– Ela esta acordando! Ela esta acordando – abri os olhos devagar, mas a luminosidade me incomodou me fazendo fecha-los novamente. – Oi meu amor sou eu a vovó.

– Sophie você tá ouvindo? – Eu reconhecia aquela voz

Tentei abrir os olhos novamente, pisquei para amenizar a dor que eles estavam me causando. Os vultos começaram a criar formas, vovó segurava minha mão com o rosto preocupado. Onde eu estava? Tudo ali era muito claro.

– Você está se sentindo melhor? – aquela voz de novo.

Virei os olhos devagar e o reconheci. Joshua. O que ele estava fazendo aqui? Seu sorriso sarcástico me incomodou. Ele estava usando roupas brancas e um pequeno crachá com o nome de Peter do lado direito do jaleco. Forcei meus lábios para me comunicar, mas aquilo foi em vão.

– Ela vai ficar melhor Doutor? – meu avô perguntou assustado. Doutor? Ele não era Doutor. Forcei meus lábios novamente e mais uma vez falhou

– Ela vai precisar ficar em observação – Josh andava pelo quarto branco – Talvez seja melhor afasta-la desse amigo Christian, o que deu as drogas para ela.

Elisabeth concordou com a cabeça chorando fraco. Christian? Me dando drogas? Nada daquilo era verdade, nada daquilo fazia algum sentido. Porque ele estava com um crachá escrito Peter? Porque aquela roupa de médico? Josh se afastou da cama em que eu estava deitada indo em direção a porta, olhou nos meus olhos colocando o dedo na boca em sinal de silencio, e em seguida fechou a porta.

– Querida fale conosco... – meus avós se aproximaram com esperança.

– Ca... – forcei minha voz novamente – Ca... – meus olhos lacrimejaram, eu estava ficando desesperada – Cade... Chris... – minha voz saia fraca e sussurrada.

– O meu amor o Chris está bem... –vovó acariciava minha mão – Ele está aqui no hospital, mas vai ficar bem.

– Você nunca mais vai vê-lo Sophie você esta me ouvindo? – vovô parecia realmente nervoso.

– Para com isso Richard! – vovó reprovou o seu comentário.

– Com licença – um rapaz entrou no quarto – Vocês precisam se retirar agora – disse simpático – Sinto muito.

– Tudo bem nós já estamos indo – minha vó concordou e me beijou na testa – Vamos te deixar só mais essa noite aqui querida, amanha você vai para casa.

Observei os dois saindo pela porta. Mais essa noite? Quanto tempo eu fiquei aqui? Olhei para os lados a procura de alguma coisa que me ajudasse a levantar daquela cama, senti algo em meu nariz e braços me incomodar, eu estava com alguns tubos para ajudar na respiração. Tirei do meu nariz devagar jogando em uma pequena mesa do lado esquerdo, puxei os fios do meu braço e aquilo me machucou um pouco. Eu estava muito fraca, meus movimentos eram calmos.

Eu já estava sentada na cama, respirei ofegante e continuei. Arrastei minhas pernas na cama jogando ambas para o lado, senti o chão gelado o que me deixou aliviada, apoiei as mãos na cama e me ergui. Meu peso parecia ter duplicado. Arrastei os pés até a porta abrindo-a devagar. Os corredores do hospital estavam com as luzes baixas, devia ser tarde... Certifiquei de que ninguém estava por perto e sai do quarto.

Usei as paredes como suporte para andar, pressionava as minhas mãos com força. Olhei para o lado e ali tinha uma porta, será que o Christian estava ali? Caminhei novamente arrastando os meus pés, a minha respiração ofegante só me atrapalhava, eu queria chegar rápido. Apoiei a mão na maçaneta da porta e abri devagar, era ele. Christian estava com o rosto todo machucado. Entrei no quarto e fechei a porta devagar.

– Chris? – minha voz saiu baixa. O garoto abriu os olhos devagar e me olhou sem mover a cabeça

– Você acordou... – seu sorriso era fraco – Você não devia estar na sua cama? – me aproximei sentando ao seu lado – Você está bem?

Eu não conseguia responder, eu não sabia o que tinha acontecido, porque ele estava tão machucado? Segurei sua mão e ele apertou devagar. Olhou-me novamente, e negou com a cabeça.

– Eu te pedi para não ir... Você não quis me ouvir...

