala, logo em seguida o sinal tocando. Esperou que Tori saísse da sala e passasse perto dela, então segurou seu braço firme, a puxando pra trás.

- Essa foi a gota d'água, Vega.

- Eu acho bom você se lembrar de com quem está falando, Jadelyn West! - Tori se soltou e foi embora.

Mais tarde, na casa dos Vega, Tori contou tudo o que havia acontecido para Trina e para sua mãe que, furiosa, chamou Jade até a sala.

- O que eu te disse, hein? Pra você tratar a mim e as suas irmãs com respeito! Mais uma dessa e você sai daquela escola e vai aqui trabalhando o dia inteiro. Você me ouviu bem? - Holly berrava. - E já pro seu quarto, não vai ter janta e não vai ter Cat hoje! Não quero ouvir um piu seu, entendeu bem?

Jade apenas acentiu e correu para o quarto, chorando. Seu coração havia se partido mais uma vez. Na primeira vez que finalmente algo começou a dar certo, terminou mais errado que o normal. Ela se jogou na cama e cobriu o rosto, abafando o som do choro, até que acabou dormindo.