– O... Que... – coloquei a mão na garganta pressionando

– O que aconteceu? Eu te falo o que aconteceu... – Christian sentou na cama – Ele me bateu, me bateu muito... Eu vi você subindo para o quarto e imaginei que você realmente queria ir, seu sorriso me confirmou isso. Foi então que eu resolvi esperar, e esperei, esperei, e você não saiu daquele quarto. Eu fiquei preocupado e subi correndo, quando abri a porta você já estava inconsciente deitada na cama. Eu não sei o que ele fez, eu não faço idéia na verdade... - Meus olhos se arregalaram como podia eu não me lembrar de absolutamente nada? – Eu comecei a briga sabendo de que ia perder, mas eu não controlei meus instintos, e quando eu fui ver, eu já estava aqui com policiais me acusando de te dar drogas.

– Sabia que eu ia te encontrar aqui – a porta abriu devagar e aquela voz invadiu o cômodo – Ai Sophie... – eu permanecia de costas - Achei que você era mais fraca, vou confessar que você está me surpreendendo – olhei para os seus olhos devagar e aquela corrente elétrica veio novamente.

– Josh! – levantei em um pulo o abraçando forte – Você está lindo com esse jaleco!

– Sophie? – Christian perguntou confuso – Você estava... Você estava aqui agora, sem nem conseguir falar... O que aconteceu?

– Christian eu acho que você deve ter batido a cabeça com força – passei as mãos pela nuca de Josh encarando aqueles olhos brilhantes que me faziam sorrir sempre.

– O que você fez com ela? – as palavras de Chris saíram por entre os dentes

– Ai Chris você e essa sua paranoia com ele – me aproximei da cama – Ele não fez e não vai fazer nada comigo – beijei sua bochecha.

– Vem eu vou te tirar daqui...

Josh segurava minha mão com força me passando total segurança, saímos do quarto e caminhamos apressados pelo corredor. Ainda não sabia ao certo porque eu estava naquele hospital, não me lembrava de como eu havia chego aqui. Passamos por alguns seguranças e eles cumprimentaram Josh com um leve aceno

– Josh... – atrai sua atenção – O que a gente está fazendo nesse hospital? E porque eu estou descalça? E com essa roupa estranha? – perguntei

– Nós viemos visitar o Chris, ele sofre um acidente e ficamos preocupados – passamos pela porta principal do hospital e entramos em um carro estacionado na porta – Você esta vestida assim porque não queriam nos deixar entrar, então eu fingi que você era uma paciente.

– Ah... – aquilo não fez muito sentido para mim, mas não me importou muito – E para onde nós estamos indo agora?

– Para onde você quiser – Josh me olhou com as mãos no volante, aquele olhar me arrepiava.

– Eu estou com fome!

– Ok, então vamos comer – Josh acelerou o carro e eu vibrei com os braços para cima. Andar de carro com ele era mais interessante do que com o Chris.

Encostei as costas na porta do carro, dobrei meus joelhos colocando os pés em cima do banco e joguei a cabeça para fora da janela sentindo os meus cabelos voarem com o vento, aquela sensação estava diferente, era como seu eu estivesse mais leve, mais livre, mais eu mesma. Josh entrou em um posto de gasolina parando o carro perto de uma lanchonete.

– Sophie olha para mim... – obedeci sorrindo – Eu quero que você entre lá e peça o que você quiser – o garoto apontava com o dedo – E você não vai pagar!

– Como assim não vou pagar? – parecia ser um plano um pouco impossível, mas eu estava gostando.

– Você vai olhar nos olhos da mulher no balcão, olhar profundamente, e vai dizer que já pagou – seu sorriso me hipinotizou por alguns segundos – Eu quero me certificar de uma coisa – concordei com a cabeça e senti seus lábios tocarem os meus – Eu te espero aqui... – sua autoridade me convenceu rápido.

Entrei na lanchonete com um pouco de receio, já era de madrugada e não tinha muito movimento. Caminhei pelas mesas passando minhas mãos pelas cadeiras lentamente, encarei a mulher do outro lado do balcão que me olhava confusa.

– Olá... Eu posso te ajudar? – sorri provocante e me aproximei

– Olá – repeti – Eu quero dois daquele lanche bem ali... – apontei com os dedos e a mulher seguiu com os olhos.

– Mais alguma coisa? – neguei com a cabeça ainda sorrindo – 16 reais você gostaria de pagar como? – Essa era minha chance, esperei que ela fitasse meus olhos e o sentimento de poder tomou conta de mim.

– Eu não vou pagar... – seus olhos se encontraram com os meus. Pude ver sua pupila dilatar com certa rapidez – Eu já paguei para você... – falei baixo

– Sim senhora... – a mulher parecia hipnotizada. Virou-se de costas indo prepara ela mesmo o lanche, notei que seus olhos não piscavam o que me deixou agradecida. – Aqui está... – peguei o embrulho e sai desfilando vitoriosa.

– HAHAHA você conseguiu! – Josh batia no volante do carro animado

– Tudo por você seu idiota! – joguei os lanches pela janela e entrei no carro através da mesma.